quinta-feira , 26 dezembro , 2024

‘The Dropout’ e a PAIXÃO do Público pelo subgênero do True Crime – Mesmo com seus Altos e Baixos

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Minissérie é só o exemplo mais recente da busca do público por essas histórias

Recentemente estreou pelo Hulu a minissérie The Dropout, estrelada por Amanda Seyfried. A trama dramatiza o escândalo envolvendo a empresa farmacêutica Theranos e o consequente processo legal envolvendo sua fundadora Elizabeth Holmes e o presidente da companhia, Ramesh Balwani.



Em resumo, a Theranos começou com a promessa de ter seus recursos voltados para a pesquisa de diagnósticos rápidos para diversos tipos de doenças. No ano de 2014 foi anunciado que seu “teste Edison” revolucionaria a identificação de quadros como a diabetes e até câncer por necessitar de algumas gotas de sangue, sem a necessidade de agulhas e com a maior velocidade possível.

O anúncio impulsionou as ações da startup, cujo valor de mercado chegou a valer US$ 10 bilhões. Todavia, a ausência de demonstrações práticas sobre o novo teste levantaram dúvidas sobre o quão efetivo ele era, chegando até o questionamento se ele sequer existia. Em 15 de junho de 2018 ambos foram acusados de fraude pela promotoria do país.

Caso Theranos ganha uma adaptação

É em torno desse escândalo que a produção da Star Plus propõe uma reconstituição dos acontecimentos em formato de minissérie, ainda que esse formato não seja uma inovação; ao contrário, cada vez mais as produtoras de conteúdo tem apostado nos chamados true crimes como fonte criativa para enriquecer seus catálogos.

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O termo já entrega de imediato o que são essas produções: dramatizações inteiras sobre crimes reais, sejam eles famosos ou não. Nos últimos anos a Netflix se consolidou como referência na produção desse tipo de conteúdo, focando principalmente na criação de documentários ou minisséries documentais. 

Tal formato, portanto, não exige a contratação de um elenco para representar os envolvidos, mas apenas da presença de especialistas e daqueles que verdadeiramente tiveram conexão a nível pessoal com o crime, bem como de acesso a um acervo visual de evidências e locais relacionados, a fim de ilustrar o que está sendo explicado.

Certamente é possível creditar à Making a Murderer de 2015, a responsabilidade por essa “renascença” das produções true crime ainda que não tenha sido responsável por seu início. A busca por mais desse tipo de entretenimento também não se limita mais ao que as companhias fornecem, sendo agora produzido pelo próprio público.

A série documental da Netflix impulsionou o segmento

A proliferação dos mais diversos canais no YouTube consolidou a oferta de entretenimento para diversos nichos, bem como uma variação de qualidade ofertada pelos vídeos; alguns sendo de maior duração e trazendo informação detalhadas, enquanto outros mais curtos e adaptados à plataforma.

Com o segmento true crime não foi diferente. A maior concorrência de canais abordando delitos produziu estilos diferentes com qual se pode explorar esse assunto, indo desde uma narração em vlog com serviços ferramentas gráficas de ilustração até uma priorização do lado mais aterrorizante dos acontecimentos.

Essa riqueza de maneiras com que se pode abordar tais assuntos já foi material para programas do passado. Por volta dos anos 2000, por exemplo, o Universal Channel apresentava ao longo da semana Medical Detectives, este trazendo investigações de casos diversos sob a ótica da perícia.

De estilo documental, a única constância era a presença de um narrador e a contribuição pontual de entrevistados que tiveram algum contato com o caso, conforme exemplificado anteriormente. Já um programa que se valia de reconstituição do ocorrido foi o Linha Direta, este feito aos moldes do americano Unsolved Mysteries, no qual mesmo contando com um apresentador fixo, ainda apresentava um elenco de atores e atrizes para interpretar o crime.

Em 1987 o famoso programa já recorria ao público para resolver casos em aberto

Ainda que esses programas carreguem o crédito de terem ajudado a resolver casos até então sem solução, existe um outro lado da moeda. O fato de, como o nome já sugere, serem produções sobre crimes reais implica a existência, por consequente, de vítimas reais e sobreviventes também muito reais; estes últimos sendo diretamente afetados pela comercialização de suas tragédias.

No artigo The Human Cost of Binge-Watching True Crime Series, assinado por Melissa Chan para a revista Time, é justamente apresentado como essas produções afetam os sobreviventes, estes tendo que passar boa parte da vida se resguardando e a outros para então terem sua história transmitida para milhões de pessoas, mesmo que eles tenham negado qualquer autorização.

O fascínio do público que permite esse reavivamento das tragédias é bem pontuado em outro artigo, True Crime’s Ethical Dilemma escrito por Alice Bolin no qual se lê: “Isso é o que faz o estilo de True Crime viciante, o qual é o adjetivo que os produtores mais buscam. A posição de Voyeur, o observador desapaixonado, é excitante sem ser emocionalmente desgastante para o espectador, o qual assiste de uma posição segura”.

Mesmo datando de muito tempo, as produções True Crime vivem seu auge

Dessa forma, mesmo que o conceito de true crime possa levar a resultados reais muito positivos, de conceder uma conclusão para a dor de muitas pessoas, entende-se que há um custo e ele é a privacidade violada de várias famílias ou indivíduos. A facilidade com que a temática pode ser abordada em diferentes formas garante ainda bastante vida ao mesmo, ao passo que o mistério natural que ronda suas narrativas causam engajamento.

Na era das redes sociais, sobretudo, esses casos geram materiais para discussões em fóruns e teorias que, mesmo quando essas histórias estavam limitadas apenas aos jornais e noticiários sempre existiram, mantém o caso vivo porém no formato que se aproxima muito mais de uma história de terror do que algo real e palpável. 

