sexta-feira , 15 novembro , 2024

Os 40 Anos do Auge do “Terrir” no Cinema – Conheça os Primeiros Slasher Cômicos do Cinema

Pânico (2022), quinto filme da famosa franquia de terror slasher, se tornou o primeiro grande sucesso deste ano. O Pânico original lá de 1996 é até hoje muito celebrado por duas façanhas específicas: revitalizar o subgênero do terror adolescente e criar um slasher engraçadinho, cheio de referências e tiradas humorísticas. Para entendermos um pouco melhor a origem dos elementos que formaram Pânico, é preciso voltar lá para o início da década de 1980. O sucesso de Halloween – A Noite do Terror (1978) gerou todo tipo de filme criado nos mesmos moldes visando obter o mesmo sucesso. O mais famoso deles, Sexta-Feira 13 chegava bem no início em 1980, e no ano seguinte teríamos uma verdadeira enxurrada lotando os cinemas praticamente a cada fim de semana, no que ficaria conhecido como “o ano dos slasher”: 1981. Eu já comentei sobre o fenômeno em uma matéria destacando os mais famosos dessa onda – matéria que você pode conferir no link abaixo.

Leia também: Terror Slasher | Os 40 Anos do Auge do Subgênero no Cinema

Nessa verdadeira enxurrada de produções do subgênero, como Dia dos Namorados Macabro, Chamas da Morte e Pague para Entrar e Reze para Sair, por exemplo, todos consistiam na mesma fórmula: um assassino mascarado portando uma arma cortante saía em uma verdadeira chacina de adolescentes. Fosse num ambiente rural como uma colônia de férias ou num ambiente urbano inserido na cidade, e invariavelmente contendo alguma espécie de resolução sobre a verdadeira identidade do maníaco, muito pouco diferenciava um longa criado em tais moldes do outro. Mas foi aí que dois projetos ousaram sair da caixinha, mesmo pegando carona nessa moda. O primeiro, Depois de Sexta 13 (Saturday the 14th), lançado pela New World Pictures, pode soar pelo título ser uma paródia do sucesso Sexta-Feira 13, mas na realidade faz referência somente ao seu título, criando uma sátira em sua narrativa mais voltadas aos clássicos monstros do cinema e o subgênero das casas assombradas.



Apesar do título, essa paródia lançada em 1981 não é sobre assassinos mascarados ou slasher, e sim sobre monstros e casas assombradas.

O segundo, esse sim daria origem a produções como Pânico e seu infame “primo” Todo Mundo em Pânico. Hoje um cult querido pelos fãs, Student Bodies também estreou em 1981 e foi uma aposta arriscada que não deu certo da Paramount Pictures. A proposta do estúdio era misturar seus dois maiores sucessos do ano anterior: Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu e Sexta-Feira 13. Já viram, né? Uma mistura inusitada e que poderia funcionar, mas o longa terminou rapidamente esquecido, ressurgindo hoje, descoberto pelos fãs deste tipo de cinema. Ou seja, a proposta aqui era criar um “slasher” passado num ambiente colegial, seguindo os moldes de tantos outros da época. A sacada por trás do projeto era seu elemento “Apertem os Cintos”, isto é, ser verdadeiramente uma comédia tirando sarro do subgênero. Essencialmente o que Apertem os Cintos… havia feito com o cinema catástrofe da década de 1970. Student Bodies embora tenha se tornado um filme obscuro, praticamente não mencionado hoje (mesmo tendo um dos maiores estúdios de Hollywood por trás do lançamento), merece ser creditado como um dos primeiros, senão o primeiro, filme nonsense de paródia terrir. Fato adereçado inclusive no poster do longa em seu lançamento.

Student Bodies’ visava ser para o slasher o que ‘Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu’ foi para os filmes catástrofe.

Apesar de não ter se tornado bem-sucedido nas bilheterias em seu lançamento, ou sequer ter recebido críticas favoráveis da imprensa, Student Bodies se mostrou uma proposta criativa, e seu pioneirismo abriu portas para que outros projetos fossem produzidos no mesmo formato. Afinal, fazer um slasher a essa altura seria “entrar na fila do pão” e se tornar mais um dentre tantos. Porém, quando falamos nas paródias de slashers, isso ainda era novidade e retinha certo frescor. Tudo o que seria necessário era um destes filmes emplacar no gosto dos críticos e do público. Infelizmente, é seguro dizer que nenhum dos filmes lançados no subgênero durante 1982 se encaixa nestes quesitos. O estilo só receberia o “amor” devido com os citados Pânico e Todo Mundo em Pânico.

