sexta-feira , 10 janeiro , 2025
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007 – Cassino Royale

 

 

A canção de abertura da nova aventura de 007 Cassino Royale, interpretada pelo líder da banda Audioslave, Chris Cornell, é apenas um detalhe neste filme repleto de ação, agora repaginado por um novo ator britânico, que durante meses foi implacavelmente perseguido pelos fãs e pela imprensa.

Adaptado do primeiro livro de Ian Fleming com o espião inglês, 007 Cassino Royale, James Bond (Daniel Craig) é um agente recém-promovido ao nível de 00. Arrogante, jovem, em plena forma e disposto a não seguir as regras, ele é convocado pelo MI6 para participar de um milionário jogo de pôquer em Montenegro, onde Le Chiffre (Mads Mikkelsen), um investidor que trabalha com o dinheiro de terroristas internacionais, estará jogando. Para entrar na jogada, Bond conta com a ajuda do Tesouro Inglês que designa sua bela e inteligente agente Vesper Lynd (Eva Green). A ela caberá avaliar e aprovar a liberação da verba para a execução da missão.

Mas porquê tanta revolta com a escolha do novo James Bond? Desde que foi escalado para viver o agente mais famoso do mundo do cinema, muitas mentiras e fofocas sobre o ator foram ditas. Sem o charme de seus antecessores – Sean Connery, George Lazenby, Roger Moore, Timonthy Dalton e Pierce Brosnan – Craig precisou dedicar-se mais ao papel e provar que era capaz de interpretá-lo. Com o lançamento de Cassino Royale, muitas vozes irão se silenciar. Craig pode não ter algumas das qualidades que foram exigidas por muitas décadas, para vivenciar o agente, mas conseguiu uma grande proeza: dar novo fôlego a uma série que começava, nas palavras do diretor Martin Campbell, a ficar ridícula.

Famoso por seus papéis no teatro londrino e em filmes como Munique e Nem Tudo é o que Parece, este ator inglês conseguiu injetar novas características ao personagem. É um dos melhores atores a interpretar James Bond. Moderno, ele corre, luta, sangra e executa suas tarefas como um verdadeiro agente secreto. E Craig prova estar a altura do personagem, principalmente, em suas cenas de ação. Os primeiros minutos, uma perseguição a pé atrás do terrorista Mollaka (Sebastien Foucan) é arrepiante, digna de um filme de James Bond.

Nota:

Crítica por: Viviane França

 

 

007 – Um Novo dia Para Morrer

 

“Uma relíquia da Guerra Fria”. Num dos últimos filmes do agente James Bond para os cinemas, é desta maneira que a personagem M (interpretada por Judi Dench) define o célebre personagem criado por Ian Fleming e levado às telas pela primeira vez na década de 60. Nascido na época em que o mundo se dividia entre capitalistas (mocinhos) e comunistas (bandidos), os filmes de Bond ainda se situam nesta época, mesmo depois da queda de vários símbolos do comunismo e da hegemonia quase total do capitalismo via globalização.

Tal fato, obviamente, não pode ser considerado um erro ou um defeito da cinessérie. James Bond basicamente é e sempre foi calcado nisso: na defesa do ocidente contra as idéias mirabolantes de algum vilão vermelho e/ou oriental. Mudar essa característica agora descaraterizaria completamente o personagem.

Apesar disso, incomoda (mais pela atual situação política mundial do que pela inserção no filme) o fato de “Um Novo Dia Para Morrer” ter um vilão de origem norte-coerana. Casualidade do destino ou não, em meio à uma perigosa e delicada crise diplomática como essa, a Coréia do Norte certamente seria o país menos indicado a se tornar lar de algum vilão “bondiano”. Mas, dos males deste novo filme, este (acreditem) é o menor.

“Um Novo Dia Para Morrer” é extremamente irritante, chato e confuso. Exagerado, barulhento, mal dirigido, repleto de diálogos terríveis e humor falho, a nova aventura de James Bond decepciona (bastante) aqueles que esperavam por um retorno às divertidas e interessantes tramas das décadas de 60 e 70, simplesmente porque a trama aqui inexiste. O roteiro, como nos filmes de ação mais capengas de Hollywood, é pretexto para se explodir carros e prédios.

A história do filme (que se adequa perfeitamente ao molde dos outros filmes, ou seja: não tem nada de original) é um verdadeiro emaranhado de clichês, personagens inúteis, locações imbecis e nada necessárias e muita bobagem saída das bocas de Pierce Brosnan (Bond) e Halle Berry (Jinx, a principal bondgirl dessa nova produção).

