Há muitos anos, era costume dos amantes de cinema visitar as famosas locadoras de vídeos para conferir os mais recentes lançamentos e levar para casa, nem que por alguns dias, títulos para conferir em família ou à própria companhia – e todo o processo de visitar tais locais era uma espécie de ritual semanal. Entretanto, essa prática entrou em desuso por inúmeros motivos – e teve um fim quase imediato com o advento das plataformas de streaming.
Ainda que boa parte das locadoras tenham fechado – como a icônica Blockbuster, que foi extinta oficialmente em 2014 e licenciada para as Lojas Americanas pouco depois -, há pouquíssimas unidades que sobreviveram à popularização dos serviços virtuais, como aponta o Metrópoles em uma matéria publicada no começo deste mês.
De acordo com o veículo, é possível encontrar quatro locadoras na cidade de São Paulo: a Video Connection, localizada na Avenida Ipiranga, no bairro Copan; a Charada Clube, na Vila Tolstoi, na zona leste; a Eject Video, na Vila Clementino; e a Horus Vídeo Locadora, na Vila da Saúde. Cada uma delas oferece um gigantesco acervo que, acreditem ou não, sobrevivem em virtude de uma clientela variada e fiel.
O consórcio ainda oferece detalhes sobre os preços para aluguel, que tem uma base em R$10,00 e tem variação mínima de locadora para locadora. A Eject Video, por exemplo, que contém um acervo de 11 mil títulos, cobra R$16,00 pelo DVD; já a Horus, com 6 mil longas-metragens, apresenta um preço mais acessível de R$8,00.
Por mais que permaneçam vivas, os donos de tais locadoras notam um obstáculo em comum – afinal, ainda que obras audiovisuais sejam lançadas todas as semanas no streaming, a conversão dos títulos em DVDs tem um fluxo baixíssimo, visto a queda considerável de aquisição por parte do público. De qualquer forma, eles afirma que “o aluguel tem vantagem, porque a escolha é mais assertiva e não exige que o cliente pague múltiplos serviços”.
“Não é uma competição, mas é uma outra proposta. A gente ajuda o cliente a conhecer aquele filme que ele talvez nunca assistiria, ao invés de ficar procurando por horas. A plataforma tem o seu valor, mas a gente sabe que aquela quantidade de opções muitas vezes é uma ilusão. Você procura, procura, e não encontra nada”, afirmou Val Ramos, uma das donas da Horus, em entrevista ao Metrópoles.
Rose Carvalho, outra das donas, disse que os problemas enfrentados são inúmeros – incluindo a pirataria e a dificuldade de pagar o aluguel do imóvel para manter a locadora funcionando. Entretanto, Carvalho e Ramos permanecem firmes em deixar o sonho vivo e, inclusive, perceberam uma redescoberta das locadoras pelo público mais jovem, de 15 a 25 anos.
“Jamais fechar, porque é uma missão nossa. Essa locadora é um sonho nosso, independente de qualquer coisa. Assim como os livros ensinam, a gente pensa que os filmes também têm essa função. Eles contam uma história, e levar essas histórias para as pessoas é o propósito da Horus”, ela disse.
E você? Sente falta das locadoras?