Como sempre frisamos aqui no CinePOP, a palavra de ordem na Hollywood atual é “IP” – ou “Intellectual Property” (Propriedade Intelectual). Esse termo é muito usado hoje para se referir a uma marca registrada de um título. Em resumo, são as famosas franquias.
De ‘Star Wars’ e ‘Indiana Jones’, até as mais recentes como ‘John Wick’ e ‘Barbie’, sem falar na maior delas: o MCU, as franquias cinematográficas são o que mantém os cinemas funcionando e o público comparecendo nesses tempos pós-pandemia e de domínio dos streamings. A prova disso é o fenômeno que se tornaram longas como ‘Divertida Mente 2’, ‘Deadpool e Wolverine’ e ‘Moana 2’ – todos ultrapassando a marca de US$1 bilhão em bilheteria mundial.
Embora uma franquia pareça ser uma receita de sucesso, criar um produto que o mundo inteiro abrace pode ser mais difícil que o alinhamento dos planetas. Primeiro porque não pode ser algo forçado, é o público quem decide o que irá aprovar ou não.
Dessa forma, centenas de produções miradas para serem o mais novo sucesso, terminam se tornando fracasso e parando logo no primeiro exemplar. É justamente sobre essas obras que iremos falar nessa matéria. Abaixo iremos lembrar de 10 filmes que estão completando 10 anos de sua estreia em 2025, planejados para serem uma franquia, mas que não deram muito certo. Confira.
Quarteto Fantástico
Parece que a cada 10 anos ganhamos uma nova versão dos heróis ‘Quarteto Fantástico’ nas telonas. Tudo começou na década de 1990, com um filme produzido apenas para os realizadores não perderem os direitos sobre o título. Esse filme foi engavetado e nunca lançado. Depois, nos anos 2000, ganhamos dois filmes de tom mais cômico, protagonizados por Jessica Alba e Chris Evans. Daí chegamos a esta equivocada versão – mais voltada para um teor, digamos, mais realista. O que era para se tornar uma franquia, terminou rendendo um dos piores filmes do cinema. Este ano, já nas mãos da Marvel, será que teremos o melhor filme de ‘Quarteto Fantástico’?
Tomorrowland – Um Lugar Onde Nada é Impossível
Depois de ter encontrado ouro com ‘Piratas do Caribe’, a Disney buscava transformar outro de seus passeios temáticos dos parques de diversão em uma franquia bilionária no cinema. A escolha foi pelo passeio clássico Tomorrowland, uma visão no melhor estilo Disney do futuro. Tudo parecia estar no lugar, e como protagonista, o estúdio assinou o astro George Clooney. Se tudo tivesse dado certo, Clooney estaria até hoje, dez anos depois, aparecendo nas sequências do longa. Mas o público simplesmente deu de ombros e a franquia em potencial foi interrompida.
O Agente da U.N.C.L.E.
Por melhor que achemos que um filme seja, é preciso entender uma coisa: nada funciona sem o público certo. Os estúdios não fazem filmes pensando em agradar meia dúzia, ou eu e você. Eles fazem tendo em vista verdadeiras multidões. E se esse grande público não fica na expectativa por determinado longa e não comparece aos cinemas, o resultado se torna negativo. Por mais elogiado que um filme seja, se ele não encontrar seu público, dificilmente veremos novas investidas em tal universo. Foi esse exatamente o caso com a versão para o cinema da série clássica ‘O Agente da UNCLE’, que trazia no elenco gente tarimbada como Henry Cavill, Armie Hammer (antes do cancelamento), Alicia Vikander e Hugh Grant.
Férias Frustradas
Certos tipos de humor que faziam muito sucesso em determinada época, podem não se traduzir para os tempos de hoje. Veja o caso com a franquia cômica ‘Férias Frustradas’, ainda hoje uma das mais queridas a ter saído dos anos 80. Tudo começou em 1983, com o simples desejo de um pai em levar sua família a um parque de diversões. O longa ganhou duas continuações ainda na década de 80, e mais uma continuação tardia no fim dos anos 90. Quando foi a hora de realizar um reboot/ remake / continuação, a aposta da Warner foi alta. E o desejo era claro, revitalizar a franquia, agora tendo como protagonista o filho Rusty (Ed Helms). Mas, infelizmente, o estúdio não teve o que desejava.