Bond começa aprisionado e torturado na Coréia do Norte, após uma fracassada missão. Depois de vários meses preso, ele é trocado por um terrorista coreano chamado Zao (Rick Yune). Voltando à Inglaterra, 007 tem sua licença para matar revogada e precisa se virar para se vingar e resolver a intriga que deixou em aberto ao ser trancafiado.

Na trilha para resolver o mistério, Bond se depara com um novo-milionário de nome Gustav Graves (vivido por Toby Stephens) que fez fortuna ao descobrir diamantes em algumas minas do globo. Depois de uma investigação em Cuba (onde as pessoas vivem dançando pelas ruas, como num episódio de Os Simpsons), Bond começa a colocar o nome de Graves em jogo, suspeitando que o milionário possa estar envolvido num plano mirabolante que jogará o mundo em guerra (e que ainda envolve troca de identidades, raios solares, satélites ultra-poderosos, palácios de gelo que derretem e uma guerra entre as Coréias). Ele ainda conta com a ajuda de Jinx (Halle Berry), uma agente americana que também está no rastro de Graves, e com o auxílio de Miranda Frost (Rosamund Pike), instrutora de esgrima do excêntrico milionário.

Quase nada fica claro nessa imensa confusão criada pelos roteiristas. O filme simplesmente atropela fatos, como se corresse para que a ação entrasse logo em cena a fim de não fazer a platéia (entorpecida com uma história tão frouxa) dormir.

O personagem Zao poderia perfeitamente não existir. Capanga do vilão, o sujeito não tem a mínima relevância para a trama. Parece existir somente para justificar os gastos com um maquiador (ele tem estranhos fios de metal presos à seu rosto pálido). O mesmo pode ser dito da patética professora de esgrima vivida por Madonna, que aparece numa ponta tão ridícula quanto a participação de Michael Jackson em “Homens de Preto II”.

Além disso, a passagem de Bond por Cuba é justificada da maneira mais imbecil possível: é lá que um dos principais personagens faz a sua troca de identidades numa clínica de terapia genética ultra-moderna (!!!). A mesma coisa cabe às locações na Islândia. Pra que filmar algo lá se a trama não tem nenhuma passagem realmente importante situada no local ?

Tudo vira pretexto para delírios megalômanos do diretor Lee Tamahori, confuso na hora de estruturar seu filme, e imbecil na hora de filmar as cenas de ação. O surfe de Bond num maremoto na Islândia é digno de figurar entre as cenas mais fakes do ano – e 2003 nem bem começou !

A conclusão, passada num avião em chamas, também é irritante, principalmente porque as caixas de som do cinema quase estouram com tantos CABUM! e BANG!. A cena inicial (que envolve hovercrafts e um campo minado) por outro lado, é sonolenta de tão desinteressante.

O filme ao menos parece não se levar muito a sério, e tenta construir piadinhas à todo instante. Mas como rir de cenas tão constrangedoras e trocadilhos tão infames ? Os roteiristas certamente não estavam muito inspirados ao escreverem tamanho engodo (diálogos idiotas e absurdos são bastante comuns por aqui).

A única coisa que vale a pena em “Um Novo Dia Para Morrer” é Halle Berry, que apesar de ter sua participação superestimada por alguns , está mais divertida e charmosa que o restante do elenco (o sujeito que interpreta o vilão não tem um pingo de carisma; Pierce Brosnan parece entediado).

Como M disse, James Bond é mesmo uma relíquia da Guerra Fria. A julgar por este último filme, como tal, o personagem deveria ser mantido num museu e bem longe dos cinemas. Ao menos seríamos poupados de outro filme idiota e irritante.


Crítica por:
Diego Sapia  

 

3 Macacos

 

 

Sinopse: Um pai de família trabalha como motorista de um candidato político. Quando o tal político comete um crime de trânsito, convence seu empregado a assumir a culpa e ir para a cadeia em troca de uma boa quantia em dinheiro.

O título 3 Macacos (Üç maymun) faz referência à universal imagem dos três primatas, cada um tampando os olhos, os ouvidos ou a boca. A mensagem do filme é exatamente essa: mostrar aquilo que todos fingem não ver e não ouvir e que, portanto, não é comentado.

Além da prisão arranjada do pai da família, os outros membros acabam assumindo o papel dos outros dois símios. A mãe começa um caso de adultério e não disfarça muito bem, e o filho também não se esforça em parecer um trabalhador. Os momentos de maior enganação são as visitas que o filho faz ao pai na cadeia.

O filme agradará aos cinéfilos que acompanham o chamado “circuito de arte” e ganhou o prêmio de Melhor Direção em Cannes. Realmente, belos quadros podem ser apreciados no decorrer da sessão, com a ajuda de uma direção de fotografia encantadora. Normalmente elogios são desferidos a essa área pelo bom uso da luz, mas nesse caso ocorre o oposto e o uso da sombra é o maior mérito.

