Com dezembro já chegando ao fim, está na hora de continuar nossas listas de final de ano relembrando os ótimos longas-metragens e séries que nos encantaram em 2022.
Neste mais novo ranking, trouxemos a vocês os melhores filmes de terror do ano, desde o surpreendente ‘Sorria’ até o aclamado ‘Pearl’, pré-sequência de ‘X – A Marca da Morte’ que trouxe Mia Goth em um dos papéis definidores de sua carreira.
Confira abaixo as nossas escolhas e conte para nós qual foi o seu título favorito:
10. SORRIA
“O maior mérito da produção é, sem sombra de dúvida, a assombrosa atmosfera arquitetada pelo diretor Parker Finn. Responsável pelo curta original, Finn toma as rédeas criativas ao também ficar a encargo do roteiro, tendo liberdade o suficiente para trabalhar como quer e destrinchar uma breve narrativa em uma espécie de análise antropológica que nos deixa à beira de um ataque de nervos quase o tempo inteiro. Os elementos estéticos são arquitetados com maestria invejável que prestam homenagem a mestres do horror: temos a brincadeira entre supressão e dilatação de tempo com planos-sequência à la James Wan; o jogo de luz e sombra que nos remete, em certa instância, aos clássicos de Alfred Hitchcock; e uma exaltação hiperbólica da angústia e da total falta de prospecto que pega elementos emprestados de Dario Argento e Mike Flanagan” – Thiago Nolla
9. MORTE, MORTE, MORTE
O terror adolescente ‘Morte, Morte, Morte’, da A24, é uma celebração da estupidez humana e, apesar de não apresentar nada de novo para o gênero em questão, ganha pontos por nos guiar em um caminho totalmente diferente do que esperávamos. Aclamado pelos críticos internacionais, o longa acompanha um grupo de jovens que planeja fazer uma festa durante um furacão em uma mansão numa ilha remota. Entretanto, a celebração se torna mortal quando um assassino começa a eliminá-los, um por um.
8. PIGGY
“Numa espécie de releitura torcida do conto de fadas ‘A Bela e a Fera’, ‘Piggy’ é um filmão que fala com precisão do maior terror da vida de qualquer adolescente: o de sofrer agressões verbais e morais por outros colegas. Escrito e dirigido por Carlota Pereda, o enredo parte dessa jovem obesa para mostrar a malícia intrínseca nas ações (ou melhor, na falta delas) dos moradores de um povoado, inclusive seus próprios pais, que decidem ignorar o sofrimento da moça, pois, fazendo-o, a convivência entre todos flui mais naturalmente. Porém, o filme também mostra que ignorar esse problema só faz com que ele ferva ainda mais dentro da vítima, e que as consequências dessas agressões podem ser múltiplas, inclusive, irreversíveis” – Janda Montenegro
7. FRESH
“A atmosfera conceitual nascida da direção de Mimi [Cave] traz corpo à trama, promovendo uma mistura deliciosa entre o terror e o cult. Devorando nossa atenção e entusiasmo em quase duas horas de filme, ‘Fresh’ nos deixa sempre à beira de uma catástrofe, nos instigando a cada novo absurdo descoberto a respeito do nosso lindo e temível vilão Steve (Sebastian Stan). Diferente do que muitas vezes o gênero nos reserva, o longa brinca com a nossa percepção, desafia os nossos sentidos e pavores, dando aquela sagaz piscadela para a nova era de relacionamentos – em que tudo é digital e cada vez mais desconfiável” – Rafaela Gomes
6. NÃO! NÃO OLHE!
“Conhecendo o estilo de Peele, nada é o que parece ser – e o terceiro longa-metragem do cineasta não seria diferente. Revestido por uma roupagem sci-fi que traz lembranças da rebeldia kitsch de ‘Marte Ataca!’ e do crescente suspense de ‘Guerra dos Mundos’, ‘Não! Não Olhe!’ mascara as verdadeiras intenções sob convencionalismos que, de certa maneira, já nos vem cansando há alguns anos. Afinal, temos a iminente e beligerante presença de um ser extraterrestre cujas intenções não são benévolas; a dinâmica de uma família marcada pelo luto e que precisa reatar os laços para conseguirem superar um problema gigantesco; e personagens coadjuvantes que servem como guias para a resolução da narrativa. Ora, não é surpresa que Kaluuya faz um ótimo trabalho, mas é Palmer quem rouba nossa atenção e que faz um glorioso retorno para os cinemas” – T.N.
