domingo , 22 dezembro , 2024

Os Melhores Álbuns Internacionais de 2023

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2023 está chegando ao fim e, como é de costume aqui no CinePOP, está na hora de relembrarmos os últimos doze meses com nossas matérias especiais de melhores do ano.

Pensando nisso, trazemos a vocês os dez melhores álbuns de 2023, que contam com aparições de Jessie WareLana Del Rey e Olivia Rodrigo.



Veja abaixo as nossas escolhas e diga para nós qual o seu favorito:

10. THIS IS WHY, Paramore

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“A obra inteira é movida a discursos propositalmente contraditórios, regados a uma ironia apaixonante que nos envolve do começo ao fim. Em “Running Out of Time”, o math rock volta e se alia a um experimentalismo conceitual que parte desde o fraseamento vocal ao vibrante emplastro sonoro que não segue quaisquer regras – e que critica a efemeridade do tempo, cujo conceito foi, de fato, inventado por um capitalismo predatório que nos mantém reféns do relógio e da produtividade exacerbada. Aqui, Williams inclusive aproveita para quebrar a quarta parede em uma reflexão metalinguística, convidando o ouvinte agente ativo da própria experiência fonográfica” – T.N.

9. STRAYS, Margo Price

“À medida que Margo se aventura em incursões não exploradas em sua discografia, ela não abandona as raízes do country – como visto na irretocável canção “Radio”, performada ao lado de Sharon Van Etten. A breve track poderia se alongar para vários minutos de duração e, de fato, não sentiríamos o tempo passar. A química vocal de ambas as artistas é invejável e comovente, destilando uma explosão estoica de solidão – algo que é buscado pelo eu-lírico, não imposto. “Eu preciso tirar um tempo de folga” dá início a uma jornada de autodescoberta que presta críticas à efemeridade do tempo e das próprias relações humanas – com detalhes enraizados na crescente ambiguidade dos avanços tecnológicos. Já “Change Of Heart”, mantendo-se fiel ao americana e ao bluegrass, tem um desenrolar críptico e angustiante que fala sobre um relacionamento falido – e que vem acompanhado de uma multiplicidade coesa de camadas, cortesia da produção on point de Jonathan Wilson” – T.N.

8. MY 21ST CENTURY BLUES, RAYE

“Ao longo de quinze faixas e breves quarenta e seis minutos, RAYE constrói uma emocionante e íntima jornada que amalgama elementos sonoros que vêm tomando espaço no escopo mainstream, à medida que utiliza incursões mais conceituais para arquitetar cada uma das faixas. O glorioso resultado ecoa em uma beleza pungente que não tem papas na língua e que não pensa duas vezes antes de entregar-se a uma indesculpável denúncia da podridão que existe no show business – e de que forma ela conseguiu lidar com os traumas e transformar os fantasmas de um passado não muito longínquo em pura poesia. Não é surpresa, pois, que o disco nos chame a atenção por seu caráter irônico e por uma estruturação metadiegética que quebra a quarta parede da música e convida os ouvintes a serem agentes ativos nessa delicada e vibrante trajetória” – T.N.

7. TENSION, Kylie Minogue

Tension é um convite ao túnel do tempo; após “Padam Padam”, Minogue volta para meados dos anos 1990 com o synth-electro-house de “Hold On To Now”, uma potente construção instrumental que, logo de cara, traz os elementos melancólicos dos quais falara. E, por mais que percebamos um crescendo familiar, nada tira a beleza da canção, ainda mais levando em consideração a presença vocal da artista e o quanto ela está confortável para fazer o que bem entender. Em “You Still Get Me High”, uma das primeiras grandes viradas rítmicas, Kylie mergulha na semi-balada electro-dance enquanto rumina sobre um caso romântica que continua lhe trazendo boas memórias e eternizando um sentimento que ela não quer perder – e isso não é tudo: a música vem entrelaçando similaridades com a impecável “Things We Do For Love” (e prestando homenagens a nomes como a-ha, cujas inspirações são bastante claras)” – T.N.

