Em 2016, uma peça publicitária de X-Men: Apocalipse chamou atenção de maneira negativa. A imagem, usada em outdoors e cartazes, mostrava o vilão do título (interpretado por Oscar Isaac) enforcando a mutante Mística (Jennifer Lawrence), a heroína do filme.
Apesar de obras de super-heróis tratarem primordialmente de lutas, batalhas e cenas de ação, a imagem destacada para promover o filme não foi vista com bons olhos pelas feministas e ativistas de plantão. Segundo as mesmas, mostrar uma mulher sendo esganada por um homem para promover um filme mirado ao grande público – incluindo crianças – através de uma imagem a qual todos possuem acesso, é no mínimo de mau gosto.
Atriz se REVOLTA contra cartaz de ‘X-Men: Apocalipse’ e compra briga com a Fox
Após a grande polêmica, o estúdio Fox, produtor do filme, veio a público se desculpar pelo ocorrido e recolheu todas as peças que continham tal imagem.
Pensando nisso, o CinePOP resolveu formular uma nova lista, justamente sobre imagens consideradas polêmicas para a divulgação de um filme. Vamos lá.
Após polêmica, Fox pede DESCULPAS e removerá os banners de ‘X-Men: Apocalipse’
Racismo e Confusão
Encontro de Casais (2009) é uma comédia bem ruim, protagonizada por Vince Vaughn, Jon Favreau, Malin Akerman, entre outros. A trama apresenta quatro casais de amigos procurando apimentar suas relações e para isso, viajam até um resort em uma ilha tropical. Para a campanha britânica, um dos casais foi misteriosamente apagado do cartaz, justamente o casal negro da trama. Apesar de serem justamente os rostos menos conhecidos do elenco (Faizon Love e Kali Hawk), a manobra pegou mal, e as peças foram recolhidas.
Em outro caso, o artista Art Sims, responsável pela imagem que estampa o cartaz de A Hora do Show (2000), foi acusado de racismo por sabichões de plantão. A imagem escolhida é a da “blackface”, estereótipo muito usado no passado – e hoje considerado de péssimo gosto – que mostra brancos pintados de negros. O que os eruditos não sabiam é que tanto Sims, quanto Spike Lee, o diretor do longa, são negros, fortes representantes de causas racistas, e usaram a imagem justamente como sátira para intensificar o ponto do filme, cujo tema é estereótipos hollywoodianos do passado.
Tolerância zero ao cigarro
A estilista Gabrielle “Coco” Chanel ficou conhecida como um dos ícones da moda e elegância. E fumar, ao menos antigamente, era um grande demonstrativo de sofisticação. Então, nada mais natural do que o cartaz da cinebiografia desta grande figura, interpretada no longa por Audrey Tautou (Coco Antes de Chanel, 2009), estampe a imagem da atriz com um cigarro na mão.
No entanto, foram os próprios franceses os responsáveis por banir toda campanha de marketing que trouxesse tal imagem nos metrôs do país. Por lá, fumar é proibido, mesmo que seja em cartazes de filmes.
Aqui não!
O pôster do suspense de quinta Colega de Quarto (2011), clone juvenil descarado de Mulher Solteira Procura… (1992), mostra em sua arte a protagonista psicótica interpretada por Leighton Meester em meio a uma multidão no campus de sua universidade. O que chamou atenção surpreendentemente para a Southwestern College em Winfield, Kansas, foi ver sua querida universidade (ou o prédio administrativo) impresso no cartaz do filme B, sem autorização.
Após moverem um pedido de processo, veio à tona que a imagem havia se tornado pública, e legalmente licenciada no aplicativo iStockPhoto. Desta forma, os produtores puderam manter a imagem sem problemas, o que não tira o sentimento de vergonha alheira para os alunos e o corpo docente.
Faca… ou Vergalhão na caveira
Filmes de terror costumam usar imagens gráficas em sua campanha de marketing, afinal sabemos bem para que tipo de público tais obras são destinadas. E com Premonição 5 (2011) a coisa não foi diferente. A arte estampada no pôster mostrava um crânio sendo perfurado por diversos vergalhões.
A polêmica ocorreu após 13 reclamações de que crianças haviam ficado traumatizadas ao colocarem os olhos em tal imagem forte. Assim, o órgão especializado entrou em ação banindo a campanha contendo a imagem de ônibus e metrôs.
Plágio
A franquia Se Beber, Não Case (2009, 2011 e 2013) se tornou uma das mais bem sucedidas do gênero comédia. Parte da trama do segundo filme envolvia o personagem Stu (Ed Helms), que havia ficado sem um dente no primeiro, fazer uma tatuagem no rosto, idêntica a do lutador Mike Tyson, figura recorrente na trilogia. Um dos cartazes da campanha do filme mostrava justamente o rosto de Stu já devidamente desenhado.
