quarta-feira , 20 novembro , 2024

Os Filmes dos anos 1990 que Você Não Lembrava que Tinham Sido INDICADOS AO OSCAR

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Os indicados ao Oscar 2022 já foram anunciados e os cinéfilos não fazem outra coisa senão debater seus filmes preferidos, as surpresas, os injustiçados e os que não mereciam estar dentre os nomeados. Essa discussão saudável e divertida sobre arte e cinema é sempre bem-vinda, e ela continuará até a data em que enfim a cerimônia irá ao ar, no dia 27 de março, e revelará os vencedores. Neste dia saberemos se nossas torcidas irão se concretizar ou se algum azarão irá sacudir a noite – o que é algo sempre interessante também, afinal subverter expectativas, caso não seja um completo disparate, pode adicionar àquele valor a mais de frescor.

Um teste verdadeiro para os cinéfilos e amantes da sétima arte, no entanto, é tentar lembrar dos indicados das cerimônias anteriores do Oscar, ou quem sabe até mesmo seus vencedores. E a cada nova premiação, é divertido brincar de quiz de trivia sobre os fatos da Academia, para provar quais dentre seus amigos são os cinéfilos mais conhecedores e cultos quando o assunto é a sétima arte, ou ao menos o Oscar. Para ajudar nessa brincadeira, aqui iremos relembrar com você alguns filmes saídos da querida década de 1990 que foram indicados ao prêmio principal do Oscar, ou seja, o de MELHOR FILME (numa época em que apenas cinco filmes podiam ser indicados) e você não lembrava. Confira abaixo e comente.



A Bela e a Fera (1991)

A Bela e a Fera é um verdadeiro marco das animações e uma importantíssima para a história da sétima arte e dos prêmios da Academia. Talvez as gerações mais novas não saibam o peso que o longa possui e conheçam melhor essa história graças à versão em live-action com Emma Watson, que completa 5 anos de estreia em 2022. O que acontece é que A Bela e a Fera continuou o que A Pequena Sereia (1989) havia criado como “virada de página” de uma fase ruim durante os anos 80, onde a Disney não colecionava mais sucessos de crítica ou bilheteria. O público garantiu o sucesso de A Pequena Sereia, mas A Bela e a Fera iria ainda mais longe e se tornaria um fenômeno prestigiado. O longa animado foi o primeiro da história a receber indicação de melhor filme e a concorrer contra produções em live-action. Foram um total de 6 indicações, incluindo melhor filme, das quais ganhou os prêmios de melhor trilha sonora e canção original para a música que leva o título do filme.

Traídos Pelo Desejo (1992)

Quando falamos no Oscar de 1993, que premiou os filmes lançados em 1992, a maioria definitivamente lembra de Os Imperdoáveis (o grande vencedor), Perfume de Mulher, Questão de Honra e até Retorno a Howards End – o mais “clássico” e menos “comercial” dentre os indicados daquele ano. No entanto, dificilmente os cinéfilos comentam sobre este longa britânico que na época deu o que falar por seu conteúdo fervoroso e bem à frente de seu tempo. Hoje, infelizmente, The Crying Game (no título original) é um filme que se tornou esquecido pelo grande público. O “menor” e mais subversivo dentre os indicados daquele ano, a trama fala sobre o um soldado do IRA, o exército republicano irlandês, indo atrás da companheira de um rival e se apaixonando por ela. A grande sacada por trás do roteiro é a reviravolta sobre a verdadeira identidade da cantora que atrai a atenção do soldado. Digamos apenas que o longa de Neil Jordan já tratava no início dos anos 90 com questões delicadas de gênero. Traídos pelo Desejo recebeu indicações de melhor filme, diretor (Jordan), ator (Stephen Rea), ator coadjuvante (Jaye Davidson) e edição, e venceu melhor roteiro para Jordan.