Abaixo iremos apresentar (ou relembrar) para você os filmes paródia de terror que até tiveram bom investimento, um estúdio grandioso por trás, nomes famosos na direção e no elenco, e viram em Student Bodies um promissor nicho ainda pouco representado. Confira.

Pandemonium

O primeiro a chegar no rastro de Student Bodies foi Pandemonium, afinal dizem que a sacada não é copiar, mas sim copiar primeiro. Ou seja, ser o primeiro dos imitadores a surfar na onda pode ser igualmente vantajoso. Com lançamento da MGM/United Artists, o filme foi dirigido por Alfred Sole, cineasta que havia marcado seu nome no gênero do terror slasher em 1976 com o filme Alice, Querida Alice (também conhecido como Comunhão). Sole ainda estava no terreno que se sentia confortável, porém, ao mesmo tempo realizando uma produção para um grande estúdio e focada em outro gênero, como afirmou o próprio sobre os motivos que o levaram a comandar este longa. A trama, se é que existe uma, funciona muito no mesmo esquema dos demais filmes paródia que vieram depois dele, como Corra que a Polícia Vem Aí (1988), ou seja, sua estrutura funciona como uma série de esquetes de um programa humorístico.

O fio narrativo que liga as cenas fala sobre uma jovem estudante que sonha em ser líder de torcida e decide reabrir o acampamento que treina meninas para esta função. Acontece que tal acampamento havia sido fechado após terríveis assassinatos cometidos por um assassino serial. Agora, com a reabertura, a atenção do maníaco se volta de novo para o local. Mas a sátira não é feita somente em cima de Sexta-Feira 13 e o filme reserva piadas, por exemplo, para Carrie – A Estranha (1976), com a dinâmica de uma mãe fanática e sua filha reprimida sendo repetidas aqui, e até mesmo diálogos tirados diretamente de tal filme.

O título original do longa inclusive faria ainda mais referência ao sucesso Sexta-Feira 13, já que o nome planejado era “Quinta-Feira 12”. No elenco, nomes como Judge Reinhold (Um Tira da Pesada) e Carol Kane (Os Fantasmas Contra Atacam) em início de carreira. O filme estreou no dia 2 de abril de 1982, mas teve que enfrentar a concorrência pesada de Porky’s, Um Herói Diferente, Fúria Silenciosa e A Marca da Pantera, não conseguindo sequer se manter no top 10 dos mais assistidos naquele fim de semana. Nos EUA, assim como Student Bodies, Pandemonium ressurge como paródia cult com lançamentos em mídias físicas, como Blu-Rays, para os fãs.

Wacko – Uma Comédia Maluca

Do lote de 1982, Wacko talvez seja o mais famoso e o que mais rivalize com Student Bodies pelo status de paródia terrir mais cult do início dos anos 1980. Para começar Wacko possui os mesmos roteiristas de filmes como Meus Vizinhos São um Terror (1989) e A Lenda do Tesouro Perdido (2004). Fora isso, teve distribuição em vídeo da Fox / CBS e conta com veteranos no elenco, como Joe Don Baker e George Kennedy – o que certamente enriquece o produto final, dando-lhe mais credibilidade. Mesmo que nem todas as piadas sejam “limpas” ou aceitáveis para os padrões dos dias politicamente corretos de hoje. Bem, mas não me refiro a uma possível ultra-sensibilidade e sim a piadas verdadeiramente de mau gosto para qualquer época. Aqui, por exemplo, temos uma contínua gag sobre o fato do personagem de Kennedy ser um voyer espreitando a própria filha (!?) a cada possibilidade. Irgh.

A trama apresenta o “assassino do cortador de grama”. Isso mesmo, o psicopata deste filme usa como arma um cortador de grama. Sim, um objeto tão inconveniente e improvável só poderia pertencer a uma comédia. O maníaco usa ainda uma cabeça de abóbora como máscara para esconder seu rosto. No seu encalço, o policial vivido por Joe Don Baker é por si só uma paródia de tais personagens de tiras durões e implacáveis. O agente da lei aqui dorme de roupa, está sempre com um cigarro na boca, é viciado em café e odeia cortadores de grama. Não é para menos. Ah sim, e o sujeito não dorme há 13 anos.

