domingo , 22 dezembro , 2024

Primeiras Impressões | The Handmaid’s Tale: 5ª temporada tem retorno poderoso, mas série já apresenta desgaste

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Première assistida durante o Festival de Toronto 2022

Se livrar das opressoras garras da misógina ditadura de Gilead tem se tornando uma jornada exaustiva para os fãs de The Handmaid’s Tale. Desde sua arrebatadora 1ª temporada, temos visto a obra original de Margaret Atwood ganhar novas camadas e facetas, explorando a perversidade humana de formas até então poucas vezes vistas nas telinhas. E com sua trama já apresentando genuínos sinais de desgaste, Bruce Miller retorna com sua 5ª temporada, que se abre diante da audiência de forma intensa e melodramática, esticando ainda mais as sequelas da vida pós-morte que June Osbourne finalmente conseguiu conquistar, após sua emblemática fuga no ciclo anterior.



Dando sequência direta ao bombástico final da 4ª temporada, The Handmaid’s Tale tentar ir um pouco mais além nos complexos dilemas psicoemocionais vividos pela protagonista, que naturalmente sofre para se livrar dos traumas que marcaram sua história como uma aia em Gilead. Entre flashbacks assombrosos e um anseio inesgotável por vingança, ela orbita entre a satisfatória adrenalina de ter destruído o seu algoz e o peso de ter suas mãos sujas de sangue. Com as mãos e o torso manchados pelo seu crime, ela passeia pelo episódio inaugural como alguém que estampa uma medalha pendurada em seu pescoço. Inerte diante da fronteira moral recém cruzada por ela mesma, ela é o retrato da mais pura fragilidade humana, quando toda a sua dignidade lhe é tirada brutalmente.

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Em um episódio inaugural mais lento, porém profundamente doloroso, a série original da Hulu – distribuída no Brasil pela Paramount – segue visualmente belíssima, bem dirigida e cheia de metáforas expressas através de sua fotografia icônica e emblemática. Mas ainda que em seus principais atributos técnicos The Handmaid’s Tale permaneça valiosa, é inegável que a trama hoje peleja.

Após explorar uma sucessão de açoites e sofrimentos constantes semana após semana, a série que já foi eleita uma das melhores do mundo respira com a ajuda de aparelhos e repetiu a mesma fórmula de suas duas primeiras temporadas, custando a reconhecer que talvez seja a hora de mudar o seu curso. Após um 4° ciclo mais cansado, esticado e tardiamente evolutivo, Miller e sua equipe criativa finalmente compreendem que a melhor saída para June e sua história é lhe garantir uma despedida ainda em seu auge. E a 5ª temporada promete justamente isso.

Com seu segundo episódio escalonando os níveis dramáticos de forma significativamente mais rápida, a distopia da plataforma Hulu finalmente começa a sair de sua própria e exaustiva espiral de tortura psicológica e física. No entanto, a produção peca por ainda apelar em suas sequências desconfortáveis – que hoje soam mais como um exibicionismo da misantropia do que de fato um instrumento narrativo para a composição da trama.

Mas independente disso, é inegável que a premiada produção segue sendo uma peça importante no cenário televisivo contemporâneo. Confrontando a audiência com questionamentos poderosos e despertando profundas reflexões sobre problemas sociais com os quais as mulheres ainda lidam mesmo em tempos de liberdade, a aclamada série não perdeu seu encanto, embora cambaleie em um roteiro muitas vezes repetitivo. Com sua última temporada recém anunciada pelo streaming Hulu, The Handmaid’s Tale ainda tem o poder de entrar para a história como aquela série que – acima de qualquer sucesso – soube se encerrar em seu auge. Mas isso, só os próximos capítulos dirão.

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Dando sequência direta ao bombástico final da 4ª temporada, The Handmaid’s Tale tentar ir um pouco mais além nos complexos dilemas psicoemocionais vividos pela protagonista, que naturalmente sofre para se livrar dos traumas que marcaram sua história como uma aia em Gilead. Entre flashbacks assombrosos e um anseio inesgotável por vingança, ela orbita entre a satisfatória adrenalina de ter destruído o seu algoz e o peso de ter suas mãos sujas de sangue. Com as mãos e o torso manchados pelo seu crime, ela passeia pelo episódio inaugural como alguém que estampa uma medalha pendurada em seu pescoço. Inerte diante da fronteira moral recém cruzada por ela mesma, ela é o retrato da mais pura fragilidade humana, quando toda a sua dignidade lhe é tirada brutalmente.

Em um episódio inaugural mais lento, porém profundamente doloroso, a série original da Hulu – distribuída no Brasil pela Paramount – segue visualmente belíssima, bem dirigida e cheia de metáforas expressas através de sua fotografia icônica e emblemática. Mas ainda que em seus principais atributos técnicos The Handmaid’s Tale permaneça valiosa, é inegável que a trama hoje peleja.

Após explorar uma sucessão de açoites e sofrimentos constantes semana após semana, a série que já foi eleita uma das melhores do mundo respira com a ajuda de aparelhos e repetiu a mesma fórmula de suas duas primeiras temporadas, custando a reconhecer que talvez seja a hora de mudar o seu curso. Após um 4° ciclo mais cansado, esticado e tardiamente evolutivo, Miller e sua equipe criativa finalmente compreendem que a melhor saída para June e sua história é lhe garantir uma despedida ainda em seu auge. E a 5ª temporada promete justamente isso.

Com seu segundo episódio escalonando os níveis dramáticos de forma significativamente mais rápida, a distopia da plataforma Hulu finalmente começa a sair de sua própria e exaustiva espiral de tortura psicológica e física. No entanto, a produção peca por ainda apelar em suas sequências desconfortáveis – que hoje soam mais como um exibicionismo da misantropia do que de fato um instrumento narrativo para a composição da trama.

Mas independente disso, é inegável que a premiada produção segue sendo uma peça importante no cenário televisivo contemporâneo. Confrontando a audiência com questionamentos poderosos e despertando profundas reflexões sobre problemas sociais com os quais as mulheres ainda lidam mesmo em tempos de liberdade, a aclamada série não perdeu seu encanto, embora cambaleie em um roteiro muitas vezes repetitivo. Com sua última temporada recém anunciada pelo streaming Hulu, The Handmaid’s Tale ainda tem o poder de entrar para a história como aquela série que – acima de qualquer sucesso – soube se encerrar em seu auge. Mas isso, só os próximos capítulos dirão.

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