O Fugitivo (1993)

É curioso pensar que para muitos hoje, Harrison Ford seja mais conhecido pelas franquias Indiana Jones e Star Wars. Mas quem viveu nos anos 80 e 90, viu de perto alguns dos maiores sucessos da carreira do astro ultrapassarem o valor de entretenimento, de serem apenas bons filmes de ação, para se tornarem obras tão prestigiadas que chegaram até o alto patamar das indicações ao Oscar. Veja A Testemunha, por exemplo, lembrado para o Oscar de melhor filme em 1986. Aqui, o mesmo ocorria com O Fugitivo, essa releitura dramática e repleta de suspense, mas que não deixa de ser “um filme de ação de Harrison Ford”, de um seriado clássico lá da década de 1960. O Fugitivo caiu tanto no gosto popular que escalou até os votantes da Academia, figurando entre os cinco nomeados ao maior prêmio do cinema. Além da categoria principal de melhor filme, recebeu também nomeações de fotografia, som, edição, edição de som e trilha sonora, saindo vitorioso na categoria de ator coadjuvante para Tommy Lee Jones, que vive o implacável agente do FBI Sam Gerard.

Quatro Casamentos e um Funeral (1994)

Embora muitos achem que o Oscar só começou a olhar para os filmes mais populares agora com a categoria principal de melhor filme expandida para até dez produções, este não é bem o caso. A verdade é que mesmo numa época em que apenas cinco filmes recebiam a honraria principal, os membros votantes da Academia sempre encontravam um jeito de encaixar uma produção mais pop dentre seus nomeados. É o caso com esta comédia romântica britânica doce, protagonizada por Hugh Grant, um ator que depois viria a se especializar neste tipo de gênero. Assim, para quem conhece os filmes que o ator fez depois, fica difícil lembrar que o primeiro sucesso no gênero que protagonizou tenha sido lembrado na festa do Oscar. Mas esta produção escrita por Richard Curtis de fato o foi. A história sobre um casal (Grant e Andie MacDowell) que se encontra e se apaixona nas festividades do título. O longa foi indicado para melhor filme e roteiro, um dos menos indicados daquela ocasião, mas saiu de mãos abanando. Recentemente, a história ganhou uma nova versão na forma de uma série de TV da Hulu, protagonizada por Nathalie Emmanuel.

Babe – O Porquinho Atrapalhado (1995)

Não foi apenas o infantil em animação A Bela e a Fera que foi lembrado para indicação na categoria principal do Oscar dentro do gênero nos anos 90. E essa era uma das questões que mais intrigava o grande Jô Soares – sempre mencionando o fato de Babe ter sido indicado ao Oscar quando seus convidados discorriam sobre a premiação. Para ele, a indicação significava um nível de não seriedade ao qual o prêmio deveria ser levado. A verdade é que, como dito antes, os prêmios da Academia sempre encontravam espaço para filmes extremamente populares com o público, sem esquecer sua qualidade artística. Assim, os votantes acreditavam que em 1995, o filme pop que mais se adequava aos quesitos de uma obra “de arte” para contemplar indicações era Babe, a história sobre um porquinho que sonhava em ser cão pastor, e que desenvolve uma forte amizade com seu dono. O filme australiano da Universal Pictures é doce, comovente e encantou plateias. Mas talvez não tenha entrada para a história como outros clássicos do gênero, digamos, como E.T. – O Extraterreste, por exemplo. Babe foi indicado para melhor filme, ator coadjuvante (James Cromwell), melhor diretor (Chris Noonan), roteiro, direção de arte e edição, vencendo o Oscar de efeitos visuais.

O Carteiro e o Poeta (1995)