No elenco, a estreia de Andrew Dice Clay, e as presenças da gracinha Julia Duffy e do veterano Charles Napier. Curiosamente, dois atores muito famosos quase fizeram parte do elenco de Wacko, caso seus testes não tivessem sido rejeitados pela produção do longa. Julia Louis-Dreyfus, a eterna Elaine de Seinfeld, fez teste para o papel feminino principal, mas terminou perdendo a vaga para Duffy. Quem também quase esteve no terrir foi James Spader. Rejeitado pela Universal Pictures, o filme teve um lançamento restrito em 28 de maio de 1982 nos EUA, e seguiu para grande circuito somente em 7 de janeiro de 1983. Na época, um “pequeno” filme chamado Rocky III fazia grande barulho nas bilheterias.

A Reunião dos Alunos Loucos

Terminando a lista dos filmes terrir de 40 anos atrás, este é um dos mais importantes do lote. Com estreia no fim de 1982, no dia 29 de outubro, bem a tempo para a época do halloween, Class Reunion (no original) se trata do segundo grande lançamento da National Lampoon no cinema. Para quem não sabe, National Lampoon era uma revista de humor muito famosa nos EUA, que fez muito sucesso na década de 1970 – e durou até 1998. Seria algo como o Casseta e Planeta aqui no Brasil. De fato, uma de suas rivais em seu país de origem era a mais juvenil revista MAD – dona de escracho similar. Apesar da MAD ter se tornado bem mais famosa, com escritório aqui no Brasil também – ao contrário de sua conterrânea – uma coisa conquistada pela National Lampoon foi a produção de filmes de sucesso.

Acontece que logo de cara, a National Lampoon emplacou Clube dos Cafajestes (Animal House) em 1978, que viria a se tornar uma das comédias mais queridas do grande público no período, e serviria para revelar o talento de John Belushi. Assim, em sua segunda investida, ao invés de um filme adolescente sobre universitários de uma fraternidade, a National Lampoon investiu numa sátira de filme slasher. Nessa altura até a MAD havia tentado a sorte com seu próprio filme, Rebeldes da Academia (Up the Academy) em 1980, sem sucesso. Caminho similar iria percorrer a National Lampoon com este A Reunião dos Alunos Loucos.

O longa insere sua sátira em cada detalhe, assim como viria a ser um molde para obras do tipo. Enquanto Wacko usou como nome para o colégio dos alunos Alfred Hitchcock – inclusive fazendo inúmeras menções ao grande cineasta conhecido como mestre do suspense (como usar a trilha de seu programa de TV e fazer referência a um jogo dos times de Hitchcock e Brian De Palma), aqui a escola se chama Lizzie Borden, referência a uma das assassinas mais famosas da história dos EUA. Assim como em muitos slashers, uma tragédia prévia é o que dá o pontapé inicial da trama, e aqui uma pegadinha que sai muito errada na década de 1970 irá refletir anos mais tarde com os envolvidos, agora todos membros do corpo docente do colégio.

O assassino aqui também possui um visual único, com um vestido de colegial e um saco de papel com feições humanas desenhadas na cabeça. No elenco, o chamariz é a presença de Anne Ramsey, a eterna mamma Fratelli do clássico Os Goonies, e uma participação especial do músico Chucky Berry, certamente atraído ao projeto devido ao sucesso de Clube dos Cafajestes. Mas não acaba por aí. A Reunião dos Alunos Loucos traz roteiro de ninguém menos do que o rei dos filmes adolescentes na década de 80, John Hughes, em seu primeiro trabalho solo como roteirista. Na direção, Michael Miller entregava um de seus dois trabalhos como realizador há 40 anos, em 1982. O outro, não poderia ser mais diferente, tendo comandado também o thriller de ação estrelado pela lenda Chuck Norris, Fúria Silenciosa.

Ao contrário dos demais itens acima, A Reunião dos Alunos Loucos pode ser considerado o terrir paródia mais bem sucedido do lote. Com distribuição da 20th Century Fox (só esperamos ver o filme na plataforma da Star Plus), o filme arrecadou um pouco mais de US$10 milhões nos EUA, e estreou em terceira posição do ranking das bilheterias, abaixo somente de Rambo – Programado para Matar e Halloween III – O Dia das Bruxas.

