Recentemente, tivemos um caso bem peculiar de um filme que, além da péssima repercussão da crítica, afundou nas bilheterias mundiais, a nova produção do cineasta David O. Russell, ‘Amsterdam’. O. Russell é conhecido por comandar outros trabalhos de destaque, como ‘O Lado Bom da Vida’ e ‘Trapaça’, cases de sucesso, porém, dessa vez, o diretor montou um elenco estelar, com nome que vão de Robert De Niro e Christian Bale a Margot Robbie e Rami Malek – todos atores premiadíssimos – isso sem falar na estrela pop Taylor Swift, e se deu muito mal.
O acontecimento faz lembrar que nem sempre grandes elencos e produções caras são sinônimos de sucesso, e nem mesmo àqueles filmes que foram elogiados pela crítica especializada se livram facilmente do vexame de fracassar nas bilheterias. Justamente os casos que vamos abordar dessa vez, obras de renome, com muitos delas sendo verdadeiros clássicos do cinema, que não deram dinheiro ou alcançaram um número suficiente para pagar nem mesmo o seu orçamento.
Listamos também produções que representaram gêneros ou foram importantes na época em sua época de lançamento. Desde revolucionarem em aspectos técnicos até conceitos históricos e temáticos. Certamente, muitos dos filmes citados parece mentira dizer que eles renderam mal, mas, em alguns casos, também não foram compreendidos. E digam também quais os fracassos das bilheterias que vocês consideram uma injustiça. Vamos à lista!
Era uma Vez na América (1984)
Sergio Leone é uma das maiores lendas do western mundial, colecionando clássicos de sucesso como ‘Era uma Vez no Oeste‘ e ‘Três Homens e um Conflito‘, porém, um dos seus maiores épicos, ‘Era Uma Vez na América‘, que também é um clássico, foi o maior fracasso de sua carreira. Leone queria exibir a versão original do filme com 4h30 de duração, mas os produtores previam que a obra seria um fracasso nos cinemas e reduziram para 2h20.
Porém, de nada adiantou, o grande público não abraçou a obra na época e ‘Era uma Vez na América‘ faturou apenas US$5 milhões para US$30 milhões de orçamento. Anos depois, o cineasta Martin Scorsese tentou montar a versão original e lançou um corte de 3h49, onde essa sim foi ovacionada.
Cleópatra (1963)
Esse é um caso muito atípico, pois o outro épico ‘Cleópatra‘ foi o filme de maior bilheteria do seu ano de estreia em 1963, porém o longa era simplesmente a produção mais cara da história do cinema até então, custando incríveis US$44 milhões de dólares, o que seria hoje o equivalente a US$280 milhões. A lendária Elizabeth Taylor não arrastou a quantidade de gente prevista para ver o filme e quase a gigantesca Fox foi a falência, tendo que parar diversas produções na época para não fechar as portas de vez.
O Mágico de Oz (1939)
É inacreditável saber disso hoje em dia, mas quando ‘O Mágico de Oz‘ estreou Judy Garland e companhia não empolgaram ninguém e o longa faturou apenas US$3 milhões, tendo custado US$2,8 milhões, um orçamento astronômico naquele tempo. E mesmo “se pagando”, o valor arrecadado ainda é considerado minúsculo. Porém, quando o filme foi relançado, dez anos mais tarde, veio o sucesso e só aí passou a ser amado como é hoje. Após ser exibido na televisão, a partir de 1956, ‘O Mágico de Oz‘ passou a ser considerado de fracasso a um clássico absoluto.
Clube da Luta (1999)
‘Clube da Luta’ desde que lançou explodiu e socou a mente de muita gente, o longa chegou aos cinemas em 1999, e o sempre ótimo diretor David Fincher esperava marcar de vez o seu nome com a obra, depois de ganhar destaque com o igualmente genial ‘Seven‘. No entanto ele não contava com a rejeição da Fox que aparentemente odiou o longa quando assistiu e tinha certeza que seria flopado.
Fizeram então uma campanha de marketing vendendo um filme de ação muito diferente do que realmente era o filme, isso certamente deu errado e não atingiu o público alvo esperado. Resultado, ‘Clube da Luta‘ custou 63 milhões de dólares, mas faturou apenas 37 milhões nos EUA e no Canadá, sendo um pouco melhor no resto do mundo. Apenas quando foi lançado em home video que o longa teve o conhecimento merecido e vendeu super bem.
