Em um estranho fenômeno do cinema atual, as comédias de humor negro se apossaram de Hollywood e ganharam um subgênero de sucesso nas bilheterias.
Personagens politicamente incorretos, humanizados, quase beirando o antoganismo, se tornaram os novos mocinhos de comédias que usam e abusam de situações embaraçosas e estúpidas – vide o sucesso estrondoso de ‘Se Beber, não Case’.
‘Professora sem Classe’ é o novo produto desse subgênero, usando uma protagonista totalmente fora dos padrões hollywoodianos.
Elizabeth (Cameron Diaz) é uma mulher desbocada, cruel e inapropriada; ela bebe, fica alta e mal consegue esperar para receber seu vale refeição e dar o fora do seu trabalho entediante. Quando ela é abandonada por seu noivo, logo traça um plano para conquistar um professor substituto rico e bonito (Justin Timberlake) – mas que tem a atenção disputada por uma colega excessivamente enérgica, Amy (Lucy Punch).
Diaz abraça a personagem e leva a comédia nas costas: mesmo sendo difícil se identificar com a personagem – ou não, para os mais malvadinhos – é difícil não se encantar por sua atuação. Punch, que interpreta sua nêmese, também demonstra talento. Já os garotos da trama, vividos por Timberlake e Jason Segel, ficam apagados com personagens caricatos e rasos, sendo ofuscados pelo talento das atrizes.
Os roteiristas Gene Stupnitsky e Lee Eisenberg (da série The Office) seguem à risca a fórmula de ‘Se Beber, não Case’: humor negro, piadas de mau gosto e personagens bizarros, alcançando algumas vezes momentos hilários e brilhantes – como a dos filmes que a professora exibe, ou de arrecadar dinheiro lavando carros.
‘Professora sem Classe’ é uma divertida comédia politicamente incorreta, com uma personagem ambígua e realista, que vai fazer rir aqueles que adoram uma piadinha de humor negro. Já os conservadores, devem passar longe.