O filme solo ‘The Batman‘ já está oficialmente em exibição nos cinemas e os fãs dos quadrinhos mais atentos perceberão uma leva de referências tiradas de algumas das mais populares histórias do amado personagem.
E durante uma coletiva de imprensa, da qual o CinePOP participou, o cineasta Matt Reeves deu detalhes de quais HQs e filmes foram suas principais inspirações para sua recém-lançada versão do Cavaleiro das Trevas.
Um dos materiais fonte usados pelo diretor foi o amado quadrinho “Batman: Ano Um“. Segundo Reeves, a perspectiva narrativa segue um viés setentista que o cativou.
“Em termos de quadrinhos eu fiz um mergulho bem profundo nas HQs do personagem e acho que em termos de tom, ‘Ano Um‘ traz uma abordagem que está calcada em um aspecto cinematográfico, que me lembrou um filme americano dos anos 70. Inclusive nas notas feitas por Frank Miller, há uma cena onde Bruce precisa se adaptar a uma nova persona – porque ele é muito famoso e não consegue passar despercebido. Então ele coloca uma cicatriz e está usando uma bomber jacket. Nas notas, Frank escreve a David Mazzucchelli [quadrinhista da HQ] que para os desenhos, Bruce deveria parecer que havia ganhado um concurso de sósia do Travis Bickle [personagem de Taxi Driver]. Então há algo nessa abordagem criativa que me chamou a atenção”.
O diretor e corroteirista ainda revelou que os quadrinhos Batman: Ego and Other Tails, lançados em 2000, foram fundamentais para construir os conflitos psicoemocionais enfrentados por Bruce Wayne em relação ao seu alterego.
“Ego também foi uma HQ muito importante, porque aborda a psicologia por trás do fardo de ser o Batman, a ideia do monstro que existe dentro dele e essa constante luta interna que ele vive – o que eu achei muito cativante e informativo. Eu também diria que O Longo Dia das Bruxas, de Jeph Loeb e Tim Sale, foi fundamental, pois há essa ideia de um serial killer que comete essa sucessão de crimes, com o Batman sendo preso por esse mistério. É aqui que temos o famoso ‘O Maior Detetive do Mundo’. Em se tratando de quadrinhos, esses foram os mais importantes entre aqueles em que me inspirei”.
Já em se tratando de filmes, vários clássicos dos ano 70 serviram como referência para a construção da dinâmica entre os personagens:
“Quanto aos filmes, a dinâmica entre o Gordon e o Batman é meio como a de Woodward e Bernstein [dupla de jornalistas do Washington Post responsáveis por desvendar o esquema do Warergate]. É meio como o que vemos em Todos os Homens do Presidente. Existe essa conexão. Há também um pouco de Operação França, Taxi Driver…Enfim, este é um neon-noir. Há vários filmes dos anos 70 que foram inspirações e que para mim são os filmes que me inspiraram a querer trabalhar com cinema”.
E em relação ao vilão Charada, sua dinâmica em tela com Batman opera de forma singular e quase co-dependente, conforme ponderou o astro Paul Dano, intérprete do personagem. Ao longo da coletiva, ele comentou sobre como essa peculiar relação foi construída.
“Eu passei muito tempo pensando no Batman e eu amo a ideia de que não dá para ter o Batman sem sua galeria de vilões e bandidos. Mas eu também amo o fato de que esse Charada do filme não poderia existir sem o Batman. E nessa dinâmica entre eles – que você consegue perceber só de ouvir o Matt falar sobre a construção da sua narrativa com a câmera – há um certo limite ali que é lindamente explorado. Há uma obscuridade maior na moralidade, não se trata apenas de herói e vilão, preto no branco. Não se trata apenas de proteger o status quo. Há algo de errado com a cidade e é complicado ter um vilão cujas ideias não são tão erradas assim. A execução é errada, mas eu eu achei isso bastante complicado e cativante”.
Dano ainda comentou sobre o ultra realismo que faz parte da essência do personagem e como isso o torna uma figura perigosa:
“É o Batman e existem esses incríveis arquétipos, esse grandioso trabalho e historicidade. Mas eu acho que o contato com a realidade presente nesse personagem e o fado de ele ter um background bem psicológico e emocional o tornam potencialmente assustador”.
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Matt Reeves (‘Deixe-me Entrar’) é responsável pela direção.
“Dois anos patrulhando as ruas como o Batman (Pattinson), causando medo nos corações dos criminosos, levou Bruce Wayne para as sombras de Gotham City. Com apenas alguns aliados de confiança – Alfred Pennyworth (Serkis) e o tenente James Gordon (Wright) – entre a rede corrupta de oficiais e figuras importantes da cidade, o solitário vigilante se estabeleceu como a única personificação da vingança entre seus caros cidadãos.”
“Quando um assassino ataca a elite de Gotham com uma série de maquinações sádicas, uma trilha de pistas enigmáticas envia o Maior Detetive do Mundo em uma investigação no submundo do crime, onde ele encontra personagens como Selina Kyle/Mulher-Gato (Kravitz), Oswald Cobblepot/Pinguim (Farrell), Carmine Falcone (JTurturro) e Edward Nashton/Charada (Dano). Conforme as evidências começam a se tornarem pessoais e a escala dos planos do perpetrador se torna clara, Batman deve forjar novos relacionamentos, desmascarar o culpado e fazer justiça ao abuso de poder e à corrupção que há muito tempo assola a cidade de Gotham.”
Robert Pattinson estrela no papel principal. O elenco ainda conta com Zoë Kravitz (Mulher-Gato), Paul Dano (Charada), Jeffrey Wright (Comissário Gordon), John Turturro (Carmine Falcone), Andy Serkis (Alfred Pennyworth) e Colin Farrell (Pinguim).