Considerada um dos grandes nomes de Hollywood ainda em atividade, a atriz Jodie Foster, de 55 anos, tem uma carreira quase tão longa quanto sua própria idade, tendo começado ainda bem novinha. Com 80 créditos na frente das câmeras no currículo, a atriz igualmente desenvolve trabalhos como produtora e diretora.
Dona de quatro indicações ao Oscar como atriz e ganhadora de dois como atriz principal – num curto período de menos de cinco anos entre eles (poucos podem dizer o mesmo) -, Foster retorna este ano frente às câmeras na ficção dramática criminal Hotel Artemis. O filme, que estreia no dia 13 de setembro, marca a volta de Foster às telonas após uma ausência de cinco anos – quando participou de Elysium (2013), de Neill Blomkamp.
Crítica | Hotel Artemis – Jodie Foster volta depois de 5 anos à frente de grande elenco
Como forma de homenagear esta grande artista da sétima arte, resolvemos criar uma nova lista com seus filmes mais adorados pelo público. Como sempre nossa lista procura ser a mais eclética possível, ranqueando de acordo com a votação do grande público de cinema na rede, usando como base o IMDB. Então, vem com a gente saber quais filmes desta grande atriz são os mais cultuados.
10 | Quando as Metralhadoras Cospem
No mesmo ano de Taxi Driver (1976), Foster lançava esta obra bem diferente. Já imaginaram um filme de gângster feito para toda a família e usando somente atores mirins? Pois bem, esta ideia de alto conceito foi levada às telas pelo cineasta Alan Parker (O Expresso da Meia Noite e Coração Satânico), que escreveu e dirigiu este que foi seu primeiro filme para o cinema. Foster, uma atriz mirim de certa fama na época, é o principal nome do elenco. O filme, que reconta a história de Bugsy Malone (título original da produção) sob este novo aspecto, foi indicado ao Oscar de melhor trilha sonora.
09 | Maverick
Não deixe de assistir:
Aqui, Jodie Foster já tinha suas duas estatuetas do Oscar decorando a estante de casa e ao invés de seguir com projetos pomposos e sóbrios, mostrava que sabia e queria se divertir também. Grande produção da Warner, Marverick foi uma das apostas do verão norte-americano de 1994. Trata-se da adaptação para as telonas de um clássico seriado homônimo (1957-1962), criado por Roy Huggins e protagonizado por James Garner no papel título. A trama, passada no velho oeste, mostra as artimanhas do golpista Bret Maverick, no longa vivido por Mel Gibson. A atriz interpreta Annabelle Bransford, que compartilha da veia vigarista do sujeito. Foster, então com 32 anos, demonstrou ótima química com Gibson – os dois viriam a se tornar grandes amigos. Dirigido por Richard Donner (da franquia Máquina Mortífera), Maverick foi indicado ao Oscar de figurino. O saudoso James Garner (falecido em 2014) tem um dos papeis de destaque no filme, vivendo o policial que segue de perto as tramoias do protagonista.
08 | Meninos de Deus
Dizem que quando atores acreditam mesmo em alguns projetos, eles colocam a mão na massa e o produzem. É exatamente este o caso com Meninos de Deus, lançado no mesmo ano em que Foster protagonizou o ótimo suspense O Quarto do Pânico (2002), de David Fincher – que infelizmente não encontrou lugar na lista (para a minha tristeza e, tenho certeza, de muitos de vocês). Baseada no livro de Chris Fuhrman, a trama mostra um grupo de colegas num colégio católico castigados por desenhar uma HQ imprópria. Agora, eles planejam uma travessura maior, a fim de se tornarem lendas no local. O discurso aqui é o de não proibição, o de liberdade de expressão e contra qualquer censura trazida pela religião, ideologia que, obviamente, a atriz compartilha. Curiosamente, ela vive uma freira no longa – a “vilã”, que aponta o dedo e castiga. Vincent D´Onofrio vive um padre e o trio de crianças principal é interpretado por Emile Hirsch, Kieran Culkin e Jena Malone. O artista Todd McFarlane, criador de personagens como Spawn e Venom, também produz a obra.
