Talvez nem todos saibam, mas o CinePOP nasceu do amor pelos filmes de terror e da vontade de estar em contato com seus fãs. Sendo assim, nada mais natural que demos muita ênfase a este gênero tão amado por uma grande parcela dos cinéfilos em geral. O ano de 2020 não foi fácil para ninguém. Fechou os cinemas, nos fazendo apoiar somente nas plataformas de streaming para conferir nossos filmes de cada dia. No meio de tudo, não faltaram filmes de terror. Algumas preciosidades e outras tantas tranqueiras.
Caótico, assustador e fatídico como um bom filme de terror deve ser, 2020 não foi capaz de nos derrotar e ainda assim conseguimos reunir dez grandes produções cinematográficas do gênero terror para apontar numa lista. Sem mais delongas, vamos conhecer os melhores filmes de terror de 2020. Ah sim, não esquecendo que esta não é exclusivamente a opinião do CinePOP, mas sim uma mescla da média das avaliações da imprensa especializada geral e, é claro, do grande público. Confira abaixo.
10 | Relic / Relíquia
As relações familiares são grande parte do cerne do que nos faz seres humanos. É o que nos apresenta as primeiras sensações de nossa vida. É o que nos define. E tais sentimentos podem ser atrelados ao amor, alegria, mas também tristeza e, inclusive, o horror. Assim, é natural que o elo familiar renda assunto para figurar em todo e qualquer gênero cinematográfico, desde comédias, dramas e até mesmo o terror. Ainda inédito no Brasil, é exatamente este o tema deste longa, escrito e dirigido pela jovem cineasta Natalie Erika James – que já rendeu diversos vídeos e textos para os críticos aqui em nosso país. Na trama bem feminina, três gerações de mulheres (avó, mãe e filha) são atormentadas por forças sobrenaturais na casa da família. Pense no novo Halloween (2018), trocando Michael Myers por assombrações. O trio da vez é vivido por Emily Mortimer, Bella Heathcote e Robyn Nevin.
09 | #Alive
O nono lugar de nossa lista pode ser encontrado no acervo da Netflix. Depois do Oscar de melhor filme que Parasita recebeu este ano, a outra metade dos cinéfilos que ainda não havia feito, passou a prestar mais atenção às produções sul coreanas. E uma das especialidades do país são os filmes de terror, donos de bastante qualidade narrativa e uma parte técnica construída com bastante esmero. Quatro anos depois de “encantarem” o mundo com o elogiadíssimo Invasão Zumbi (2016) – que não teve a melhor das continuações para chamar de sua (falamos da sequência na lista dos piores) -, o cineasta Il Cho investe no subgênero dos zumbis e volta a atrair inúmeros elogios para uma produção do tema no país. A trama lembra bastante o francês A Noite Devorou o Mundo (2018), e mostra um personagem “acordando” para uma infestação, lutando para sobreviver, da “segurança” de seu apartamento. Apesar da falta de originalidade, tudo é construído com tanto empenho e frenesi, que #Alive consegue sobressair como um dos melhores exemplares do subgênero em anos recentes.
08 | Amizade Maldita
Produção canadense escrita e dirigida por Brandon Christensen, este é outro filme que bebe nas fontes de algumas obras do gênero, vide Amigo Oculto, O Babadook e Boa Noite, Mamãe, mas acrescenta seu próprio tempero à mistura, caindo fortemente nas graças dos críticos e do público. Parte do subgênero das “crianças assustadoras”, Amizade Maldita logo revela suas verdadeiras tintas, ao descobrirmos que existe muito mais por baixo da premissa inicial, convidando a discussões mais sérias sobre tópicos como esquizofrenia e depressão.
07 | O Lobo de Snow Hollow
Outro filme inédito em nossos cinemas (e até o momento em nosso país de forma geral), este é um longa que recai em um novo subgênero – o “terrir”. Muito popular após o sucesso de Pânico (1996), filmes que misturam terror e humor caíram de vez no gosto do público e vez ou outra emplacam com os críticos também. Aqui, o jovem cineasta Jim Cummings (que escreve e dirige) consegue o que os veteranos Wes Craven e Kevin Williamson haviam tentado sem sucesso em Amaldiçoados (2005), ou seja, brincar de forma muito divertida, mas também muito assustadora, com a mitologia da besta conhecida como Lobisomem. Aqui, a criatura aterroriza uma pequena cidade. Cummings também protagoniza na pele de um policial e o longa marca o último trabalho do ator Robert Forster (indicado ao Oscar por Jackie Brown).
06 | Possessor
Outro longa inédito em nossas terras, Possessor vem dando o que falar entre os especialistas, enaltecido como uma das melhores produções do gênero no fatídico 2020. Enquanto o cultuadíssimo David Cronenberg não volta à ativa para dar alegria aos seus fãs (seu último filme foi Mapa para as Estrelas, em 2014 – sem qualquer novo projeto no horizonte), os mesmos vão se contentando com as produções de sua cria, o filho Brandon Cronenberg. O que podemos dizer é que o filhote de peixe vem realizando uma carreira que deixa o paizão (e os fãs, é claro) orgulhoso. Depois de sua estreia com o visceral e grotesco Antiviral (2012), Cronenberg filho retorna ao comando de uma produção para este conto de ficção científica, suspense e terror sobre troca de corpos, e um ar meio Matrix. Itens que são um prato cheio para o grande público.
