segunda-feira , 4 novembro , 2024

‘O Urso do Pó Branco’ | Conheça a história real que inspirou o filme mais surtado do ano

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Para os fãs dos filmes sem-noção, essa semana que se inicia é uma das mais aguardadas do ano. Isso porque finalmente chega aos cinemas nesta quinta-feira (30) um terrir completamente inesperado que está dando o que falar pelo mundo. É claro que estamos falando de O Urso do Pó Branco. Dirigido por Elizabeth Banks, o filme conta a história de uma ursa que vivia sua vida em um parque natural dos Estados Unidos, quando uma carga colossal de cocaína é arremessada de um avião e acaba caindo próximo ao animal, que vai até a carga e passa a consumir a droga, se transformando em uma verdadeira máquina de matar. Bizarro, né? Mas, como indicam os trailers e pôsteres, por mais absurdo que pareça, o roteiro foi inspirado em uma história real.

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Essa história se passa no estado da Geórgia, em 1985. Para dar um contexto maior, os EUA sofreram uma crise gravíssima na década de 1980 com uma epidemia de usuários de drogas ilícitas, sendo as principais a cocaína e o crack. Nesse cenário, o tráfico internacional ganhou muita força no país, rendendo fortunas a quem conseguisse entrar e sair do país com as cargas dessas substâncias, como já foi retratado em diversos filmes e séries que conquistaram o público nos últimos anos.

Pois bem, um desses traficantes era Andrew Thornton, que por si só já tem uma história que renderia um filme. Natural do Kentucky, o rapaz frequentou boas escolas e ingressou na reserva das Forças Armadas para conseguir frequentar a faculdade. Só que ele largou os estudos para entrar efetivamente para o exército, onde se especializou em paraquedismo e chegou a atuar na invasão à República Dominicana, recebendo condecorações por seus serviços prestados. Depois das missões, ele voltou a estudar, mas não concluiu, largando a faculdade novamente para treinar cavalos de corrida com o pai.

Andrew Carter Thornton II

No fim dos anos 60, ele entrou para a polícia e começou a cursar aulas noturnas de Direito. Formado, ele foi transferido para o departamento de narcóticos na década de 1970, e aí que o bicho pegou de verdade. Tendo experiência com voo e saltos de paraquedas, além de ser um conhecedor das leis e estar em contato constante com traficantes, suspeitos e vítimas, ele passou a integrar o esquema de tráfico internacional, transportando armas e drogas. Ele deixou oficialmente a polícia em 1977 e começou a advogar na região de Lexington, no Kentucky. Quatro anos mais tarde, ele foi acusado de tráfico de armas e drogas, e foi preso após tentar fugir para a Carolina do Norte. No entanto, ele passou apenas seis meses na cadeia, pagou uma multa de 500 dólares e foi impedido de exercer o Direito, mas nada o impediu de seguir ganhando a vida com o tráfico com uma gangue local conhecida como “A Companhia”.

Então, em 1985, aconteceu a fatídica viagem que renderia o filme mais surtado de 2023. Thornton e seu copiloto foram buscar um carregamento de cocaína na Colômbia. Na época, a carga valia milhões de dólares, uma verdadeira fortuna. Porém, na viagem de volta, ele acreditou estar sendo seguida pela polícia e decidiu despachar a droga do alto do avião. Assim, uma carga milionária de cocaína em pacotes foi arremessada do bimotor, que acabou colidindo na Carolina do Norte.

Policiais analisando o corpo de Andrew Thornton.

As bolsas com os pacotes de cocaína caíram na floresta de Chattahoochee-Oconee, na Geórgia. E não foi só a droga que caiu, não. É que essa viagem selou o destino de Andrew, que tinha a experiência como paraquedista, mas acabou vítima da própria ganância. Antes de saltar do avião, ele pegou uma mala com cerca de 35 kg do pó branco e pulou rumo à morte. Isso porque o peso extra fez com que o paraquedas enrolasse e perdesse a utilidade. Assim, o traficante caiu com tudo na garagem de uma família em Knoxville, morrendo aos 40 anos de idade.

Parte da droga arremessada por ele foi encontrada no entorno. Só que as notícias de que um carregamento ainda maior que supostamente teria caído no parque nacional de Chattahoochee-Oconee levou policiais e curiosos (afinal, a carga valia muita grana) a se aventurarem pelas matas, como caçadores da droga perdida. E aí que entra o tal urso.

Divulgação/ Universal.