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Pânico (2022), quinto filme da famosa franquia de terror slasher, se tornou o primeiro grande sucesso deste ano. O Pânico original lá de 1996 é até hoje muito celebrado por duas façanhas específicas: revitalizar o subgênero do terror adolescente e criar um slasher engraçadinho, cheio de referências e tiradas humorísticas. Para entendermos um pouco melhor a origem dos elementos que formaram Pânico, é preciso voltar lá para o início da década de 1980. O sucesso de Halloween – A Noite do Terror (1978) gerou todo tipo de filme criado nos mesmos moldes visando obter o mesmo sucesso. O mais famoso deles, Sexta-Feira 13 chegava bem no início em 1980, e no ano seguinte teríamos uma verdadeira enxurrada lotando os cinemas praticamente a cada fim de semana, no que ficaria conhecido como “o ano dos slasher”: 1981. Eu já comentei sobre o fenômeno em uma matéria destacando os mais famosos dessa onda – matéria que você pode conferir no link abaixo.

Leia também: Terror Slasher | Os 40 Anos do Auge do Subgênero no Cinema

Nessa verdadeira enxurrada de produções do subgênero, como Dia dos Namorados Macabro, Chamas da Morte e Pague para Entrar e Reze para Sair, por exemplo, todos consistiam na mesma fórmula: um assassino mascarado portando uma arma cortante saía em uma verdadeira chacina de adolescentes. Fosse num ambiente rural como uma colônia de férias ou num ambiente urbano inserido na cidade, e invariavelmente contendo alguma espécie de resolução sobre a verdadeira identidade do maníaco, muito pouco diferenciava um longa criado em tais moldes do outro. Mas foi aí que dois projetos ousaram sair da caixinha, mesmo pegando carona nessa moda. O primeiro, Depois de Sexta 13 (Saturday the 14th), lançado pela New World Pictures, pode soar pelo título ser uma paródia do sucesso Sexta-Feira 13, mas na realidade faz referência somente ao seu título, criando uma sátira em sua narrativa mais voltadas aos clássicos monstros do cinema e o subgênero das casas assombradas.

Apesar do título, essa paródia lançada em 1981 não é sobre assassinos mascarados ou slasher, e sim sobre monstros e casas assombradas.

O segundo, esse sim daria origem a produções como Pânico e seu infame “primo” Todo Mundo em Pânico. Hoje um cult querido pelos fãs, Student Bodies também estreou em 1981 e foi uma aposta arriscada que não deu certo da Paramount Pictures. A proposta do estúdio era misturar seus dois maiores sucessos do ano anterior: Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu e Sexta-Feira 13. Já viram, né? Uma mistura inusitada e que poderia funcionar, mas o longa terminou rapidamente esquecido, ressurgindo hoje, descoberto pelos fãs deste tipo de cinema. Ou seja, a proposta aqui era criar um “slasher” passado num ambiente colegial, seguindo os moldes de tantos outros da época. A sacada por trás do projeto era seu elemento “Apertem os Cintos”, isto é, ser verdadeiramente uma comédia tirando sarro do subgênero. Essencialmente o que Apertem os Cintos… havia feito com o cinema catástrofe da década de 1970. Student Bodies embora tenha se tornado um filme obscuro, praticamente não mencionado hoje (mesmo tendo um dos maiores estúdios de Hollywood por trás do lançamento), merece ser creditado como um dos primeiros, senão o primeiro, filme nonsense de paródia terrir. Fato adereçado inclusive no poster do longa em seu lançamento.

Student Bodies’ visava ser para o slasher o que ‘Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu’ foi para os filmes catástrofe.

Apesar de não ter se tornado bem-sucedido nas bilheterias em seu lançamento, ou sequer ter recebido críticas favoráveis da imprensa, Student Bodies se mostrou uma proposta criativa, e seu pioneirismo abriu portas para que outros projetos fossem produzidos no mesmo formato. Afinal, fazer um slasher a essa altura seria “entrar na fila do pão” e se tornar mais um dentre tantos. Porém, quando falamos nas paródias de slashers, isso ainda era novidade e retinha certo frescor. Tudo o que seria necessário era um destes filmes emplacar no gosto dos críticos e do público. Infelizmente, é seguro dizer que nenhum dos filmes lançados no subgênero durante 1982 se encaixa nestes quesitos. O estilo só receberia o “amor” devido com os citados Pânico e Todo Mundo em Pânico.