05 | Run
O público brasileiro não tem muito do que reclamar sobre os streamings que temos por aqui. Netflix, Amazon, Telecine Play, HBO Go e o recente Disney+ são os grandes favoritos. Mas se tem uma plataforma que nos deixa um pouco carentes, ela atende pelo nome Hulu. Uma coisa ou outra acaba pescada pela Amazon (como Pequenos Incêndios), mas estreias como o recente Run nos deixa mesmo é salivando. Escrito e dirigido pelo cineasta Aneesh Chaganty, Run causou frisson desde seu trailer, que mostrava uma aparente relação abusiva entre mãe e filha – dessas que chocaram o mundo recentemente, rendendo diversas interpretações no audiovisual. Ah sim, mas o grande chamariz era mesmo a presença da cultuada Sarah Paulson como a protagonista abusiva. No entanto, Run é dito guardar muitas surpresas. Imperdível e para mexer ainda mais com nossa ansiedade.
04 | O Homem Invisível
O ano de 2020 foi curto para o cinema, mas não podemos deixar de ser gratos por ele ter conseguido nos trazer um filme do nível de O Homem Invisível ainda em seus primeiros três meses. Embora muitos possam não perceber, todo filme passa uma mensagem e tem um discurso. Até mesmo as obras de terror, que usam o medo para falar sobre um tema específico. Então, nos dá imenso prazer como cinéfilos quando um filme dá ênfase e trabalha bem sua mensagem. É o caso com esta pérola da Blumhouse, escrita e dirigida por Leigh Whannell, que dá um significado mais potente do que jamais teve para a história clássica de H. G. Wells ao inserir em sua trama um tema muito em voga, muito dolorido e que deve ser combatido a toda oportunidade: o abuso doméstico. Palmas intermináveis para este aqui.
03 | O Que Ficou para Trás
Por falar em significados fortes em filmes de terror, nossa terceira posição no ranking segue esta linha narrativa igualmente. Aqui, entra em pauta a questão da xenofobia e o delicado tema de refugiados na Europa. O mundo pode ser um lugar cruel, repleto de desigualdades. É inerente do ser humano a busca por uma vida melhor. Nem todos possuem os meios para fazê-lo de forma fácil e prática. Muitos precisam de ajuda. E você, tem feito a sua parte? Fora o drama de deixar a sua pátria devido ao desgosto e a autopreservação, esta produção da Netflix, escrita e dirigida pelo cineasta Remi Weeks (mal podemos esperar por seu próximo trabalho), é claro, não esquece de gelar todas as espinhas possíveis de seus espectadores quando os demônios do casal protagonista passam a se materializar.
02 | O Farol
Uma das produções mais esperadas para este início de 2020, O Farol é o trabalho seguinte do cineasta Robert Eggers – que parou o mundo do terror há cinco anos com seu elogiadíssimo A Bruxa (2015). Sendo assim, todos esperavam o próximo passo do diretor. Fazendo barulho por onde passou, em festivais durante todo o ano passado, os brasileiros não aguentavam mais esperar e puderam conferir logo em janeiro. Tão estarrecedor quanto seu primeiro trabalho, O Farol talvez seja ainda mais insano que A Bruxa, prometendo deixar grande parte do público coçando a cabeça após o término de sua exibição. Mas como diria Chacrinha, e Eggers é adepto de sua escola: “eu não vim para explicar, eu vim para confundir”. O que O Farol tem acima de A Bruxa é o duelo de atuações “monstruosas” entre um flatulento Willem Dafoe e um Robert Pattinson de poucas palavras e amigos. Ambos interpretam faroleiros na década de 1890.
01 | A Ligação
Que rufem os tambores. A primeira posição no topo do pódio fica com outra obra sul coreana. Tudo bem, para sermos mais justos, poucos foram os que assistiram ou conhecem este A Ligação, produção da Netflix. Mas todos os especialistas, assim como os fãs, que já conferiram, garantem ao longa a nota máxima, sem faltar elogios a ele. Igualmente, este não é um roteiro que usa uma ideia tão original assim, remetendo a filmes como Alta Frequência (2000), por exemplo, onde uma conexão ocorre entre duas linhas temporais distintas. No filme citado, de vinte anos atrás, uma transmissão de rádio era o que conectava pai e filho. Aqui, é uma ligação de telefone que aproxima as personagens de passado e presente. Na verdade, A Ligação é um remake de uma coprodução entre Porto Rico e Reino Unido, lançada em 2011. Quem dirige é Chung-Hyun Lee.
Menções Honrosas:
Freaky: No Corpo de um Assassino
Por falar em terrir, esta produção da Blumhouse pertencente ao subgênero fez muito sucesso durante a pandemia, e não podemos mais conter nossa ansiedade para conferi-la por aqui. Escrito e dirigido por um verdadeiro especialista em slashers cômicos, o cineasta Christopher Landon, o filme traz uma ótima dobradinha entre Vince Vaughn e a carismática Kathryn Newton. Landon já havia marcado um golaço ao misturar elementos fantásticos em sua narrativa sobre serial killers em A Morte te dá Parabéns e sua continuação, onde utiliza o recurso do “dia que se repete incansavelmente”. Aqui, o elemento trazido por ele é o famoso “troca de corpos”, muito comum nos anos 80. Assim, um assassino em série se vê no lugar de uma patricinha colegial linda e loira, e vice e versa. Mal podemos esperar pela próxima ideia do diretor, desde que não seja animais falantes.
Vampiros X the Bronx
Outro terrir, mas este original da Netflix, e com a temática de vampiros – que ainda não havia aparecido na lista. Escrito e dirigido por Oz Rodriguez, o longa é uma espécie de Os Garotos Perdidos (1987) do gueto, também possuindo elementos do ótimo e pouco conhecido Ataque ao Prédio (2011), produção de Edgar Wright. Na trama, um grupo de meninos amigos, moradores do Bronx, em Nova York, se veem no meio de grandes mudanças em seu bairro. A mais assustadora delas, no entanto, é a presença de vampiros infiltrados no meio dos moradores.