Este ano algumas superproduções muito queridas e populares de Hollywood completam 20 anos de sua estreia. Nem dá para acreditar. Veja, por exemplo, o primeiro filme do Homem-Aranha nas telonas, dirigido por Sam Raimi. Outro exemplo seria o primeiro Resident Evil, protagonizado por Milla Jovovich. Ou ainda o primeiro live-action do Scooby-Doo. Todos são filmes pop, ainda muito queridos pelo grande público. Fora a surpresa de todos já terem completado 20 anos de lançamento, outra é perceber que todos eles seguem inseridos na cultura popular, seja através de reboots, remakes ou novas adaptações. Aqui, no entanto, não iremos falar sobre os blockbusters famosos e sim sobre um tipo específico de filme que adoramos e sabemos que vocês também: os filmes de terror! Confira abaixo as produções do gênero mais famosas que entram agora na vida adulta – completando 20 anos em 2022.
O Chamado
Talvez a produção de terror mais querida lançada há 20 anos, O Chamado é também uma das poucas refilmagens consideradas superiores ao seu original. Aqui trata-se do terror japonês Ringu, de 1998 – que quatro anos depois ganhava nova roupagem em Hollywood produzido pela Dreamworks Pictures. O filme foi também responsável pelo estrelato da protagonista Naomi Watts, que interpreta uma jornalista se deparando com uma história macabra e sobrenatural, envolvendo mortes de adolescentes e uma lenda urbana sobre uma fita VHS que após assistida mata seu espectador em uma semana. E quem jamais esquecerá a menina fantasma Samara?
Sinais
O diretor M. Night Shyamalan surgiu no mundo do cinema com os dois pés na porta, ao entregar o seminal O Sexto Sentido (1999). Depois de uma passagem pelo cult Corpo Fechado (2000) sem o mesmo resultado, o cineasta retornava no comando de um longa mais parecido com o teor de seu primeiro grande sucesso. Ou seja, um filme mais voltado para o terror, mas sem esquecer os elementos humanos que tanto enriqueciam suas obras. Aqui Shyamalan dava um tempo de Bruce Willis e escalva Mel Gibson para o papel de um pastor, pai de família vivendo numa fazenda, que perde a sua fé após o acidente que tirou a vida de sua esposa. O grande Joaquin Phoenix possui um papel importante vivendo o irmão mais novo do protagonista, o ajudando a criar seus dois filhos pequenos. Como tragédia pouca é bobagem, esta família se vê em meio a um mistério de proporção interplanetária. Definitivamente um dos filmes mais angustiantes de Shyamalan, e também um dos mais tensos – mesmo que o desfecho registre uma de suas conhecidas escorregadas.
Extermínio
Importantíssimo para o terror, esse foi o filme que redefiniu o subgênero dos zumbis para os anos 2000 – influente até hoje na forma como a cultura pop retrata os mortos-vivos comedores de carne. Antes disso, a referência eram as obras de George Romero, como o clássico absoluto A Noite dos Mortos-Vivos, e até suas “paródias”, vide A Volta dos Mortos Vivos. Mas foi esse pequeno filme britânico e independente, que não causou tanto barulho em sua estreia, mas se tornou um cult instantâneo, que daria o pontapé inicial na forma como as criaturas seriam retratadas dali para a frente. Ou seja, acelerados como se tivessem tomado ecstasy, ao invés de lentos como nos clássicos. De Madrugada dos Mortos, passando por Todo Mundo Quase Morto, até The Walking Dead, a febre dos zumbis modernos deve muito a este filme simples, mas muito eficiente, que mostra um sujeito (Cillian Murphy) acordando em Londres para uma realidade repleta de infectados.
A Última Profecia
Baseado em uma lenda urbana norte-americana, ou segundo muitos relatos, numa história verídica ocorrida em West Virginia, em Point Pleasant, entre 1966 e 1967. Na época, diversos moradores do local clamavam ter vislumbrado uma criatura humanoide, de olhos avermelhados, que emitia grunhidos e possuía penas de pássaro, sendo descrito como um híbrido entre um homem e uma ave. A criatura ganha ainda mais ares sobrenaturais em sua retratação neste filme, produzido pela Lakeshore Entertainment, e distribuído pela Sony Pictures. O filme traz o astro Richard Gere no papel protagonista, como um jornalista que perde sua esposa num acidente de automóvel, e decide ir para a cidadezinha investigar as aparições da criatura. Curiosamente, mantendo a tradição dos filmes “gêmeos”, no mesmo ano era lançado O Mistério da Libélula, thriller que Kevin Costner fez para a Universal Pictures, dono de um enredo muito semelhante.
Navio Fantasma
Superprodução da Warner, de US$20 milhões, este terror era uma de suas grandes apostas para a época – há 20 anos no passado. Com produção de Joel Silver e Robert Zemeckis, através do selo da dupla, a Dark Castle Entertainment (responsável por lançamentos como A Casa da Colina, Treze Fantasmas, Na Companhia do Medo e A Casa de Cera, por exemplo), a ideia era ter uma espécie de O Iluminado (1980), inteiramente passado ao invés de em um hotel, num navio onde coisas muito ruins aconteceram. Na trama, Gabriel Byrne e Julianne Marguiles protagonizam como parte de um grupo de piratas modernos, que vasculham embarcações atrás de seus tesouros. Ao se depararem com o navio de luxo onde uma terrível tragédia ocorreu, eles precisaram enfrentar seus maiores demônios.