07 | A Menina do Outro Lado da Rua
O ano de 1976 foi muito proveitoso para Jodie Foster, ainda uma menina de 14 anos. Foi dele, por exemplo, que saiu sua primeira indicação ao Oscar. Isso que é ser precoce. Além do citado primeiro item desta lista, a atriz volta a marcar presença com um filme saído de tal época na lista. Aqui, Foster estrela num longa baseado no livro do autor Laird Koenig, que também adapta o roteiro para o cinema. A trama misteriosa e completamente envolta em suspense, apresenta a jovem Rynn (Foster), de 13 anos, que vive numa bela casa perto do mar em Quebec, Canadá. Quando vizinhos e moradores locais começam a suspeitar que ela vive completamente sozinha – apesar de afirmar morar com o pai -, decidem investigar e se deparam com o verdadeiro segredo desta engenhosa jovem. O veterano Martin Sheen também protagoniza.
06 | Acusados
A primeira faz tchan, a segunda faz… . Depois de sua indicação ao Oscar em 1976, Foster voltaria ao radar da Academia com este drama, doze anos depois. Aqui, no entanto, a promessa ficava para trás e a atriz levava sua primeira estatueta para casa – aos 26 anos. Forte, chocante e extremamente atual, Acusados (1988) aborda o tema do estupro como nunca anteriormente num filme renomado e de grande distribuição. No fim da década de 1980, os EUA já discutiam temas que nós, até hoje, somente arranhamos. Na trama, Foster interpreta uma jovem de classe baixa, atacada e estuprada num bar por diversos homens. Ao lado de uma promotora, ela busca justiça. Além da performance visceral da atriz, o filme cimentava a excelente fase de Kelly McGillis na época, saída dos sucessos consecutivos de A Testemunha (1985) e Top Gun – Ases Indomáveis (1986), como um dos maiores nomes da década de 1980 no cinema.
05 | Deus da Carnificina
Primeiro filme mais recente da lista, o longa é baseado na peça da francesa Yasmina Reza, que também adaptou o roteiro para o filme. Como dito na minha crítica de Hotel Artemis, Foster só participou como atriz de quatro produções para os cinemas nesta década (contando o novo filme) e Deus da Carnificina foi um deles. Quando chegam a certa fase de sua carreira, todo ator tarimbado deseja trabalhar com um diretor renomado, em especial um com o qual nunca tenha colaborado antes. E foi justamente o que fez Foster nesta primeira (e única) parceria com o lendário Roman Polanski – um dos maiores nomes da sétima arte ainda em atividade. Polanski é conhecido por thrillers e dramas intensos, mas aqui arrisca-se numa comédia ácida e claustrofóbica – que muito bem poderia se encaixar como quarto exemplar em sua tão chamada “trilogia do apartamento”: Repulsa ao Sexo (1965), O Bebê de Rosemary (1968) e O Inquilino (1976). A trama, passada toda dentro de um apartamento (do qual os quatro protagonistas não conseguem sair), mostra dois casais tentando resolver uma briga entre seus filhos pequenos. Os adultos se mostram tão ineptos quanto para solucionar a situação. Foster vive a esposa do personagem de John C. Reilly, opostos ao casal vivido por Kate Winslet e Christoph Waltz. Por seus desempenhos, Foster e Winslet receberam indicações no Globo de Ouro.
04 | Contato
Outro trabalho muito celebrado e reconhecido de Jodie Foster é esta ficção científica dramática. Produção de grande escala, o longa é baseado no livro de Carl Sagan, um dos mais respeitados astrônomos de todos os tempos, falecido um ano antes do filme estrear nos cinemas, em 1996. Com tamanha ambição, a obra só poderia ser dirigida por um cineasta do calibre de Robert Zemeckis (da trilogia De Volta para o Sucesso), saído do estrondoso sucesso de Forest Gump (1994), que dá conta do recado de sobra. Para entender melhor a proposta, é só pensar no longa como uma versão anos 1990 de A Chegada (2016), com Amy Adams. No filme, Foster interpreta uma cientista que está cada vez mais perto de fazer contato com seres alienígenas. O filme traz ainda um dos primeiros trabalhos de destaque de Matthew McConaughey, após seu divisor de águas com Tempo de Matar (1996). Contato foi indicado para o Oscar de melhor som.
