Sucesso disponível no catálogo do HBO Max, O Esquadrão Suicida fez muito mais do conquistar críticas positivas ao redor do mundo. Na verdade, o frescor que o filme de James Gunn trouxe para os longas baseados em quadrinhos mostra que não existe fórmula mágica para o sucesso, mas que existem, sim, algumas ações que os estúdios podem tomar para propiciar a realização de bons filmes com seus personagens. Pensando nisso, o CinePOP separou cinco lições que a Warner pode tirar da aventura comandada por Gunn. Confira!
Escolher diretores que tenham o mesmo “estilo” dos personagens
O universo dos personagens DC é riquíssimo, ostentando personagens mais sérios, outros completamente galhofas, alguns infantis e uns mais adultos. É um mundo em que o sombrio e o colorido convivem na mesma realidade, muitas vezes separados apenas pela fronteira de duas cidades. É a terra em que a desilusão e a esperança se encontram e trabalham juntas. Dito isso, é um grande desperdício trazer diretores para trabalharem com personagens que não têm nada a ver com o estilo de trabalho desses profissionais. Se um diretor é conhecido por seus filtros escuros e personagens moralmente questionáveis, por que escalá-lo para comandar o filme de um herói cujas maiores características são a moral, a ética e a esperança? Não bate. Ao trazer James Gunn, que é famoso por seus trabalhos surtados, coloridos e sádicos, para comandar O Esquadrão Suicida, a Warner colocou um diretor dentro de um playground milionário com todos os brinquedos possíveis. O resultado foi excelente.
Dar liberdade aos diretores
No início do Universo DC, a Warner foi quase obrigada a lançar versões estendidas de seus filmes nas mídias de Home Video por conta dos cortes grosseiros das edições lançadas nos cinemas. Isso não é comum e nem é benéfico para o cinema, porque a repercussão das versões estendidas acabou sendo muito grande, escancarando que um dos maiores problemas daquele começo de universo era justamente a interferência dos executivos. Com o passar dos tempos, e depois de algumas campanhas de boicote, essa prática foi diminuindo até chegar a O Esquadrão Suicida, o primeiro filme em que um diretor alegou ter 100% de liberdade criativa para produzir o que quisesse com os personagens DC. Sem as limitações da empresa, Gunn trouxe uma aventura anárquica, caótica e com mensagens que certamente desagradaram a metade dos acionistas. No entanto, essa liberdade criativa resultou num filmaço.
Saber usar a Classificação Indicativa
Depois do sucesso estrondoso de Deadpool (2016), todos os estúdios correram atrás de filmes para maiores de idade, tentando surfar no êxito do Mercenário Tagarela. Alguns até deram certo, mas a maioria não justificou ser para maiores porque foram produções feitas apenas para lucrar. Por anos, a DC teve alguns personagens que flertavam e até pediam por uma classificação para maiores de idade. No entanto, por conta da interferência do estúdio, acabaram passando por refilmagens para se enquadrarem no famoso PG-13. Esse tipo de ação afeta as tramas e limita muito as equipes criativas. Por outro lado, não adianta pegar qualquer personagem e colocá-lo em um filme +18, sendo que ele não combina com aquilo. Por exemplo, Shazam! (2019) é um filme que precisava ser PG-13, até mesmo por sua temática. Não seria interessante fazer uma história para maiores sobre ele. Agora, o Batman já poderia ter um filme nesse corte.
Explorar a fundo o universo
Conforme dito anteriormente, o Universo DC é um dos maiores, senão o maior, dos quadrinhos. A gama de personagens diferentes que eles ostentam é de dar inveja a qualquer editora ou estúdio. Só que os executivos da Warner parecem estar presos aos mesmos heróis de sempre. Se o estúdio precisa fazer um longa para chamar o público, sempre apela para o Batman ou o Superman. Foi assim ao longo das últimas três décadas e só agora parece que os empresários perceberam que existe vida na DC sem esses dois. Em O Esquadrão Suicida, James Gunn apostou em personagens secundários, alguns até abaixo dessa classificação. Ao escapar do convencional, o diretor conseguiu não apenas resgatar personagens pouco falados nos quadrinhos, mas também elevá-los ao status de ícones da Cultura Pop. É uma relação que só traz benefícios.
Trabalhar equipes
Um dos problemas que ter grandes equipes traz para os cinemas é a dificuldade de alguns diretores trabalharem os personagens com o mesmo tempo de tela. Geralmente, eles focam em um ou dois personagens para conduzirem a história enquanto os outros heróis ficam quase como figurantes de luxo. Foi assim em Esquadrão Suicida (2016), Batman Vs Superman: A Origem da Justiça (2016), Liga da Justiça (2017) e Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa (2020). Em O Esquadrão Suicida, James Gunn teve a chance de trabalhar com a Arlequina (Margot Robbie), mas conseguiu escapar da armadilha que David Ayer e Cathy Yan caíram nas produções anteriores, que foi dedicar tempo demais a ela, deixando os outros de lado. Gunn conseguiu trabalhar a história dela em conjunto com a dos outros anti-heróis, desenvolvendo cada um com tempo praticamente igual em tela. Além de ter funcionado muito bem, elevou a importância de personagens pouco conhecidos e comentados. Se todos os filmes de equipe tiverem essa dinâmica, o futuro dos grupos da DC nos cinemas será interessantíssimo.
O Esquadrão Suicida está disponível no HBO Max.