Parasita (2019) e o recente Drive my Car (2022) definitivamente não foram os primeiros filmes “estrangeiros” (leia-se não americanos) a receber indicações ao Oscar de melhor filme. Enquanto na década de 1980, o máximo que a Academia contemplou foram coproduções com os EUA, vide O Último Imperador (1987), ou obras britânicas, esse “jogo” mudava um pouco na década seguinte, os anos 90. Nesta década, muito por influência do marqueteiro “maldito” Harvey Weinstein, que impulsionava forte todas as produções de sua Miramax, muitas produções “pequenas” eram indicadas e algumas até mesmo estrangeiras. Nessa onda, o mega produtor conseguiu emplacar uma produção italiana debaixo de seu selo. Quatro anos mais tarde, curiosamente, outro filme italiano faria muito sucesso e se tornaria uma sensação ainda maior: A Vida é Bela, de Roberto Benigni. E se você perguntar para dez cinéfilos, nove lembrarão do filme de Benigni, e talvez nenhum lembre deste filme protagonizado e codirigido por Massimo Troisi. O Carteiro e o Poeta é a história de amizade entre um carteiro, um homem simples, e o poeta Pablo Neruda (Philippe Noiret). Um fato que marcou o filme foi a morte de Troisi antes do lançamento do filme. O longa foi indicado para melhor filme, ator (Troisi), diretor (Michael Radford) e roteiro, e venceu o prêmio de trilha sonora.

Segredos e Mentiras (1996)

Essa drama cômico de quase 2h30min de duração é um destes casos de filme independente que fica enterrado debaixo da fama dos demais longas que concorreram com ele em sua respectiva cerimônia – no caso deste, em especial O Paciente Inglês e Fargo. Trata-se de uma das produções mais prestigiadas do britânico Mike Leigh, conhecido por dramas cult como Simplesmente Feliz (2008), Mr. Turner (2014) e o mais recente Peterloo (2018). O drama comportamental Segredos e Mentiras mostra uma curiosa relação entre uma mulher negra bem sucedida (Marianne Jean-Baptiste), que após a morte dos pais adotivos resolve entrar em contato com sua mãe biológica e descobre que ela é uma mulher branca, solitária, vivendo na pobreza (Brenda Blethyn) num bairro ruim de Londres. Além de melhor filme, Segredos e Mentiras foi indicado para atriz (Blethyn), coadjuvante (Jean-Baptiste), diretor e roteiro para Mike Leigh, saindo de mãos abanando. E você, já tinha ouvido falar deste filme?

Shakespeare Apaixonado (1998)

Tem filmes indicados ao Oscar que não lembramos. E outros que queremos esquecer. Brincadeiras à parte, essa comédia romântica que brinca com a mitologia do bardo inglês entrou para a história como um dos filmes mais “odiados” pelos cinéfilos de todos os tempos. Sabe aquele ranço generalizado que muitos possuem em relação a filmes como Green Book, por exemplo? Bem, os motivos deste específico podem até ser sobre representatividade racial, mas os de Shakespeare Apaixonado dizem respeito à qualidade, digamos, leve demais do filme em relação aos outros concorrentes. Por exemplo, como todos sabem, Shakespeare levou melhor filme em cima do muito superior O Resgate do Soldado Ryan, com um total de zero pessoas concordando com tal decisão dos votantes. Fora isso, vale lembrar que a insossa Gwyneth Paltrow ainda levou o prêmio em cima da nossa Fernandona Montenegro por Central do Brasil. Shakespeare levou o Oscar de melhor filme, e os prêmios de atriz (Paltrow), coadjuvante (Judi Dench), roteiro, direção de arte, figurino e trilha sonora, além das indicações de coadjuvante (Geoffrey Rush), direção (John Madden), fotografia, som, edição e maquiagem.

Elizabeth (1998)

Na edição de 1999 do Oscar tivemos uma lista curiosa de filmes: dois filmes sobre a Segunda Guerra Mundial (O Resgate do Soldado Ryan e Além da Linha Vermelha), dois filmes sobre a corte inglesa da época da rainha Elizabeth I (Shakespeare Apaixonado e Elizabeth) e o italiano A Vida é Bela (que também abordava a Segunda Guerra). Ou seja, uma total falta de diversidade e criatividade. Seja como for, dentre os indicados os filmes mais lembrados sempre são os rivais Shakespeare Apaixonado e O Resgate do Soldado Ryan. Muitos podem comentar sobre A Vida é Bela também. Mas definitivamente o filme mais esquecido desta edição é Elizabeth, longa que revelou ao mundo o talento de Cate Blanchett no papel de uma jovem regente Elizabeth I. Curiosamente, Blanchett não levou o Oscar pelo papel, mas a rainha não saiu de mãos abanando, já que Judi Dench levou sua estatueta pelo mesmo papel em Shakespeare Apaixonado. Elizabeth foi indicado para melhor filme, atriz (Blanchett), fotografia, direção de arte, figurino e trilha sonora; vencendo o prêmio de melhor maquiagem. Muitos podem não saber ou lembrar, mas Blanchett voltaria ao mesmo papel nove anos mais tarde em Elizabeth – A Era de Ouro, pelo qual receberia nova indicação para atriz principal, entrando para o seleto hall de artistas indicados pelo mesmo personagem em filmes diferentes.

