domingo , 22 dezembro , 2024

Seis filmes para conhecer a ilustre carreira cinematográfica de Arnaldo Jabor

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No dia de hoje, 15 de fevereiro, o Brasil sofreu uma inestimável perda e deu adeus a Arnaldo Jabor – que morreu aos 81 anos em virtude de complicações de um AVC sofrido em 2021.

Atualmente conhecido como um dos principais jornalistas nacionais, Jabor também teve uma carreira de sucesso considerável no cenário cinematográfico, despontando no movimento conhecido como Cinema Novo, que buscava uma identidade brasileira que se afastasse da influência neoimperialista de Hollywood e tinha como principal objetivo destacar os problemas do país, como a desigualdade e a miséria.



É certo que Jabor fez sua estreia oficial em 1965, com o lançamento do curta-metragem ‘O Circo’, mas não foi até 1970 depois que daria vida a um de seus títulos mais conhecidos, ‘Pindorama’. Desde então, conquistou diversos prêmios e foi eternizado por auxiliar na construção de um panorama essencialmente patriota, envolto em inúmeras denúncias que merecem ser revisitadas ano após ano.

Pensando nisso, o CinePOP preparou uma singela homenagem para homenagear o realizador, separando seis produções cruciais para conhecer a estética de Jabor.

Assista também:
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Confira:

PINDORAMA (1970)

A partir de 1964, o Brasil enfrentava um de seus períodos mais sombrios: a Ditadura Civil-Militar. Marcada por forte repressão e censura por parte dos militares, que haviam tomado controle do governo nacional, coube aos artistas utilizarem suas vozes para expressar o descontentamento da população e manifestar a podridão que se escondia em meio aos discursos ideológicos.

Foi nesse contexto que ‘Pindorama’ surgiu. Lançado em 1970, no auge da Ditadura, o longa-metragem foi o primeiro a ser assinado por Jabor e, ambientado numa cidade imaginária do século XVI, construiu-se sob uma alegoria sobre as origens da formação do país, discorrendo sobre sangrentas guerras, miscigenação e os povos que contribuíram para o nascimento da sociedade como a conhecemos hoje.

TODA NUDEZ SERÁ CASTIGADA (1973)

‘Pindorama’ alcançou um status memorável com o passar do tempo e trouxe temas importantes para o cenário fílmico – mas é inegável dizer que foi um fracasso de bilheteria. Entretanto, Toda Nudez Será Castigada, adaptação da peça homônima de Nelson Rodrigues, viria a se consagrar como a primeira obra-prima instantânea de Jabor.

Vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim e relembrado como um dos melhores da história nacional, o longa é centrado em um devoto viúvo chamado Herculano, que enfrenta um dilema quando seu irmão insiste que ele conheça uma prostituta. Apesar das memórias que ainda carrega da esposa, Herculano se apaixona pela belíssima Geni, causando um grande alvoroço na família – especialmente no filho, Serginho.

O CASAMENTO (1975)

Depois do sucesso de seu filme anterior, Jabor percebeu que tinha espaço o suficiente para mergulhar na obra do dramaturgo Nelson Rodrigues e resolveu abraçar outra de suas obras para a próxima incursão. Intitulada ‘O Casamento’, a produção levou para casa o Prêmio Especial do Júri no Festival de Gramado e trouxe nomes como Adriana PrietoPaulo PortoCamila Amado e outros ao elenco.

A trama acompanha Sabino (Porto), um rico industrial da construção civil que nutre um amor incestuoso por Glorinha (Prieto), sua filha de 18 anos – prestes a se casar. Para piorar, o médico da família diz que o futuro genro foi visto beijando outro homem na boca. Glorinha, ao saber das denúncias, faz um retrospecto doloroso de seus dezoito anos de sexo, violências e procuras desesperadas. Com flashbacks e ações entrelaçadas, que fazem aparecer as verdades que se escondem sob a aparente felicidade burguesa: injustiças, perversões sexuais, adultérios e crimes.

TUDO BEM (1978)

A carreira de Jabor no cinema sempre foi marcada por críticas – algo que pegou emprestado das tendências do Cinema Novo que despontaram entre os anos 1960 e 1970 e do qual, como supracitado, fizera parte. Não é surpresa que, ainda em 1978, continuasse a criar alegorias e ironias para aporrinhar os estereótipos infalíveis da sociedade brasileira – e ‘Tudo Bem’ é uma prova de que o cineasta ainda tinha muito a contar.

