domingo , 22 dezembro , 2024

O Mês do Terror | Os Inocentes (1961) – Relembre o Clássico refilmado muitas vezes em Hollywood

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Película é referência no panteão do horror britânico

Os anos 60 foram um período bastante ousado para o terror. Hitchcock quebrava convenções com Psicose; George Romero tornaria os zumbis em uma metáfora do capitalismo selvagem; Roman Polanski produziria todo um enredo simbólico acerca do pavor de uma mulher à relações fisicas em Repulsa ao Sexo.



Porém no Reino Unido o gênero passava por um caminho diferente; ao contrário de Hollywood, em que todos os estúdios voltavam suas atenções de tempos em tempos para obras do horror (no caso da Universal tendo uma famosa franquia de monstros clássicos a sua disposição), no cinema britânico esse gênero quase sempre estava nas mãos de uma única empresa.

A ascensão dos estúdios Hammer nos anos 40, porém, principalmente nos 50, é um capítulo interessante do gênero horror no solo inglês. Seu modelo de produção em massa de adaptações de obras do gênero, gastando o menos possível e distribuindo ao máximo. 

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A Hammer fez por merecer sua fama.

Dessa maneira, os filmes da Hammer se tornaram não só bastante conhecidos como também reconhecidos, tendo em seu modelo de produção barateado, bem como cenas com gore incomum para época, uma inesperada assinatura artística. O terror explícito e sangrento da Hammer era, por volta do início dos anos 60, a referência mais consumida pelo público.

Logo, em 1960, o diretor Jack Clayton percebeu que não poderia competir com a Hammer em seu próprio “jogo”. Para tanto ele se debruçou sobre a peça teatral Os Inocentes, assinada por William Archibald, de 1950. Esta por sua vez foi uma adaptação de um conto de terror de 1898 intitulado The Turn of the Screw, de Henry James.

Ambas as versões tinham tramas similares: uma governanta é recrutada por um homem de posses para se mudar para sua isolada propriedade. Lá ela deverá assumir também o papel de tutora de duas crianças bastante carismáticas e inteligentes; não tarda para que um laço afetuoso entre os três se forme, porém, conforme o tempo passa a governanta começa a suspeitar que forças sobrenaturais estão agindo no local.

A direção de Clayton é precisa em determinados enquadramentos.

Ainda em seu tempo o texto original foi bastante dissecado e admirado por abordar temas, até então sensíveis, como o feminismo de maneira aberta. Eventualmente ele também se tornou um clássico da literatura do terror gótico britânico.  

Tendo como base a peça teatral, o escritor Truman Capote escreveu os primeiros rascunhos de uma versão cinematográfica após Clayton não ficar satisfeito com a abordagem de Archibald para essa versão. Dessa maneira ele chamou Capote para emprestar uma maior ambiguidade ao enredo.

A principal dúvida então ficou sendo o conceito sobrenatural que permeia a trama; a intenção do escritor foi não deixar muito explícito se os eventos que se desenrolam na isolada mansão eram de fato obra do oculto.

À época, o polêmico Capote estava escrevendo seu livro de maior sucesso: “A Sangue Frio”.

O olhar mais interpretativo de eventos sobrenaturais, justamente para gerar a dúvida na mente do espectador acerca da veracidade, não era de todo uma novidade; em 1958 Hitchcock utilizou esse método para produzir Vertigo e em 1959 o também diretor William Castle se utilizou de uma assombração dúbia em A Casa dos Maus Espíritos.

Tendo a deixa da ambientação vitoriana somada ao isolamento, Capote projetou na protagonista anseios sociais comuns do período (quando a busca por respostas no misticismo teve uma alta sem precedentes com a popularização da cartomancia, por exemplo) que, por sua vez, se manifestavam de forma simbólica nas duas crianças da casa. 

Dessa forma ao mesmo tempo que a protagonista tende a buscar um significado em conceitos religiosos, existe a possibilidade dos acontecimentos estarem muito mais no campo da psicologia do que no oculto. Para o papel da governanta a escolha da atriz Deborah Kerr veio quase que imediatamente.

Mais do que estabelecida à época, Kerr chegou para a produção com um recorde de indicações ao Oscar de melhor atriz de 1950 a 1959. Sua diferença de idade para a personagem, de quase vinte anos, não foi um empecilho e Clayton se aproveitou disso para realçar um ar maternal que a governanta teria com as crianças. A abordagem subjetiva da obra foi importante para contrapor ao mencionado modelo da Hammer, gerando um novo interesse pelo subgênero do terror psicológico.

