O Filme
O misto de documentário e filme de dramatização Quem Somos Nós visa explicar o funcionamento da mente humana e as alterações que os pensamentos podem causar à nossa realidade. Pelo formato, o filme poderia ser apenas mais um material descartável de auto-ajuda, com mensagens rasas do tipo pense positivo mas, felizmente, não o é. Trata-se de um trabalho bastante curioso, que reúne depoimentos de especialistas em física quântica e consegue apresentar dados novos e surpreendentes sobre como funcionamos.
Devido à temática difícil de ser explicada e que poderia, portanto, resultar em um filme chato os diretores intercalaram diversas entrevistas com estudiosos a uma história fictícia, a da fotógrafa Amanda (Marlee Matlin, ganhadora do Oscar de atriz por Filhos do Silêncio, em 1986), perturbada pelos próprios pensamentos e lembranças de um casamento infeliz. Enquanto acompanhamos as emoções da personagem e das pessoas à sua volta, somos transportados para uma série de efeitos especiais que retratam os acontecimentos químicos dentro cérebro humano.
Feito literalmente para quem quer pensar, o filme oferece respostas a questões como: porquê certas pessoas sempre caem nos mesmos tipos problemas sejam eles profissionais ou amorosos? De acordo com a obra, simplesmente por estarem viciadas na reação química liberada no corpo por estas situações. A mudança da realidade, sugerem os entrevistados, precisa ser de dentro para fora. Ou seja, novas formas de ação, que causarão diferentes ligações de neurônios, novas sensações e, conseqüentemente, outra realidade psíquica e física. Difícil? Sim. Mas aqueles que buscam se conhecer melhor, não ficarão desapontados com o filme.
Os Extras
Se a mensagem por trás de Quem Somos Nós não é tão simples de digerir, e por isso, levou muita gente a assistir ao filme nos cinemas mais de uma vez, os extras do DVD são bem mais transparentes. Neles, os diretores dão depoimentos de como foi concebido o filme, explicando suas decisões da escolha dos especialistas ao processo de gravação e edição. Já a atriz Marlee Matlin fala por que aceitou o papel e revela como a surdez influencia sua carreira.
Entusiasmado acima de tudo pelo conteúdo do filme e pela forma como ele pode influenciar as pessoas, o diretor Will Arntz revela em uma saborosa passagem como chegou ao nome do longa. Ao contrário do comportado título brasileiro, o original é bem mais irreverente: What the f…do we know, que poderia ser traduzido como De que m….nós sabemos?. No final das contas, o palavrão acabou sendo substituído por bleep – aquele sinalzinho reproduzido na TV sempre que alguém diz algo que não deveria mas a mensagem, claro, continua a mesma.
Por: Edson Barros