A escolha de uma câmera fixa em diálogos que deveriam ter grande carga emotiva é estranha. Comumente, closes são explorados para intensificar a emoção em tais seqüências. Remando contra a maré, a câmera fica totalmente parada e distante.

Outra característica marcante é o andamento arrastado de 3 Macacos. Se, por um lado, é possível apreciar melhor os belos quadros já comentados, o ritmo lento pode provocar uma angústia incontrolável em quem estiver interessado em mais ação.


Crítica por:
Edu Fernandes

Site: www.homemnerd.com

 

 

2 Coelhos

 

Quando um filme brasileiro se arrisca em um gênero no qual nosso cinema não tem muita intimidade, sou a favor da antropofagia.

2 Coelhos é um exemplo atual dessa postura entre os filmes de ação, da mesma maneira que Besouro fez entre os filmes de super-herói.

Para contextualizar o leitor, a antropofagia vem da crença indígena de que, quando se come a carne de um guerreiro valoroso, se obtém as qualidades positivas desse guerreiro. No mundo das artes, a antropofagia defende que se use a influência estrangeira sem necessariamente perder as características únicas da nossa cultura.

O filme conta a história de Edgard (Fernando Alves Pinto, de Nosso Lar), um homem com um plano complexo para resolver dois problemas ao mesmo tempo. Na concretização do plano, muitos tiroteios, perseguições e explosões serão necessárias. É nesse ponto que 2 Coelhos usa a influência de Hollywood, especialmente de filmes de Quentin Tarantino (Bastardos Inglórios) e Guy Ritchie (Sherlock Holmes 2).

Por outro lado, a produção não deixa de lado sua brasilidade. Os obstáculos enfrentados pelo protagonista, as piadas nos diálogos e as paisagens paulistanas não nos deixam esquecer que se está vendo um filme nacional.

Depois de fracassos como Federal e Segurança Nacional, é importante que 2 Coelhos consiga achar seu público. A qualidade finalmente está na tela em um filme de ação genuinamente brasileiro.

Crítica por: Edu Fernandes (CineDude)

 

 

10.000 a.C.

 

Assim como Michael Bay (‘A Rocha’, ‘Transformers’, ‘Armageddon’), Roland Emmerich (‘O Dia Depois de Amanhã’, ‘Independence Day’) é a personificação do cinema “Blockbuster Hollywoodiano”. Existem pessoas que odeiam aqueles filmes cheios de ação exorbitantes e roteiro totalmente sem aprofundamento, e também tem seus seguidores, que se deliciam com as centenas de balas, granadas, explosões e ataques (alienígenas, terroristas ou da própria natureza).

Se você é um dos fãs do gênero, ‘10.000 a.C.’ é uma jornada incrível por um mundo perfeito (criado de maneira espetácular por efeitos especiais), cheio de animais perigosamente gigantescos, paisagens exóticas e heróis bastante modernos. Mas quanto ao roteiro… não precisa comentar muito: um filme que se passa há mais de 12.000 anos atrás, mas com personagens bastante modernos (parece que eles fizeram dreadlocks e saíram do mundo atual neste momento) e história de amor aparentemente tirada de qualquer romance meloso hollywoodiano.

Em uma tribo remota, o jovem caçador de mamutes D’Leh encontrou o seu amor: a linda Evolet. Mas um bando de misteriosos guerreiros seqüestra Evolet, e D’Leh então se vê forçado a liderar um pequeno grupo de caçadores, iniciando uma perseguição aos guerreiros até o fim do mundo para salvá-la.

Movidos pelo destino, o improvável grupo de guerreiros irá combater predadores pré-históricos e enfrentar terríveis adversidades. Ao final de sua heróica jornada, eles acabarão por descobrir uma civilização perdida. Seu destino final estará nas mãos de um império inimaginável, onde grandes pirâmides alcançam o céu. Ali eles irão desafiar um deus tirânico que escravizou brutalmente seu povo. E será aí que D’Leh finalmente compreenderá que foi escolhido para salvar não apenas Evolet, e sim toda a civilização.

Animais gigantescos, ação de cair o queixo e tomadas heróicas em slow-motion: está tudo lá, para você se deliciar! Como dissemos no início desta crítica: se você é fã do gênero, vai sair do cinema deslumbrado.