O Sexto Sentido (1999)

Você lembra quando M. Night Shyamalan fazia filmes bons? Pois é, o diretor de Tempo (2021) e Vidro (2019) parece dar mais bolas fora do que dentro atualmente. Para cada acerto, como Fragmentado (2017), que nos faz achar que ele encontrou seu caminho de volta aos trilhos, ele nos presenteia com produções, digamos, questionáveis, vide as citadas acima. Hoje, a fonte de criatividade em relação ao cineasta parece vir da TV. Mas nem sempre foi assim. Quando surgiu para o mundo do cinema, Shyamalan rapidamente foi considerado o “novo Spielberg”, ou o “novo Hitchcock”, o que é uma grande injustiça com qualquer um, além da pressão absurda. O cineasta indiano apenas queria realizar os seus filmes, do seu jeito. E até aí tudo bem. O maior problema da carreira de Shyamalan foi querer declarar guerra aos críticos, dando recados bem diretos em seus filmes. Por aqui no CinePOP, adoramos o diretor e sabemos de seu potencial. A prova disso é este O Sexto Sentido. Afinal quantos outros diretores marcam uma estreia tão impressionante quanto a dele? O filme com ares de terror e drama foi um verdadeiro fenômeno de bilheteria, e o Oscar resolveu comprar a ideia o indicando para melhor filme, diretor e roteiro para Shyamalan, ator coadjuvante (para o então menino Joel Haley Osment), atriz coadjuvante para (Toni Collette) e edição. O filme não levou nada, mas Shyamalan se tornaria um astro.

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Os indicados ao Oscar 2022 já foram anunciados e os cinéfilos não fazem outra coisa senão debater seus filmes preferidos, as surpresas, os injustiçados e os que não mereciam estar dentre os nomeados. Essa discussão saudável e divertida sobre arte e cinema é sempre bem-vinda, e ela continuará até a data em que enfim a cerimônia irá ao ar, no dia 27 de março, e revelará os vencedores. Neste dia saberemos se nossas torcidas irão se concretizar ou se algum azarão irá sacudir a noite – o que é algo sempre interessante também, afinal subverter expectativas, caso não seja um completo disparate, pode adicionar àquele valor a mais de frescor.

Um teste verdadeiro para os cinéfilos e amantes da sétima arte, no entanto, é tentar lembrar dos indicados das cerimônias anteriores do Oscar, ou quem sabe até mesmo seus vencedores. E a cada nova premiação, é divertido brincar de quiz de trivia sobre os fatos da Academia, para provar quais dentre seus amigos são os cinéfilos mais conhecedores e cultos quando o assunto é a sétima arte, ou ao menos o Oscar. Para ajudar nessa brincadeira, aqui iremos relembrar com você alguns filmes saídos da querida década de 1990 que foram indicados ao prêmio principal do Oscar, ou seja, o de MELHOR FILME (numa época em que apenas cinco filmes podiam ser indicados) e você não lembrava. Confira abaixo e comente.

A Bela e a Fera (1991)

A Bela e a Fera é um verdadeiro marco das animações e uma importantíssima para a história da sétima arte e dos prêmios da Academia. Talvez as gerações mais novas não saibam o peso que o longa possui e conheçam melhor essa história graças à versão em live-action com Emma Watson, que completa 5 anos de estreia em 2022. O que acontece é que A Bela e a Fera continuou o que A Pequena Sereia (1989) havia criado como “virada de página” de uma fase ruim durante os anos 80, onde a Disney não colecionava mais sucessos de crítica ou bilheteria. O público garantiu o sucesso de A Pequena Sereia, mas A Bela e a Fera iria ainda mais longe e se tornaria um fenômeno prestigiado. O longa animado foi o primeiro da história a receber indicação de melhor filme e a concorrer contra produções em live-action. Foram um total de 6 indicações, incluindo melhor filme, das quais ganhou os prêmios de melhor trilha sonora e canção original para a música que leva o título do filme.

