sábado , 2 novembro , 2024

Porque a fase do Homem-Aranha na FACULDADE é IMPORTANTE

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Nova trilogia envolvendo Tom Holland deve, enfim, iniciar arco adorado

Ao final de Sem Volta para Casa fica claro que se encerra o arco do colégio para Peter Parker e, com a confirmação por parte dos produtores de uma nova trilogia futuramente, começará o período de faculdade para o personagem. Mesmo que a ambientação só tenha recebido uma atenção verdadeira em De Volta ao Lar, o período escolar de Peter é muito importante nos quadrinhos.

Esse foi o momento que os leitores foram primeiramente apresentados à Parker em 1963 no qual, mesmo que se limitando a uma página introdutória, o introduziu como um jovem socialmente excluído no âmbito escolar, vítima de bullying por sua timidez e inteligência, bem como carregado de certo inconformismo com sua posição na hierarquia escolar.

O cenário também entrega um leque limitado, porém importante, de integrantes da mitologia do aracnídeo tais como Liz Allen e o bully Flash Thompson (este sendo uma figura recorrente em qualquer reimaginação do herói nos anos seguintes). A partir do momento em que ele recebe seus poderes é na escola que sua postura com os colegas muda, com ele agora tendo a autoconfiança para flertar e reagir aos insultos de Flash.

A escola não foi fácil para Peter Parker

Ainda assim, tal período não durou para sempre. Amazing Spider-Man #31, publicado em 1965, se tornou uma das edições mais lendárias do personagem na fase em que suas histórias contaram com Stan Lee e Steve Ditko por estabelecer em definitivo como certas questões cotidianas irão interferir com o jovem herói.

Começando pela troca do colégio pela Universidade Empire State, uma mudança que de início enche Peter de expectativa sobre um futuro brilhante no mundo da ciência só para receber em cheio uma sequência de pancadas da vida. Tia May não mais consegue esconder que está gravemente doente; o desempenho inicial de Peter na faculdade é bastante medíocre; constantemente preocupado e exausto ele não interage com os novos colegas, que por sua vez formam um preconceito bastante negativo sobre ele; a gangue do Dr. Octopus está realizando uma série de roubos que o Homem-Aranha não consegue impedir.

Já havia ocorrido situações anteriores em que as dificuldades da vida particular de Peter interferiram em sua disposição heroica, afinal a proposta de mostrar um protagonista mais relacionável está no cerne do personagem desde o início, no entanto é partir dessa edição que ele se vê mais contra a parede do que nunca e é ao final desse mini arco que ele supera as dúvidas sobre continuar sendo o Homem-Aranha.

Uma das histórias mais importantes do personagem

Não existe um cenário melhor para apresentar a transição definitiva de um jovem para a idade adulta do que a faculdade e com Peter não é exceção. É nesse arco também que leitores mais velhos, que já não estão mais no ensino médio, puderam olhar para essas histórias com outros olhos. 

Se antes a pré concepção de um super herói que era um estudante do colegial pudesse não soar tão interessante para um adulto nos anos 60, agora ele tem um chamariz que poderia ecoar em sua própria rotina; um personagem que era um universitário com dificuldades de equilibrar os estudos com trabalho e família pode ser uma representatividade poderosa para muitos leitores, principalmente em um período em que quadrinhos ainda não eram um símbolo cultural generalizado.

Já para aqueles que já estavam familiarizados com as aventuras do aracnídeo, o novo arco os presenteou com um leva de personagens inéditos. Não só isso, mas esses nomes se tornaram tão icônicos da franquia que futuros autores não se contentaram em propor novamente toda uma trajetória de Parker até a faculdade só para apresentá-los, introduzindo-os desde já na fase escolar.

Todas as pancadas sofridas pelo jovem nesse arco serem para torna-lo o herói que ele é

Foi aqui que Harry Osborn, o filho do milionário Norman Osborn, foi apresentado para o público, não sendo um amigo de infância do herói, como uma desavença universitária cujo preconceito por Peter vai aos poucos sendo desconstruído junto com os de outros colegas do elenco.

Junto ao novo núcleo foi apresentada também Gwen Stacey, a garota mais popular do campus que desde o primeiro momento sente algo por Peter que não sabe explicar. A relação de ambos é pautada inicialmente pelos desencontros, no qual o calouro tende a não se relacionar com os colegas por estar sendo sufocado por diversos problemas, o que leva sua relação com Gwen, em primeira instância, ser puramente tapas e beijos.

Felizmente isso não dura eternamente, pois o mau entendido passa eventualmente mas um respeito mútuo nasce daí. É só então que Peter se apaixona perdidamente, de uma forma que muito se distanciava da paixonite juvenil com Liz Allen ou da rápida e complicada com Betty.