 

 


Crítica por:
Renato Marafon 

 

 

2012

 

O mundo vai acabar em 2012. A piada, que vem fazendo parte do cotidiano dos cinéfilos brasileiros, ganhou força depois do apagão que tomou conta do País na última terça, 10 de novembro. 2012, o filme-catástrofe da vez, estreia desta sexta-feira 13 não poderia chegar em hora melhor no Brasil. O longa do diretor Roland Emmerich é mais uma produção que destrói o mundo – ou parte dele.

Emmerich foi esperto ao aproveitar o bom momento internacional do Rio de Janeiro e colocar a cidade na rota do fim do mundo. O primeiro grande erro de 2012 vem daí: o poster que mostra o Cirsto Redentor, um dos maiores símbolos do turismo nacional, sendo destruido, está na pespectiva errada. Para piorar, no filme o Cristo é destruido de forma ridícula, em uma cena rápida que aparece como ‘transmisssão da Globo News’. Tanto alarde para nada.

Se para nós esta era a parte mais interessante, o que dizer do resto? Muito pouco. 2012 é aquilo que se espera dele: efeitos especiais de primeira em um roteiro chinfrim. Todos os clichês que fizeram o sucesso dos filmes catástrofes nos anos 1970 estão lá: um bom ator como protagonista – aqui é John Cusack, no passado foram Paul Newman e Steve McQueen em Inferno na Torre e Gene Hackman em O destino do Poseidon – família que tenta superar seus problemas, casais separados que ainda se amam, o presidente americano do bem (e ele é negro e simplesmente é o Danny Glover!), outro político qualquer do mal, e por aí vai.

O herói que tenta salvar a família é John Cusack, mas antes que ele aparece efetivamente em cena, temos mais de uma hora de explicações sobre o porquê do mundo acabar. 2012 começa, na verdade, em 2009, quando um cientista indiano percebe que a Terra está com seus dias contados e neste trecho tem uma explicação detalhada sobre profecias maias.

E quando chegamos, finalmente, a dezembro de 2012, as coisas começam a explodir. Com o alinhamento da Terra com os outros planetas o mundo começa a sofrer uma série de catástrofes e se torna quase inabitável, resultando em uma morte massiva de seres vivos por todo planeta. O governo dos Estados Unidos – sempre eles! – decide construir arcas insubmergiveis para salvar uma parte da população, para depois reconstruir novamente a civilização.

Sentiram o clima de Arca de Noé? Mas agora é uma arca moderna, ou melhor, são quatro arcas construídas pelos chineses – porque os americanos mesmo não põem a mão na massa. Sim, arcas Made in China.

Os americanos podiam sacanear e mostrar as arcas partindo ao meio antes do fim da travessia, mas não, o objetivo do filme não é questionar a qualidade dos produtos chineses, mas fazer uma produção globalizada – e as espécies que vão sobreviver são escolhidas de acordo com a quantidade de grana que possuem em seus bolsos.

Mas tem sempre um pé rapado tentado furar a fila, no caso John Cusack & família. E nesta odisseia, enquanto o mundo vai pelos ares e os ricos tentam um lugar nas arcas, lá se vão 158 minutos da sua vida.

Roland Emmerich é fissurado mesmo por catástrofes – Independence Day e O dia depois de amanhã são outras pérolas dele – e dessa vez não poupa esforços para explicar sua história. Não me convenceu. Mas ainda tem gente que curte esse tipo de filme – conheço meia dúzia de pessoas que não vê a hora de conferir de perto o mundo indo para a ponte que partiu.

Se você é desses que gostam de filmes sem cérebro, faça bom proveito. Mas, admito, em uma coisa Emmerich acertou: não é Denzel Washington, o héroi americano deste século, quem salva o mundo.

Menos mal.

 


Crítica por:
Janaina Pereira (Cinemmarte)

 

 

1408

 

Adaptar uma obra literária para as telas do cinema é sempre um grande risco não apenas para os estúdios, mas também para o público. Este pode se surpreender ao ver seu personagem predileto fora da trama ou encontrar passagens essenciais da história reescritas. E o risco se torna ainda maior quando o autor do livro possui uma legião de fãs.

 

Em 1408 (1408 – EUA/2007, 104min. Imagem Filmes), história adaptada da Coleção de Contos “Tudo é Eventual” de Stephen King, o diretor sueco Mikael Hafstrom (Fora de Rumo) e o roteirista Matt Greenberg (Halloween 20 Anos Depois & Reino de Fogo) tiveram a sensibilidade de captar cada detalhe das vinte e cinco páginas do conto e filmar uma ótima e arrepiante história de terror.

