Um filme precisa agradar ao público. Produtores, diretores, atores e todos os envolvidos com uma produção cinematográfica têm uma missão: satisfazer seu público-alvo, seja ele qual for. Os mais exigentes são, definitivamente, os nerds fanboys de blockbusters. Justamente por isso, é preciso trabalhar dobrado para satisfazê-los.
O cinéfilo é um tipo de espectador que não fica muito atrás quando o assunto é reclamar do que não gostou. E numa era em que a proximidade entre um produto e seu público é muito grande através das redes sociais, conseguimos ouvir em tempo real a reação dos fãs. A cada divulgação, são exaltados sentimentos positivos ou negativos em relação às novidades de forma fervorosa. Vivemos numa época de extremos como vocês sabem.
Pensando nisso, o CinePOP resolve fazer um apanhado das prévias que “saíram pela culatra”. Sejam elas trailers, teasers, cartazes, imagens ou sinopses, vamos conhecer as divulgações que deram errado.
Sonic: O Filme
Que visual bizarro. Os fãs não gostaram e criticaram o visual do porco espinho azul em seu primeiro trailer divulgado. Convenhamos, ficou parecido com personagem da carreta furacão. O barulho foi tanto que o diretor Jeff Fowler optou por criar um novo design pro bichinho – isso que é interatividade funcionando. Sonic lembrou muito o desastroso Pica-Pau (2017). Mas o novo visual do personagem foi aclamado e o filme foi um SUCESSO. Jim Carrey como o vilão Robotnik é um plus. Ainda bem que a Paramount ouviu os fãs.
Aladdin
Outro filme recente que deu o que falar. Aqui, no entanto, as reclamações se mostraram infundadas, já que Aladdin foi bastante elogiado pela imprensa e pelo público. Mais uma vez tudo começou com o visual dos personagens: um Jafar galã e as primeiras imagens que mostravam o gênio de Will Smith apenas na forma humana. Depois veio o trailer e sua versão azul foi acusada de ser artificial demais, e também recebeu negatividade. O curioso é que entre os filmes em live action da Disney deste ano – entre Dumbo e O Rei Leão -, Aladdin era o que ninguém queria ver. E terminou como o que todos mais gostaram.
As Aventuras de Paddington
Se você está reclamando do visual creepy dos gatos humanos de Cats, é porque talvez não lembre do backlash que o fofo ursinho Paddington quase sofreu antes de seu lançamento. As primeiras imagens divulgadas do urso usando sua capa de chuva em pé apenas encarando, foram recebidas com gozação e logo surgiram memes assustadores envolvendo o personagem infantil em cenas de assassinatos, etc. . Por sorte, o estúdio e o resultado do longa junto ao público trataram de reverter essa imagem e Paddington conseguiu inclusive ganhar uma continuação tão deliciosa quanto o original;
Cats
O mais recente caso de “backlash” envolve o primeiro trailer desta adaptação do famoso musical da Broadway sobre… bem, gatos. Lançado no mesmo dia do novo trailer de It: Capítulo 2, a internet não perdoou e acusou Cats de ser mais assustador que a prévia de Pennywise. Tudo devido ao visual antropomórfico dos gatos – que têm o rosto de seus intérpretes. Vamos confessar, causa estranheza. O filme se tornou um dos maiores fracassos de público e crítica da história.
Jumanji: Bem-Vindo à Selva
A Sony passou por um sufoco nesta época. Depois de ver sua prévia de Caça-Fantasmas implodir negativamente e logo após o filme em si, o estúdio sofreu grande backlash novamente no ano seguinte. A prévia de Jumanji, reboot de um adorado (para a surpresa dos mais velhos) neo clássico da Sessão da Tarde, com Robin Williams, sofreu urros virtuais de “Destruiu minha infância e afins”. Felizmente, o longa protagonizado por Dwayne Johnson viveu para se tornar a quinta maior bilheteria de seu respectivo ano.
Caça-Fantasmas
Existe outro fator que pode entrar em jogo e que foge do controle do estúdio: o nerd idiota que não aceita mudanças. Quando o trailer da versão feminina de Caça-Fantasmas estreou, marcou o recorde de descurtidas na história do Youtube. Tudo bem, muitos podem não ter gostado do trailer, mas a maioria foi negativar apenas por serem mulheres protagonizando no lugar dos homens, e não tinham intenção alguma de dar chance ao filme. Infelizmente, o filme não conseguiu provar que os haters estavam errados e o reboot foi cancelado. Agora, uma nova versão está sendo produzida, mas sem o elenco feminino. Uma pena.
