quinta-feira, abril 25, 2024

Os Filmes Imperdíveis do Festival de Cannes 2018

Entra ano e sai ano, centenas de filmes passam pelas vidas dos cinéfilos. Os mais intensos ficam de olhos e ouvidos bem abertos para os festivais de cinema ao redor do mundo – pois, por mais que adoremos cinema entretenimento, é de lá que saem as obras mais prestigiadas da sétima arte. Sundance, Berlim, Toronto e Veneza são alguns festivais do radar de prêmios que costumam chegar até o Oscar. Mas nenhum deles é tão glamoroso quanto o Festival de Cannes, que acontece todo ano em maio na croisette da cidade francesa. E mesmo com algumas polêmicas cercando o evento nos últimos anos, como o advento das plataformas de streaming, encabeçadas pela Netflix, fazendo parte do acervo das exibições, o status de Cannes é tanto que muitos têm seus prêmios como mais importantes do que os da Academia.

Exagero ou não, o fato é que o Festival de Cannes também está antenado com a atualidade e se modernizou. Prova disso é que os grandes estúdios percebendo o potencial e prestígio do evento, lotam a cidade com peças publicitárias de seus maiores blockbusters, além de apresentações especiais de estreia fora de competição. Em 2015, por exemplo, o local foi escolhido para a primeira exibição de Mad Max: Estrada da Fúria, que viria a se revelar o mais elogiado filme de entretenimento daquele ano, rendendo muitos prêmios no Oscar. Esse ano, o blockbuster acolhido pelo Festival é Han Solo: Uma História Star Wars, filme que vem dividindo a opinião dos fãs antes mesmo de seu lançamento.

Pensando nisso, revolvemos listar para você os filmes mais interessantes desta edição de Cannes – aqueles que você não pode perder de forma alguma (aparentemente).  O festival acontece do dia 8 a 19 de maio, e traz a australiana Cate Blanchett como presidente do júri.

Everybody Knows (Todos Lo Saben)

O filme de abertura chega com grande expectativa para os cinéfilos, com grandes nomes na frente e atrás das câmeras, além de uma trama de suspense e drama intrigante. Imagine este trio de atores: Javier Bardem, Penélope Cruz e Ricardo Darín. É exatamente quem temos protagonizando. É uma novidade refrescante poder conferir o grande Darín fora de produções de seu país, a Argentina, as quais quase nunca abandona. Fora este trio de respeito, o diretor aqui é uma estrela por si só.

Como de costume, a nova produção do iraniano Asghar Farhadi (Oscar de melhor filme estrangeiro por O Apartamento, 2016) fala sobre suas temáticas usuais – o passado voltando para assombrar o presente em uma dinâmica familiar.

BlacKkKlansman

Indiscutivelmente, Spike Lee foi uma das vozes mais fervorosas, relevantes e necessárias para o cinema social do final da década de 1980 até meados da década de 1990. Ao longo, sua urgência foi cessando e logo foram surgindo afirmações de que o cineasta já não possuía muito o que dizer (que já não tivesse dito maravilhosamente bem na maioria de seus projetos iniciais, vide Faça a Coisa Certa e Febre da Selva). A prova disso foi seu desvio para um cinema mais comercial e de gênero, vide O Plano Perfeito (2006) e Oldboy – Dias de Vingança (2013).

A solução talvez seja essa volta ao passado, com BlacKkKlasman, seu novo longa que concorre ao prêmio máximo no evento. Baseado no livro que relata uma história real e inacreditável, escrito pelo próprio Ron Stallworth, um policial negro que conseguiu se infiltrar na Ku Klux Klan. O protagonista é vivido por John David Washington (da série Ballers), filho do ator Denzel Washington na vida real, usual colaborador do cineasta. No elenco, Adam Driver e Laura Harrier, a Liz de Homem-Aranha: De Volta ao Lar.

Não deixe de assistir:

Fahrenheit 451

Não são apenas produções televisivas da Netflix que veem o Festival de Cannes como o lugar certo para suas estreias. Esta é uma produção original da HBO, que logo após a exibição na croisette fará seu debute no canal a cabo. Fora de competição, e parte do acervo das exibições de meia noite, o filme do diretor Ramin Bahrani (do ótimo 99 Casas), é baseado no livro clássico de Ray Bradbury, escrito na década de 1950, que inclusive já foi levado ao cinema em 1956 pelas mãos de François Truffaut, um dos diretores franceses mais renomados da história do cinema.

