Em cartaz nos cinemas desde a última semana, o suspense nacional O Sequestro do Voo 375 se inspira nos blockbusters norte-americanos para contar uma história real que poucas pessoas conhecem ou lembram, apesar de ter contado com ampla cobertura da mídia na época de seu acontecimento.
“Por não ser uma história de conhecimento do grande público, eu acho que é aí que mora o interesse. Justamente por não ser uma história tão conhecida que vira um atrativo, desperta uma curiosidade. Como é que um quase ‘onze de setembro’ aconteceu no Brasil e a gente não sabe? Eu acho que isso cativa o espectador a assistir o filme. A curiosidade leva as pessoas ao cinema, gera assunto e gera debate, o que é muito legal”, disse.
Com produção da Star Original Productions, da Disney, e do Estúdio Escarlate, O Sequestro do Voo 375, como indica o título, conta a história de um quase atentado terrorista que aconteceu no Brasil ao fim da década de 1980. Inspirado em uma história real, o filme acompanha um rapaz de origem humilde que, cansado da pobreza e da falta de cuidado da política brasileira para com os mais pobres, decide sequestrar um voo comercial e obrigar o piloto a jogar o avião contra o Palácio do Planalto, em Brasília.
Um dos compromissos da produção – e um dos grandes méritos desse longa – é o cuidado em recriar com detalhes os cenários como eram na época e o interior de um avião dos anos 80. Para isso, eles construíram uma réplica do avião do filme, além de recriarem o interior da aeronave em estúdio para as cenas mais complicadas.
“Fizemos um trabalho super detalhista. Durante a produção, a gente teve uma preocupação muito grande de ver como eram os utensílios e como eram os aviões da época. O mundo aeronáutico é cheio de detalhes, e as pessoas geralmente têm essas curiosidades envolvendo as caixas-pretas, qual era a altitude do voo… E cuidamos dos detalhes técnicos também. Se era o 737-200, se era o 300. Então foi um trabalho cheio de preocupações, porque esses detalhes consomem orçamento. Tivemos uma grande preocupação com os figurinos, com a montagem dos aviões. Foi um trabalho muito forte para recriar um aeroporto que é bem diferente dos que a gente vê hoje em dia”, contou Baldini.
A CEO da Estúdio Escarlate, Joana Henning, também falou sobre o processo de aprovação do filme. A equipe se debruçou sobre as reportagens da época e os relatos dos passageiros que estavam presentes no voo para criar um documentário completinho. No entanto, assim que teve contato com a história, Joana não conseguiu enxergar o conteúdo como algo que não fosse uma dramatização.
“O fato de ser uma história real e ser tão relevante, por si só é um mote para o cinema. E eu adoro adaptar histórias reais, porque acho que a gente, através do audiovisual, pode conhecer muito a nossa história. É uma ferramenta que contribui muito para essa questão de identidade e gosto muito disso. Mas, em paralelo, o filme chegou para a gente como um documentário. Mas quando a gente entendeu a história e o trabalho de pesquisa, eu disse que não poderia ser lançado como documentário, mas como um longa de ficção. Porque o evento traz para a gente a chance de explorar o gênero de cinema-catástrofe, que não é tão popular no Brasil, e o sequestro trouxe todos os elementos de um thriller de ação muito bom”, revelou Joana Henning.

Ela também chamou atenção para o investimento no filme e disse que torce para que O Sequestro do Voo 375 seja apenas o primeiro longa de uma nova leva de blockbusters nacionais de grande orçamento.
“A gente quer ser inspiração [para blockbusters nacionais] e acredito que a gente precisa aumentar os nossos patamares de produção para que seja possível fazer essas histórias, porque o Brasil não perde em nada em talento, tecnologia e equipes competentes para realizar filmes assim em relação aos estrangeiros. Então, se a gente conseguir aumentar os patamares de investimento no cinema nacional, esses thrillers vão virar um costume, porque é um gênero que todo mundo gosta”, concluiu.

Durante a Comic Con Experience deste ano, a CCXP23, diretor, produtora e elenco marcaram presença em um painel muito interessante, no qual contaram histórias de bastidores e conversaram com os fãs, dias antes do filme chegar aos cinemas.
De forma ambiciosa, o cinema nacional tenta trazer para cá um costume muito popular no cinema norte-americano, que é o de contar histórias pouco conhecidas de feitos incríveis de cidadãos comuns em filmes de grande orçamento. É uma investida interessante que pode ser conferida nos cinemas de todo o país.
O Sequestro do Voo 375 está em cartaz nos cinemas.