Não é nenhuma novidade dizer que quando uma história faz sucesso no audiovisual ela imediatamente é cogitada para ganhar sequências, pré sequências e/ou outras derivações que acabem transformando-a em uma franquia. Às vezes temos que esperar muito tempo, às vezes a produção é mais rápida. Independentemente, o importante é ter uma boa história, que faça sentido dentro daquele universo que está sendo construído, ou, do contrário, o espectador se sente frustrado. E esse é o principal ponto que muitas produções acabam não conseguindo atingir. Quando debatemos isso no gênero do terror, fica ainda mais complicado, pois não são poucos os exemplos de franquias de terror que desandaram com o passar do tempo porque não entenderam quando parar. Para a nossa alegria, entretanto, uma nova franquia se configura após o lançamento de ‘Irmã Morte’, no fim de outubro, na Netflix, longa que é pré sequência de um ótimo filme de terror lançado em 2017, ‘Verônica: Jogo Sobrenatural’, também disponível na plataforma.
Espanha, 1931. Uma jovem criança em um vilarejo distante tem visões a que todos atribuem como sendo um milagre. Os anos passam e esta criança se torna uma jovem freira que acaba de ser convocada para um convento que abriga meninas abandonadas pelos pais, onde recebem o ensino básico e também instruções de inserção social. Porém, desde o primeiro dia neste convento a Irmã Narcisa (Ari Bedmar) passa a sentir algo estranho: sons de criança correndo, rindo e objetos se movendo – eventos que ela não consegue explicar e sobre os quais nenhuma das outras freiras parece estar disponível para falar a respeito. Quando a jovem Rosa (Sara Roch) passa a ter um comportamento esquisito e alegar estar tendo visões, Narcisa perceberá que não está tendo alucinações e precisará definir de uma vez por todas as suas dúvidas, para só assim poder combater esta ameaça invisível.
Com precisas uma hora e trinta de duração, ‘Irmã Morte’ pode ser dividido meio a meio em duas partes bem marcadas. A primeira, com a ambientação da Irmã Narcisa neste novo ambiente dentro de um cotidiano em que nada acontece, a não ser as coisas do além. Essa primeira parte é repetitiva e chega a dar uma entediada porque demora muito para que episódios aterrorizantes ocorram. Entretanto, é na segunda parte do filme, quando o plot de fato é aberto na mesa e o espectador tem maior conhecimento do que está acontecendo, que as coisas ficam mais interessantes para os fãs de terror.
O roteiro de Jorge Guerricaechevarría e Paco Plaza segura as rédeas do longa para mostrar a que veio nos últimos quarenta minutos de filme, com uma história muito interessante que não parece forçada e faz sentido com relação ao filme original, ‘Verônica: Jogo Sobrenatural’, entrelaçando os eventos de maneira orgânica. O diretor Paco Plaza opta por interessantes posicionamentos de câmera enquadrados por uma bonita direção de fotografia, que favorecem o ambiente de clausura do convento. As cenas de terror, embora somente na reta final, são bem-feitas e bastante satisfatórias, algumas até violentas, o que facilmente irá contemplar os fãs do gênero.
‘Irmã Morte’ é uma boa opção de terror na Netflix e que não pede ter visto o filme anterior antecipadamente. Mas é muito provável que, depois de ver ‘Irmã Morte’, o espectador queira ir desvendar o mistério de ‘Verônica: Jogo Sobrenatural’ logo em sequência.