A trama, claro, fala sobre um futuro totalitário, no qual agentes do governo conhecidos como bombeiros, queimam livros. Um funcionário, vivido por Michael B. Jordan, o Killmonger de Pantera Negra, começa a questionar seu papel após conhecer uma jovem com pensamentos libertários. A obra é uma crítica ao fascismo. Completando o elenco principal, Michael Shannon e Sofia Boutella.

The House That Jack Built

O mundo dá voltas não é mesmo, queridinho? Declarado persona non grata, ou seja, banido do Festival, desde 2011 quando fez declarações polêmicas sobre Hitler, o diretor dinamarquês Lars Von Trier parece ter sido finalmente perdoado. Na época, o cineasta estava lançando Melancolia, drama apocalíptico com Kirsten Dunst. Depois disso, o realizador teve que manter seu Ninfomaníaca 1 e 2 afastados da croisette, e ainda aproveitou para brincar com sua condição na estreia de tais filmes em outro festival renomado, o de Berlim.

Agora, o controverso artista aporta novamente na cidade francesa para uma produção de não menos difícil digestão. Von Trier apresentará fora de competição The House that Jack Built, terror dramático que acompanha a vida de um serial killer durante 12 anos, inclusive seus crimes iniciais que o transformaram no que é. No papel principal, Matt Dillon. Completando o elenco, Uma Thurman, Riley Keough e o veterano suíço Bruno Ganz (Asas do Desejo e A Queda!). Se você conhece a carreira do diretor ou já viu Anticristo (2009) não espere de forma alguma um filme de terror tradicional.

Under the Silver Lake

Tudo que precisamos saber é que este se trata do novo trabalho do jovem cineasta americano David Robert Mitchell. E por que isso é importante? Simplesmente porque o autor é responsável por uma das obras de gênero mais elegantes, geladas, eficientes e criativas dos últimos anos. Que ainda de quebra faz grande homenagem a este tipo de cinema da década de 1970 e 1980, em especial a Halloween – A Noite do Terror (1978), de John Carpenter, de quem “chupa” a trilha, no bom sentido.

É claro que estamos falando de Corrente do Mal (It Follows, 2014). Agora, Mitchell retorna, com uma produção mais ambiciosa, numa história abstrata sobre obsessão. Andrew Garfield estrela como um sujeito intrigado com o desaparecimento de uma jovem em sua vizinhança, que começa a investigar o caso, adentrando uma jornada sem volta. Riley Keough, Jimmi Simpson, Topher Grace, Sibongile Mlambo e Callie Hernandez completam o elenco. O filme concorre ao grande prêmio.

3 Faces

Um dos cineastas mais prestigiados e criativos da atualidade, nem mesmo a prisão domiciliar conseguiu parar o iraniano Jafar Panahi de produzir seu cinema – é só procurar sobre a confecção de Isto Não é um Filme (2011). Depois do sucesso retumbante de Táxi Teerã, o diretor retorna com 3 Faces, um filme que mais uma vez mistura ficção e realidade, brincando com metalinguagem.

Na trama, a atriz Behnaz Jafari, interpretando a si mesma, fica intrigada com o pedido de ajuda através de uma gravação, de uma menina cuja família proibiu de estudar drama no conservatório de Teerã. Assim, Jafari busca a ajuda de seu colega, o próprio diretor Panahi, interpretando ele mesmo também, para viajarem até a pequena cidade tradicional da menina. No local, conhecem os agradáveis habitantes e tentam solucionar este problema. O filme concorre à Palma de Ouro – o prêmio máximo do evento.

Dogman

Outro cineasta sensação em festivais, o italiano Matteo Garrone tem no currículo produções como Reality – A Grande Ilusão (2012) e O Conto dos Contos (2015). Em Dogman, descrito como um faroeste moderno, Garrone conta uma inusitada história de vingança. Marcello Fonte vive um amável dono de pet shop, que se torna um dos alvos de Simone (Edoardo Pesce), um ex-boxeador violento que aterroriza todo o bairro. Como forma de readquirir sua dignidade, Marcello formula um plano de vingança. Este é mais um filme no páreo para o prêmio.

The Man Who Killed Don Quixote

Assim como nosso Guilherme Fontes, o veterano cineasta Terry Gilliam (12 Macacos) ficou empacado durante 18 anos nesta produção. Ao ponto de ser processado por seus investidores pela bagatela de US$ 15 milhões. O azar perseguiu o diretor logo nos primeiros dias de filmagens, ainda lá em 2000, com enchentes e uma hérnia de disco de seu protagonista Jean Rochefort (falecido em 2017), que aprendeu inglês para o filme durante sete meses e precisou abandonar o projeto.