Abaixo iremos apresentar (ou relembrar) para você os filmes paródia de terror que até tiveram bom investimento, um estúdio grandioso por trás, nomes famosos na direção e no elenco, e viram em Student Bodies um promissor nicho ainda pouco representado. Confira.

Pandemonium

O primeiro a chegar no rastro de Student Bodies foi Pandemonium, afinal dizem que a sacada não é copiar, mas sim copiar primeiro. Ou seja, ser o primeiro dos imitadores a surfar na onda pode ser igualmente vantajoso. Com lançamento da MGM/United Artists, o filme foi dirigido por Alfred Sole, cineasta que havia marcado seu nome no gênero do terror slasher em 1976 com o filme Alice, Querida Alice (também conhecido como Comunhão). Sole ainda estava no terreno que se sentia confortável, porém, ao mesmo tempo realizando uma produção para um grande estúdio e focada em outro gênero, como afirmou o próprio sobre os motivos que o levaram a comandar este longa. A trama, se é que existe uma, funciona muito no mesmo esquema dos demais filmes paródia que vieram depois dele, como Corra que a Polícia Vem Aí (1988), ou seja, sua estrutura funciona como uma série de esquetes de um programa humorístico.

O fio narrativo que liga as cenas fala sobre uma jovem estudante que sonha em ser líder de torcida e decide reabrir o acampamento que treina meninas para esta função. Acontece que tal acampamento havia sido fechado após terríveis assassinatos cometidos por um assassino serial. Agora, com a reabertura, a atenção do maníaco se volta de novo para o local. Mas a sátira não é feita somente em cima de Sexta-Feira 13 e o filme reserva piadas, por exemplo, para Carrie – A Estranha (1976), com a dinâmica de uma mãe fanática e sua filha reprimida sendo repetidas aqui, e até mesmo diálogos tirados diretamente de tal filme.

O título original do longa inclusive faria ainda mais referência ao sucesso Sexta-Feira 13, já que o nome planejado era “Quinta-Feira 12”. No elenco, nomes como Judge Reinhold (Um Tira da Pesada) e Carol Kane (Os Fantasmas Contra Atacam) em início de carreira. O filme estreou no dia 2 de abril de 1982, mas teve que enfrentar a concorrência pesada de Porky’s, Um Herói Diferente, Fúria Silenciosa e A Marca da Pantera, não conseguindo sequer se manter no top 10 dos mais assistidos naquele fim de semana. Nos EUA, assim como Student Bodies, Pandemonium ressurge como paródia cult com lançamentos em mídias físicas, como Blu-Rays, para os fãs.

Wacko – Uma Comédia Maluca

Do lote de 1982, Wacko talvez seja o mais famoso e o que mais rivalize com Student Bodies pelo status de paródia terrir mais cult do início dos anos 1980. Para começar Wacko possui os mesmos roteiristas de filmes como Meus Vizinhos São um Terror (1989) e A Lenda do Tesouro Perdido (2004). Fora isso, teve distribuição em vídeo da Fox / CBS e conta com veteranos no elenco, como Joe Don Baker e George Kennedy – o que certamente enriquece o produto final, dando-lhe mais credibilidade. Mesmo que nem todas as piadas sejam “limpas” ou aceitáveis para os padrões dos dias politicamente corretos de hoje. Bem, mas não me refiro a uma possível ultra-sensibilidade e sim a piadas verdadeiramente de mau gosto para qualquer época. Aqui, por exemplo, temos uma contínua gag sobre o fato do personagem de Kennedy ser um voyer espreitando a própria filha (!?) a cada possibilidade. Irgh.

A trama apresenta o “assassino do cortador de grama”. Isso mesmo, o psicopata deste filme usa como arma um cortador de grama. Sim, um objeto tão inconveniente e improvável só poderia pertencer a uma comédia. O maníaco usa ainda uma cabeça de abóbora como máscara para esconder seu rosto. No seu encalço, o policial vivido por Joe Don Baker é por si só uma paródia de tais personagens de tiras durões e implacáveis. O agente da lei aqui dorme de roupa, está sempre com um cigarro na boca, é viciado em café e odeia cortadores de grama. Não é para menos. Ah sim, e o sujeito não dorme há 13 anos.