Blade Runner – O Caçador de Androides (1982)
Esse é um dos casos mais emblemáticos de filmaços que foram mal das pernas, quando falamos em bilheteria. Quando ‘Blade Runner‘ saiu, o filme enfrentou uma forte concorrência de duas grandes produções, que foram ‘E.T. – O Extraterrestre‘ e ‘Jornada nas Estrelas II – A Ira de Khan‘.
Junte isso a uma versão alterada lançada nos cinemas, apostando mais na ação, e o resultado foi uma bilheteria considerada um vexame, alcançando apenas US$6 milhões, além das péssimas críticas, onde o longa foi considerado “uma perda de tempo” pela dupla Siskel e Ebert. Anos depois, com o lançamento em home video e com a versão do diretor, ‘Blade Runner‘ se tornou um dos maiores clássicos da ficção cientifica.
Um Corpo Que Cai (1958)
A obra-prima do mestre Alfred Hitchcock, ‘Um Corpo que Cai‘ é considerado um dos melhores filmes de todos tempos, sendo o melhor de todos pelos críticos de cinema da Sight & Sound. Porém, acredite se quiser, o longa foi um tremendo fracasso de bilheteria nos anos de 1950, obtendo apenas US$3,2 milhões durante todo o período em que foi exibido nos cinemas americanos. Aliás, esta é simplesmente a segunda pior bilheteria da carreira do cineasta. Na época, grandes jornais como Variety, Los Angeles Times e New York Times disseram que o filme era longo demais, além de ser muito expositivo. Já pensou?
A Fantástica Fábrica de Chocolate (1971)
‘A Fantástica Fábrica de Chocolate’ é considerada por muitos o melhor filme do gênero infantil desde ‘O Mágico de Oz’, pela aprovação total da crítica, porém a bilheteria bem fraca. O filme quase não conseguiu alcançar o seu orçamento de 3 milhões de dólares, com apenas um milhão de lucro.
Apesar desses números bem baixos, a obra passou a ser considerada um clássico com o tempo, e também porque muitas vendas de VHS e o relançamento nos cinemas em 96 no aniversário de 25 anos trouxeram enfim a fama. O longa alcançou uma relevância absurda sendo referência em ‘Simpsons’, além de virar inspiração para várias produções do gênero. Ganhando depois até um remake feito por Tim Burton e estrelado por Johny Depp.
O Enigma de Outro Mundo (1982)
Após o sucesso de ‘Halloween’, o mestre John Carpenter fez alguns outros filmes até chegar em sua obra máxima, ‘O Enigma de Outro Mundo’, um clássico do terror que mistura ficção cientifica e elementos lovecraftianos em uma aventura de literalmente gelar a espinha. Na época, porém, o filme teve que bater de frente com outras obras de sucesso como ‘E.T. – O Extraterrestre’, que ofuscou tudo que foi lançado na época, justamente por trazer uma mensagem mais positiva de criaturas do espaço. A produção que custou US$15 milhões de dólares arrecadou apenas pouco mais de US$19 milhões, e fazendo com que os grandes estúdios não dessem mais um grande orçamento ao genial Carpenter.
Um Sonho de Liberdade (1994)
Esse é o filme de cabeceira de muita gente, pois é impossível quem gosta de cinema não ter visto esse clássico estrelado por Morgan Freeman e Tim Robbins. No IMDB, esse é o filme mais bem avaliado do site. Apesar de tudo, o longa que é venerado por diversos cinéfilos conseguiu apenas US$2,4 milhões durante o seu lançamento. Depois, conseguiu chegar à modesta soma de US$28 milhões, que mal cobriu o seu orçamento de US$25 milhões. O que é curioso, já que tem um apelo popular e capaz de conquistar as mais diversas plateias.
Cidadão Kane (1941)
‘Cidadão Kane‘, que é até hoje considerado um dos filmes mais importantes de todos os tempos, é uma clara crítica a William Randolph Hearst, um poderoso magnata da imprensa exerceu todo o seu poder para impedir que os jornais falassem sobre a produção, e ameaçou cinemas que exibissem o filme, veja só. Aliás, o diretor da MGM inclusive ofereceu uma grande quantia de dinheiro para que a obra fosse completamente aniquilada. Porém, ‘Cidadão Kane‘ continua intacto, mas gerou prejuízos gigantescos e teve uma bilheteria pífia se comparado ao seu tamanho.