ATIVIDADE PARANORMAL ENCONTRA SINAIS
Lançado no início do ano nos Estados Unidos, “Os Escolhidos” (Dark Skies) fez certo sucesso por lá, e conseguiu entrar no ranking dos filmes mais vistos por dois fins de semana consecutivos. Levando em conta que essa é uma produção pequena, sem grandes nomes no elenco ou atrás das câmeras, o feito impressiona. Também faz parte de um gênero específico, mirado aos jovens e que não costuma chamar muito a atenção do grande público. A produção terminou sua carreira nos cinemas americanos com o saldo de quase $20 milhões, o que para o seu orçamento de $3.5 milhões, é um bom número.
No Brasil, o filme foi anunciado há meses pela distribuidora Imagem Filmes, mas sua estreia foi adiada. A distribuidora deve ter ficado indecisa se lançaria a produção nos cinemas ou diretamente para home vídeo (a segunda opção seria o mais adequado). Voltando atrás, a Imagem lança nesse fim de semana (pelo menos assim estão anunciando uma segunda vez), essa obra básica de terror e ficção científica. Extremamente genérico, o filme apresenta a típica família dos subúrbios americanos, sendo atormentada por forças malignas sobrenaturais. Nada que não tenhamos visto centenas de vezes, sejam as ameaças fantasmas, assassinos, animais ensandecidos ou criaturas vindas de outros planetas, como é o caso aqui.
A produção utiliza temas recorrentes em outras obras bem sucedidas do gênero, obviamente querendo entrar no filão. Na narrativa é incluída até mesmo a estética do found footage, imagens registradas como se fossem reais, vide “Atividade Paranormal”, “A Bruxa de Blair”, “Cloverfield”, e tantos outros. Aqui, elas acontecem quando o pai da família, vivido por Josh Hamilton (do excelente “Frances Ha”), percebe as situações estranhas acontecendo ao redor de seus filhos e esposa, e resolve filmar com câmeras de segurança caseiras seu sono. “Os Escolhidos” é uma dessas produções que devem ser feitas com um manual dos clichês de cada gênero ao lado. Uma brincadeira divertida, já que o filme em si não oferece muita novidade, é contá-los durante a projeção.
Crianças se comportando de forma estranha e assustadora. Checado. Pássaros se chocando contra janelas, acompanhado de som alto para o susto. Checado. Uma mãe amorosa e desesperada, que não sabe mais o que fazer para salvar sua família. Checado. Vultos saindo das sombras. Checado. Um veterano especialista no sobrenatural, que irá ajudar a família, e dizer exatamente o que devem fazer, por já ter ele mesmo vivenciado a situação. Checado. O pai, a princípio incrédulo, se comporta de forma errática, e presencia ele mesmo os incríveis eventos. Checado. Um clímax que pega emprestado de uma obra chamativa do gênero. Checado.
O único momento interessante e original do filme, é quando o filho mais jovem do casal começa a aparecer com estranhas marcas pelo corpo, ao que os outros pais da vizinhança começam a desconfiar de abuso infantil da parte do casal de protagonistas. Keri Russell, a eterna “Felicity”, protagoniza como a mãe da família. Russell é uma boa atriz que não teve muitas oportunidades no cinema (J.J. Abrams não pode resgatá-la sempre para seus filmes). E aqui ela se sai bem, o problema é que está presa a um material pouco inspirado. Se ao menos o filme tivesse rendido mais, Russell poderia ser associada à boa bilheteria para próximos projetos, já que seu nome puxa o filme. O que pode ainda acontecer, pois como dito, esse foi um sucesso modesto. “Os Escolhidos” foi escrito e dirigido por Scott Stewart, de certa forma um especialista nesse tipo de filme, tendo comandado também produções como “Legião” e “Padre”. A obra é recomendada apenas para os apreciadores do gênero.