domingo , 22 dezembro , 2024

Os 90 Anos de ‘Drácula’

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Drácula (1931), produção dirigida por Tod Browning, completou 90 anos em 2021.

O filme pode não ser considerada a versão definitiva do personagem, nem mesmo é a “primeira”, mas com certeza é a culturalmente mais influente e a que definiu algumas regras sobre como o famoso vampiro deveria ser adaptado nos anos seguintes. 



O castelo abandonado e isolado em meio aos montes Cárpatos, as três esposas de Drácula e sua estética aristocrática. Essa foi, em tese, a primeira adaptação oficial da obra de Bram Stoker, e por isso conta com todos os personagens e localidades do livro, porém, não foi o primeiro filme a seguir essa linha narrativa.

Visão de Browning é, sem dúvida, a mais influente de todas

Em 1922 o diretor alemão F. W. Murnau lançou Nosferatu que em si era basicamente a mesma trama de Drácula porém realizada sem as devidas autorizações de direitos dos herdeiros do Bram Stoker. Dessa forma a produção precisou modificar vários elementos da história original para que a obra pudesse ser lançada. Porém uma decisão judicial favorável aos queixosos determinou a destruição de todos os rolos do filme Nosferatu, sendo que aqueles que restaram foram eventualmente disponibilizados para o público.

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A vontade de Tod Browning em adaptar o clássico literário já vinha de muito tempo, mais ou menos desde os anos 20. Em todas as vezes que ele abordou o então chefe da Universal, Carl Laemmle Sr, ele ouviu sonoras recusas à ideia. No entanto, em 1924, uma peça baseada no romance de Stoker se tornou um inesperado sucesso na Broadway e, pela primeira vez, chamou a atenção para o potencial mercadológico do personagem nos Estados Unidos. 

Mas é claro, havia um porém. Para se realizar qualquer filme que mantivesse intacta a essência da história que estava fazendo tanto sucesso no teatro, o estúdio que fosse realizar tal obra precisaria adaptar fielmente todo o clima sobrenatural que era próprio do personagem; só que isso, no início do século XX, não era prática padrão para Hollywood. Os filmes feitos até então eram as comédias protagonizadas por Charles Chaplin e Harold Lloyd, dramas adaptados de livros como O Grande Gatsby e filmes do gênero “Capa e Espada” (tais como A Marca do Zorro).

Peça de 1924 foi essencial para o surgimento do filme de 1931

Foi apenas com o filho do chefe da Universal, Carl Laemmle Jr., que Browning conseguiu apoio para sua obra. Até aquele momento o estúdio já havia se aventurado em pelo menos duas adaptações de monstros, sendo elas O Corcunda de Notre Dame (1923) e o Fantasma da Ópera (1925). Assim a Universal tinha um certo cacife para lançar uma adaptação de uma obra do terror e não ter seu produto desvalorizado pelo público ou imprensa.

O historiador do cinema Gary Rhodes em um artigo feito para a Biblioteca do Congresso sobre essa adaptação conta que o processo de elaboração do roteiro de Drácula contou com a contribuição indireta de visões anteriores do personagem. “A versão final do roteiro, que foi escrita por Browning e Garrett Fort, se desenhou sobre várias fontes, variando entre contribuições de roteiristas prévio, um exame cuidadoso de Nosferatu à obra de Bram Stoker e, acima de tudo, sua adaptação para a Broadway”.

“Nosferatu” de 1922 também teve seu quinhão de importância para o filme de Tod Browning

Com roteiro definido foi a hora de procurar o intérprete de Drácula. Apesar de ter um considerável número de candidatos, o papel foi para o húngaro Bela Lugosi. O ator teve uma vida conturbada até chegar nesse ponto; em 1919 ele precisou abandonar a Hungria após o fracasso da revolução comunista no mesmo ano (ele tinha um posicionamento abertamente socialista), atuou por um tempo na Alemanha da República de Weimar até chegar aos EUA. Um fato curioso é que em 1927, Lugosi interpretou o conde Drácula em uma revisão da mesma peça que foi a inspiração maior para o filme de 1931. Ali foi um laboratório perfeito para o ator desenvolver todos os trejeitos que tornariam sua interpretação icônica.

Após a estreia o filme foi muito bem aceito, tanto que isso motivou o estúdio a investir em mais filmes de monstros nos anos seguintes, formando assim o primeiro universo compartilhado do cinema. Drácula também teve pelo menos duas sequências (A Filha de Drácula e Filho do Drácula) e três crossovers com outros monstros (Casa de Frankenstein, Casa de Drácula e Abbott e Costello conhecem Frankenstein). O sucesso da produção também inspirou o surgimento dos clássicos filmes do estúdio Hammer, protagonizados por Christopher Lee, dos anos 50.

