É preciso rir de si mesmo. A vida pode ser muito mais divertida quando temos senso de humor. E saber brincar sem se levar muito a sério pode ser um dos segredos da felicidade. Quando falamos de grandes intérpretes da sétima arte, muitos deles já tiveram a coragem de embarcar em projetos que, de certa forma, tiravam sarro de alguns de seus personagens mais marcantes. Tais atores mostraram que realmente sabem se divertir, mandando o recado que nada está acima do bom humor, nem mesmo algumas das mais icônicas criações da sétima arte.
Pensando nisso, resolvemos relembrar com você nessa nova matéria alguns atores lendários, vencedores de prêmios, e astros da sétima arte que aceitaram brincar com algumas de suas criações mais icônicas em novos filmes, sem se abalar e mostrando que podem ser bons esportistas. Confira abaixo os que selecionamos para você.
Sylvester Stallone
Um dos maiores astros do cinema nos anos 80 e 90, Sylvester Stallone prega o bom humor e em suas entrevistas já cansou de mostrar que não se leva muito a sério. Para o ator, esse é um dos segredos de sua longevidade na carreira. Seus maiores personagens, indiscutivelmente, são o guerrilheiro Rambo e o pugilista Rocky. E Stallone já tirou sarro dos dois em seus filmes. O primeiro se tornou alvo do ator em um dos diálogos do filme ‘Tango e Cash – Os Vingadores’, de 1989. Nessa época, ele tentava reinventar sua carreira com um novo personagem icônico e o certinho policial Tango surgiu para isso. Em uma cena em que prende criminosos numa rodovia, os outros policiais questionam o método do protagonista, o acusando de querer ser “Rambo”. Ao que ele responde: “Rambo é um fracote”.
Mas referência maior Stallone fez ao icônico Rocky Balboa. Afinal, quando associamos a imagem do ator nos ringues usando calções e luvas de boxe é em Rocky que pensamos e nada mais. No entanto, o ator decidiu interpretar outro boxeador no cinema – o que imediatamente levou a comparações. Ainda mais se tratando de uma comédia. Foi em 2013, no filme ‘Ajuste de Contas’, da Warner, que Stallone voltou aos ringues, sete anos depois de ter lutado pela última vez na pele de Rocky. No longa ele inclusive replica a cena icônica do treinamento do famoso boxeador no frigorífico – em ‘Ajuste de Contas’ seu treinador o impede de bater na carne, usada como saco de pancadas.
Robert De Niro
Por falar em ‘Ajuste de Contas’, o filme fala sobre dois lutadores que passaram a vida como rivais, e decidem de uma vez por todas acertar suas diferenças em uma última luta, já na terceira idade. E quem foi o escolhido para enfrentar Sylvester Stallone, o eterno Rocky Balboa, nos ringues? Não poderia ser nenhum outro senão Robert De Niro. Isso porque fora a franquia Rocky, De Niro participou do que é considerado um dos longas mais famosos de tal esporte, ‘Touro Indomável’, de 1980, dirigido por Martin Scorsese. Aliás, certamente foi o mote para vender a ideia: uma luta entre Rocky e o Touro Indomável.
Mas ‘Touro Indomável’ não foi o único filme “satirizado” em outra produção por Robert De Niro. Como sabemos, o ator começou sua carreira com o prestígio de uma vitória no Oscar por personificar a versão jovem de Don Vito Corleone em ‘O Poderoso Chefão 2’. E depois disso, De Niro ficaria imortalizado por papeis de mafiosos, como em ‘Os Bons Companheiros’, do mesmo Scorsese, por exemplo. Assim, foi uma novidade ver o ator brincando com o tipo em ‘Máfia no Divã’, de 1999, no qual vive um gangster passando por crise de ansiedade. A comédia foi um grande sucesso.
Marlon Brando
Não dá para falar em filmes de máfia e papeis de gangsters sem mencionar o maior deles: Marlon Brando. O ator, considerado um dos maiores de todos os tempos no mundo, atingiria outro patamar em sua carreira como Don Vito Corleone no primeiro ‘O Poderoso Chefão’. Esse é um dos personagens mais icônicos da história da sétima arte. Brando ganhou um Oscar por sua atuação no filme, mas não teve pudores ao “reprisar” o papel em uma comédia, tirando sarro de sua condição. Ao contrário de De Niro, que criou um novo mafioso para ‘Máfia no Divã’, Brando basicamente reprisa seu Don Corleone em ‘Um Novato na Máfia’, de 1990, usando os mesmos trejeitos, figurino e maquiagem para compor Carmine Sabatini, um “poderoso chefão” ordenando a Matthew Broderick uma missão que ele não poderá recusar.