5. X – A MARCA DA MORTE
“A iteração é comandada pelo conhecido cineasta Ti West, cuja filmografia inclui ‘A Casa do Demônio’, ‘Hotel da Morte’ e ‘V/H/S’ – o que significa que o realizador não é nenhum estranho à história que traz à vida. E, considerando que ele também fica a encargo da produção e do roteiro, a narrativa é pincelada com uma identidade bastante clara e com um propósito objetivo e prático, que faz ótimo uso dos convencionalismos em uma atmosfera original e que se afasta do mero sobrenatural. Afinal, não estamos lidando com uma criatura demoníaca que caça adolescentes aleatoriamente em um monte de vingança; enfrentamos um casal de idosos que, em uma crise de ódio e de inveja que cresce exponencialmente ao descobrir o que seus hóspedes estão fazendo, resolvem se vingar pelo simples fato de serem rejeitados pela idade. Em outras palavras, há uma belíssima e impactante análise sobre etarismo que paira sobre o enredo principal e que serve como mote dos antagonistas para coletarem suas vítimas” – T.N.
4. O TELEFONE PRETO
“[…] grande parte da veracidade e urgência do filme vem do talento de seu elenco. Mason Thames entrega uma atuação angustiante como o jovem Finney, e consegue passar todo o desespero do personagem através de suas expressões bastante emotivas. Uma grande atuação de um jovem em ascensão. Ethan Hawke como sempre entrega uma atuação poderosa e aterrorizante como o vilão, e consegue aterrorizar a audiência mesmo usando uma máscara sinistra boa parte do filme” – Renato Marafon
3. PÂNICO
“A concepção mais inteligente da obra é não se aventurar no caminho sem volta de deixar os personagens clássicos roubarem os holofotes. Pelo contrário, não é até o começo do segundo ato que Sidney Prescott (Neve Campbell), Dewey Riley (David Arquette) e Gale Weathers (Courteney Cox) dão as caras. Os diretores, que se aliam ao roteiro espetacular de James Vanderbilt e Guy Busick, levam o tempo necessário para que o grupo de novas vítimas ganhe a nossa atenção e demonstre que veio para ficar. Nesse quesito, Ortega e Barrera fazem um trabalho espetacular, mas não posam como artistas egoístas que não deixam os outros brilhar – e talvez o aspecto mais interessante é o confronto geracional que emerge com essas vibrantes introduções” – T.N.
2. NOITES BRUTAIS
Claustrofóbico, instigante e angustiante são apenas algumas das palavras que podem descrever o surpreendente terror ‘Noites Brutais’. O filme, dirigido por Zach Cregger, se tornou uma das grandes sensações do ano ao subverter nossas expectativas e apostar fichas em uma palpável narrativa do gênero. Na trama, uma jovem descobre que a casa que alugou já está ocupada por um estranho. Contra seu melhor julgamento, ela decide passar a noite, mas logo percebe que há muito mais a temer do que apenas um hóspede inesperado.
1. PEARL
“[…] sob uma estética bem technicolor, que remonta o formato dos filmes dos anos 50 e 60, Ti West entrega outro brilhante terror que vai muito mais além do combo de sustos que normalmente nos aguarda em um terror slasher. ‘Pearl’ é de fato uma espiral caótica de uma jovem à deriva de sua própria existência, que perece em uma vida medíocre onde sua identidade e personalidade são abafadas e sucumbidas pelas pressões de uma matriarca agressiva, insensível e indiferente. Mas independente do contexto familiar que nos trouxe Pearl, é inegável que a vilania já habitava nela, como West faz questão de mostrar em sua tortuosa forma de sacrificar animais indefesos. E essa construção é fundamental para tornar a idosa Pearl de ‘X‘ em uma criatura cruel e monstruosa aos olhos dos personagens e, obviamente, da audiência” – R.G.