 

1408 conta à história de Mike Enslin (John Cusack – O Júri), um famoso autor de livros que dedica suas solitárias noites hospedando-se em casas e castelos mal-assombrados e dormindo em sombrios cemitérios. Certo dia, Mike decide hospedar-se no Hotel Dolphin. Vestindo sua camisa havaiana da sorte ele entra no pequeno e charmoso saguão do hotel, com sua antiga porta giratória e suas superestofadas poltronas. Recebido a contra-gosto pelo inteligente e perspicaz gerente Olin (Samuel L. Jackson – Pulp Fiction – Tempo de Violência), Mike é persuadido a desistir da idéia de passar uma noite em um quarto localizado no 13º andar, cuja soma dos números é 13 e onde 30 mortes naturais e 12 suicídios ocorreram desde 1910. Mesmo avisado de que “algo ruim” habita o quarto, de que os relógios de pulso, celulares, cartões magnéticos, calculadoras, bipes…não funcionam no local, Mike insiste em passar a noite num lugar onde ninguém conseguiu permanecer vivo por mais de 60 minutos.

 

A janela onde vários hóspedes pularam para a morte, os três quadros tortos na parede, o cinzeiro de vidro, a caixa de fósforos de 1955, o grande e preto telefone a disco, o silêncio do quarto mesmo com as janelas abertas e as cortinas se balançando, as rachaduras nas paredes, os suicidas…tudo está no filme de Hafstrom, assim como o incrédulo escritor que John Cusack incorporou com “alma”. As sensações de clausuramento, impotência e terror se devem, sem dúvida, a Cusack, que atua praticamente só durante quase toda a trama. Dentro de um quarto, munido de apenas um gravador e um telefone, ele conversa com si próprio enquanto é atormentado pela visão de fantasma caminhando pelo quarto e pela pergunta: ele está sonhando ou está acordado?

 

A Samuel L. Jackson, que na versão para a grande tela ganhou mais destaque, coube preparar uma aterrorizante atmosfera e deixar a platéia e o personagem de Cusack de “cabelos em pé”, antes mesmo de todos “pisarem” no sombrio quarto.

 

Apesar do desfecho diferente do livro (que o diretor promete inserir, ao lado de outros finais alternativos, no DVD) e de algumas passagens e personagens criados para a trama do filme, mas que em nada interferem ou modificam a essência da história, 1408 é diversão certa para os fãs do gênero. Alguns minutos de ótimos sustos!

 


Crítica por:
Viviane França
Site Oficial : —

 

 

500 Dias com Ela

 

“O filme a seguir é uma história de ficção. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência. Especialmente você Jenny Beckman. Vaca”.

É assim que começa (500) Dias com Ela, em cartaz a partir de hoje. Este é o primeiro longa de Marc Webb, conhecido diretor de videoclips, que conquistou público e crítica nos Festivais de Sundance e do Rio (onde Webb esteve presente para a pré-estreia do filme) e, mais recentemente, na Mostra de São Paulo.

A trama parece ser mais uma comédia romântica, mas só parece. Bem, comédia até que é. Romântica, não necessariamente.

Summer, a mocinha (Zooey Deschanel, sósia da cantora Kate Perry), é descolada e apaixonante. Tom, o mocinho (Joseph Gordon-Levitt, extremamente semelhante ao saudoso Heath Ledger), é um típico nerd que acredita que vai encontrar sua alma gêmea. Ele, claro, se apaixonada por ela, mas a moça não quer compromisso sério porque simplesmente não acredita no amor. Ainda assim, Tom se envolve com Summer e o que vemos na tela são, justamente, os 500 dias em que vive em função da garota que julga ser a mulher dos seus sonhos.

Por muitas vezes, Summer é doce e adorável. Até o expectador se encanta por ela. Mas, como vemos o filme sempre da perspectiva de Tom, percebemos que a moça também consegue ser indiferente e cruel. Algumas das frases mais dolorosas que os apaixonados nunca podem ouvir saem dos lábios carnudos de Summer. A menina não tem dó nem piedade de seu amado.

Claro que, com um diretor que veio do mundo da música, a trilha sonora tinha que ser destaque do longa. O momento em que Tom canta Here comes your man, do Pixies, é hilário. E as intervenções com She´s like the wind, idem. A trilha, aliás, é um personagem tão importante do filme quanto Summer e Tom. A linguagem da produção, de um modo geral, é bastante particular, imprimindo um estilo marcante para o jovem cineasta Webb, que conseguiu aproveitar na telona toda sua experiência visual com os clipes.

O que diferencia (500) Dias com Ela das outras comédias românticas é que, neste caso, não há romance, mas também não vemos o amor não correspondido. Porque Summer gosta de Tom, mas não o suficiente. E isso é o que nos torna cúmplices dele, e faz com que o filme seja criativo e inteligente, apesar de sua visão dolorosa, mas bastante verdadeira, do amor.