6. RAVEN, Kelela

Kelela encontrou sucesso significativo com o lançamento de Raven, seu segundo álbum de estúdio. Contando com uma gama considerável de produtores e guiado pela escrita pungente e deliciosamente acurada da artista, o disco é marcado por incrementações do step, do breakbeat, do dance e do house em um vibrante compilado autorreflexivo; a ideia por trás da obra é colocar Kelela refletindo sobre si própria, reagindo ao sentimento de solidão dentro da indústria musical.

5. DID YOU KNOW THAT THERE’S A TUNNEL UNDER OCEAN BLVD., Lana Del Rey

“Ao longo de dezesseis copiosas faixas, a artista prova que não se preocupa com a rapidez industrial que se apoderou da música nos últimos anos. Enfrentando um status quo cansativo que, volta e meia, consegue se desvencilhar das fórmulas, Del Rey não precisa de ajuda para caminhar por conta própria e faz o que bem entende – arquitetando narrativas literárias que perpassam diversos gêneros e borram as linhas entre múltiplas artes. Mais do que isso, ela aposta fichas em uma produção cinemática, aliando-se com seu colaborador de longa data, Jack Antonoff, e outros incríveis nomes para não nos presentear com um mero álbum, mas uma obra-prima e um state-of-art que a reitera como um dos símbolos do entretenimento atual” – T.N.

4. GUTS, Olivia Rodrigo

“Cada faixa emerge como um grito de emancipação e de liberdade, mas não seguindo um padrão cansativo de arranjos instrumentais e progressão; o objetivo por trás do álbum é construir uma multiplicidade sinestésica de inúmeras ideias que podem ser efêmeras ou perenes, velozes ou progressivas. Não é à toa que a canção de abertura, “all american bitch”, apresente uma memorável fusão da folktronica com o country, explodindo no melhor do pop-rock teen de duas décadas atrás enquanto presta homenagens à lírica poética de Taylor Swift, por exemplo. Além disso, a track aproveita para introduzir um elemento significativo nesse enredo fonográfico– o apreço da performer pelo camp e pelo teatral. Ora, até mesmo na incrível balada “lacy”, notamos as brincadeiras criativas vindo à tona com melancólicas antíteses” – T.N.

3. FOUNTAIN BABY, Amaarae

Amaarae provavelmente é uma artista de que você nunca ouviu falar – mas que, de fato, deveria. A cantora e compositora ganense-americana fez sua estreia em 2020 e, em 2023, retornou com um explosivo compilado de originais intitulado Fountain Baby. Essa obra-prima conta com catorze faixas e quase quarenta minutos de duração que se transformam em uma atemporal e narcótica viagem através de uma fusão certeira de inúmeros gêneros – incluindo afrobeatR&Bpop.

2. DESIRE, I WANT TO TURN INTO YOU, Caroline Polachek

“Quatro anos depois, [Caroline Polachek] está de volta com o aguardado ‘Desire, I Want To Turn Into You’ – sem dúvida, uma das produções mais aguardadas do primeiro semestre de 2023. E, assim como boa parte dos discos que saíram desde 2020, a obra foi arquitetada durante a pandemia do COVID-19 e vem como um arauto bastante eclético de gêneros que nos envolvem desde as primeiras batidas. Não é surpresa, pois, que o compilado de originais já pode ser considerado uma das grandes rendições da memória recente, imbuído com uma pessoalidade intrínseca e um complexo movimento de introspecção e expansão. Dentro desse narcótico universo, somos engolfados em uma jornada sinestésica que age por conta própria e, ao mesmo tempo, precisa de nossa total atenção para compreender as belíssimas mensagens escondidas nas entrelinhas” – T.N.

