Está em cartaz nos cinemas do Brasil e do mundo ‘Renfield – Dando o Sangue pelo Chefe’, nova comédia de terror da Universal Pictures, cujo chamariz é a presença do grande Nicolas Cage no papel do maior de todos os vampiros: Drácula. O astro vencedor do Oscar já foi de tudo nas telonas, super-herói, já fez papel duplo, já foi vilão e inclusive interpretou a si mesmo no recente sucesso ‘O Peso do Talento’. Mas um dos personagens que faltavam entrar no acervo do ator era o rei de todos os vampiros, extraído do livro de Bram Stoker e que se tornou desde os primórdios da sétima arte uma das figuras mais icônicas da cultura pop.
Como podemos perceber pelo título do novo filme, o foco desta vez não é em Drácula, ele surge como personagem coadjuvante. Pela primeira vez na trajetória do personagem, o protagonismo é dado para seu assecla, Renfield, papel de Nicholas Hoult. Na trama, após passar séculos sob o comando de seu mestre, precisando matar pessoas para arranjar sangue fresco para o vampiro se alimentar, Renfield decide que é hora de se libertar e viver sua própria vida. Com uma guinada interessante do roteiro, a relação de mestre e súdito das trevas, é revisitada como uma relação tóxica e abusiva.
Pegando esse gancho para lá de sarcástico, resolvemos lembrar com você alguns filmes deste mesmo subgênero. Ou seja, filmes sobre vampiros, que ousaram subverter suas narrativas, adicionando bastante humor às tramas. Confira abaixo.
A Dança dos Vampiros (1967)
No fim dos anos 1950, o saudoso Christopher Lee vestia a capa de Drácula pela primeira vez no filme ‘O Vampiro da Noite’ (1958) Depois disso, o ator interpretou o personagem inúmeras vezes em todas as sequências das produções do estúdio inglês Hammer. É neste clima que o cineasta Roman Polanski resolveu criar seu próprio filme de vampiros, fazendo uma produção com o mesmo estilo das obras da Hammer, com uma direção de arte gótica, de castelos, escadarias e tochas. Seu filme, ‘A Dança dos Vampiros’, no entanto, é uma comédia, que mostra dois atrapalhados caçadores de vampiros (Polanski vive o assistente mais jovem), que chegam para dar cabo das criaturas das trevas em um pequeno vilarejo. Até mesmo a escolha do ator Ferdy Mayne, que vive o vampirão, cria semelhança com Lee.
Um Estranho Vampiro (1988)
Acredite, querido leitor, antes de ‘Renfield’, Nicolas Cage já havia estrelado um filme de vampiros. O próprio ator tem citado esta produção constantemente durante a divulgação de seu mais recente trabalho. Muitos certamente não conhecem essa estranha comédia, já que Cage não era um nome muito famoso na época, mesmo assim, ele já havia feito trabalhos cult como em ‘Arizona Nunca Mais’ e ‘Feitiço da Lua’. Olhe só essa premissa: após um encontro bizarro com uma misteriosa mulher (papel da belíssima Jennifer Beals – de ‘Flashdance’), um executivo yuppie (papel de Cage) acredita estar aos poucos se tornando uma criatura das trevas. Ou será que está apenas perdendo sua sanidade? O filme é impagável e dele saíram alguns dos melhores memes envolvendo Nicolas Cage, que você facilmente reconhecerá.
Os Garotos Perdidos (1987)
Nos anos 80 tivemos muitos filmes especiais, que marcaram uma geração. Nessa época dos primórdios do cinema entretenimento como o conhecemos hoje, a máxima “tudo o que dava certo era repetido” já entrava em vigor. Assim, após o sucesso de ‘Os Goonies’ ganhávamos diversas aventuras protagonizadas por um grupo de crianças – que se formos pensar bem, datam de ‘E.T.‘ (1982). Assim, dois anos depois da aventura de Mikey, Bocão, Gordo e Dado, a mesma Warner tirava do papel ‘Os Goonies vs. Vampiros’. Bem, ou quase. Na verdade, trata-se de ‘Os Garotos Perdidos’, que fala sobre dois irmãos, um mais velho (assim como Mikey e Brand), indo morar com a mãe na casa do avô, após o divórcio dos pais. No local, eles descobrem que histórias de terror são reais, já que existe uma gangue de motoqueiros com atitudes muito suspeitas, que vão além da arruaça. No mesmo ano de 1987 era lançado também ‘Deu a Louca nos Monstros’ (The Monster Squad) – filme que seguia a mesma linha.