Após assistir ao longa, só um pensamento me vem a cabeça: que Tom – e todos aqueles que um dia já foram rejeitados – viva muito bem 500 dias sem ela.

 


Crítica por:
Janaina Pereira (Cinemmarte)

 

 

10 Filmes de Pedro Almodóvar

Aproveitando o lançamento do novo filme de Pedro Almodóvar, ‘A Pele que Habito’, listemos 10 bons filmes de sua safra. Devo confessar ao leitor que, até hoje, assisti exatamente 10 filmes do diretor espanhol.

Então, esta lista não pode ser dos 10 melhores, mas de 10 filmes de Almodóvar – até porque só nove são bons!

10. Carne Trêmula

O único filme que vi e digo: não gostei! Falta profundidade nas personagens, as cenas com drogas parecem estar lá para chocar, mas são tediosas e pueris. Os vários gêneros que aqui se misturam (romance, policial, drama) parecem entrar em conflito. Caso raro na obra de Almodóvar.


9. Abraços Partidos

Recém-lançado, este trabalho não é ruim como o anterior. Tem muitas qualidades, mas sofre de uma espécie de anemia. Há uma ótima história, excelentes atuações, belos enquadramentos. Mas, a fórmula que o diretor vem desenvolvendo nesta fase apresenta esgotamento. Mais precisamente: parece que está entrando em uma entressafra. A história do diretor cego apaixonado por sua musa carece de paixão! A película tenta ser uma ode de amor ao cinema, mas não passa de uma serenata. Muito bem cuidada, realmente, porém, em seu conjunto, o filme aparenta um diretor cansado, ou, o mais provável, em fase de transição.

8. A Lei do Desejo

Filme de sua fase mais colorida, neste trabalho o drama começa a roubar espaço do humor. A história de Pablo, diretor de teatro homossexual, sua irmão transexual e de Antônio, rapaz por que Pablo se apaixona, reúne temas caros ao diretor. A paixão e o desejo e suas consequências são o centro deste trabalho – como da maior parte da obra de Almodóvar. O desfecho é a demonstração da sua capacidade de misturar gêneros, causar catarse e expor os lados escuro e doce das pessoas em uma explosão visual.

7. Mulheres a Beira de Um Ataque de Nervos

Aqui o negócio começa a ficar injusto! Os filmes a seguir são, no mínimo, brilhantes! “Mulheres a Beira de Um Ataque de Nervos” é sintetizador das qualidades cômicas de Almodóvar. As cores derramadas em flerte com o brega, a falta de verossimilhança dos acontecimentos e o exagero das atuações somadas alcançam uma profundidade psicológica, revelando muito sobre essas mulheres nervosas, sem perder a leveza do humor escrachado. Um filme justamente aclamado!

6. Matador

Pouco lembrado, este trabalho de início de carreira impressiona. A sequência de abertura impacta, mostrando as intenções do diretor: desenhar as contradições humanas, enquanto mostra o pior e melhor de seus personagens. A história do toureiro que sentia prazer em matar as mulheres e da advogada que revive a tauromaquia quando assassina seus parceiros é intensa, chocante, arrebatadora. Almodóvar consegue unir muito bem drama, romance e policial em uma única estrutura. A belíssima sequência final expõe as ambiguidades dos protagonistas e de nossos sentimentos em relação a eles.

5. Ata-me!

Esta é a comédia da obsessão de Ricky por Marina, ex-atriz pornô. Ele acaba de sair de uma instituição psiquiátrica. Apaixonado por Marina, ele a sequestra para convencê-la do amor que sente. Colorido, o filme não dispensa toques de suspense quando expõe as peripécias de Ricky para prender Marina. Após um turbilhão de acontecimentos inusitados, o fim deixa uma sensação de leveza no espectador.

4. Má Educação

Aqui, Almodóvar atinge o ápice da descontinuidade temporal. São idas e vindas através de diversos planos narrativos. Mesmo com roteiro em camadas, o espectador não se perde. Acompanhamos o drama de Enrique Goded, diretor de cinema que se reencontra com Ignácio Rodriguez, antigo amigo e primeiro amor. O filme fala de culpa, perdão, desejo e toca, sem meios tons, na pedofilia na igreja católica. Os minutos finais reúnem os diversos planos narrativos de maneira inventiva enquanto um grande segredo é revelado.