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O castelo abandonado e isolado em meio aos montes Cárpatos, as três esposas de Drácula e sua estética aristocrática. Essa foi, em tese, a primeira adaptação oficial da obra de Bram Stoker, e por isso conta com todos os personagens e localidades do livro, porém, não foi o primeiro filme a seguir essa linha narrativa.

Visão de Browning é, sem dúvida, a mais influente de todas

Em 1922 o diretor alemão F. W. Murnau lançou Nosferatu que em si era basicamente a mesma trama de Drácula porém realizada sem as devidas autorizações de direitos dos herdeiros do Bram Stoker. Dessa forma a produção precisou modificar vários elementos da história original para que a obra pudesse ser lançada. Porém uma decisão judicial favorável aos queixosos determinou a destruição de todos os rolos do filme Nosferatu, sendo que aqueles que restaram foram eventualmente disponibilizados para o público.

A vontade de Tod Browning em adaptar o clássico literário já vinha de muito tempo, mais ou menos desde os anos 20. Em todas as vezes que ele abordou o então chefe da Universal, Carl Laemmle Sr, ele ouviu sonoras recusas à ideia. No entanto, em 1924, uma peça baseada no romance de Stoker se tornou um inesperado sucesso na Broadway e, pela primeira vez, chamou a atenção para o potencial mercadológico do personagem nos Estados Unidos. 

Mas é claro, havia um porém. Para se realizar qualquer filme que mantivesse intacta a essência da história que estava fazendo tanto sucesso no teatro, o estúdio que fosse realizar tal obra precisaria adaptar fielmente todo o clima sobrenatural que era próprio do personagem; só que isso, no início do século XX, não era prática padrão para Hollywood. Os filmes feitos até então eram as comédias protagonizadas por Charles Chaplin e Harold Lloyd, dramas adaptados de livros como O Grande Gatsby e filmes do gênero “Capa e Espada” (tais como A Marca do Zorro).

Peça de 1924 foi essencial para o surgimento do filme de 1931

Foi apenas com o filho do chefe da Universal, Carl Laemmle Jr., que Browning conseguiu apoio para sua obra. Até aquele momento o estúdio já havia se aventurado em pelo menos duas adaptações de monstros, sendo elas O Corcunda de Notre Dame (1923) e o Fantasma da Ópera (1925). Assim a Universal tinha um certo cacife para lançar uma adaptação de uma obra do terror e não ter seu produto desvalorizado pelo público ou imprensa.

O historiador do cinema Gary Rhodes em um artigo feito para a Biblioteca do Congresso sobre essa adaptação conta que o processo de elaboração do roteiro de Drácula contou com a contribuição indireta de visões anteriores do personagem. “A versão final do roteiro, que foi escrita por Browning e Garrett Fort, se desenhou sobre várias fontes, variando entre contribuições de roteiristas prévio, um exame cuidadoso de Nosferatu à obra de Bram Stoker e, acima de tudo, sua adaptação para a Broadway”.

“Nosferatu” de 1922 também teve seu quinhão de importância para o filme de Tod Browning

Com roteiro definido foi a hora de procurar o intérprete de Drácula. Apesar de ter um considerável número de candidatos, o papel foi para o húngaro Bela Lugosi. O ator teve uma vida conturbada até chegar nesse ponto; em 1919 ele precisou abandonar a Hungria após o fracasso da revolução comunista no mesmo ano (ele tinha um posicionamento abertamente socialista), atuou por um tempo na Alemanha da República de Weimar até chegar aos EUA. Um fato curioso é que em 1927, Lugosi interpretou o conde Drácula em uma revisão da mesma peça que foi a inspiração maior para o filme de 1931. Ali foi um laboratório perfeito para o ator desenvolver todos os trejeitos que tornariam sua interpretação icônica.

Após a estreia o filme foi muito bem aceito, tanto que isso motivou o estúdio a investir em mais filmes de monstros nos anos seguintes, formando assim o primeiro universo compartilhado do cinema. Drácula também teve pelo menos duas sequências (A Filha de Drácula e Filho do Drácula) e três crossovers com outros monstros (Casa de Frankenstein, Casa de Drácula e Abbott e Costello conhecem Frankenstein). O sucesso da produção também inspirou o surgimento dos clássicos filmes do estúdio Hammer, protagonizados por Christopher Lee, dos anos 50.

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