Procura-se Rapaz Virgem (1985)
Jim Carrey em um filme de vampiros cômico? Sim, isso realmente aconteceu. Mas foi numa época antes da explosão do ator nos anos 90, quando ele se tornou um dos maiores nomes de Hollywood e um dos atores mais bem pagos do mundo. Uma década antes disso, Carrey já aprontava das suas e estrelava este cult sobre um rapaz tímido, que não tem muita sorte com as mulheres. Constantemente provocado por seus amigos, ele conhece numa noite uma mulher mais velha extremamente sensual e provocativa, papel da bela Lauren Hutton. Achando que tirou a sorte grande, o rapaz logo perceberá que nada é o que parece, quando a mulher se revela na verdade a Condessa das Trevas, uma vampira atrás de sangue novo. Para o papel da sedutora sanguessuga, no entanto, a ideia inicial era ter Cassandra Peterson, mais conhecida como a Elvira, a Rainha das Trevas – personagem cult dos anos 80. Antes de Jim Carrey no papel principal também, os criadores queriam Michael J. Fox, que no mesmo ano seria um lobisomem em ‘O Garoto do Futuro’, além de estrelar o irretocável ‘De Volta para o Futuro’.
Um Vampiro no Brooklyn (1995)
Sabemos que um filme de vampiro não se leva totalmente a sério quando estrelando temos alguma lenda do humor. Acima tivemos Jim Carrey, e aqui temos Eddie Murphy. Lançado 10 anos depois de ‘Procura-se Rapaz Virgem’, ‘Um Vampiro no Brooklyn’ na verdade faz homenagem a clássicos do terror blaxploitation, em especial ‘Blacula – O Vampiro Negro’ (1972). Produzido pela Paramount Pictures e escrito pelos irmãos Eddie e Charlie Murphy, o que muitos podem não saber ou lembrar é que o longa tem assinatura do saudoso mestre do terror, Wes Craven – conhecido por mesclar obras assustadoras com certo humor, vide a franquia ‘Pânico’. Na trama, Murphy vive um príncipe vampiro caribenho aportando em Nova York. Ele pega para si um lacaio e mira numa policial, que acredita ser a reencarnação de sua amada, papel da indicada ao Oscar Angela Bassett. Fora isso, assim como em muitos de seus filmes, Murphy interpreta diferentes personagens com o uso da maquiagem.
Drácula – Morto mas Feliz (1995)
Já tivemos Jim Carrey e Eddie Murphy em filmes de vampiros, e agora chega à lista o saudoso Leslie Nielsen, veterano da franquia ‘Corra que a Polícia Vem Aí!’ – os filmes do atrapalhado policial Frank Drebin estavam em alta nos anos 90, assim o diretor Mel Brooks, um dos expoentes do humor norte-americano, resolveu escalar Nielsen para esta produção, que marcaria o último trabalho de Brooks como diretor. O que o cineasta cria aqui é uma paródia do clássico ‘Drácula’, de Bram Stoker, que havia sido reimaginado em 1992 por Francis Ford Coppola. O filme de Brooks, no entanto, remete mais à versão clássica de 1931, estrelada por Bela Lugosi. Nielsen vive Drácula, e para isso não dispensou seus cabelos brancos platinados, que eram sua marca registrada. Antes de Nielsen, no entanto, Brooks chegou a considerar Kelsey Grammer, mais conhecido pelo seriado ‘Frasier’ e também por ter sido o Fera de ‘X-Men: O Confronto Final’ (2006). Já imaginou como seria?
Buffy – A Caça-Vampiros (1992)
Antes de a personagem ficar imortalizada nas formas de Sarah Michelle Gellar no seriado cult do fim dos anos 1990, Buffy já havia sido tentada nas telonas, num filme que não deu muito certo, e grande parte do público, incluindo os fãs da série, talvez não conheçam bem. O ano era 1992, e o roteirista e diretor Joss Whedon (o mesmo dos primeiros ‘Vingadores’ da Marvel) criava a ideia de uma “patricinha de Beverly Hills’, fútil e consumista, se descobrindo como uma heroína e precisando se erguer para salvar o mundo de ameaças das trevas. Antes de Sarah Michelle Gellar, a loirinha foi interpretada por Kristy Swanson (‘A Maldição de Samantha’). O filme também contava com Luke Perry (‘Barrados no Baile’), David Arquette, os veteranos Donald Sutherland e Rutger Hauer, e participações de Hilary Swank, Ben Affleck e do guitarrista Slash no elenco. A produção para o cinema não deu certo, apesar de ter ressurgido como cult, mas Whedon resolveu tentar de novo e levou a premissa para o canal da Fox – que aceitou tirar do papel na forma de uma série de TV, e o resto é história.