Gilliam, quando finalmente concluiu a produção ano passado, brincou que havia deletado sem querer o filme todo de seu HD. A trama conta a história moderna de Don Quixote, papel que finalmente ficou com Jonathan Pryce. Um executivo de marketing desiludido, papel de Adam Driver, é puxado para um mundo de fantasia e ilusão e começa a não distinguir o que é real.

Whitney

Um dos filmes que mais promete emocionar o público neste festival de Cannes é o documentário sobre a lendária cantora Whitney Houston. Desde que faleceu em 2012, a icônica entertainer foi foco de diversas produções, matérias, notícias e sua mitologia só fez aumentar. Uma das produções mais famosas foi a biografia confeccionada direto para a TV do canal Lifetime, intitulada… você acertou, Whitney. A obra de 2015 trouxe a belíssima Yaya DaCosta na pele da protagonista, e direção da estreante Angela Bassett. O diferencial deste Whitney, dirigido pelo renomado Kevin Macdonald (O Último Rei da Escócia, 2006), é a olhada de bastidores única anunciada na vida pessoal e carreira musical da artista que marcou gerações.

Burning

O legal de Festivais de cinema sempre foi e sempre será descobrir novos talentos e aquela história que nos acerta de forma certeira. Todo ano cineastas iniciantes lutam para serem descobertos, e muitas vezes esta é a porta que necessitam. Aqui, nesta produção sul-coreana, Lee Chang-dong escreve e dirige, baseado no conto de Haruki Murakami, contando sobre a paixão platônica de um rapaz por sua antiga vizinha. Ela viaja e pede para que ele tome conta de seu gato, o que alimenta suas expectativas.

Na volta, no entanto, ela traz um namorado a tiracolo. A trama começa mesmo quando Ben, o namorado, resolve confidenciar ao protagonista um misterioso e secreto hobby. O chamariz no elenco é a presença de Steve Yeun, o Glenn da série The Walking Dead.

Knife + Heart

Outra premissa intrigante, esta produção francesa é estrelada por Vanessa Paradis (ex-mulher de Johnny Depp) na pele de uma produtora de filmes pornô de terceira linha, no verão da Paris de 1979. Quando perde a companheira e editora Lois (Kate Moran), ela decide produzir sua obra mais ambiciosa, como forma de recuperar o afeto da amada. No meio do processo, um de seus atores é brutalmente assassinado, e ela se vê no meio de uma investigação que transformará sua vida do avesso. Com ares de thriller e até mesmo filmes giallo, Knife + Heart é escrito e dirigido por Yann Gonzalez, concorre ao prêmio máximo do evento, e promete ser uma das obras mais interessantes do lote.

Rafiki

Representatividade importa. E importa como talvez nunca anteriormente. Seguindo esta linha, Rafiki é talvez a produção mais pensada neste quesito social da edição 2018 de Cannes. Parte da mostra Um Certo Olhar, a segunda mais importante dentro do evento – trazendo produções menos ambiciosas – esta produção do Quênia e África do Sul apresenta uma amizade entre duas jovens mulheres capaz de romper barreiras.

Kena (Samantha Mugatsia) e Ziki (Sheila Munyiva) têm pretensões maiores do que serem apenas esposas quenianas, como seus destinos preveem, afinal esta é a tradição de sua sociedade. Fora isso, a rivalidade de suas famílias seria o suficiente para deixa-las afastadas. Para complicar ainda mais sua situação, o amor é descoberto pelas duas. E agora, felicidade ou segurança? E achamos que a barra é pesada no Brasil. A direção e roteiro é da cineasta Wanuri Kahiu.

Bônus:

Han Solo – Uma História Star Wars

Como dito no primeiro parágrafo, este ano o blockbuster escolhido para debutar no Festival é o spin-off da franquia Star Wars. Em 2016, depois de tantos problemas, Rogue One era recebido com bastante incredulidade. Porém, foi só os fãs darem uma olhada no longa após seu lançamento que o ódio e desprezo se tornaram amor. Muitos inclusive afirmam que Rogue One é a melhor coisa da franquia depois de ter sido comprada pela Disney. Aqui temos uma história similar, com Han Solo noticiando tantos problemas de bastidores, que parte dos fãs está com, não só um, mas os dois pés atrás. O primeiro termômetro para o filme ocorrerá na croisette este ano, e logo saberemos se o filme sobre a juventude do famoso mercenário das galáxias merece ou não nossa curiosidade.

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