terça-feira , 5 novembro , 2024

O Homem que Caiu na Terra | Conheça o Cult que Vai Virar Série na Paramount+

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Nova adaptação do romance de Walter Tevis para o formato de série vai ganhando forma e clássico filme volta à memória

There’s A Starman waiting in the Sky\ he’d like to come and meet us\ but he think he’d blow our minds. Talvez poucas músicas consigam casar tão bem com a premissa de determinado filme, sem terem sido produzidas para ele, do que Starman de David Bowie lançada em 1972, principalmente quando esta é posta ao lado da trama de O Homem que caiu na Terra de 1976 (e que por sinal teve em Bowie seu protagonista também).

Recentemente a Paramount Plus (serviço de streaming do estúdio) escalou o ator Chiwetel Ejiofor para protagonizar o seriado baseado no romance homônimo assinado por Walter Tevis em 1963. O autor também foi responsável pelo livro que deu origem à série de sucesso da Netflix, O Gambito da Rainha (2020). A princípio seu personagem será inteiramente novo mas a tendência é que as discussões e reflexões levantadas pelo livro permaneçam nessa nova versão, uma vez que elas são atemporais.

A premissa do romance de Tevis é bem direta; um alienígena chega ao planeta Terra disfarçado de humano, sob o nome de Thomas Newton, com a missão emergencial de construir uma máquina que traga seus conterrâneos para esse novo mundo uma vez que seu planeta natal enfrenta uma seca apocalíptica causada por sucessivas guerras. 

Toda a raça do alienígena Thomas Newton depende do sucesso da sua missão

Para construir tal maquinário ele busca por recursos e dessa forma cria um império empresarial com base em patentes de suas invenções. Inevitavelmente seus interesses e os dos humanos que cobiçam as criações e riquezas acumuladas por Newton vão acabar se chocando, resultando em uma análise da irracionalidade que o comportamento humano pode assumir.

À sua época a obra foi bastante elogiada por ser uma ficção científica que representava muito bem alegorias à Guerra Fria, cristianismo e até mesmo ao alcoolismo. O caminho narrativo tomado pela obra eventualmente, sobre como Newton vai absorvendo costumes humanos e assim desenvolvendo hábitos bem ruins como o vício em bebida, também remete ao conceito estabelecido por Rousseau sobre como o homem nasce naturalmente bom mas é corrompido pela sociedade.

De qualquer forma, em 1976 o livro ganhou uma adaptação dirigida por Nicolas Roeg e com o músico David Bowie no papel de Thomas Newton. Como qualquer produção que se preze, essa também teve seus problemas; começando pelo próprio ator principal. Alguns anos após o lançamento do filme, em uma entrevista para o artigo Straight Time de Kurt Loder em 1983, Bowie admitiu que passou a maior parte das gravações sob o efeito de cocaína e que se lembra bem pouco do filme em si. Além disso o cantor confessou que a falta de experiência prévia na ponta de um grande filme foi um fator negativo.

A estreia de David Bowie em uma grande produção

“Eu apenas atirei meu eu verdadeiro, como era na época, dentro desse filme. Foi a primeira coisa que havia feito. Eu era virtualmente ignorante quanto ao procedimento estabelecido [de se fazer filmes], portanto eu estava indo muito pelo instinto, e meu instinto era bem dissipado. Eu apenas aprendia as falas para aquele dia e as representava do jeito que eu estava sentindo… eu realmente estava me sentindo tão alienado quanto o personagem”.

O custo do orçamento foi considerado baixo, até para a época de produção; algo por volta de US$ 1,5 milhão. Ainda assim, o desempenho global nas bilheterias foi considerado negativo com apenas US$ 100 mil arrecadados. Ainda que fosse um filme sem pretensão de iniciar uma franquia, o baixo orçamento e a baixa arrecadação foram notados no período. Criticamente ele gerou um misto de opiniões, algumas elogiaram a escalação de Bowie para o papel e a criatividade questionadora presente no enredo. No entanto, outros apontaram para problemas técnicos visíveis no filme, principalmente quanto à continuidade desconexa entre algumas cenas.