1. THAT! FEELS GOOD!, Jessie Ware

“É quase impossível escolher um ponto alto da produção, visto que ela, em sua completude, é inenarrável e indescritível. Afinal, Jessie não apenas nos convida para um convite deliciosamente anacrônico, perpassando as várias fases de um estilo de música que sofre constantes revisitações e redescobertas; ela dilui as barreiras entre som e imagem, criando uma confluência de textura que nos transporta a outro mundo – um mundo sem estresses contínuos e que a única obrigação é se divertir e aproveitar o que há de ser oferecido. Não é à toa que boa parte da temática adote uma persona sensual, livre de amarras e que é movida pelo poder empoderador da música” – T.N.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Veja abaixo as nossas escolhas e diga para nós qual o seu favorito:

10. THIS IS WHY, Paramore

“A obra inteira é movida a discursos propositalmente contraditórios, regados a uma ironia apaixonante que nos envolve do começo ao fim. Em “Running Out of Time”, o math rock volta e se alia a um experimentalismo conceitual que parte desde o fraseamento vocal ao vibrante emplastro sonoro que não segue quaisquer regras – e que critica a efemeridade do tempo, cujo conceito foi, de fato, inventado por um capitalismo predatório que nos mantém reféns do relógio e da produtividade exacerbada. Aqui, Williams inclusive aproveita para quebrar a quarta parede em uma reflexão metalinguística, convidando o ouvinte agente ativo da própria experiência fonográfica” – T.N.

9. STRAYS, Margo Price

“À medida que Margo se aventura em incursões não exploradas em sua discografia, ela não abandona as raízes do country – como visto na irretocável canção “Radio”, performada ao lado de Sharon Van Etten. A breve track poderia se alongar para vários minutos de duração e, de fato, não sentiríamos o tempo passar. A química vocal de ambas as artistas é invejável e comovente, destilando uma explosão estoica de solidão – algo que é buscado pelo eu-lírico, não imposto. “Eu preciso tirar um tempo de folga” dá início a uma jornada de autodescoberta que presta críticas à efemeridade do tempo e das próprias relações humanas – com detalhes enraizados na crescente ambiguidade dos avanços tecnológicos. Já “Change Of Heart”, mantendo-se fiel ao americana e ao bluegrass, tem um desenrolar críptico e angustiante que fala sobre um relacionamento falido – e que vem acompanhado de uma multiplicidade coesa de camadas, cortesia da produção on point de Jonathan Wilson” – T.N.

8. MY 21ST CENTURY BLUES, RAYE

“Ao longo de quinze faixas e breves quarenta e seis minutos, RAYE constrói uma emocionante e íntima jornada que amalgama elementos sonoros que vêm tomando espaço no escopo mainstream, à medida que utiliza incursões mais conceituais para arquitetar cada uma das faixas. O glorioso resultado ecoa em uma beleza pungente que não tem papas na língua e que não pensa duas vezes antes de entregar-se a uma indesculpável denúncia da podridão que existe no show business – e de que forma ela conseguiu lidar com os traumas e transformar os fantasmas de um passado não muito longínquo em pura poesia. Não é surpresa, pois, que o disco nos chame a atenção por seu caráter irônico e por uma estruturação metadiegética que quebra a quarta parede da música e convida os ouvintes a serem agentes ativos nessa delicada e vibrante trajetória” – T.N.

7. TENSION, Kylie Minogue

Tension é um convite ao túnel do tempo; após “Padam Padam”, Minogue volta para meados dos anos 1990 com o synth-electro-house de “Hold On To Now”, uma potente construção instrumental que, logo de cara, traz os elementos melancólicos dos quais falara. E, por mais que percebamos um crescendo familiar, nada tira a beleza da canção, ainda mais levando em consideração a presença vocal da artista e o quanto ela está confortável para fazer o que bem entender. Em “You Still Get Me High”, uma das primeiras grandes viradas rítmicas, Kylie mergulha na semi-balada electro-dance enquanto rumina sobre um caso romântica que continua lhe trazendo boas memórias e eternizando um sentimento que ela não quer perder – e isso não é tudo: a música vem entrelaçando similaridades com a impecável “Things We Do For Love” (e prestando homenagens a nomes como a-ha, cujas inspirações são bastante claras)” – T.N.

6. RAVEN, Kelela

Kelela encontrou sucesso significativo com o lançamento de Raven, seu segundo álbum de estúdio. Contando com uma gama considerável de produtores e guiado pela escrita pungente e deliciosamente acurada da artista, o disco é marcado por incrementações do step, do breakbeat, do dance e do house em um vibrante compilado autorreflexivo; a ideia por trás da obra é colocar Kelela refletindo sobre si própria, reagindo ao sentimento de solidão dentro da indústria musical.