Traídos Pelo Desejo (1992)

Quando falamos no Oscar de 1993, que premiou os filmes lançados em 1992, a maioria definitivamente lembra de Os Imperdoáveis (o grande vencedor), Perfume de Mulher, Questão de Honra e até Retorno a Howards End – o mais “clássico” e menos “comercial” dentre os indicados daquele ano. No entanto, dificilmente os cinéfilos comentam sobre este longa britânico que na época deu o que falar por seu conteúdo fervoroso e bem à frente de seu tempo. Hoje, infelizmente, The Crying Game (no título original) é um filme que se tornou esquecido pelo grande público. O “menor” e mais subversivo dentre os indicados daquele ano, a trama fala sobre o um soldado do IRA, o exército republicano irlandês, indo atrás da companheira de um rival e se apaixonando por ela. A grande sacada por trás do roteiro é a reviravolta sobre a verdadeira identidade da cantora que atrai a atenção do soldado. Digamos apenas que o longa de Neil Jordan já tratava no início dos anos 90 com questões delicadas de gênero. Traídos pelo Desejo recebeu indicações de melhor filme, diretor (Jordan), ator (Stephen Rea), ator coadjuvante (Jaye Davidson) e edição, e venceu melhor roteiro para Jordan.

O Fugitivo (1993)

É curioso pensar que para muitos hoje, Harrison Ford seja mais conhecido pelas franquias Indiana Jones e Star Wars. Mas quem viveu nos anos 80 e 90, viu de perto alguns dos maiores sucessos da carreira do astro ultrapassarem o valor de entretenimento, de serem apenas bons filmes de ação, para se tornarem obras tão prestigiadas que chegaram até o alto patamar das indicações ao Oscar. Veja A Testemunha, por exemplo, lembrado para o Oscar de melhor filme em 1986. Aqui, o mesmo ocorria com O Fugitivo, essa releitura dramática e repleta de suspense, mas que não deixa de ser “um filme de ação de Harrison Ford”, de um seriado clássico lá da década de 1960. O Fugitivo caiu tanto no gosto popular que escalou até os votantes da Academia, figurando entre os cinco nomeados ao maior prêmio do cinema. Além da categoria principal de melhor filme, recebeu também nomeações de fotografia, som, edição, edição de som e trilha sonora, saindo vitorioso na categoria de ator coadjuvante para Tommy Lee Jones, que vive o implacável agente do FBI Sam Gerard.

Quatro Casamentos e um Funeral (1994)

Embora muitos achem que o Oscar só começou a olhar para os filmes mais populares agora com a categoria principal de melhor filme expandida para até dez produções, este não é bem o caso. A verdade é que mesmo numa época em que apenas cinco filmes recebiam a honraria principal, os membros votantes da Academia sempre encontravam um jeito de encaixar uma produção mais pop dentre seus nomeados. É o caso com esta comédia romântica britânica doce, protagonizada por Hugh Grant, um ator que depois viria a se especializar neste tipo de gênero. Assim, para quem conhece os filmes que o ator fez depois, fica difícil lembrar que o primeiro sucesso no gênero que protagonizou tenha sido lembrado na festa do Oscar. Mas esta produção escrita por Richard Curtis de fato o foi. A história sobre um casal (Grant e Andie MacDowell) que se encontra e se apaixona nas festividades do título. O longa foi indicado para melhor filme e roteiro, um dos menos indicados daquela ocasião, mas saiu de mãos abanando. Recentemente, a história ganhou uma nova versão na forma de uma série de TV da Hulu, protagonizada por Nathalie Emmanuel.

