Faltam menos de dois meses para nos despedirmos de vez de 2024. O ano passou voando. Sempre nos dá aquela impressão que não tivemos tantos lançamentos de filmes assim. Mas é apenas impressão, já que a maior parte dos filmes do ano já passou pelas salas de cinema ou pelos streamings. Agora chegamos à época mais especial do ano para os cinéfilos. Com os principais festivais internacionais já tendo ficado para trás, é a vez do Brasil receber seus eventos de cinema mais badalados: o Festival do Rio e a Mostra de São Paulo – ambos trazendo filmes badaladíssimos pelo mundo afora.
Muitos destes filmes presentes em tais eventos estão, por exemplo, presentes na próxima época de premiações. Sim, a partir de outubro é quando começamos a receber os que são considerados os melhores filmes do ano. Filmes de prestígio, que lutarão por um lugar ao sol em prêmios que convergem no maior de todos: o Oscar. E assim se inicia a corrida por indicações. E sim, o princípio é o mesmo de uma corrida política, é preciso dinheiro de campanha, divulgação e fazer aquele lobby.
Como todo ano, nos adiantamos novamente e apresentamos para você os filmes que começam a despontar comentários de prêmios. Ou seja, faltando mais ou menos três meses para o anúncio dos indicados (que costumam ser divulgados em janeiro), resolvemos dar o nosso pitaco do que devemos ver entre os indicados nas principais categorias no próximo Oscar. Aqui começaremos com a categoria de melhor filme. Confira abaixo.
Emilia Pérez
Despontando em todos os radares, ‘Emilia Pérez’ já é enaltecido como um dos melhores filmes de 2024 desde sua estreia no prestigiado Festival de Cannes em maio deste ano. Sua chegada ao Brasil igualmente encantou os cariocas no Festival do Rio – ele foi o filme de abertura do evento. Ao contrário de ‘Coringa 2’, ‘Emilia Pérez’ é um musical que vem agradando. A trama altamente representativa, mostra uma advogada ajudando o poderoso chefão de um cartel mexicano a sumir no mundo, se tornando a mulher que sempre sonhou em ser. O filme é dirigido pelo francês Jacques Audiard, de ‘O Profeta’ e ‘Ferrugem e Osso’, e pode conquistar indicações também a melhor diretor, atriz para Karla Sofía Gascón (que poderá fazer história como a primeira atriz trans a ser indicada) e coadjuvantes para Zoe Salanda e Selena Gomez; além de produção estrangeira para a França.
Anora
Escrito e dirigido por Sean Baker, o mesmo de ‘Projeto Flórida’ (2017), ‘Anora’ promete ser o romance apaixonante do ano. Descrito como uma versão moderna, realista e um pouco mais sombria de ‘Uma Linda Mulher’ (1990), aqui também temos uma prostituta vivendo um sonho de princesa quando um ricaço se apaixona por ela. A diferença é que o jovem aqui faz parte de uma família russa e os que comandam sua fortuna são contra o casamento. Os chamarizes aqui são os desempenhos dos jovens apaixonados Mark Eidelshtein e Mikey Madison (de ‘Era uma Vez em Hollywood’ e ‘Pânico 5’). Madison vem sendo contada para melhor atriz.
Blitz
Drama sobre a Segunda Guerra Mundial, ‘Blitz’ é o novo filme do diretor Steve McQueen, do vencedor do Oscar ’12 Anos de Escravidão’. A trama se concentra em famílias inglesas desesperadas durante os bombardeios da Alemanha Nazista a Londres. Em especial da personagem de Saoirse Ronan, uma mãe de família fazendo de tudo para proteger seu filho. Esse será o primeiro papel mais maduro (de mãe), da carreira da jovem atriz. O longa vem prometendo indicações de melhor filme do ano, melhor diretor e, curiosamente, Ronan vem despontando para melhor coadjuvante, apesar de parecer a protagonista. Mas isso só saberemos quando assistirmos ao longa, que é uma produção da AppleTV+. Pode ser o caso também de a atriz vir sendo empurrada como protagonista por outro drama, ‘The Outrun’.
Conclave
‘Nada de Novo no Front’ foi uma das sensações do Oscar 2023. Agora, o diretor alemão Edward Berger promete repetir a dose com um filme igualmente polêmico e badalado. ‘Conclave’ fala sobre a eleição do novo Papa, e os bastidores desta “campanha” após o antigo Papa morrer de forma misteriosa. Nos corredores do Vaticano, um Cardeal irá descobrir segredos de uma conspiração que prometem sacudir os alicerces da Igreja Católica. O filme vem sendo bastante mencionado para indicação na categoria principal e muitos acreditam que o protagonista Ralph Fiennes finalmente poderá levar seu tão esperado Oscar como melhor ator. Stanley Tucci e John Lithgow também são destaques como coadjuvantes.