Linda Blair
Este ano, em outubro, será lançado o novo filme da franquia ‘O Exorcista’, dito ser parte de uma trilogia, que trará a veterana Ellen Burstyn de volta exatos 50 anos depois do original. Burstyn retorna ao papel de Chris, a mãe da menina possuída, mas o que muitos afirmam é que menina, hoje uma mulher, a atriz Linda Blair também irá retornar – sua presença estaria sendo mantida em segredo pelos realizadores. Blair viveu Regan também na continuação de 1977. Depois disso nunca mais retornou ao papel. Ou quase. Porque em 1990, ela também decidiu satirizar sua personagem mais famosa, na comédia nonsense ‘A Repossuída’, mistura de ‘O Exorcista’ e ‘Corra que a Polícia Vem Aí!’ – que inclusive contou com o próprio Leslie Nielsen protagonizando.
Michael Keaton
Em 2023, Michael Keaton retornou ao papel de Batman 31 anos depois de sua última aparição no papel em ‘Batman – O Retorno’. Desde então o personagem teve muitos intérpretes. Em 2014, Keaton participaria de ‘Birdman’, filme que colocou seu nome novamente nos holofotes mundiais, e desde então o ator tem participado de bons projetos e ganhado elogios dos especialistas, vide em ‘Spotlight’ e ‘Fome de Poder’. No filme pelo qual foi indicado ao Oscar, o ator interpreta… bem, um ator que já foi um super-herói nos cinemas, mas decidiu se afastar do papel por desejar ser reconhecido por seu talento dramático em filmes mais sérios. Parece alguém que você conhece? Sim, ‘Birdman’ tem fortes laços com a trajetória do próprio Keaton e só funcionaria com ele no papel principal.
Ryan Reynolds
Por falar em super-heróis, o ator canadense poderia ter desistido do subgênero após o terceiro fracasso consecutivo. Mas se ele tivesse feito isso, jamais conheceríamos ‘Deadpool’ (e sua continuação), uma das franquias mais divertidas, insanas e para maiores deste estilo. Reynolds não é brasileiro, mas optou em não desistir nunca. Tudo começou com o desastroso ‘Blade Trinity’, de 2004. Mas como era um personagem não muito conhecido, ele decidiu retornar em 2009 para o primeiro filme solo do mutante Wolverine, de Hugh Jackman. Neste longa, ele viveu uma versão de Deadpool totalmente descaracterizada. Como se não bastasse, Reynolds ainda disse sim para ‘Lanterna Verde’, de 2011, achando que entraria para o time A de Hollywood. Todos fracassaram e Reynolds não perdeu tempo em zoar com cada um deles nos dois filmes de ‘Deadpool’.
Sean Connery
O eterno e inesquecível Sean Connery será para sempre o maior agente secreto da sétima, 007 – James Bond. É inevitável. Depois de cinco filmes como o personagem, ele decidia sair da franquia, sendo substituído por George Lazenby. Como ele não deu certo em ‘A Serviço Secreto de Sua Majestade’, Connery era persuadido a voltar para ‘Os Diamantes são Eternos’. Mas era isso, essa seria sua canção do cisne. Bem, nem tanto, já que fora da franquia oficial, com produção da Warner, Connery retornava para ‘Nunca Mais Outra Vez’, em 1983 – sua última atuação como o espião. Não podemos chamar seu trabalho no filme de sátira, já que mesmo mais velho, o ator interpreta o personagem como faria em qualquer outro filme da franquia, ou seja, levando muito a sério.
Por isso, escolhemos outro filme para ser usado como referência de 007 na carreira de Sean Connery. Tudo bem que possa ser considerado esticar um pouco a corda. Mas em ‘A Rocha’ (1996), de Michael Bay, o veterano interpreta um condecorado espião da rainha britânica capturado pelos americanos e mantido três décadas em cativeiro por ter espionado os EUA nos anos 60. Até ser tirado do cárcere por ser o único a ter escapado da prisão Alcatraz, para uma nova missão. Se quisermos, poderíamos imaginar que tal espião é um James Bond envelhecido, que ficou todo esse tempo preso desde a última aparição de Connery no papel, ao invés de ter mudado de rosto com novos intérpretes. O próprio ator disse que ‘A Rocha‘ surgiu como oportunidade de interpretar James Bond por uma última vez.