A narrativa do filme é ambientada inteiramente em um apartamento da classe média alta e trata do mal desilusório de que esse setor do Brasil sofria com o suposto Milagre Econômico e com a promessa de uma vida muito melhor de que tinham. Trazendo Paulo GracindoFernanda Montenegro nos papéis principais, a trama acompanha um casal que se envolve com a renovação do apartamento em que vivem – algo que dá margens a segredos e ressentimentos há muito escondidos e que resolvem explodir no pior dos momentos.

EU TE AMO (1981)

Vencedor de nada menos que quatro prêmios do Festival de Gramado e outros dois prêmios da Associação Paulista de Críticos de Arte, Eu Te Amo foi lançado em 1981 e foi exibido na categoria Un Certain Regard no Festival de Cannes – algo a que Jabor já estava bastante acostumado com seus trabalhos anteriores.

A produção é estrelada por grandes nomes do entretenimento nacional, como Sônia BragaPaulo César PeréioVera FischerTarcísio MeiraRegina Casé. A trama gira em torno de um industrial falido no milagre dos anos 70 que conhece uma mulher e a convida para sua casa. Os dois iniciam um romance desesperador, ao mesmo tempo em que tem um medo brutal deste relacionamento, tentam livrar a si próprios da solidão .

EU SEI QUE VOU TE AMAR (1986)

O drama Eu Sei que Vou Te Amar é uma das entradas mais famosas e aclamadas da filmografia de Jabor e, seguindo os passos de seus outros longas, também ganhou exibição especial no Festival de Cannes, concorrendo à categoria de Melhor Filme – enquanto Fernanda Torres, uma das protagonistas, fez história e levou para casa a estatueta de Melhor Atriz.

Na trama, um casal jovem (Torres e Thales Pan Chacon) resolve viver em duas horas um jogo da verdade sobre tudo o que já lhes aconteceu, numa psicanálise filmada com risos e lágrimas. Uma filmagem sobre o que seria um filme de amor.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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No dia de hoje, 15 de fevereiro, o Brasil sofreu uma inestimável perda e deu adeus a Arnaldo Jabor – que morreu aos 81 anos em virtude de complicações de um AVC sofrido em 2021.

Atualmente conhecido como um dos principais jornalistas nacionais, Jabor também teve uma carreira de sucesso considerável no cenário cinematográfico, despontando no movimento conhecido como Cinema Novo, que buscava uma identidade brasileira que se afastasse da influência neoimperialista de Hollywood e tinha como principal objetivo destacar os problemas do país, como a desigualdade e a miséria.

É certo que Jabor fez sua estreia oficial em 1965, com o lançamento do curta-metragem ‘O Circo’, mas não foi até 1970 depois que daria vida a um de seus títulos mais conhecidos, ‘Pindorama’. Desde então, conquistou diversos prêmios e foi eternizado por auxiliar na construção de um panorama essencialmente patriota, envolto em inúmeras denúncias que merecem ser revisitadas ano após ano.

Pensando nisso, o CinePOP preparou uma singela homenagem para homenagear o realizador, separando seis produções cruciais para conhecer a estética de Jabor.

Confira:

PINDORAMA (1970)

A partir de 1964, o Brasil enfrentava um de seus períodos mais sombrios: a Ditadura Civil-Militar. Marcada por forte repressão e censura por parte dos militares, que haviam tomado controle do governo nacional, coube aos artistas utilizarem suas vozes para expressar o descontentamento da população e manifestar a podridão que se escondia em meio aos discursos ideológicos.

Foi nesse contexto que ‘Pindorama’ surgiu. Lançado em 1970, no auge da Ditadura, o longa-metragem foi o primeiro a ser assinado por Jabor e, ambientado numa cidade imaginária do século XVI, construiu-se sob uma alegoria sobre as origens da formação do país, discorrendo sobre sangrentas guerras, miscigenação e os povos que contribuíram para o nascimento da sociedade como a conhecemos hoje.