03 | O Plano Perfeito
Novamente recaindo no item da quinta posição, em 2006 foi a hora de Jodie Foster trabalhar pela primeira vez com o icônico Spike Lee. Um dos cineastas mais influentes e respeitados quando o assunto é cinema social e racial, Lee disse muito durante as décadas de 1980 e 1990. Embora seu cinema continue contundente – vide Verão em Red Hook (2012), Chi-Raq (2015) e o recente Infiltrado na Klan (2018) -, vira e mexe o diretor opta por desvios mais voltados ao entretenimento. Mas sem esquecer a qualidade artística. Aqui, Lee se arrisca no subgênero dos filmes de assalto a banco, nesta obra que guarda inúmeras reviravoltas em sua trama e que pode ser considerada um dos melhores exemplares do subgênero. Não fosse por mais nada, já valeria pelo embate de gigantes entre Jodie Foster e o protagonista Denzel Washington, que vive o policial encarregado do caso. Clive Owen, Christopher Plummer, Willem Dafoe e Chiwetel Ejiofor dão o respaldo necessário como parte do elenco.
02 | Taxi Driver
Um dos filmes mais lembrados pelos fãs quando o assunto é cinema cult, Taxi Driver já nasceu à frente de seu tempo, se mostrando mais atual do que nunca e pronto a discutir inúmeras questões. Não é à toa que até hoje cineastas continuam a reverenciá-lo e homenageá-lo, vide o recente Você Nunca Esteve Realmente Aqui, de Lynne Ramsay, com Joaquin Phoenix. A esta altura também não existe muito a dizer sobre este primeiro trabalho chamativo do diretor Martin Scorsese que já não tenha sido dito. Robert De Niro visceral como um desequilibrado veterano, atuando como taxista pelas então estranhas ruas de uma Nova York da década de 1970. E Jodie Foster, com 14 aninhos, na pele de uma jovem prostituta, a quem o sujeito faz de sua missão salvar. O filme, escrito pelo veterano Paul Schrader, foi indicado a quatro prêmios no Oscar, mas saiu de mãos abanando. Além do desempenho de Foster, já citado, foram lembradas a trilha de Bernard Herrmann, a atuação de De Niro e o filme em si – que perdeu para Rocky – Um Lutador, outro filmaço. Taxi Driver se mantém como um dos 250 melhores filmes de todos os tempos (atualmente na posição 91) na opinião do grande público.
01 | O Silêncio dos Inocentes
Não tinha como ser diferente. Por inúmeros motivos, O Silêncio dos Inocentes é considerado o melhor filme da carreira de Foster e sua melhor atuação. A personagem que nos vêm à mente quando pensamos na atriz é Clarice Starling, a intrépida e assertiva agente do FBI, em fase de treinamento. Este foi um papel definidor em sua carreira e responsável por seu segundo Oscar como atriz principal. Mais do que isso, o longa, ao contrário dos demais na lista, levou a estatueta como o melhor filme do ano e cinco das sete nomeações que recebeu: diretor para Jonathan Demme, roteiro adaptado para Ted Tally e ator principal para Anthony Hopkins. O filme fez de Foster uma das poucas atrizes com dois Oscar de atuação protagonista.
Fora isso, O Silêncio dos Inocentes é um dos únicos (ou quem sabe o único) filme que se encaixa no gênero suspense (com leves toques de terror) a ganhar tal honraria. Baseada no livro de Thomas Harris (o segundo da mesma série adaptado para o cinema depois de Caçador de Assassinos, de 1986, que não teve nem um terço do impacto), a história segue os primeiros passos da agente Starling no FBI, precisando colaborar com um erudito psicopata aprisionado, a fim de capturar um serial killer à solta. Apesar de todo o prestígio, Foster negou-se a reprisar o papel na continuação, realizada dez anos depois, intitulada Hannibal (2001). A continuação foi dirigida por Ridley Scott, trouxe o retorno de Hopkins como Hannibal Lecter e Julianne Moore no papel de uma mais madura Starling. O Silêncio dos Inocentes é o número 23 na lista dos melhores filmes de todos os tempos, na opinião do grande público.