Durante essas buscas, um corpo em decomposição de um Urso Negro foi encontrado, cercado por mais de 40 pacotes de cocaína destroçados. É, o urso não chegou a matar ou atacar ninguém, ele só comeu e cheirou o entorpecente, ficou doidão e praticamente explodiu por dentro. O legista afirmou que o estômago do animal ficou lotado de cocaína, tornando sua sobrevivência impossível. Acontece que, por conta da decomposição, a necropsia encontrou apenas 4g da droga ainda presente na corrente sanguínea do pobre animal.

Segundo o médico o urso sofreu horrores com uma série de sintomas que o levaram à morte. “Hemorragia cerebral, insuficiência respiratória, hipertermia, insuficiência renal, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral. O que você pensar de problema de saúde, aquele urso tinha”, afirmou ao The Guardian na época.

Reprodução/ The New York Times.

A história que era trágica “viralizou” e acabou virando piada na imprensa local. Não demorou para associarem a morte do animal ao lançamento das cargas feito pelo traficante morto, e logo o coitado do urso passou a ser chamado “carinhosamente” de Pablo Eskobear, tirando sarro de seu destino ao associá-lo ao lendário traficante colombiano, Pablo Escobar.

O animal foi recolhido e após a necropsia, foi empalhado e está preservado até hoje. Quem quiser ver o verdadeiro Urso do Pó Branco pode ver seu corpinho exposto no Kentucky for Kentucky Fun Mall. Sim, o bicho está exposto em um shopping, que conta com uma loja dedicada a ele. E como essa história bizarra rendeu assunto no hemisfério norte inteiro, o urso virou um dos símbolos da região, e claro que esse caso atraiu um grande número de visitantes para o parque nacional em que a droga caiu e o urso morreu.

O “Urso do Pó Branco” está exposto em um shopping até hoje.

Claro que o filme teve muita liberdade criativa na hora de adaptar a trama, transformando o animal numa clássica ameaça dos filmes slasher. Em entrevista à Variety, a diretora do filme, Elizabeth Banks, disse que teve acesso aos laudos do legista e confirmou que realmente era uma história trágica, mas que resolveu imaginar um cenário de em que o pobre animal pudesse fazer justiça com as próprias mãos.

“Eu entendo como foi uma situação terrível esse urso ter se envolvido nessa trama e acabar morrendo no fim. Para mim, fazer esse filme foi encarado como uma chance de pensar em uma história de vingança para o urso”, disse.

O Urso do Pó Branco chega aos cinemas brasileiro nesta quinta-feira, 30 de março.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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Para os fãs dos filmes sem-noção, essa semana que se inicia é uma das mais aguardadas do ano. Isso porque finalmente chega aos cinemas nesta quinta-feira (30) um terrir completamente inesperado que está dando o que falar pelo mundo. É claro que estamos falando de O Urso do Pó Branco. Dirigido por Elizabeth Banks, o filme conta a história de uma ursa que vivia sua vida em um parque natural dos Estados Unidos, quando uma carga colossal de cocaína é arremessada de um avião e acaba caindo próximo ao animal, que vai até a carga e passa a consumir a droga, se transformando em uma verdadeira máquina de matar. Bizarro, né? Mas, como indicam os trailers e pôsteres, por mais absurdo que pareça, o roteiro foi inspirado em uma história real.

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Essa história se passa no estado da Geórgia, em 1985. Para dar um contexto maior, os EUA sofreram uma crise gravíssima na década de 1980 com uma epidemia de usuários de drogas ilícitas, sendo as principais a cocaína e o crack. Nesse cenário, o tráfico internacional ganhou muita força no país, rendendo fortunas a quem conseguisse entrar e sair do país com as cargas dessas substâncias, como já foi retratado em diversos filmes e séries que conquistaram o público nos últimos anos.

Pois bem, um desses traficantes era Andrew Thornton, que por si só já tem uma história que renderia um filme. Natural do Kentucky, o rapaz frequentou boas escolas e ingressou na reserva das Forças Armadas para conseguir frequentar a faculdade. Só que ele largou os estudos para entrar efetivamente para o exército, onde se especializou em paraquedismo e chegou a atuar na invasão à República Dominicana, recebendo condecorações por seus serviços prestados. Depois das missões, ele voltou a estudar, mas não concluiu, largando a faculdade novamente para treinar cavalos de corrida com o pai.