Babe – O Porquinho Atrapalhado (1995)

Não foi apenas o infantil em animação A Bela e a Fera que foi lembrado para indicação na categoria principal do Oscar dentro do gênero nos anos 90. E essa era uma das questões que mais intrigava o grande Jô Soares – sempre mencionando o fato de Babe ter sido indicado ao Oscar quando seus convidados discorriam sobre a premiação. Para ele, a indicação significava um nível de não seriedade ao qual o prêmio deveria ser levado. A verdade é que, como dito antes, os prêmios da Academia sempre encontravam espaço para filmes extremamente populares com o público, sem esquecer sua qualidade artística. Assim, os votantes acreditavam que em 1995, o filme pop que mais se adequava aos quesitos de uma obra “de arte” para contemplar indicações era Babe, a história sobre um porquinho que sonhava em ser cão pastor, e que desenvolve uma forte amizade com seu dono. O filme australiano da Universal Pictures é doce, comovente e encantou plateias. Mas talvez não tenha entrada para a história como outros clássicos do gênero, digamos, como E.T. – O Extraterreste, por exemplo. Babe foi indicado para melhor filme, ator coadjuvante (James Cromwell), melhor diretor (Chris Noonan), roteiro, direção de arte e edição, vencendo o Oscar de efeitos visuais.

O Carteiro e o Poeta (1995)

Parasita (2019) e o recente Drive my Car (2022) definitivamente não foram os primeiros filmes “estrangeiros” (leia-se não americanos) a receber indicações ao Oscar de melhor filme. Enquanto na década de 1980, o máximo que a Academia contemplou foram coproduções com os EUA, vide O Último Imperador (1987), ou obras britânicas, esse “jogo” mudava um pouco na década seguinte, os anos 90. Nesta década, muito por influência do marqueteiro “maldito” Harvey Weinstein, que impulsionava forte todas as produções de sua Miramax, muitas produções “pequenas” eram indicadas e algumas até mesmo estrangeiras. Nessa onda, o mega produtor conseguiu emplacar uma produção italiana debaixo de seu selo. Quatro anos mais tarde, curiosamente, outro filme italiano faria muito sucesso e se tornaria uma sensação ainda maior: A Vida é Bela, de Roberto Benigni. E se você perguntar para dez cinéfilos, nove lembrarão do filme de Benigni, e talvez nenhum lembre deste filme protagonizado e codirigido por Massimo Troisi. O Carteiro e o Poeta é a história de amizade entre um carteiro, um homem simples, e o poeta Pablo Neruda (Philippe Noiret). Um fato que marcou o filme foi a morte de Troisi antes do lançamento do filme. O longa foi indicado para melhor filme, ator (Troisi), diretor (Michael Radford) e roteiro, e venceu o prêmio de trilha sonora.

Segredos e Mentiras (1996)

Essa drama cômico de quase 2h30min de duração é um destes casos de filme independente que fica enterrado debaixo da fama dos demais longas que concorreram com ele em sua respectiva cerimônia – no caso deste, em especial O Paciente Inglês e Fargo. Trata-se de uma das produções mais prestigiadas do britânico Mike Leigh, conhecido por dramas cult como Simplesmente Feliz (2008), Mr. Turner (2014) e o mais recente Peterloo (2018). O drama comportamental Segredos e Mentiras mostra uma curiosa relação entre uma mulher negra bem sucedida (Marianne Jean-Baptiste), que após a morte dos pais adotivos resolve entrar em contato com sua mãe biológica e descobre que ela é uma mulher branca, solitária, vivendo na pobreza (Brenda Blethyn) num bairro ruim de Londres. Além de melhor filme, Segredos e Mentiras foi indicado para atriz (Blethyn), coadjuvante (Jean-Baptiste), diretor e roteiro para Mike Leigh, saindo de mãos abanando. E você, já tinha ouvido falar deste filme?

