terça-feira, abril 30, 2024

Retro Dance #01 | Como o icônico álbum ‘Purple Rain’ imortalizou o legado de Prince

O mundo da música é recheado de produções lendárias e impecáveis. E, na estreia do nosso novo especial, Retro Dance, analisamos o memorável e revolucionário álbum ‘Purple Rain’, do cantor, compositor, produtor e multi-instrumentalista Prince.

Prince é um nome que absolutamente todos já ouviram. O icônico artista serviu de inspiração para diversos nomes do cenário contemporâneo da música, incluindo BeyoncéLady GagaJanelle Monáe. Começando sua carreira em 1978, Prince ascendeu a uma fama meteórica que o transformou num dos nomes mais importantes da história do escopo fonográfico – e, em 1984, lançou o que apenas podemos considerar como o melhor álbum de sua carreira e um dos melhores de todos os tempos: ‘Purple Rain’ (que entrou como trilha sonora do filme homônimo).

A produção é composta por nove faixas, dentre as quais basicamente todas se transformam em singles e/ou em assinaturas de seu estilo único. Aqui, Prince aproveitou todo seu contato com múltiplos gêneros musicais para arquitetar uma explosão de poprockR&Bfunk, amalgamando-os em uma enérgica aventura sonora que, mesmo nos dias de hoje, serve como padrão para diversos performers. Cada incursão dialoga com a outra, mas não abandona as próprias idiossincrasias – à época, auxiliando na imortalização do artista e, agora, merecendo ainda mais reconhecimento pelo impacto causado na cultura mundial.

Uma das coisas que é quase incompreensível em relação ao disco é o fato de ele não ter levado para casa a estatueta de Álbum do Ano do Grammy Awards. Afinal, diversos críticos e publicações internacionais elegeram-no como a melhor produção de 84, da década de 80, do século XX e da história – como já mencionado. A jornada se inicia com a irretocável e celebratória “Let’s Go Crazy”, guiada pelas notas profundas do órgão e de sintetizadores que fala sobre a vida e sobre o que existe de melhor nela; pouco depois, a premonitória introdução dá espaço à retumbância da guitarra e da bateria, levando o tempo necessário para trazer à tona os vocais de Prince. O que mais nos chama atenção não é só a verborrágica e cirúrgica composição, mas a fluidez com que cada engrenagem se encaixa, desde a potência do funk-rock à multiplicidade de camadas vocais e à natureza upbeat da faixa.

E isso não se restringe apenas à track de abertura, é óbvio: a extática animação proferida pelo cantor se alastra para as outras músicas, como visto em “Computer Blue”, uma das melhores incursões da carreira de Prince e uma das favoritas dos fãs. Apesar do ritmo eufórico, é notável como os elementos experimentais urgem numa mescla de synth-funkindie-rock, sem ao menos nos deixar sentir faltas de versos cantados. A bateria e a guitarra, que tomam as rédeas dessa pequena obra-prima e que se iniciam por volta dos dois minutos, são o suficiente para não querermos sair desse vibrante microcosmos. Em “When Doves Cry”, o simbólico título apenas mascara a natureza irreverente de uma composição consumada no soul e no neo-psych, desenrolando-se em uma dissonante e memorável produção que fala sobre um relacionamento fadado à ruína (e acompanhado de um dos refrões mais espetaculares que você já ouviu).

Diferente dos álbuns anteriores do artista, ‘Purple Rain’ pode ser considerado como um divisor de águas para sua carreira. Afinal, estamos lidando com o mergulho de cabeça de Prince na música pop e de que forma suas experiências passadas o auxiliaram nessa construção. Não é surpresa, pois, que podemos citar Prince como um dos precursores das diversas tendências que explodiriam no final dos anos 2000 e no começo dos anos 2010: “I Would Die 4 U”, por exemplo, influenciou anos e mais anos de synth-popelectro-pop a partir da primeira década do século XXI (podendo enxergar a influência nos primeiros álbuns de Gaga, por exemplo, ou na espetacular carreira trilhada por Robyn); a dicotômica capacidade intelectual e mercadológica do performer, inclusive, é posta em patamar similar aos de MadonnaMichael Jackson, que também dominavam o cenário mainstream nos anos 80.

Não citar a faixa-título do álbum seria criminoso: “Purple Rain” não é apenas uma das melhores entradas do gênero rock, mas uma das músicas mais importantes da história – tendo aparecido em diversas listas de veículos midiáticos nacionais e internacionais. A faixa, originalmente, seria uma canção country com direito ao dueto ao lado de Stevie Nicks – mas ganhou uma repaginação que não poderia ser encarnada por ninguém além de Prince. A força da guitarra, aliada aos vocais estrondosos do artista, ganha mais e mais camadas à medida que os minutos passam, apresentando elementos novos em cada refrão e carregando uma atmosfera antêmica que nos emociona do começo ao fim.

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O álbum transformou-se em um arauto de representatividade afro-americana, permitindo que Prince honrasse a cultura de seus antepassados de forma vanguardista e nostálgica, ao mesmo tempo. Não só isso, ele aproveitou para usar do status que se imortalizava no cenário mainstream para causar “desconfortos” propositais na parcela mais conservadora da população – quem não se lembra das polêmicas envolvendo a impetuosa “Darling Nikki”, que fala explicitamente sobre sexo e até mesmo sobre masturbação feminina. Não obstante o boicote promovido pelos tradicionalistas, o álbum vendeu mais de 25 milhões de cópias, tornando-se um dos mais bem-sucedidos de todos os tempos.

‘Purple Rain’ consegue ser tudo e mais um pouco: com apenas 26 anos, Prince, que agora era perpetuado como um símbolo avant-garde da música, conseguiu reunir cada milímetro de uma criatividade infinita para gerar um álbum que marcou e que continua a marcar gerações. E, se você ainda não teve oportunidade, ouça a esta obra-prima; garanto que você não irá se arrepender.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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