Mortdecai – A Arte da Trapaça
Por falar em estilos de humor que não se encaixam nos dias de hoje, a comédia slapstick fez enorme sucesso no passado, mas não emplaca atualmente com o público adulto. Esse tipo de humor, relacionado a tombos, tropeços, pessoas desastradas, que não entendem o que está acontecendo à sua volta, e conseguem o que buscam através de pura sorte. O maior exemplo disso é a franquia ‘A Pantera Cor-de-Rosa’ no cinema. E ‘Mortdecai’ planejava ser um novo ‘A Pantera Cor-de-Rosa’, tendo Johnny Depp como substituto do inspetor Clouseau. O filme, que gira em torno de uma piada sobre bigode, é claro, fracassou e colocou um ponto final no possível plano de continuações.
O Destino de Júpiter
Se caso tivesse dado certo, essa ambiciosa aventura de ficção científica, além de ter gerado continuações, faria de gente como Channing Tatum, Mila Kunis e Eddie Redmayne alguns dos maiores astros do time A de Hollywood. Mas o destino não quis assim. Comandado pelas mesmas responsáveis pela franquia ‘Matrix’, a história mostra uma jovem humilde (Kunis) que se descobre herdeira de um império fora da Terra. Ela possui sangue nobre e fora de nosso mundo é uma princesa. Uma superprodução cara, o longa deixou o público sem entender muito bem, e terminou a ver navios. Ao contrário do sucesso, terminou no Framboesa de Ouro.
O Exterminador do Futuro – Gênesis
Bem, com este aqui você pode ficar sem entender e se perguntar: “O Exterminador do Futuro é uma franquia estabelecida e de sucesso”. É verdade, embora seu sucesso tenha ido aos poucos desaparecendo. Podemos considerar os três primeiros como parte de uma trilogia, em que o terceiro é o pior. Com o quarto filme, ‘A Salvação’, a ideia era por um recomeço – como um soft reboot. Não deu certo, e o filme inteiramente passado no futuro parou por ali. Esse aqui, o quinto, trouxe Arnold Schwarzenegger de volta à franquia, e a ideia era por um novo reboot, apostando na nostalgia. Não funcionou. Depois disso, novamente, foi tentado ainda o início de uma nova trilogia que também não emplacou, com ‘Destino Sombrio’. Sinal que precisa de descanso.
Pixels
É sabido que o astro Adam Sandler não curte fazer continuações de suas comédias de sucesso. Só nos últimos tempos o humorista começou a se abrir mais para a ideia e realizou ‘Gente Grande 2’, ‘Mistério em Paris’ e esse ano lançará ‘Um Maluco no Golfe 2’. No entanto, um filme de sua carreira que tem cara de franquia é ‘Pixels’, aventura repleta de efeitos especiais que apela diretamente para os fãs de blockbusters, filmes entretenimento e videogames nostálgicos. Ou seja, todo o público masculino. Na trama, alienígenas invadem a Terra e assumem a forma de games clássicos dos fliperamas. Cabe aos campeões do passado derrotá-los. O filme ficou longe de ser um sucesso, mas também não foi um fiasco. Então, quem sabe o valor cult possa trazer todos de volta para uma continuação.
O Último Caçador de Bruxas
É dito que o astro careca e musculoso Vin Diesel é na realidade um grande nerd. É só perceber sua paixão pela saga espacial do personagem Riddick, a qual vira e mexe resolve tirar um novo exemplar do papel para satisfazer seu ego e seu nicho de fãs. Já são três filmes desta franquia e um quarto está a caminho. Mas aqui falaremos de outro filme do repertório de Diesel. Apaixonado por jogos de RPG, aqui o ator dá asas à sua paixão e protagoniza uma aventura de fantasia, com direito a muitos efeitos. Certamente, o astro, que também produziu o longa, visava expandir essa mitologia para continuações. Mas isso só dependeria da questão se o público iria comprar ou não a ideia, de um caçador milenar que vive através do tempo caçando criaturas malignas. Bem, o público não garantiu o sucesso para o filme, assim a aventura foi interrompida por ali mesmo. A melhor conquista foi trazer o grande Michael Caine para o elenco, para contracenar com Diesel.
Jem e as Hologramas
Hoje vivemos em uma era de pura nostalgia. É essa gostosa volta ao passado que garantiu os sucessos recentes de ‘Top Gun Maverick’, ‘Super Mario Bros.’ e ‘Barbie’, por exemplo. Mas isso não significa que toda propriedade antiga será imediatamente transformada no mais novo sucesso de público. Esse foi o caso com o fracassado ‘Jem e as Hologramas’, baseado em um desenho de 1985 que era no máximo cult – aqui no Brasil sendo conhecido graças às suas reprises no SBT. Fora essa falta de identificação, a história da adaptação tomou muitas liberdades e se afastou da história original, que trazia um visual alucinógeno, uma banda cuja vocalista tinha dupla identidade e um grande nível de fantasia. A versão para o cinema resolveu pelo caminho “pé no chão” e apostou em adolescentes que fazem sucesso graças à era “Youtube”.