Confesso que tenho uma bela queda por histórias mitológicas, principalmente as gregas. Esta paixão vem desde moleque, assistindo “Os Cavaleiros do Zodíaco”, na extinta TV Manchete, até os dias atuais onde sempre busco aprender um pouco mais sobre essa época de nossa história.
Em Percy Jackson e os Olimpianos: O Ladrão de Raios, tive a oportunidade de ler um pouco mais sobre este tema tão apaixonante, obviamente fantasiado e com algumas adaptações históricas. Mesmo assim, o livro me encantou e já comecei a ler suas sequências.
Pena que não posso dizer o mesmo do filme…
Como todos sabem, a saga de Percy Jackson, escrita por Rick Riordan, ganhou o seu primeiro capítulo nas telonas, em estreia no último dia 12 no Brasil. Em Percy Jackson e o Ladrão de Raios, o garoto Percy se vê preso em um universo muito aquém de suas expectativas. Desconhecendo sua real identidade, o garoto franzino e inquieto passa por verdadeiras aventuras mitológicas, outrora existentes apenas em seus livros de história. Deuses e monstros da Mitologia Grega passam a viver em meio às pessoas em pleno século XXI e, para piorar as coisas para Percy, parece que todos têm um objetivo em comum: matar Percy Jackson! Isso porque todos acreditam que Percy seja o Ladrão de Raios, aquele que roubou o raio mestre de Zeus, a arma mais poderosa do Olimpo.
Mas Percy não está sozinho nesta aventura. Junto com Rony e Hermio…. ops…. Anabeth, filha da deusa Atena, e Grover, seu sátiro protetor, Har… desculpem… Percy Jackson, filho de Poseidon, irá em busca da verdade e tentará recuperar o raio mestre de Zeus antes de que uma verdadeira guerra entre os deuses elimine todo o planeta Terra e a vida tal qual a conhecemos hoje.
A piadinha acima não foi à toa. De fato, Percy Jackson e o Ladrão de Raios lembra bastante Harry Potter e seus subtítulos derivados. Até porque a receita é a mesma. A saga mitológica reúne cinco capítulos já existentes na literatura – Percy Jackson e o Ladrão de Raios; Percy Jackson e o Mar de Monstros; Percy Jackson e a Maldição do Titã; Percy Jackson e a Batalha do Labirinto; Percy Jackson e o último Olimpiano – e também três personagens carismáticos, envoltos em diversas aventuras e com um belo final feliz como a cereja do bolo. Além disso, a adaptação para o cinema deste primeiro longa de Percy foi dirigido por Chris Columbus, diretor dos dois primeiros episódios de Harry Potter (A Pedra Filosofal e a Câmara Secreta) …. quanta coincidência!
Me engana que eu gosto…
Geralmente, as histórias adaptadas de livros para o cinema rendem boas críticas, a maioria delas referente à compilação da história que deve ser adequada para as poucas horas de um longa cinematográfico. No entanto, Percy Jackson foi esquartejado! Pior do que isso, teve a sua história alterada, praticamente reescrita. Para vocês terem uma ideia, vou utilizar uma comparação básica, resguardando as devidas proporções, claro:
Imaginem que, em “Titanic“, ao invés do transatlântico chocar-se com um iceberg, tenha sido alvo de um meteoro! Ou, seguindo o nível de comparação, em “Romeu e Julieta“, o casal protagonista não tenha falecido ingerindo veneno, mas sim assassinado por um grupo de neo-facistas…. Pois é… Em Percy Jackson, como o próprio nome já diz, existe um ladrão de raios. Mas enquanto no livro este personagem é um, na adaptação cinematográfica o trombadinha é outro completamente diferente. E isso, apesar de parecer um mero detalhe às vistas grossas, torna-se fundamental para todo o enredo do filme. Outros personagens essenciais foram simplesmente esquecidos, assim como outros detalhes absurdamente alterados. Outro detalhe à título de curiosidade: no livro, Percy Jackson e Anabeth têm doze anos cada. No filme, ambos possuem dezessete e já dão indícios de um novo romance… Além disso, analisando friamente o roteiro, podemos perceber alguns furos primários, independentemente da adaptação literária. Lamentável.
Em suma, Percy Jackson e o Ladrão de Raios é um bom filme, com efeitos especiais bem trabalhados e uma história contagiante para aqueles apaixonados por história (e para aqueles que já sentem falta de outro raio, aquele presente na testa de um certo bruxinho…). No mais, para quem já leu o livro, não aguardem muita coisa. Tenho certeza de que a indignação será a mesma.
Crítica por: Rogério Lagos (Blog)