No elenco, a estreia de Andrew Dice Clay, e as presenças da gracinha Julia Duffy e do veterano Charles Napier. Curiosamente, dois atores muito famosos quase fizeram parte do elenco de Wacko, caso seus testes não tivessem sido rejeitados pela produção do longa. Julia Louis-Dreyfus, a eterna Elaine de Seinfeld, fez teste para o papel feminino principal, mas terminou perdendo a vaga para Duffy. Quem também quase esteve no terrir foi James Spader. Rejeitado pela Universal Pictures, o filme teve um lançamento restrito em 28 de maio de 1982 nos EUA, e seguiu para grande circuito somente em 7 de janeiro de 1983. Na época, um “pequeno” filme chamado Rocky III fazia grande barulho nas bilheterias.

A Reunião dos Alunos Loucos

Terminando a lista dos filmes terrir de 40 anos atrás, este é um dos mais importantes do lote. Com estreia no fim de 1982, no dia 29 de outubro, bem a tempo para a época do halloween, Class Reunion (no original) se trata do segundo grande lançamento da National Lampoon no cinema. Para quem não sabe, National Lampoon era uma revista de humor muito famosa nos EUA, que fez muito sucesso na década de 1970 – e durou até 1998. Seria algo como o Casseta e Planeta aqui no Brasil. De fato, uma de suas rivais em seu país de origem era a mais juvenil revista MAD – dona de escracho similar. Apesar da MAD ter se tornado bem mais famosa, com escritório aqui no Brasil também – ao contrário de sua conterrânea – uma coisa conquistada pela National Lampoon foi a produção de filmes de sucesso.

Acontece que logo de cara, a National Lampoon emplacou Clube dos Cafajestes (Animal House) em 1978, que viria a se tornar uma das comédias mais queridas do grande público no período, e serviria para revelar o talento de John Belushi. Assim, em sua segunda investida, ao invés de um filme adolescente sobre universitários de uma fraternidade, a National Lampoon investiu numa sátira de filme slasher. Nessa altura até a MAD havia tentado a sorte com seu próprio filme, Rebeldes da Academia (Up the Academy) em 1980, sem sucesso. Caminho similar iria percorrer a National Lampoon com este A Reunião dos Alunos Loucos.

O longa insere sua sátira em cada detalhe, assim como viria a ser um molde para obras do tipo. Enquanto Wacko usou como nome para o colégio dos alunos Alfred Hitchcock – inclusive fazendo inúmeras menções ao grande cineasta conhecido como mestre do suspense (como usar a trilha de seu programa de TV e fazer referência a um jogo dos times de Hitchcock e Brian De Palma), aqui a escola se chama Lizzie Borden, referência a uma das assassinas mais famosas da história dos EUA. Assim como em muitos slashers, uma tragédia prévia é o que dá o pontapé inicial da trama, e aqui uma pegadinha que sai muito errada na década de 1970 irá refletir anos mais tarde com os envolvidos, agora todos membros do corpo docente do colégio.

O assassino aqui também possui um visual único, com um vestido de colegial e um saco de papel com feições humanas desenhadas na cabeça. No elenco, o chamariz é a presença de Anne Ramsey, a eterna mamma Fratelli do clássico Os Goonies, e uma participação especial do músico Chucky Berry, certamente atraído ao projeto devido ao sucesso de Clube dos Cafajestes. Mas não acaba por aí. A Reunião dos Alunos Loucos traz roteiro de ninguém menos do que o rei dos filmes adolescentes na década de 80, John Hughes, em seu primeiro trabalho solo como roteirista. Na direção, Michael Miller entregava um de seus dois trabalhos como realizador há 40 anos, em 1982. O outro, não poderia ser mais diferente, tendo comandado também o thriller de ação estrelado pela lenda Chuck Norris, Fúria Silenciosa.

Ao contrário dos demais itens acima, A Reunião dos Alunos Loucos pode ser considerado o terrir paródia mais bem sucedido do lote. Com distribuição da 20th Century Fox (só esperamos ver o filme na plataforma da Star Plus), o filme arrecadou um pouco mais de US$10 milhões nos EUA, e estreou em terceira posição do ranking das bilheterias, abaixo somente de Rambo – Programado para Matar e Halloween III – O Dia das Bruxas.

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