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Os anos 60 foram um período bastante ousado para o terror. Hitchcock quebrava convenções com Psicose; George Romero tornaria os zumbis em uma metáfora do capitalismo selvagem; Roman Polanski produziria todo um enredo simbólico acerca do pavor de uma mulher à relações fisicas em Repulsa ao Sexo.

Porém no Reino Unido o gênero passava por um caminho diferente; ao contrário de Hollywood, em que todos os estúdios voltavam suas atenções de tempos em tempos para obras do horror (no caso da Universal tendo uma famosa franquia de monstros clássicos a sua disposição), no cinema britânico esse gênero quase sempre estava nas mãos de uma única empresa.

A ascensão dos estúdios Hammer nos anos 40, porém, principalmente nos 50, é um capítulo interessante do gênero horror no solo inglês. Seu modelo de produção em massa de adaptações de obras do gênero, gastando o menos possível e distribuindo ao máximo. 

A Hammer fez por merecer sua fama.

Dessa maneira, os filmes da Hammer se tornaram não só bastante conhecidos como também reconhecidos, tendo em seu modelo de produção barateado, bem como cenas com gore incomum para época, uma inesperada assinatura artística. O terror explícito e sangrento da Hammer era, por volta do início dos anos 60, a referência mais consumida pelo público.

Logo, em 1960, o diretor Jack Clayton percebeu que não poderia competir com a Hammer em seu próprio “jogo”. Para tanto ele se debruçou sobre a peça teatral Os Inocentes, assinada por William Archibald, de 1950. Esta por sua vez foi uma adaptação de um conto de terror de 1898 intitulado The Turn of the Screw, de Henry James.

Ambas as versões tinham tramas similares: uma governanta é recrutada por um homem de posses para se mudar para sua isolada propriedade. Lá ela deverá assumir também o papel de tutora de duas crianças bastante carismáticas e inteligentes; não tarda para que um laço afetuoso entre os três se forme, porém, conforme o tempo passa a governanta começa a suspeitar que forças sobrenaturais estão agindo no local.

A direção de Clayton é precisa em determinados enquadramentos.

Ainda em seu tempo o texto original foi bastante dissecado e admirado por abordar temas, até então sensíveis, como o feminismo de maneira aberta. Eventualmente ele também se tornou um clássico da literatura do terror gótico britânico.  

Tendo como base a peça teatral, o escritor Truman Capote escreveu os primeiros rascunhos de uma versão cinematográfica após Clayton não ficar satisfeito com a abordagem de Archibald para essa versão. Dessa maneira ele chamou Capote para emprestar uma maior ambiguidade ao enredo.

A principal dúvida então ficou sendo o conceito sobrenatural que permeia a trama; a intenção do escritor foi não deixar muito explícito se os eventos que se desenrolam na isolada mansão eram de fato obra do oculto.

À época, o polêmico Capote estava escrevendo seu livro de maior sucesso: “A Sangue Frio”.

O olhar mais interpretativo de eventos sobrenaturais, justamente para gerar a dúvida na mente do espectador acerca da veracidade, não era de todo uma novidade; em 1958 Hitchcock utilizou esse método para produzir Vertigo e em 1959 o também diretor William Castle se utilizou de uma assombração dúbia em A Casa dos Maus Espíritos.

Tendo a deixa da ambientação vitoriana somada ao isolamento, Capote projetou na protagonista anseios sociais comuns do período (quando a busca por respostas no misticismo teve uma alta sem precedentes com a popularização da cartomancia, por exemplo) que, por sua vez, se manifestavam de forma simbólica nas duas crianças da casa. 

Dessa forma ao mesmo tempo que a protagonista tende a buscar um significado em conceitos religiosos, existe a possibilidade dos acontecimentos estarem muito mais no campo da psicologia do que no oculto. Para o papel da governanta a escolha da atriz Deborah Kerr veio quase que imediatamente.

Mais do que estabelecida à época, Kerr chegou para a produção com um recorde de indicações ao Oscar de melhor atriz de 1950 a 1959. Sua diferença de idade para a personagem, de quase vinte anos, não foi um empecilho e Clayton se aproveitou disso para realçar um ar maternal que a governanta teria com as crianças. A abordagem subjetiva da obra foi importante para contrapor ao mencionado modelo da Hammer, gerando um novo interesse pelo subgênero do terror psicológico.

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