Os três primeiros episódios da aguardada adaptação de ‘Percy Jackson e os Olimpianos’ já estão disponíveis no catálogo do Disney+ – e uma das personagens mais intrigantes e amedrontadoras a terem aparecido até então é a Fúria conhecida como Alecto (Megan Mullally).
A antagonista, a princípio disfarçada como a Sra. Dodds, professora de Matemática de Percy (Walker Scobell), é uma enviada do deus do submundo Hades para caçar o semideus – que foi acusado de ter roubado o majestoso raio de Zeus. Alecto faz a primeira investida contra Percy logo no capítulo de estreia antes de ser empalada por uma espada e desvanecer de volta para onde veio. Ela, então, retorna no terceiro episódio exibido ao lado de uma de suas irmãs para continuar sua missão, até encontrar sua ruína após o protagonista titular e seus amigos, Annabeth (Leah Sava Jeffries) e Grover (Aryan Simhadri), usarem a cabeça de Medusa para transformá-la em uma estátua de pedra.
Mas quem são Alecto e suas irmãs Fúrias?
Originalmente, o trio de criaturas é conhecido como Erínias, as três deusas da mitologia grega (que carregam suas correspondências na mitologia romana) da vingança e da retribuição, que puniam homens por seus crimes contra a ordem natural do mundo. Elas também são chamadas de Eumênides, que, de forma irônica, significa “as bondosas” ou “as benevolentes” – cujo chamamento é utilizado para impedir uma cólera drástica por aqueles que pronunciarem seus nomes verdadeiros. Nascidas do sangue de Urano após ser castrado por seu próprio filho, Cronos, as Erínias são invocadas frente a homicídios, ofensas contra os deuses do Olimpo e perjúrio, e elas seriam clamadas para punir o infrator – motivo pelo qual Alecto é enviada para capturar Percy.
A ira das Erínias manifesta-se de várias maneiras. A mais grave delas era a loucura torturante infligida a um parricídio ou matricídio. Os assassinos poderiam sofrer doenças ou enfermidades; e uma nação que abrigasse tal criminoso poderiam perecer de escassez e, eventualmente, de fome e de doenças. A ira dessas criaturas só poderia ser aplacada com o rito de purificação ritual e a conclusão de alguma tarefa designada para expiação. E isso não é tudo: Alecto comenta que sua missão foi designada por Hades e por Perséfone, seguindo os passos da mitologia em que se encontra.
Além dela, o trio de Fúrias é composto por Tisífone e Megera. Todas são descritas no cosmos grego como criaturas monstruosas, com serpentes no lugar de cabelos e sangue escorrendo pelos olhos, além de asas semelhantes as de um morcego. O trabalho principal de Alecto é castigar os crimes morais cometidos pelos humanos, como a raiva cometida contra outrem; Tisífone, por sua vez, preza pela destruição vingativa (motivo pelo qual seu nome pode ser traduzido para “vingadora de assassinatos”); e Megera, cujo nome significa “invejosa”, era responsável por punir aqueles que cometiam crimes maritais, como infidelidade e quebras de juramento.
Assim como explorado na matéria sobre Medusa, a origem das Fúrias não é única e carrega disparidades de autor a autor: pelos escritos do poeta Hesíodo, elas emergiram após o sangue dos testículos de Urano cair sobre a esposa, Gaia; nas peças de Ésquilo, elas eram filhas de Nyx, a deusa da noite; já nas de Sófocles, as Erínias eram filhas da Escuridão e de Gaia; todavia, não seria até Eurípides que elas seriam contabilizadas e nomeadas como a conhecemos nos dias de hoje (Alecto, Tisífone e Megera), vivendo no submundo e emergindo ao plano terreno nas ocasiões mencionadas acima. Além disso, elas eram deidades identificadas com a fertilidade da terra.
Lembrando que o próximo episódio de ‘Percy Jackson e os Olimpianos’ vai ao ar em 02 de janeiro.
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