5. DID YOU KNOW THAT THERE’S A TUNNEL UNDER OCEAN BLVD., Lana Del Rey

“Ao longo de dezesseis copiosas faixas, a artista prova que não se preocupa com a rapidez industrial que se apoderou da música nos últimos anos. Enfrentando um status quo cansativo que, volta e meia, consegue se desvencilhar das fórmulas, Del Rey não precisa de ajuda para caminhar por conta própria e faz o que bem entende – arquitetando narrativas literárias que perpassam diversos gêneros e borram as linhas entre múltiplas artes. Mais do que isso, ela aposta fichas em uma produção cinemática, aliando-se com seu colaborador de longa data, Jack Antonoff, e outros incríveis nomes para não nos presentear com um mero álbum, mas uma obra-prima e um state-of-art que a reitera como um dos símbolos do entretenimento atual” – T.N.

4. GUTS, Olivia Rodrigo

“Cada faixa emerge como um grito de emancipação e de liberdade, mas não seguindo um padrão cansativo de arranjos instrumentais e progressão; o objetivo por trás do álbum é construir uma multiplicidade sinestésica de inúmeras ideias que podem ser efêmeras ou perenes, velozes ou progressivas. Não é à toa que a canção de abertura, “all american bitch”, apresente uma memorável fusão da folktronica com o country, explodindo no melhor do pop-rock teen de duas décadas atrás enquanto presta homenagens à lírica poética de Taylor Swift, por exemplo. Além disso, a track aproveita para introduzir um elemento significativo nesse enredo fonográfico– o apreço da performer pelo camp e pelo teatral. Ora, até mesmo na incrível balada “lacy”, notamos as brincadeiras criativas vindo à tona com melancólicas antíteses” – T.N.

3. FOUNTAIN BABY, Amaarae

Amaarae provavelmente é uma artista de que você nunca ouviu falar – mas que, de fato, deveria. A cantora e compositora ganense-americana fez sua estreia em 2020 e, em 2023, retornou com um explosivo compilado de originais intitulado Fountain Baby. Essa obra-prima conta com catorze faixas e quase quarenta minutos de duração que se transformam em uma atemporal e narcótica viagem através de uma fusão certeira de inúmeros gêneros – incluindo afrobeatR&Bpop.

2. DESIRE, I WANT TO TURN INTO YOU, Caroline Polachek

“Quatro anos depois, [Caroline Polachek] está de volta com o aguardado ‘Desire, I Want To Turn Into You’ – sem dúvida, uma das produções mais aguardadas do primeiro semestre de 2023. E, assim como boa parte dos discos que saíram desde 2020, a obra foi arquitetada durante a pandemia do COVID-19 e vem como um arauto bastante eclético de gêneros que nos envolvem desde as primeiras batidas. Não é surpresa, pois, que o compilado de originais já pode ser considerado uma das grandes rendições da memória recente, imbuído com uma pessoalidade intrínseca e um complexo movimento de introspecção e expansão. Dentro desse narcótico universo, somos engolfados em uma jornada sinestésica que age por conta própria e, ao mesmo tempo, precisa de nossa total atenção para compreender as belíssimas mensagens escondidas nas entrelinhas” – T.N.

1. THAT! FEELS GOOD!, Jessie Ware

“É quase impossível escolher um ponto alto da produção, visto que ela, em sua completude, é inenarrável e indescritível. Afinal, Jessie não apenas nos convida para um convite deliciosamente anacrônico, perpassando as várias fases de um estilo de música que sofre constantes revisitações e redescobertas; ela dilui as barreiras entre som e imagem, criando uma confluência de textura que nos transporta a outro mundo – um mundo sem estresses contínuos e que a única obrigação é se divertir e aproveitar o que há de ser oferecido. Não é à toa que boa parte da temática adote uma persona sensual, livre de amarras e que é movida pelo poder empoderador da música” – T.N.

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