Medo Ponto Com
Você lembra deste filme desavergonhado aqui? Nos primórdios da internet, o que não faltaram foram produtores picaretas para usufruir de tal modernidade, transformando a famosa sigla da rede mundial que transporta qualquer um para outro continente num piscar de olhos, em título de sua obra de terror. Com distribuição da mesma Warner nos EUA, e a Sony no resto do mundo, Medo Ponto Com copia O Chamado mas faz diferente. Ao invés de uma fita VHS amaldiçoada, que tal um site da internet amaldiçoado – afinal fitas já estavam fora de moda e DVDs e a internet eram as novidades da época. E que tal ao invés de uma jornalista tentando proteger seu pequeno filho, dois detetives interpretados por Stephen Dorff e Natascha McElhone. E se você achou que falta a Samara, engana-se, porque este filme tem sua própria versão de uma personagem dando rosto à assombração, com Jeannine, papel da alemã Gesine Cukrowski. Ganha um prêmio quem disser qual dos dois filmes permaneceu na mente dos fãs.
Halloween: Ressurreição
O que?! Há 20 anos tivemos um exemplar da querida franquia slasher Halloween e eu ainda não havia colocado na lista nas posições mais altas, como é possível? Calma, querido leitor, não se surpreenda. O que acontece é que aqui falamos de Halloween Ressurreição, considerado por muitos fãs da saga de Michael Myers nas telonas como um de seus piores exemplares, ou quem sabe “o pior”! O mais dolorido sobre o filme é saber que ele continuou o divertido e bem sucedido Halloween H20, comemoração em grande estilo da franquia, 20 anos depois do original. Tudo parecia encerrado na conclusão de H20, mas é claro que os produtores não iriam eliminar de vez sua galinha dos ovos de ouro. Em revelações recentes, a musa Jamie Lee Curtis afirmou inclusive que já sabia que H20 teria continuação enquanto o filmava, pois estava em seu contrato. Ela queria que H20 fosse o final. Seja como for, quatro anos depois de H20 ficamos sabendo que Michael não estava de verdade morto, e quem morre é Laurie (Curtis), quando o psicopata a encontra num hospital psiquiátrico. Daí em diante é só ladeira abaixo para o filme, que usa dois elementos que eram novidade na época: os reality shows e a internet – para criar um programa passado dentro da casa de Michael. É claro que o dono da casa aparece para estregar a festa.
Cabana do Inferno
Terror podreira cult, esse filme foi o responsável por revelar ao mundo (em especial ao mundo do terror) o açougueiro Eli Roth. O apadrinhado de Quentin Tarantino fez seu debute em longas com este filme que utiliza o subgênero dos terrores de cabana – consolidados com Evil Dead – e tenta subverte-lo ao trazer em sua história (escrita por Roth) não um serial killer, mas uma doença altamente infecciosa e as consequências disso para um grupo de universitários isolados na floresta. Apesar de não ser exatamente um slasher, pode ter certeza que Roth não poupa as nojeiras em litros e litros de sangue. Fora isso, através de certo humor e momentos nonsense, o cineasta deixa sua marca transformando esta obra, que certamente não é para todos os gostos, num cult imediato.
Malditas Aranhas!
Por falar em filmes de terror que utilizam bastante humor em sua narrativa, aqui temos o maior exemplar do “terrir” na lista. Também pudera, como levar a sério um terror sobre aranhas gigantes soltas em uma cidadezinha americana. Assim como O Ataque dos Vermes Malditos, os realizadores deste longa produzido pela Warner pelo orçamento de US$30 milhões souberam que precisavam rir com o filme, para o público não rir DO filme. Quem protagoniza é David Arquette, então saído da fama da trilogia Pânico – filmes de terror que igualmente utilizavam bastante humor. A trama, como você pode imaginar, mostra aranhas expostas a uma substância química, crescendo a um tamanho descomunal. A surpresa no elenco, no entanto, ao menos hoje, é a presença da musa Scarlett Johansson ainda bem novinha em um de seus primeiros papeis de destaque no cinema. Ela vive a filha da xerife que dá uma bela lição em um pretendente abusador.
O Olho que Tudo Vê
Para minha última escolha da lista, trago um filme não muito conhecido. Ou devo dizer, bem desconhecido. O legal do cinema é às vezes nos pegarmos indo assistir a um filme totalmente inusitado, que não possui uma campanha de marketing massiva ou que desaparece tão rápido que quando o reencontramos por algum motivo, pensamos: “Ah, é verdade, eu vi este filme no cinema”. Um orgulho para todo cinéfilo. E este foi uma de minhas sessões mais inusitadas. Você já tinha ouvido falar sobre este terror? A produção não é tão B assim, afinal trata-se de um lançamento na Universal Pictures, um dos maiores estúdios de Hollywood. Assim como Halloween Ressurreição, este filme pega carona no auge dos reality shows e suas câmeras escondidas, para contar a história de um programa onde cinco jovens precisarão passar um ano numa casa em local remoto, a fim de brigarem pelo prêmio de US$1 milhão. No decorrer deste tempo, situações bizarras vão se amontoando, até descobrirem que a realidade que vivem não é exatamente da forma que imaginavam. Ah sim, no elenco um tal de Bradley Cooper em início de carreira.