Andrew Carter Thornton II

No fim dos anos 60, ele entrou para a polícia e começou a cursar aulas noturnas de Direito. Formado, ele foi transferido para o departamento de narcóticos na década de 1970, e aí que o bicho pegou de verdade. Tendo experiência com voo e saltos de paraquedas, além de ser um conhecedor das leis e estar em contato constante com traficantes, suspeitos e vítimas, ele passou a integrar o esquema de tráfico internacional, transportando armas e drogas. Ele deixou oficialmente a polícia em 1977 e começou a advogar na região de Lexington, no Kentucky. Quatro anos mais tarde, ele foi acusado de tráfico de armas e drogas, e foi preso após tentar fugir para a Carolina do Norte. No entanto, ele passou apenas seis meses na cadeia, pagou uma multa de 500 dólares e foi impedido de exercer o Direito, mas nada o impediu de seguir ganhando a vida com o tráfico com uma gangue local conhecida como “A Companhia”.

Então, em 1985, aconteceu a fatídica viagem que renderia o filme mais surtado de 2023. Thornton e seu copiloto foram buscar um carregamento de cocaína na Colômbia. Na época, a carga valia milhões de dólares, uma verdadeira fortuna. Porém, na viagem de volta, ele acreditou estar sendo seguida pela polícia e decidiu despachar a droga do alto do avião. Assim, uma carga milionária de cocaína em pacotes foi arremessada do bimotor, que acabou colidindo na Carolina do Norte.

Policiais analisando o corpo de Andrew Thornton.

As bolsas com os pacotes de cocaína caíram na floresta de Chattahoochee-Oconee, na Geórgia. E não foi só a droga que caiu, não. É que essa viagem selou o destino de Andrew, que tinha a experiência como paraquedista, mas acabou vítima da própria ganância. Antes de saltar do avião, ele pegou uma mala com cerca de 35 kg do pó branco e pulou rumo à morte. Isso porque o peso extra fez com que o paraquedas enrolasse e perdesse a utilidade. Assim, o traficante caiu com tudo na garagem de uma família em Knoxville, morrendo aos 40 anos de idade.

Parte da droga arremessada por ele foi encontrada no entorno. Só que as notícias de que um carregamento ainda maior que supostamente teria caído no parque nacional de Chattahoochee-Oconee levou policiais e curiosos (afinal, a carga valia muita grana) a se aventurarem pelas matas, como caçadores da droga perdida. E aí que entra o tal urso.

Divulgação/ Universal.

Durante essas buscas, um corpo em decomposição de um Urso Negro foi encontrado, cercado por mais de 40 pacotes de cocaína destroçados. É, o urso não chegou a matar ou atacar ninguém, ele só comeu e cheirou o entorpecente, ficou doidão e praticamente explodiu por dentro. O legista afirmou que o estômago do animal ficou lotado de cocaína, tornando sua sobrevivência impossível. Acontece que, por conta da decomposição, a necropsia encontrou apenas 4g da droga ainda presente na corrente sanguínea do pobre animal.

Segundo o médico o urso sofreu horrores com uma série de sintomas que o levaram à morte. “Hemorragia cerebral, insuficiência respiratória, hipertermia, insuficiência renal, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral. O que você pensar de problema de saúde, aquele urso tinha”, afirmou ao The Guardian na época.

Reprodução/ The New York Times.

A história que era trágica “viralizou” e acabou virando piada na imprensa local. Não demorou para associarem a morte do animal ao lançamento das cargas feito pelo traficante morto, e logo o coitado do urso passou a ser chamado “carinhosamente” de Pablo Eskobear, tirando sarro de seu destino ao associá-lo ao lendário traficante colombiano, Pablo Escobar.

O animal foi recolhido e após a necropsia, foi empalhado e está preservado até hoje. Quem quiser ver o verdadeiro Urso do Pó Branco pode ver seu corpinho exposto no Kentucky for Kentucky Fun Mall. Sim, o bicho está exposto em um shopping, que conta com uma loja dedicada a ele. E como essa história bizarra rendeu assunto no hemisfério norte inteiro, o urso virou um dos símbolos da região, e claro que esse caso atraiu um grande número de visitantes para o parque nacional em que a droga caiu e o urso morreu.

O “Urso do Pó Branco” está exposto em um shopping até hoje.

Claro que o filme teve muita liberdade criativa na hora de adaptar a trama, transformando o animal numa clássica ameaça dos filmes slasher. Em entrevista à Variety, a diretora do filme, Elizabeth Banks, disse que teve acesso aos laudos do legista e confirmou que realmente era uma história trágica, mas que resolveu imaginar um cenário de em que o pobre animal pudesse fazer justiça com as próprias mãos.

“Eu entendo como foi uma situação terrível esse urso ter se envolvido nessa trama e acabar morrendo no fim. Para mim, fazer esse filme foi encarado como uma chance de pensar em uma história de vingança para o urso”, disse.

O Urso do Pó Branco chega aos cinemas brasileiro nesta quinta-feira, 30 de março.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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