Amadurecendo com seu público, iCarly soube navegar na onda de reboots com uma graciosidade ímpar. Mantendo-se fiel a sua essência original – que reforça estereótipos e tropos de Hollywood -, a produção conseguiu unir a leveza quase infantilóide natural das sitcoms da Nickelodeon com um sabor mais apimentado, celebrando o novo tempo que seu elenco vive em suas próprias faixas etárias. E respeitando seus fãs mais puristas, à medida em que atrai um novo tipo de público, a sequência retorna com sua 3ª temporada na Paramount+, unindo passado e presente e finalmente coroando um dos arcos mais sonhados pela audiência.
Seguindo no mesmo ritmo narrativo de seus dois primeiros ciclos, a nova temporada estreia com um pouco mais de pressa para abordar a famigerada friendzone entre Carly e Freddie. Ao contrário do que poderia se esperar, o arco romântico da dupla entra em cena logo em seus três primeiros episódios, encerrando anos de anseios, especulações e fanfics que marcaram levas de fãs entre os anos de 2007 e 2012. E mantendo um humor mais ácido, sempre com o mesmo toque de familiaridade que rapidamente nos remete ao modelo original da série, o reboot se mantém atual, mais liberal e menos bobo. E ainda que faça de seus personagens caricaturas hiper exageradas, é inegável que iCarly funciona como uma boa comédia.
Embora não seja inovadora e não fuja tanto de suas raízes tradicionais, a nova série impressiona por acertar no tom de suas piadas e por tornar seus tropos mais um ponto de vantagem do que desvantagem. Aqui, o que poderia ser cansativo e datado se transforma em uma artimanha, uma carta na manga que agrega ainda mais valor à comédia. Unindo isso ao carisma de Miranda Cosgrove, Jerry Trainor, Nathan Kress e Laci Mosley, iCarly vira um prazer culposo dos bons, que rende ótimas risadas e aquela deliciosa satisfação instantânea de se divertir sem precisar pensar em nada.