 

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Recentemente estreou pelo Hulu a minissérie The Dropout, estrelada por Amanda Seyfried. A trama dramatiza o escândalo envolvendo a empresa farmacêutica Theranos e o consequente processo legal envolvendo sua fundadora Elizabeth Holmes e o presidente da companhia, Ramesh Balwani.

Em resumo, a Theranos começou com a promessa de ter seus recursos voltados para a pesquisa de diagnósticos rápidos para diversos tipos de doenças. No ano de 2014 foi anunciado que seu “teste Edison” revolucionaria a identificação de quadros como a diabetes e até câncer por necessitar de algumas gotas de sangue, sem a necessidade de agulhas e com a maior velocidade possível.

O anúncio impulsionou as ações da startup, cujo valor de mercado chegou a valer US$ 10 bilhões. Todavia, a ausência de demonstrações práticas sobre o novo teste levantaram dúvidas sobre o quão efetivo ele era, chegando até o questionamento se ele sequer existia. Em 15 de junho de 2018 ambos foram acusados de fraude pela promotoria do país.

Caso Theranos ganha uma adaptação

É em torno desse escândalo que a produção da Star Plus propõe uma reconstituição dos acontecimentos em formato de minissérie, ainda que esse formato não seja uma inovação; ao contrário, cada vez mais as produtoras de conteúdo tem apostado nos chamados true crimes como fonte criativa para enriquecer seus catálogos.

O termo já entrega de imediato o que são essas produções: dramatizações inteiras sobre crimes reais, sejam eles famosos ou não. Nos últimos anos a Netflix se consolidou como referência na produção desse tipo de conteúdo, focando principalmente na criação de documentários ou minisséries documentais. 

Tal formato, portanto, não exige a contratação de um elenco para representar os envolvidos, mas apenas da presença de especialistas e daqueles que verdadeiramente tiveram conexão a nível pessoal com o crime, bem como de acesso a um acervo visual de evidências e locais relacionados, a fim de ilustrar o que está sendo explicado.

Certamente é possível creditar à Making a Murderer de 2015, a responsabilidade por essa “renascença” das produções true crime ainda que não tenha sido responsável por seu início. A busca por mais desse tipo de entretenimento também não se limita mais ao que as companhias fornecem, sendo agora produzido pelo próprio público.

A série documental da Netflix impulsionou o segmento

A proliferação dos mais diversos canais no YouTube consolidou a oferta de entretenimento para diversos nichos, bem como uma variação de qualidade ofertada pelos vídeos; alguns sendo de maior duração e trazendo informação detalhadas, enquanto outros mais curtos e adaptados à plataforma.

Com o segmento true crime não foi diferente. A maior concorrência de canais abordando delitos produziu estilos diferentes com qual se pode explorar esse assunto, indo desde uma narração em vlog com serviços ferramentas gráficas de ilustração até uma priorização do lado mais aterrorizante dos acontecimentos.

Essa riqueza de maneiras com que se pode abordar tais assuntos já foi material para programas do passado. Por volta dos anos 2000, por exemplo, o Universal Channel apresentava ao longo da semana Medical Detectives, este trazendo investigações de casos diversos sob a ótica da perícia.

De estilo documental, a única constância era a presença de um narrador e a contribuição pontual de entrevistados que tiveram algum contato com o caso, conforme exemplificado anteriormente. Já um programa que se valia de reconstituição do ocorrido foi o Linha Direta, este feito aos moldes do americano Unsolved Mysteries, no qual mesmo contando com um apresentador fixo, ainda apresentava um elenco de atores e atrizes para interpretar o crime.

Em 1987 o famoso programa já recorria ao público para resolver casos em aberto

Ainda que esses programas carreguem o crédito de terem ajudado a resolver casos até então sem solução, existe um outro lado da moeda. O fato de, como o nome já sugere, serem produções sobre crimes reais implica a existência, por consequente, de vítimas reais e sobreviventes também muito reais; estes últimos sendo diretamente afetados pela comercialização de suas tragédias.

No artigo The Human Cost of Binge-Watching True Crime Series, assinado por Melissa Chan para a revista Time, é justamente apresentado como essas produções afetam os sobreviventes, estes tendo que passar boa parte da vida se resguardando e a outros para então terem sua história transmitida para milhões de pessoas, mesmo que eles tenham negado qualquer autorização.

O fascínio do público que permite esse reavivamento das tragédias é bem pontuado em outro artigo, True Crime’s Ethical Dilemma escrito por Alice Bolin no qual se lê: “Isso é o que faz o estilo de True Crime viciante, o qual é o adjetivo que os produtores mais buscam. A posição de Voyeur, o observador desapaixonado, é excitante sem ser emocionalmente desgastante para o espectador, o qual assiste de uma posição segura”.

Mesmo datando de muito tempo, as produções True Crime vivem seu auge

Dessa forma, mesmo que o conceito de true crime possa levar a resultados reais muito positivos, de conceder uma conclusão para a dor de muitas pessoas, entende-se que há um custo e ele é a privacidade violada de várias famílias ou indivíduos. A facilidade com que a temática pode ser abordada em diferentes formas garante ainda bastante vida ao mesmo, ao passo que o mistério natural que ronda suas narrativas causam engajamento.

Na era das redes sociais, sobretudo, esses casos geram materiais para discussões em fóruns e teorias que, mesmo quando essas histórias estavam limitadas apenas aos jornais e noticiários sempre existiram, mantém o caso vivo porém no formato que se aproxima muito mais de uma história de terror do que algo real e palpável. 

 

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