Shakespeare Apaixonado (1998)

Tem filmes indicados ao Oscar que não lembramos. E outros que queremos esquecer. Brincadeiras à parte, essa comédia romântica que brinca com a mitologia do bardo inglês entrou para a história como um dos filmes mais “odiados” pelos cinéfilos de todos os tempos. Sabe aquele ranço generalizado que muitos possuem em relação a filmes como Green Book, por exemplo? Bem, os motivos deste específico podem até ser sobre representatividade racial, mas os de Shakespeare Apaixonado dizem respeito à qualidade, digamos, leve demais do filme em relação aos outros concorrentes. Por exemplo, como todos sabem, Shakespeare levou melhor filme em cima do muito superior O Resgate do Soldado Ryan, com um total de zero pessoas concordando com tal decisão dos votantes. Fora isso, vale lembrar que a insossa Gwyneth Paltrow ainda levou o prêmio em cima da nossa Fernandona Montenegro por Central do Brasil. Shakespeare levou o Oscar de melhor filme, e os prêmios de atriz (Paltrow), coadjuvante (Judi Dench), roteiro, direção de arte, figurino e trilha sonora, além das indicações de coadjuvante (Geoffrey Rush), direção (John Madden), fotografia, som, edição e maquiagem.

Elizabeth (1998)

Na edição de 1999 do Oscar tivemos uma lista curiosa de filmes: dois filmes sobre a Segunda Guerra Mundial (O Resgate do Soldado Ryan e Além da Linha Vermelha), dois filmes sobre a corte inglesa da época da rainha Elizabeth I (Shakespeare Apaixonado e Elizabeth) e o italiano A Vida é Bela (que também abordava a Segunda Guerra). Ou seja, uma total falta de diversidade e criatividade. Seja como for, dentre os indicados os filmes mais lembrados sempre são os rivais Shakespeare Apaixonado e O Resgate do Soldado Ryan. Muitos podem comentar sobre A Vida é Bela também. Mas definitivamente o filme mais esquecido desta edição é Elizabeth, longa que revelou ao mundo o talento de Cate Blanchett no papel de uma jovem regente Elizabeth I. Curiosamente, Blanchett não levou o Oscar pelo papel, mas a rainha não saiu de mãos abanando, já que Judi Dench levou sua estatueta pelo mesmo papel em Shakespeare Apaixonado. Elizabeth foi indicado para melhor filme, atriz (Blanchett), fotografia, direção de arte, figurino e trilha sonora; vencendo o prêmio de melhor maquiagem. Muitos podem não saber ou lembrar, mas Blanchett voltaria ao mesmo papel nove anos mais tarde em Elizabeth – A Era de Ouro, pelo qual receberia nova indicação para atriz principal, entrando para o seleto hall de artistas indicados pelo mesmo personagem em filmes diferentes.

O Sexto Sentido (1999)

Você lembra quando M. Night Shyamalan fazia filmes bons? Pois é, o diretor de Tempo (2021) e Vidro (2019) parece dar mais bolas fora do que dentro atualmente. Para cada acerto, como Fragmentado (2017), que nos faz achar que ele encontrou seu caminho de volta aos trilhos, ele nos presenteia com produções, digamos, questionáveis, vide as citadas acima. Hoje, a fonte de criatividade em relação ao cineasta parece vir da TV. Mas nem sempre foi assim. Quando surgiu para o mundo do cinema, Shyamalan rapidamente foi considerado o “novo Spielberg”, ou o “novo Hitchcock”, o que é uma grande injustiça com qualquer um, além da pressão absurda. O cineasta indiano apenas queria realizar os seus filmes, do seu jeito. E até aí tudo bem. O maior problema da carreira de Shyamalan foi querer declarar guerra aos críticos, dando recados bem diretos em seus filmes. Por aqui no CinePOP, adoramos o diretor e sabemos de seu potencial. A prova disso é este O Sexto Sentido. Afinal quantos outros diretores marcam uma estreia tão impressionante quanto a dele? O filme com ares de terror e drama foi um verdadeiro fenômeno de bilheteria, e o Oscar resolveu comprar a ideia o indicando para melhor filme, diretor e roteiro para Shyamalan, ator coadjuvante (para o então menino Joel Haley Osment), atriz coadjuvante para (Toni Collette) e edição. O filme não levou nada, mas Shyamalan se tornaria um astro.

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