X-Men: Apocalypse
X-Men: Primeira Classe trouxe cartazes horrendos zoados infinitamente pelos fãs (a arte parecia de estudante de photoshop), mas o filme ao menos viveu para receber elogios. O mesmo não pode ser dito deste Apocalypse, que recebeu backlash desde a largada, quando foi revelado ao público o visual do vilão do título, vivido pelo talentoso Oscar Isaac. Digno de séries juvenis de TV, como Power Rangers, o design veio acompanhado de personagens rasos, história básica, sem peso e deturpada, e um filme sem qualquer senso de humor ou de urgência.
O Exterminador do Futuro: Gênesis
Os dois últimos exemplares da franquia lançados fizeram um péssimo trabalho de esconder detalhes cruciais de sua trama nas prévias. Deviam aprender com a Marvel e Star Wars. Nada se compara com a campanha publicitária de Gênesis, que deve ser estudada até hoje como case do que não se fazer na hora de divulgar um filme. Além de revelar uma grande reviravolta em seu trailer, envolvendo o personagem John Connor (coisa que poderia ser evitada por aqueles que se recusam, por um bom motivo, a ver trailer), os envolvidos com a divulgação trataram de estampar o mesmo spoiler no pôster do filme. Não é à toa que muitos fãs estejam com os dois pés atrás para o novo O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio.
Todo o Dinheiro do Mundo
Nem só os blockbusters e superproduções miradas ao público jovem encontram dificuldade de vender seu peixe ao espectador ou problemas acarretados à sua confecção. Este suspense dramático de Ridley Scott baseado numa famosa história real já estava em fase de pós-produção e com seu trailer lançado nos cinemas. Bem, daí explodiu o escândalo de assédio envolvendo o ator Kevin Spacey, figura importante no filme. O tal trailer exibia sua caracterização como o sovina Paul Getty. Para não prejudicar o filme, o veterano Scott correu com sua equipe e simplesmente refilmaram todas as cenas de Spacey, substituindo-o por Christopher Plummer, que saiu da experiência com sua terceira indicação ao Oscar. O trailer com Spacey virou item raro de colecionador.
Shazam!
Esse é um caso mínimo. O filme não foi um estouro, mas talvez o estúdio sequer esperasse isso. Uma aventura juvenil e descompromissada que agradou mais do que desagradou e se viu bem longe de obras polêmicas da casa, vide Esquadrão Suicida, BVS e Liga da Justiça. Porém, um tópico fez os fãs torcerem o nariz e segue até hoje como motivo de piada: o uniforme lotado de enchimento do herói. O ator Zachary Levi, que interpreta o protagonista, até malhou e encorpou, mas nada comparado ao que foi visto em tela. O uniforme era tão “bombado” que limitou os movimentos do ator. É algo a se modificar para a sequência que estreia em 2023.
CHIPS: O Filme
Sabe aquela prévia que causa vergonha alheia. Bem, este foi o trailer de CHIPS, adaptação da série de TV cult da década de 1970 sobre vigilantes rodoviários e suas motos. Recheado de piadinhas infames e de baixo calão, o trailer nos preparava para o que viria e fez um ótimo trabalho de tirar o público das salas de cinema, transformando o longa num verdadeiro fracasso. Pelo menos o trailer foi honesto. Pior seria se fosse um belo trailer e o resultado do filme fosse o mesmo (cof cof Esquadrão Suicida cof cof). Bem, a surpresa durou pouco, só até darmos uma olhada em quem escreveu e dirigiu o longa: Dax Shepard – dono de um humor que ainda não saiu (ou talvez sequer tenha entrado) na puberdade. No Brasil, apesar do trailer lançado, a Warner optou por estrear o longa direto no sistema de home vídeo.
A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell
Adaptações de produtos queridos dos fãs são sempre delicadas. Quando envolve a cultura oriental, em especial a japonesa, a coisa complica ainda mais. Tais fãs são muito exigentes. Mas não é por menos, já que os americanos costumam pisar na bola quando se trata destas obras. É só olhar para a piada em forma de filme que é Dragonball Evolution (2009), por exemplo. Assim, todos estavam céticos. E quando foi revelado que a muito americana Scarlett Johansson viveria a protagonista asiática Major, o mundo veio abaixo. Novas definições de Whitewashing foram atualizadas e os fãs ficaram em polvorosa. O filme até deu uma explicação plausível do motivo da mudança, mas aí já era tarde demais e foi recebido com animosidade.