O filme também veio a ser indicado para o Urso de Ouro de Berlim, porém não ganhou. Já Bowie recebeu um Saturn Awards (prêmio referência nos gêneros de ficção científica, terror e fantasia) por sua atuação. Atualmente a obra goza de um status cult que lhe rendeu inclusive um lugar na Criterion Collection, que é uma empresa famosa por selecionar a dedo determinadas obras clássicas para restauração e distribuição.

 

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Recentemente a Paramount Plus (serviço de streaming do estúdio) escalou o ator Chiwetel Ejiofor para protagonizar o seriado baseado no romance homônimo assinado por Walter Tevis em 1963. O autor também foi responsável pelo livro que deu origem à série de sucesso da Netflix, O Gambito da Rainha (2020). A princípio seu personagem será inteiramente novo mas a tendência é que as discussões e reflexões levantadas pelo livro permaneçam nessa nova versão, uma vez que elas são atemporais.

A premissa do romance de Tevis é bem direta; um alienígena chega ao planeta Terra disfarçado de humano, sob o nome de Thomas Newton, com a missão emergencial de construir uma máquina que traga seus conterrâneos para esse novo mundo uma vez que seu planeta natal enfrenta uma seca apocalíptica causada por sucessivas guerras. 

Toda a raça do alienígena Thomas Newton depende do sucesso da sua missão

Para construir tal maquinário ele busca por recursos e dessa forma cria um império empresarial com base em patentes de suas invenções. Inevitavelmente seus interesses e os dos humanos que cobiçam as criações e riquezas acumuladas por Newton vão acabar se chocando, resultando em uma análise da irracionalidade que o comportamento humano pode assumir.

À sua época a obra foi bastante elogiada por ser uma ficção científica que representava muito bem alegorias à Guerra Fria, cristianismo e até mesmo ao alcoolismo. O caminho narrativo tomado pela obra eventualmente, sobre como Newton vai absorvendo costumes humanos e assim desenvolvendo hábitos bem ruins como o vício em bebida, também remete ao conceito estabelecido por Rousseau sobre como o homem nasce naturalmente bom mas é corrompido pela sociedade.

De qualquer forma, em 1976 o livro ganhou uma adaptação dirigida por Nicolas Roeg e com o músico David Bowie no papel de Thomas Newton. Como qualquer produção que se preze, essa também teve seus problemas; começando pelo próprio ator principal. Alguns anos após o lançamento do filme, em uma entrevista para o artigo Straight Time de Kurt Loder em 1983, Bowie admitiu que passou a maior parte das gravações sob o efeito de cocaína e que se lembra bem pouco do filme em si. Além disso o cantor confessou que a falta de experiência prévia na ponta de um grande filme foi um fator negativo.

A estreia de David Bowie em uma grande produção

“Eu apenas atirei meu eu verdadeiro, como era na época, dentro desse filme. Foi a primeira coisa que havia feito. Eu era virtualmente ignorante quanto ao procedimento estabelecido [de se fazer filmes], portanto eu estava indo muito pelo instinto, e meu instinto era bem dissipado. Eu apenas aprendia as falas para aquele dia e as representava do jeito que eu estava sentindo… eu realmente estava me sentindo tão alienado quanto o personagem”.

O custo do orçamento foi considerado baixo, até para a época de produção; algo por volta de US$ 1,5 milhão. Ainda assim, o desempenho global nas bilheterias foi considerado negativo com apenas US$ 100 mil arrecadados. Ainda que fosse um filme sem pretensão de iniciar uma franquia, o baixo orçamento e a baixa arrecadação foram notados no período. Criticamente ele gerou um misto de opiniões, algumas elogiaram a escalação de Bowie para o papel e a criatividade questionadora presente no enredo. No entanto, outros apontaram para problemas técnicos visíveis no filme, principalmente quanto à continuidade desconexa entre algumas cenas.

O filme também veio a ser indicado para o Urso de Ouro de Berlim, porém não ganhou. Já Bowie recebeu um Saturn Awards (prêmio referência nos gêneros de ficção científica, terror e fantasia) por sua atuação. Atualmente a obra goza de um status cult que lhe rendeu inclusive um lugar na Criterion Collection, que é uma empresa famosa por selecionar a dedo determinadas obras clássicas para restauração e distribuição.

 

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