A PIADA FICA MENOS ENGRAÇADA NA SEGUNDA VEZ
Realmente precisávamos de um “Red 2”? O primeiro “Red – Aposentados e Perigosos”, lançado em 2010, rendeu para o estúdio Summit Entertainment $200 milhões ao redor do mundo, tendo como orçamento menos de $60 milhões. Essa é uma produção de porte médio em Hollywood, que podemos afirmar ser bem sucedida. Obviamente numa indústria de exageros, qualquer chance de mínimo lucro será tentada, e lá se vai nosso dinheiro.
Baseado em quadrinhos da DC Comics (alguns dos únicos que conseguem emplacar, ao lado de Batman e Superman), o filme original mostrava um grupo de ex-agentes da CIA sendo caçados por uma missão da década de 1980, agora em sua aposentadoria. Bruce Willis, Morgan Freeman, Helen Mirren e John Malkovich, até tiravam certa graça de situações, onde o mote era ver veteranos da terceira idade realizando tarefas altamente precisas, melhor do que rivais com metade de suas idades.
No mesmo ano era lançado “Os Mercenários”, com Stallone encabeçando, que seria a produção mais comparável. Mas se por um lado o foco da trupe de Stallone era a ação exagerada e a vontade de ainda exalar testosterona para as crias dos anos 1980, “Red” se preocupava em trazer atores melhores e com o status do Oscar (o que por um lado pode ser mais divertido para algumas pessoas), e focar no humor ao invés da violência.
Em “Red 2 – Aposentados e Ainda Mais Perigosos” temos as voltas de Bruce Willis e Mary Louise Parker (em alta novamente após a série “Weeds”), que estão casados e curtindo a vida simples a dois. Ou pelo menos Willis está, já que Parker deseja acima de tudo um pouco de adrenalina em sua vida. Seu pedido é atendido com a chegada do amalucado Marvin, papel de John Malkovich. A história é o que menos importa aqui, essa é uma produção extremamente genérica e rotineira.
É o tipo de filme que entretém enquanto estamos assistindo, consegue emplacar a maioria de suas piadas, e as cenas de ação não são de todo ruim. O problema é que a produção não é nem um pouco memorável, e será um desafio para qualquer um conseguir lembrar uma cena sequer no dia seguinte da exibição.
Em poucos minutos, o trio vivido por Willis, Malkovich e Parker, está sendo caçado por novos agentes da CIA, liderados por Neal McDonough (“Capitão América”). Ele contrata os serviços do melhor assassino do mundo, papel de Lee Byung-hun (o Storm Shadow de “G.I. Joe”), para eliminar Willis, um antigo desafeto. Porém, nem ao menos boas cenas exibindo os talentos marciais de Byung-hun temos no filme, já que as cenas confeccionadas pelo diretor Dean Parisot (“Heróis Fora de Órbita”, 1999) não conseguem empolgar nem o maior entusiasta de filmes de luta.
Junte à mistura, o cientista louco vivido por Anthony Hopkins, que precisa ser resgatado pelos heróis, uma bomba química inventada por ele, viagens por Londres, Paris e Rússia, uma antiga namorada de Willis interpretada por Catherine Zeta-Jones (no papel de uma russa sem sotaque), e os retornos dos personagens de Helen Mirren e Brian Cox. Mais uma vez, “Red 2” não é um filme ruim, dependendo de sua definição.
É simplesmente um filme que não precisava existir, por não acrescentar nada a uma fórmula já muito gasta. Fica difícil explicar para qualquer um sobre o que é o filme. Bom, mas vou tentar: é sobre cenas de ação impossíveis e piadas, em sua maioria inocentes. É um filme preguiçoso, que escolhe o caminho fácil do seguro.
Com todos esses “elogios”, digo ainda que consegue ser melhor do que o outro grande filme de Willis no ano, “Duro de Matar – Um Bom Dia para Morrer”, simplesmente pelo fato de que John McClane já foi grande uma vez.
Ps. A melhor tirada do filme é com Helen Mirren num manicômio, referência que os mais novos talvez não peguem.