Peter e Gwen crescem como pessoas graças ao relacionamento de faculdade

O relacionamento que nasce entre Peter e Gwen é outro momento de representatividade importante para leitores mais velhos, muitos já sendo casados, que reconhecem na situação algo que eles podem se assemelhar, buscando em memórias experiências semelhantes. 

Para Peter especificamente, estar com Gwen foi um momento de crescimento; um aprendizado sobre ele ter alguém em que se apoiar quando sua vida dupla se tornasse insuportável novamente. O menino se torna homem ao perceber que não precisava, nem podia, carregar o mundo sozinho.

E, claro, há Mary Jane Watson. Ainda que ela não componha o elenco universitário, ela faz sua estreia em Amazing Spider-Man #25 no icônico quadro em que Peter abre a porta de casa e lá está ela, o grosso de seu desenvolvimento subsequente se dá nessa fase, bem como a crescente de suas interações com o protagonista e com seu grupo de amigos.

Inicialmente apresentada como um contraponto comportamental à Peter, MJ também cresce como indivíduo

Mesmo que, por razões óbvias, ela não seja ainda a lendária Mary Jane companheira do Homem-Aranha sua presença é importante por, mais uma vez, reforçar o fator representatividade. Uma das primeiras características apresentadas da ruiva é sua visível independência e pouco interesse pelos padrões impostos pela sociedade, algo em total alinhamento com o que os jovens de meados dos anos 60 estavam passando.

Mary Jane em primeira instância funciona muito como um comentário sobre a revolução cultural que operava nos EUA por meio da música, principalmente. Nesse sentido é interessante notar que ela não pretende ter Peter como namorado desde já, uma vez que o mesmo estava com a Gwen, mas sim apenas se divertir quando dá na telha, algo que para alguém sobrecarregado como o herói é impensável e é daí que nasce a atenção inicial dele por MJ.

O arco da faculdade é para o Homem-Aranha um rito de passagem, o momento em que ele se consolida em diversos campos ao mesmo tempo que lida com novos dilemas. É também o período que, de uma forma ou de outra, seria mais abordado em produtos relacionados ao herói, mesmo que por vezes fosse disfarçado com a roupagem prévia de ensino médio.

Para o Aranha de Tom Holland esse pode ser também seu momento de consolidação definitiva, no qual ele pode pegar o saldo positivo com que sai de Sem Volta para Casa e levar o personagem para um novo caminho, tendo uma fundação que nenhuma outra adaptação teve e, assim, entregando uma versão que é madura não porque o roteiro de um único filme disse desde o início que ele o é mas porque ele se tornou-se gradativamente.

 

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Esse foi o momento que os leitores foram primeiramente apresentados à Parker em 1963 no qual, mesmo que se limitando a uma página introdutória, o introduziu como um jovem socialmente excluído no âmbito escolar, vítima de bullying por sua timidez e inteligência, bem como carregado de certo inconformismo com sua posição na hierarquia escolar.

O cenário também entrega um leque limitado, porém importante, de integrantes da mitologia do aracnídeo tais como Liz Allen e o bully Flash Thompson (este sendo uma figura recorrente em qualquer reimaginação do herói nos anos seguintes). A partir do momento em que ele recebe seus poderes é na escola que sua postura com os colegas muda, com ele agora tendo a autoconfiança para flertar e reagir aos insultos de Flash.

A escola não foi fácil para Peter Parker

Ainda assim, tal período não durou para sempre. Amazing Spider-Man #31, publicado em 1965, se tornou uma das edições mais lendárias do personagem na fase em que suas histórias contaram com Stan Lee e Steve Ditko por estabelecer em definitivo como certas questões cotidianas irão interferir com o jovem herói.

Começando pela troca do colégio pela Universidade Empire State, uma mudança que de início enche Peter de expectativa sobre um futuro brilhante no mundo da ciência só para receber em cheio uma sequência de pancadas da vida. Tia May não mais consegue esconder que está gravemente doente; o desempenho inicial de Peter na faculdade é bastante medíocre; constantemente preocupado e exausto ele não interage com os novos colegas, que por sua vez formam um preconceito bastante negativo sobre ele; a gangue do Dr. Octopus está realizando uma série de roubos que o Homem-Aranha não consegue impedir.

Já havia ocorrido situações anteriores em que as dificuldades da vida particular de Peter interferiram em sua disposição heroica, afinal a proposta de mostrar um protagonista mais relacionável está no cerne do personagem desde o início, no entanto é partir dessa edição que ele se vê mais contra a parede do que nunca e é ao final desse mini arco que ele supera as dúvidas sobre continuar sendo o Homem-Aranha.