Tyson pareceu não se incomodar muito. No entanto, o responsável pela criação da arte, sim. O artista S. Victor Whitmill, foi quem confeccionou a imagem usada pelo ex-lutador, e não gostou do estúdio se apropriar de sua criação, levando a Warner Bros. para os tribunais por violação de direitos autorais. A campanha de marketing com o cartaz foi mantida e o caso posteriormente foi resolvido fora dos tribunais, através de um acordo.
Armas
Existe uma grande relutância da censura norte-americana em aprovar campanhas de marketing de filmes que utilizem armas de fogo. Quando sua venda é a de um filme de ação ou policial, fica difícil não representar os itens em seu cartaz, caso contrário poderia ser considerado propaganda enganosa. Variados casos de filmes nos quais personagens aparecem armados em cartazes já causaram controvérsia, e em geral é pedido para que ao menos não apontem a arma diretamente para frente, no caso, para nós.
Aqui, citaremos o caso com O Procurado (Wanted, 2008), filme com Angelina Jolie e James McAvoy. Após 17 reclamações, afirmando que a campanha de marketing aprovava a violência através da glorificação e glamourização do uso de armas de fogo, tais imagens foram banidas.
Sexo no Deserto
Sexo também é um assunto delicado na venda de uma produção cinematográfica. Mas aqui temos um caso peculiar. Sex and the City 2 (2010) trazia no cartaz a atriz Sarah Jessica Parker exalando sofisticação, ao fazer as areias de Abu Dhabi de passarela.
Consequentemente, o filme foi banido em Israel. O motivo não foi o conteúdo árabe, tampouco o figurino revelador da protagonista, mas sim o fato do longa conter a palavra “sexo” em seu título.
Sem nudez, para os babões
Não importa o quão sexy seja o seu filme, na campanha de marketing a censura chega junto para banir sua divulgação. Recentemente, tivemos dois casos de grandes produções cujas campanhas se tornaram polêmicas, para dizer no mínimo.
Alguns cartazes de Millenium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres (2011), de David Fincher, chamaram atenção por trazer Lisbeth Salander (Rooney Mara) nua, exibindo os piercings nos mamilos, que a atriz de forma metódica fez questão de realmente utilizar na composição da personagem. Curiosamente, as maiores reclamações foram em relação ao fato do personagem de Daniel Craig aparecer abraçando-a, o que os fãs consideraram uma quebra na dinâmica dos personagens. Logo depois, novas artes colocavam a data de estreia do longa posicionada estrategicamente sobre a nudez da atriz.
Já em Sin City – A Dama Fatal (2014), o roupão da personagem Ava Lord (Eva Green), que seria interpretada por Angelina Jolie inicialmente, precisou ser feito menos transparente e não revelar muito os dotes protuberantes da atriz francesa, que reclamou da falta de necessidade de tal ação – lembrando que no longa, a atriz aparece mais tempo desnuda do que vestida.
Confira a diferença:
Por falar em Jolie, a atriz igualmente não viu necessidade e reclamou quando a arte para o cartaz de Lara Croft – A Origem da Vida (2003) foi modificada. Na versão original, os mamilos de Jolie apareciam através de sua roupa de mergulho, e foram estrategicamente removidos na arte final.
Aproveitadores do sucesso
Não é de hoje casos em que produtores seguram o lançamento de determinado filme, até que seu protagonista exploda e se torne famoso. É claro que vender sua produção, na maioria obras B, que não teria tanto apelo, podendo estampar agora o nome de um ator recém famoso, torna tudo mais favorável. Ao longo dos anos, filmes de terror fizeram isso com atores como Matthew McConaughey, Renée Zellwegger e Leonardo DiCaprio.
Aqui, citaremos o caso com Jesse Eisenberg e o filme Acampando no Inferno (Camp Hell, 2010). O filme foi relançado em 2012, com o novo titulo (inicialmente chamado de Camp Hope), obviamente, capitalizando em cima da fama do ator, indicado ao Oscar por A Rede Social (2010). Eisenberg, atualmente conhecido como o Lex Luthor de Batman Vs. Superman (2015), processou os produtores, alegando deturpação. Segundo o ator, sua participação no longa é apenas um cameo (ou uma aparição rápida), feita como um favor aos cineastas. O novo cartaz estampa o rosto do ator, levando a entender que ele é o protagonista da produção.
Photoshop esteve aqui
Há alguns anos as campanhas de marketing caminham lado a lado com os efeitos de computador na hora de vender imagens de filmes. O programa Photoshop é alvo de muitas piadas, quando vemos imagens que nada se assemelham, ou tentam dar aquela melhorada, em determinado astro. Em anos recentes, tivemos, por exemplo, a diminuição da retaguarda da atriz Jennifer Lopez no cartaz do filme Contato de Risco (Gigli, 2003).
Já o cartaz de As Bem Armadas (2013), foi alvo de polêmica, devido a arte grotesca confeccionada para sua campanha de marketing. A imagem usava o Photoshop de maneira amadora na hora de emagrecer a atriz Melissa McCarthy.