TODA NUDEZ SERÁ CASTIGADA (1973)

‘Pindorama’ alcançou um status memorável com o passar do tempo e trouxe temas importantes para o cenário fílmico – mas é inegável dizer que foi um fracasso de bilheteria. Entretanto, Toda Nudez Será Castigada, adaptação da peça homônima de Nelson Rodrigues, viria a se consagrar como a primeira obra-prima instantânea de Jabor.

Vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim e relembrado como um dos melhores da história nacional, o longa é centrado em um devoto viúvo chamado Herculano, que enfrenta um dilema quando seu irmão insiste que ele conheça uma prostituta. Apesar das memórias que ainda carrega da esposa, Herculano se apaixona pela belíssima Geni, causando um grande alvoroço na família – especialmente no filho, Serginho.

O CASAMENTO (1975)

Depois do sucesso de seu filme anterior, Jabor percebeu que tinha espaço o suficiente para mergulhar na obra do dramaturgo Nelson Rodrigues e resolveu abraçar outra de suas obras para a próxima incursão. Intitulada ‘O Casamento’, a produção levou para casa o Prêmio Especial do Júri no Festival de Gramado e trouxe nomes como Adriana PrietoPaulo PortoCamila Amado e outros ao elenco.

A trama acompanha Sabino (Porto), um rico industrial da construção civil que nutre um amor incestuoso por Glorinha (Prieto), sua filha de 18 anos – prestes a se casar. Para piorar, o médico da família diz que o futuro genro foi visto beijando outro homem na boca. Glorinha, ao saber das denúncias, faz um retrospecto doloroso de seus dezoito anos de sexo, violências e procuras desesperadas. Com flashbacks e ações entrelaçadas, que fazem aparecer as verdades que se escondem sob a aparente felicidade burguesa: injustiças, perversões sexuais, adultérios e crimes.

TUDO BEM (1978)

A carreira de Jabor no cinema sempre foi marcada por críticas – algo que pegou emprestado das tendências do Cinema Novo que despontaram entre os anos 1960 e 1970 e do qual, como supracitado, fizera parte. Não é surpresa que, ainda em 1978, continuasse a criar alegorias e ironias para aporrinhar os estereótipos infalíveis da sociedade brasileira – e ‘Tudo Bem’ é uma prova de que o cineasta ainda tinha muito a contar.

A narrativa do filme é ambientada inteiramente em um apartamento da classe média alta e trata do mal desilusório de que esse setor do Brasil sofria com o suposto Milagre Econômico e com a promessa de uma vida muito melhor de que tinham. Trazendo Paulo GracindoFernanda Montenegro nos papéis principais, a trama acompanha um casal que se envolve com a renovação do apartamento em que vivem – algo que dá margens a segredos e ressentimentos há muito escondidos e que resolvem explodir no pior dos momentos.

EU TE AMO (1981)

Vencedor de nada menos que quatro prêmios do Festival de Gramado e outros dois prêmios da Associação Paulista de Críticos de Arte, Eu Te Amo foi lançado em 1981 e foi exibido na categoria Un Certain Regard no Festival de Cannes – algo a que Jabor já estava bastante acostumado com seus trabalhos anteriores.

A produção é estrelada por grandes nomes do entretenimento nacional, como Sônia BragaPaulo César PeréioVera FischerTarcísio MeiraRegina Casé. A trama gira em torno de um industrial falido no milagre dos anos 70 que conhece uma mulher e a convida para sua casa. Os dois iniciam um romance desesperador, ao mesmo tempo em que tem um medo brutal deste relacionamento, tentam livrar a si próprios da solidão .

EU SEI QUE VOU TE AMAR (1986)

O drama Eu Sei que Vou Te Amar é uma das entradas mais famosas e aclamadas da filmografia de Jabor e, seguindo os passos de seus outros longas, também ganhou exibição especial no Festival de Cannes, concorrendo à categoria de Melhor Filme – enquanto Fernanda Torres, uma das protagonistas, fez história e levou para casa a estatueta de Melhor Atriz.

Na trama, um casal jovem (Torres e Thales Pan Chacon) resolve viver em duas horas um jogo da verdade sobre tudo o que já lhes aconteceu, numa psicanálise filmada com risos e lágrimas. Uma filmagem sobre o que seria um filme de amor.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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