Uma das histórias mais importantes do personagem

Não existe um cenário melhor para apresentar a transição definitiva de um jovem para a idade adulta do que a faculdade e com Peter não é exceção. É nesse arco também que leitores mais velhos, que já não estão mais no ensino médio, puderam olhar para essas histórias com outros olhos. 

Se antes a pré concepção de um super herói que era um estudante do colegial pudesse não soar tão interessante para um adulto nos anos 60, agora ele tem um chamariz que poderia ecoar em sua própria rotina; um personagem que era um universitário com dificuldades de equilibrar os estudos com trabalho e família pode ser uma representatividade poderosa para muitos leitores, principalmente em um período em que quadrinhos ainda não eram um símbolo cultural generalizado.

Já para aqueles que já estavam familiarizados com as aventuras do aracnídeo, o novo arco os presenteou com um leva de personagens inéditos. Não só isso, mas esses nomes se tornaram tão icônicos da franquia que futuros autores não se contentaram em propor novamente toda uma trajetória de Parker até a faculdade só para apresentá-los, introduzindo-os desde já na fase escolar.

Todas as pancadas sofridas pelo jovem nesse arco serem para torna-lo o herói que ele é

Foi aqui que Harry Osborn, o filho do milionário Norman Osborn, foi apresentado para o público, não sendo um amigo de infância do herói, como uma desavença universitária cujo preconceito por Peter vai aos poucos sendo desconstruído junto com os de outros colegas do elenco.

Junto ao novo núcleo foi apresentada também Gwen Stacey, a garota mais popular do campus que desde o primeiro momento sente algo por Peter que não sabe explicar. A relação de ambos é pautada inicialmente pelos desencontros, no qual o calouro tende a não se relacionar com os colegas por estar sendo sufocado por diversos problemas, o que leva sua relação com Gwen, em primeira instância, ser puramente tapas e beijos.

Felizmente isso não dura eternamente, pois o mau entendido passa eventualmente mas um respeito mútuo nasce daí. É só então que Peter se apaixona perdidamente, de uma forma que muito se distanciava da paixonite juvenil com Liz Allen ou da rápida e complicada com Betty.

Peter e Gwen crescem como pessoas graças ao relacionamento de faculdade

O relacionamento que nasce entre Peter e Gwen é outro momento de representatividade importante para leitores mais velhos, muitos já sendo casados, que reconhecem na situação algo que eles podem se assemelhar, buscando em memórias experiências semelhantes. 

Para Peter especificamente, estar com Gwen foi um momento de crescimento; um aprendizado sobre ele ter alguém em que se apoiar quando sua vida dupla se tornasse insuportável novamente. O menino se torna homem ao perceber que não precisava, nem podia, carregar o mundo sozinho.

E, claro, há Mary Jane Watson. Ainda que ela não componha o elenco universitário, ela faz sua estreia em Amazing Spider-Man #25 no icônico quadro em que Peter abre a porta de casa e lá está ela, o grosso de seu desenvolvimento subsequente se dá nessa fase, bem como a crescente de suas interações com o protagonista e com seu grupo de amigos.

Inicialmente apresentada como um contraponto comportamental à Peter, MJ também cresce como indivíduo

Mesmo que, por razões óbvias, ela não seja ainda a lendária Mary Jane companheira do Homem-Aranha sua presença é importante por, mais uma vez, reforçar o fator representatividade. Uma das primeiras características apresentadas da ruiva é sua visível independência e pouco interesse pelos padrões impostos pela sociedade, algo em total alinhamento com o que os jovens de meados dos anos 60 estavam passando.

Mary Jane em primeira instância funciona muito como um comentário sobre a revolução cultural que operava nos EUA por meio da música, principalmente. Nesse sentido é interessante notar que ela não pretende ter Peter como namorado desde já, uma vez que o mesmo estava com a Gwen, mas sim apenas se divertir quando dá na telha, algo que para alguém sobrecarregado como o herói é impensável e é daí que nasce a atenção inicial dele por MJ.

O arco da faculdade é para o Homem-Aranha um rito de passagem, o momento em que ele se consolida em diversos campos ao mesmo tempo que lida com novos dilemas. É também o período que, de uma forma ou de outra, seria mais abordado em produtos relacionados ao herói, mesmo que por vezes fosse disfarçado com a roupagem prévia de ensino médio.

Para o Aranha de Tom Holland esse pode ser também seu momento de consolidação definitiva, no qual ele pode pegar o saldo positivo com que sai de Sem Volta para Casa e levar o personagem para um novo caminho, tendo uma fundação que nenhuma outra adaptação teve e, assim, entregando uma versão que é madura não porque o roteiro de um único filme disse desde o início que ele o é mas porque ele se tornou-se gradativamente.

 

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