Como desafiar as variáveis humanas quando pensamos na palavra amor? Remake norte-americano do longa-metragem francês Le Miroir a Deux Faces, O Espelho tem Duas Faces é uma curiosa jornada romântica onde o amor platônico ganha espaço, sendo um elemento importante em que a narrativa de forma leve e descontraída nos leva para inúmeras reflexões.
Pensamentos de Jung, mitos e arquétipos surgem da teoria e são colocados em prática num filme que pode ter o lugar em muitos corações.
Na trama, conhecemos Gregory (Jeff Bridges), um experiente professor de matemática e escritor, que nunca conseguiu motivar seus alunos para suas aulas, vindo de alguns desencontros amorosos que o fizeram sofrer ao longo dos últimos anos. Um dia, resolve fazer um anúncio no jornal e acaba conhecendo a professora de literatura Rose (Barbra Streisand). Ambos lecionam na prestigiada Universidade de Columbia e passam a se conhecer melhor. Eles resolvem se casar mas colocando em prática uma relação amorosa mas sem sexo, fato que os fará a repensarem o universo dos relacionamentos.
Se apaixonar é uma criação sociocultural? Quais os objetivos do amor romântico? Imaginem se várias teorias inusitadas que podem levar ao sucesso ou não de um relacionamento fossem levadas para a prática. O roteiro navega nessa premissa, conflitante, que une dois corações partidos ao imenso universo dos sentimentos ligados à princípio pela paixão por conhecimento.
Tudo isso é mostrado ao público com imagens e movimentos que transparecem o abstrato através do gesto, da demonstração de carinho partindo de uma amizade para as variáveis imprevisíveis do amor. Nos perguntamos a todo instante: as verdades transparentes podem assim mesmo causarem dúvidas? A psicologia e a sociologia, além da sempre presente filosofia, se misturam para deleite dos espectadores mais atentos.
Indicado a dois Oscars e lançado em meados da década de 90, ainda nos primórdios dos celulares, da internet, não tenham dúvidas de que O Espelho tem Duas Faces é um dos filmes mais inteligentes sobre relacionamentos que chegaram aos cinemas.
Uma jornada do não conseguir entender alguns porquês dos relacionamentos até as imprevisibilidades do amor.