A Netflix vem nos últimos meses cancelando diversas produções originais, ainda assim, Ted Sarandos, o CEO da companhia afirmou que a plataforma jamais cancelou uma série que fez sucesso de verdade.
Através de uma entrevista ao Bloomberg, Sarandos foi questionado a respeito da repercussão negativa dos constantes cancelamentos de séries da plataforma. Segundo o empresário, as produções acabam interrompidas por não justificar os investimentos com audiência alcançada.
“Nós nunca cancelamos uma série de sucesso. Muitas dessas séries foram bem-intencionadas, mas faltaram com um público muito pequeno”, disse ele.
“A chave é conseguir falar com um público grande com um orçamento pequeno e com uma audiência grande com um orçamento grande. Se você fizer isso bem, pode repetir o processo para sempre”, conclui.
Apenas neste primeiro mês de 2023, a Netflix anunciou o cancelamento de ‘1899‘, ‘Uncoupled‘, ‘Guardiões da Mansão do Terror‘ e ‘Departamento de Conspirações‘.
Lembrando que a Netflix pretende dar início à estratégia de bloquear senhas compartilhadas oficialmente no fim de março, nos EUA. No entanto, a medida já está sendo testada em outros países, como Chile, Costa Rica, Peru, Argentina, República Domnicana, El Salvador, Guatemala e Honduras.
No Brasil, ainda não há previsão de quando a medida será implementada… Durante uma reunião com acionistas na tarde de ontem (19), a companhia emitiu um comunicado, dizendo que:
“O compartilhamento desenfreado de senhas limita nossa capacidade de investir e melhorar a Netflix a longo prazo, e de construir nosso negócio. Enquanto os termos de uso limitam a Netflix para uma residência, nós reconhecemos isso como uma mudança para membros que compartilham suas contas para além de seus lares.”
Mas como vai funcionar o bloqueio de senhas?
No ano passado, a Netflix começou a testar uma função chamada ‘Casas da Netflix‘, fixando a assinatura em uma única residência, para que a conta seja compartilha apenas entre os aparelhos de TV da residência.
Caso o usuário queira acessar a plataforma em outros locais físicos, seria necessário pagar uma taxa extra.
Se a Netflix aderir de vez a essa prática, as taxas extras custariam entre US$ 3,50 e US$ 4,00. No Chile, por exemplo, as taxas custam o equivalente a US$ 4,45.
E em relação aos dispositivos móveis?
Nos testes, foram liberados os compartilhamentos através de notebooks, smartphones e tablets enquanto o usuário estiver viajando, mas só será possível usar a plataforma numa televisão fora de sua casa por duas semanas sem pagar a taxa.
Esse período grátis só será válido para um local por ano. Depois disso, o aplicativo será bloqueada nas TVs que não pertencem à determinada residência, a não ser que o usuário pague a taxa extra.
Como as casas serão detectadas?
Através dos endereços de IP gerados pelos aparelhos presentes na residência, e se um usuário usar um aparelho dentro da mesma Casa e receber a mensagem de que excedeu o limite de locais, ele deve conferir se está na mesma conexão de internet dos outros aparelhos.
Recentemente, a Variety divulgou que o motivo exato por trás da decisão é que a plataforma poderia ter acumulado mais assinantes se tivesse implementado a estratégia há mais tempo.
Já o Wall Street Journal afirmou que, durante a pandemia de COVID, a plataforma teve um aumento significativo no número de visualizações, mas grande parte dessa audiência usava contas de amigos ou familiares.
As únicas medidas possíveis para acabar com a prática seriam rastrear o endereço de IP dos usuários, validar o login por localização e rastrear a atividade das contas – mas nenhuma dessas opções impedirá a ira dos assinantes.
Em uma conferência recente, oco-presidente Ted Sarandos comentou sobre o assunto: “É uma situação muito parecida com o aumento nos preços. Os consumidores não irão gostar disso no começo, mas precisamos mostrar que eles que há valor nisso.”
Em 2019, um estudou declarou que a Netflix perde mais de US$ 135 milhões por mês por causa do compartilhamento de senhas. Na época, Peters havia declarado que o serviço estava explorando opções para limitar esse compartilhamento – incluindo a possibilidade de cobrar uma taxa pela prática.
“Nós criamos uma abordagem considerável para monetizar o compartilhamento de contas e começaremos a implementá-la no serviço em 2023,” declarou a Netflix.