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A cerimônia do Oscar 2025 acontece no próximo dia 02 de março – e o cobiçado prêmio visa premiar os melhores títulos exibidos no circuito cinematográfico no ano passado.
E, enquanto os vencedores não são revelados, preparamos uma breve matéria especial ranqueando todos os longas-metragens indicados à categoria de Melhor Filme – que inclui, de forma histórica, a produção brasileira ‘Ainda Estou Aqui’, estrelada por Fernanda Torres e comandada por Walter Salles.
Confira e conte para nós qual o seu favorito:
10. EMILIA PÉREZ
Polêmicas envolvendo a protagonista Karla Sofía Gascón e o diretor Jacques Audiard à parte, ‘Emilia Pérez’ não tem qualquer elemento que justifique sua presença entre os indicados a Melhor Filme. O musical, que também traz Zoe Saldaña e Selena Gomez no elenco protagonista, é uma mistura cansativa de gêneros e de canções esquecíveis, coreografias sem sentido e fracas atuações (com exceção de Saldaña, que continua como a favorita para levar o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante para casa) que narra uma história controversa e exaurível. Talvez o único aspecto que realmente chame a atenção seja a estética – que também não consegue se sustentar por muito tempo.
9. UM COMPLETO DESCONHECIDO
Bob Dylan é um dos nomes mais respeitados da história da música e, ano passado, ganhou uma cinebiografia intitulada ‘Um Completo Desconhecido’, com direção assinada por James Mangold. O filme é uma sólida investida cinematográfica, mas joga demais no seguro e não se arrisca em seus aspectos engessados, optando por seguir o libreto de convencionalismos de obras similares. Todavia, Timothée Chalamet faz um trabalho incrível ao incorporar Dylan, dividindo os holofotes com nomes como Edward Norton e Monica Barbaro (igualmente em interpretações aplaudíveis).
8. WICKED
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‘Wicked’ nos arrebata desde os primeiros minutos com performances aplaudíveis de Cynthia Erivo e Ariana Grande. Ao encarnar Elphaba, Erivo consegue desfrutar de sua carreira no teatro (sendo detentora de um prêmio Tony, inclusive) e trazer novos aspectos àquela que se transformaria na icônica Bruxa Má do Oeste – singrando pelas complexidades de uma justiceira social que sabe o que é ser diferente e ser marginalizada pelos outros; Grande, por sua vez, explode como um hilário escape cômico, pintado na mais pura egolatria e vaguidão que, na verdade, esconde um coração benévolo que está apenas tropeçando ao se encontrar. E, para além dessas icônicas performances, é notável o trabalho memorável do diretor Jon M. Chu em capturar a essência do romance e do musical da Broadway em um espetáculo visual e sonoro de tirar o fôlego.
7. NICKEL BOYS
‘Nickel Boys’ talvez seja o título menos conhecido dessa seleção de indicados, mas, desde sua estreia no Festival de Telluride em agosto do ano passado, tornou-se um queridinho da crítica – e não é por qualquer razão. O longa dirigido por Colson Whitehead é inspirado por eventos reais e traz um estilo estético único que se afasta das fórmulas dos dramas e apresenta uma perspectiva bastante original. Para além do sólido trabalho imagético, o elenco explode em rendições fabulosas, com destaque a Ethan Herisse e Brandon Wilson em um comprometimento com seus respectivos papéis que nos deixa extasiados e emocionados.
6. A SUBSTÂNCIA
Ninguém imaginaria que, em 95 anos dos prêmios da Academia, o terror finalmente conseguiria encontrar um espaço de apreciação por parte dos votantes. E foi graças a Coralie Fargeat que ‘A Substância’ sagrou-se uma das produções mais aclamadas dos últimos anos, nos envolvendo com uma remodelagem do body horror e do terror sci-fi que quebrou as barreiras entre os gêneros e mereceu seu lugar dentre os indicados. Além dos impressionantes roteiro e direção encabeçados por Fargeat, essa visceral jornada pelo mundo do estrelato e da ambição contou com performances irretocáveis de Demi Moore e Margaret Qualley.
5. CONCLAVE
Depois de fornecer uma visão bastante diferenciada sobre os dramas bélicos com o vencedor do Oscar ‘Nada de Novo no Front’, Edward Berger voltou aos holofotes com o suspense religioso ‘Conclave’. O filme poderia se render às fórmulas do gênero, porém, ao ter plena ciência dos limites que se autoimpõe, busca alternativas que prezam pela originalidade e que deixam que atores de altíssimo calibre convidem os espectadores a uma espetacular peça cinematográfica. Ademais, o longa reitera Berger como um dos grandes diretores da atualidade – e mostra sua sagacidade ao se aliar com nomes como Ralph Fiennes, Stanley Tucci, John Lithgow e Isabella Rossellini em um elenco estelar.
4. DUNA: PARTE 2
Ambicioso, estupendo e majestoso são apenas alguns dos adjetivos que conseguem resumir, grosso modo, ‘Duna: Parte 2’. O mais recente longa de Denis Villeneuve é um deleite para os olhos, uma aula de como fazer cinema e, de forma imediata, posta-se como um dos melhores títulos não apenas da década, mas do século – expandindo o lendário universo arquitetado por Frank Herbert com esmero espetacular. Cada uma das sequências tira o fôlego do público, pinceladas com atuações esplendorosas de nomes como Timothée Chalamet, Rebecca Ferguson e Zendaya, investindo esforços em temáticas como fanatismo religioso, luta pelo poder e vingança.
3. ANORA
Apesar de descrito como uma dramédia, ‘Anora’ emerge como uma obra fílmica que consegue borrar os limites delineados entre os gêneros narrativos. Percebemos desde os primeiros minutos que o escopo atmosférico, pincelado com o hedonismo estético e artístico de um realismo mágico que divide os múltiplos atos. A ideia é fundir o prazer fugaz com a dureza de uma realidade sóbria, seja no proposital conflito imagética, seja em uma tour-de-force inenarrável de Mikey Madison, que desponta como uma das grandes estrelas de cinema da nova geração. No final das contas, não é possível colocá-lo apenas em um rótulo, conforme o escopo escala a níveis estratosféricos e aposta fichas na maximização das complicadas relações humanas.
2. AINDA ESTOU AQUI
Mesmo em meados da década de 2020, há pessoas que rendem-se ao vira-latismo cultural ao acreditar que o Brasil não produz filmes bons. Walter Salles veio para provar novamente que isso não é verdade ao encabeçar o visceral e impactante drama ‘Ainda Estou Aqui’. Ambientado no obscuro período da Ditadura Militar, o longa funciona como um retrato cru de um dos momentos mais duros da história nacional – e, além de contar com uma soberba produção técnica e artística, é encabeçado por uma performance arrebatadora de Fernanda Torres, que se reitera como uma das melhores atrizes de todos os tempos.
1. O BRUTALISTA
Ninguém poderia nos preparar para o épico drama que Brady Corbet estava cozinhando com ‘O Brutalista’. Ao longo de três horas e meia de duração, o cineasta nos leva a uma jornada suntuosa de reflexão sobre as mentiras do inalcançável sonho americano ao colocar nos holofotes um imigrante que sobreviveu ao Holocausto e se mudou para os Estados Unidos para alcançar seus objetivos. Guiado pela performance quase etérea de Adrien Brody, o filme emerge como um clássico instantâneo que se vale bastante de elementos dos anos 1950 e 1960 – como a revitalização do formato VistaVision e o intervalo entre seus atos – em uma carta de amor à arte cinematográfica.