quarta-feira, abril 24, 2024

Crítica | O Protetor

Tiros da Vingança

A óbvia comparação do novo veículo do astro Denzel Washington seria com um outro projeto seu, muito adorado pelos fãs. Chamas da Vingança (2004), dirigido pelo falecido Tony Scott, apresentava o ator como um agente aposentado, se vingando de criminosos mexicanos após a menininha que deveria proteger ter sido sequestrada. Aqui, Washington canaliza a vingança para mafiosos russos, no papel de Robert McCall, ex-operativo de uma agência do governo.

Apesar de ter abandonado sua velha vida e começado a trabalhar como funcionário de uma grande loja de departamentos, o protagonista continua muito bom no que fazia. O passado volta à tona, quando Washington se afeiçoa a uma jovem prostituta, interpretada pela menina sensação Chloë Grace Moretz (em cartaz com o drama adolescente Se Eu Ficar). Teri (Moretz) é agenciada pela quadrilha de criminosos e vive criando problemas por não obedecer regras. Ao contrariá-los pela última vez, a menina é espancada e levada ao hospital em coma. Nesse momento não tem como não pensar no filme juvenil citado da atriz.

CinePop 7

O fato é o estopim para que durante 131 minutos de projeção os aficionados possam ganhar muitos tiros, algumas explosões e as mais violentas e inventivas formas de se matar pessoas. Essa é uma estrutura básica, que respeita à risca a fórmula dos filmes de vingança, no qual o protagonista deixa um rastro de corpos pelo caminho sem que o seu seja minimamente danificado, e vão desde a série Desejo de Matar (imortalizada por Charles Bronson) até os filmes do personagem de quadrinhos O Justiceiro (personificado em três diferentes filmes).

O diferencial, obviamente, está na equipe da produção. Baseado numa série de TV da década de 1980, o cineasta Antoine Fuqua (que já havia trabalhado com Washington no mais complexo, Dia de Treinamento – que rendeu ao ator o Oscar) cria um filme realista dentro do possível, com uma atmosfera sombria na qual a violência impera em cenas estilizadas. No entanto, a verdadeira força está no texto de Richard Wenk (Assassino à Preço Fixo), e nas atuações – em especial de Washington, Marton Csokas (o principal antagonista Teddy) e David Harbour (o policial corrupto Masters).

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Vêm da interação de Washington com os dois rivais citados, os melhores momentos do filme. São cenas calmas nas quais verdadeiramente sentimos a ameaça de tudo o que esses homens são capazes. O jogo de gato e rato provido por dois mestres em suas artes rendem trechos de brilho, que farão mesmo os críticos mais cínicos em relação à fórmula pensarem duas vezes antes de descartarem totalmente a produção. O destaque vai para duas cenas: uma na qual o vilão bate à porta de Washington para questioná-lo e os dois se pegam num blefe, e a segunda num restaurante, na qual o personagem de Csokas se vê quase sem opções.

Apesar de ser um dos chamarizes da obra, a promissora Chloë Moretz some durante grande parte da projeção, nos fazendo esquecer que estava no filme, ao reaparecer no desfecho. A bela Haley Bennett (Kaboom e O Buraco 3D), que interpreta a amiga prostituta da menina, talvez fosse mais adequada para o papel de Moretz. Apesar dos pequenos diferenciais satisfatórios, eles não são o suficiente para livrar o filme de ser regido pela fórmula. Para os fãs do gênero será um deleite, para todo o resto, uma experiência de reciclagem. Comparativamente, é o mesmo que tentar persuadir os não aficionados de que Godzilla e Círculo de Fogo são bons filmes, se não tiverem estômago algum para a coisa.

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