Duna – Parte 2
Esse ano não tivemos uma dobradinha tão fenomenal quanto ‘Oppenheimer’ e ‘Barbie’, mas o que mais se aproxima disso é ‘Duna – Parte 2’. É claro que o fenômeno do ano foi ‘Deadpool e Wolverine’, mas o longa não tem cara de Oscar e dificilmente receberá indicações nas principais categorias – por mais que os produtores o estejam empurrando para isso. ‘Duna – Parte 2’ tem muito mais cara disso, e ajuda bastante o fato de o primeiro filme ter recebido 10 indicações ao Oscar, incluindo melhor filme do ano, e ter saído vitorioso de seis. O segundo ‘Duna’ tem tudo para seguir o mesmo caminho.
O Brutalista
Antes mesmo de ser lançado em circuito, ‘O Brutalista’ já estava gerando polêmico. Isso porque o diretor Brady Corbet (‘Vox Lux’) ao ser perguntado sobre a duração extremamente longa do filme (3h 35min), respondeu que é uma bobeira a discussão sobre o tamanho de um filme em 2024. Na verdade, grande parte do público evita filmes muito longos. Sabendo disso, Corbet inclusive colocou um intervalo em seu filme, como se fazia antigamente. Seja como for, ‘O Brutalista’ vem acumulando ótimas críticas desde sua estreia no Festival de Veneza deste ano e desponta como um dos fortes candidatos a indicações no Oscar – que ainda incluem o protagonista Adrien Brody. O filme conta sobre imigrantes europeus fugindo da guerra em 1947, terminam testemunhando o nascimento da América moderna.
O Quarto ao Lado
Grandes mestres são sempre levados em consideração. E ‘O Quarto ao Lado’ surge como um marco na carreira do espanhol vencedor do Oscar Pedro Almodóvar. Isso porque o filme é o primeiro longa falado em inglês da carreira do cineasta, algo que o diretor evitou por mais de quatro décadas. Com um elenco de peso, de nomes como Julianne Moore, Tilda Swinton e John Turturo, ‘O Quarto ao Lado’ vem gerando falatório de indicações a melhor filme, diretor e para os três atores principais. A história conta sobre duas melhores amigas de juventude, afastadas durante a vida adulta, voltando a se reencontrar em nova fase da vida.
Gladiador 2
Apesar de aparecer em muitas listas de previsões do Oscar 2025, a verdade é que tudo dependerá do resultado de ‘Gladiador II’, um dos poucos filmes badalados desta segunda metade de 2024 que não foi exibido em nenhum festival de cinema pelo mundo até o momento. Ou seja, ninguém viu o longa ainda, e ninguém pode atestar sua qualidade. Por comparação, ‘Coringa 2’ também vinha sendo mencionado em muitos círculos como possível candidato a indicações – porque o original recebeu um monte delas, incluindo melhor filme e venceu melhor ator no Oscar. Mas bastou uma olhada no resultado, que dificilmente alguém ainda acredita na chance de Oscar para o filme. É preciso levar em conta também que os últimos filmes de Ridley Scott prometeram e morreram na praia, vide ‘Napoleão’, ‘Casa Gucci’ e ‘O Último Duelo’. Seja como for, ‘Gladiador II’ segue cotado. Esperemos.
Um Completo Desconhecido
Biografias musicais costumam ser um grande sucesso, e se feitas da forma certa, conquistam também o apreço da Academia. A prova disso é que só nos últimos cinco anos tivemos os exemplos de ‘Bohemian Rhapsody’ e ‘Elvis’ indicados na categoria principal de melhor filme no Oscar. Esse ano uma tem tudo para figurar lado a lado a elas. ‘Um Completo Desconhecido’ é a biografia do lendário Bob Dylan, interpretado pelo menino de ouro de Hollywood, Timothée Chalamet, indicado ao Oscar por ‘Me Chame pelo seu Nome’. O filme também não foi exibido em lugar nenhum, então vai depender muito da aceitação da crítica e público, quando estrear em dezembro. Mas a aposta do estúdio é grande, falatório sobre indicações já dominam os principais veículos do meio. Ajuda o fato de na direção e roteiro termos James Mangold, que tem no currículo ‘Johnny e June’ (2005), biografia do cantor Johnny Cash, que fez sucesso no Oscar.
Piano de Família
O sangue da família Washington tem poder! Que Denzel Washington é um dos atores mais consagrados de todos os tempos, todos nós sabemos. O astro é dono de duas estatuetas (melhor ator e ator coadjuvante) e outras sete indicações como intérprete e uma como produtor. Ou seja, prestígio não falta. Nos últimos anos, Denzel tem trabalhado em levar as obras do dramaturgo August Wilson dos teatros para as telonas. Foi assim com ‘Um Limite entre Nós’ (que o indicou como ator e produtor / melhor filme) e ‘A Voz Suprema do Blues’ – indicado a cinco Oscar e vencedor de dois. Além de menções a uma possível indicação como ator coadjuvante em ‘Gladiador II’, Denzel também produz ‘Piano de Família’, filme que a Netflix lança no fim de novembro e já participou de alguns festivais gerando comentários de Oscar. Na trama, um piano está no centro de uma família negra durante gerações. John David Washington, filho de Denzel, é quem estrela. Seu outro filho, Malcolm Washington estreia na direção no comando do longa, e sua filha Katia Washington é a produtora ao lado do pai.