3. Volver

Os três primeiros colocados considero as obras-primas do diretor. “Volver” é a história de Raimunda tentando encobertar o assassinato do marido, a de sua irmã Sole tentando proteger o fantasma da mãe e de sua prima Agustina tentando descobrir o paradeiro da mãe. O enredo mescla suspense, drama familiar e comédia. Sequências como as que Raimunda busca esconder o corpo do marido são primores do suspense, com trilha sonora Hitchcockiana. O tratamento natural dado ao aparecimento do fantasma de Irene causa uma cômica estranheza. E desse espelho de vida e morte afloram ressentimentos represados. Almodóvar constrói uma atmosfera agridoce, entre a tristeza e a alegria. E sentimos imensa vontade de dividir a mesa do jantar com aquelas senhoras.

2. Fale com Ela

O conselho de Benigno para Marco ecoa na cabeça do espectador: “hable con ella”. Não é apenas a voz dele. É principalmente por nos lembrar que por amor, desejo ou fé podemos superar impedimentos físicos. No caso, as mulheres que esses homens amam estão em coma. Tratando-se de um filme de Almodóvar, não podemos reduzir os sentimentos das personagens a uma questão de superar os problemas. O cuidado de Benigno por uma mulher que não conhece pode ser um sinal de amor ou de uma obsessão.

Apesar dos protagonistas serem homens, a alma feminina é o tema. São os problemas de saúde das mulheres que movem a trama. Se em outras fitas o diretor mostrava as mulheres por elas mesmas, nesta a mulher é vista pela ângulo masculina e o que elas causam na nossa psique!

1. Tudo Sobre Minha Mãe

Se fosse o fim do mundo e tivesse que escolher um filme de Almodóvar para ser salvo, de olhos fechado escolheria “Tudo Sobre Minha Mãe”.

Em seu aniversário, Estebán recebe de presente assistir uma peça estrela da por Huma Rojo. Sua mãe, Manuela, promete contar-lhe tudo sobre seu pai, que não conheceu. Porém, em uma tentativa de conseguir um autógrafo da atriz da peça, o rapaz morre atropelado. Manuela parte para Barcelona para reencontrar o pai de seu filho. Lá, fica amiga de Huma e de outras mulheres e travestis.

A narrativa faz com que nos identifiquemos com essas “atrizes”. Mesmo os mais preconceituosos podem se identificar com os sentimentos da travesti Agrado. Isso porque Almodóvar filma criaturas extremamente humanas, talvez as mais verossímeis de sua carreira, conseguidas em boa parte pelas atuações pungentes.

Quando me lembro do filme não me vem primeiro os aspectos “chocantes”. Antes, lembro-me dos sentimentos de amizade e do amor materno. O mérito desta obra é identificarmo-nos com pessoas que, na vida real, pensaríamos não ter nada haver conosco.

A dedicatória do filme revela muito ao espectador:

“Para Bette Davis, Gena Rowlands, Romy Schneider… a todas as atrizes que interpretaram atrizes, a todas as mulheres que atuam, aos homens que atuam e se convertem em mulheres, e a todas as pessoas que querem ser mães. À Minha mãe”.

Os 10 Melhores Filmes Com Famílias Insanas

Confira abaixo: “Quem puxa aos seus, não degenera”.  “Os amigos, são a família que você escolhe”. Montar esta lista não foi tarefa fácil, visto que em alguns filmes o laço sanguíneo não está bem definido ou simplesmente não existe. Leve em conta as duas máximas que iniciam este parágrafo e fique a vontade para criticar e/ou acrescentar novos títulos.

10. Os Estranhos (The Strangers, EUA 2008)

Jovem casal decide passar veraneio num casa isolada e durante a madrugada são ameaçados por uma família de psicopatas mascarados. O filme abusa dos cliches, tem pouquíssimos diálogos e não está interessado em oferecer explicações ao expectador. E é exatamente por isso que garante bons sustos. Ainda em tempo: Liv Tyler é a protagonista!

9. Massacre em Hollywood (Helter Skelter, EUA 1976)

Na madrugada de 9 de agosto de 1969, membros da “Família Manson” invadiram a mansão de Roman Polanski, amarraram e esfaquearam brutalmente cinco pessoas, entre elas a atriz Sharon Tate, esposa do diretor. Este terrível episódio e um pouco da história do psicopata Charles Manson, fundador e mentor intelectual do macabro grupo de assassinos, é contado neste longa feito para TV. O título original faz menção a uma das mais famosas canções do álbum homônimo dos Beatles lançado em 1968. O termo “helter skelter” foi pichado com sangue na casa de Polanski onde ocorreram os crimes há 40 anos.

