Adaptação de romance do prolífico autor é tida como uma das melhores
Há muito se tornou um tanto redundante falar das adaptações de livros do clássico autor Stephen King. Elas são tão diversas quanto suas obras, produzidas para os mais diversos meios e, consequentemente, apresentando desnivelamentos evidentes entre elas. Certos filmes nascidos desses livros são infames.
Como dito, o meio para o qual a produção está sendo destinada influencia diretamente no orçamento e, por tabela, no nível técnico da produção. O alto número de livros assinados por King é o suficiente para garantir um número considerável dessas adaptações menos eficazes.
No entanto, existe o outro lado da moeda. Por mais de uma vez as tramas do autor foram transpostas para outra mídia utilizando-se de enorme investimento criativo. Em tempos recentes a primeira parte de It – A Coisa é o exemplo mais notório porém vale destacar exemplares mais antigos como O Iluminado; Conta Comigo e Louca Obsessão.
Lançado em 1990, porém com o livro datando de 1987, a trama segue um famoso escritor de romances policiais que, ao enfrentar uma tempestade de neve, acaba por sofrer um acidente de carro. Ainda inconsciente, ele é salvo e levado para uma cabana isolada, onde recebe tratamento de uma solitária senhora.
De imediato ela se revela uma fã ardorosa de sua bibliografia, além de ter um grande interesse pela nova história do escritor. Ao recusar pedidos dela relacionados ao seu trabalho, o autor tem suas pernas inutilizadas para que não possa ir embora.
A ideia de se adaptar o livro de King, inicialmente, veio após o produtor Andrew Scheinman ler a obra durante um voo. Como dito, filmes baseados no trabalho do escritor não eram novidade; em 1986 a adaptação de Conta Comigo havia sido um amplo sucesso em todos os sentidos, o que elevou a credibilidade desses livros perante vários produtores.
Esse mesmo sucesso motivou Stephen King a vender os direitos de adaptação da obra. A relutância vinha tanto de um histórico nos anos 80 de muitas produções medíocres envolvendo seu trabalho com a experiência frustrante, do seu ponto de vista, com a produção de O Iluminado.
Isso porque nunca foi bem aceito pelo autor que o diretor responsável pela obra de 1980, Stanley Kubrick, tenha tomado certas liberdades com relação à história envolvendo Jack Torrance e o Hotel Overlook como um todo. Essa vivência complicada o motivou, mais para frente, a embarcar em projetos polêmicos como Comboio do Terror, no qual ele foi o diretor.
Para o papel de escritor cativo foram considerados um certo números de nomes conhecidos tais como Jack Nicholson (após a já mencionada parceria com Kubrick); Al Pacino; Robert De Niro e Warren Beatty (este que esteve muito próximo de assinar o contrato mas por conflito de agenda teve que recuar). Logo, o nome decidido acabou sendo James Caan, que viveu o auge da carreira nos anos 70 por seu papel como Sonny Corleone em O Poderoso Chefão.
Porém a verdadeira estrela do filme se revelou como sua colega Kathy Bates; até aquele período ela nunca havia estado em uma produção que realmente lhe desse qualquer destaque, o maior desses trabalhos prévios sendo em Dick Tracy (filme que o mencionado Warren Beatty escolheu estrelar) mas ainda assim não foi algo em que ela esteve em papel central.
Como resultado, sua abordagem da fã obsessiva foi amplamente elogiada por dosar o sentimento de perigo emanado dela com um certo carisma que, tal como ocorreu com King durante o processo de escrita, conquistou os espectadores, permitindo uma certa simpatia para com ela. A direção de Rob Reiner, o mesmo que comandou Conta Comigo, também merece destaque por se utilizar na maior parte do tempo de um único cenário (a cabana da Annie).
O filme também venceu em sua única indicação no Oscar de 1991 na categoria de melhor atriz para Kathy Bates, tornando-a a primeira a ganhar esse tipo de prêmio estrelando um filme de terror. Atualmente ele perdura como um dos exemplos mais adorados e bem sucedidos envolvendo exemplares do Stephen King.