8. A Mão do Diabo (Frailty, EUA 2001)

O papai Meiks (Bill Paxton) acredita ter uma missão divina aqui na Terra: destruir os demônios que habitam corpos humanos. Imbuído deste sentimento aparentemente insano, ele treina seus dois filhos pequenos Adam e Fenton, para esta jornada, depois que um “anjo” entrega uma lista apontando quais são as falsas pessoas que devem ser destruídas. A história é contada em flashback por um dos garotos já adulto (Matthew McConaughey) à um xerife que está a caça de um serial killer que se autoproclama como “Mão de Deus”. Surpreende mistura de thriller com policial dirigido com competência pelo astro Paxton.

7. Rejeitados pelo Diabo (Devil’s Rejects, EUA 2005)

O Tarantino dos pobres, o roqueiro e diretor Rob Zombie já havia nos apresentado sua familia de assassinos – Otis, Baby e o Capitão Spalding – no seu longa de estreia, A Casa dos 1000 Corpos (2003). Mas este aqui é muito melhor e merece lugar na lista. O filme, que já começa com uma cena de tiroteiro entre a policia e os criminosos, transforma-se numa roadtrip delirante e nostálgica, onde acompanhamos os passos deste violento grupo perseguido por um xerife casca-grossa.

6. Otis (EUA, 2008)

Indignada com a habilidade quase tragicômica do FBI em encontrar sua filha sequestrada, a família Lawson decide tomar a investigação e a justiça em suas mãos. Quando descobrem o endereço do possível criminoso, não pensam duas vezes antes de encher o cara de porrada, queimá-lo, extirpá-lo e torturá-lo até a morte. O que eles não sabem é que pegaram o cara errado… Filme independente de humor negríssimo estrelado por Daniel Stern (da série Esqueceram de Mim) que aqui dá o troco pelos maus tratos sofridos nas mãos de Macaulay Culkin.

5. Animal Kingdom (Australia, 2010)

Cansado de uma vida repelta de crimes, adolescente arrependido resolve se entregar a policia. Revoltada com a crise de consciência de seu rebento caçula, mamãe e seus outros quatros filhinhos sociopatas decidem eliminar de uma vez por todas a ovelha branca da familia, nem que para isso seja preciso exterminar todo o contingente policial de Sidney. Guy Pearce (o detetive que protege o garoto) é o nome mais conhecido deste thriller australiano de baixíssimo orçamento que recebeu merecidamente o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro na edição 2010 do Festival de Sundance nos EUA. Baseado em fatos reais.

 

4. Mum and Dad (Inglaterra, 2008)

Família de classe operária degenerada até ao tutano dedica o seu tempo a raptar jovens e a torturá-los. Os que têm a “sorte” de se tornarem “parte da família” são obrigados a passar por todo tipo de humilhação física e mental. Filme de terror britânico de baixíssimo orçamento que se sobressai pelo seu clima cruel, opressivo e perturbador.

3. Quadrilha de Sádicos (The Hills Have Eyes, EUA 1977)

Durante uma viagem de carro pela Califórnia, família dasavisada resolve pegar um atalho pelo deserto. Foi a sua desgraça. Eles são supreendidos por um grupo de canibais, mutantes de testes nucleares, que estão loucos para mudar o cardápio. Ensaio frenético de violência e ódio dirigido por Wes Craven, o “pai” do Freddy Krueger. Assim como tantas outras fitas de horror dos anos 70 e 80, gerou um remake nos anos 2000. Destaque para o cachorro que persegue implacavelmente os canibais no decorrer do filme, gerando cenas bem divertidas e sádicas.

2. 5150, Rue des Ormes (França, 2009)

Os Beaulieu aparentam ser uma família normal, mas passam longe disso: a mãe submissa sofre com a doença da caçulinha que nasceu com problemas mentais depois que ela levou um soco na barriga durante sua gravidez; a filha mais velha está sendo treinada para ser uma “justiceira” enquanto o pai é um serial killer que montou um xadrez com pessoas mortas no porão da casa. Coitado do estudante de cinema que quebra sua bike bem na frente da residência dos Beaulieu neste surpreendente e hipnotizante filme francês.

1. O Massacre da Serra Elétrica (Texas Chain Saw Massacre, EUA 1974)

Icones do cinema de horror moderno, a família de dementes canibais – que tem Leatherface como o seu representante-mor – idealizada por Tobe Hooper chocou o público dos anos 70 gerando inúmeras continuações para o longa e influenciando incontáveis outros filmes. A história aterrorizante, baseada em fatos reais, acompanha o desespero de cinco adolescentes ingênuos nas mãos de loucos texanos que se alimentam de carne humana. Foi o primeiro e mais importante horror de uma nova tendência de violência explícita e psicológica. O diretor Michael Bay patrocinou uma ótima refilmagem em 2003.

Por: Getro Guimarães (BLOG)