‘The Last of Us’ se tornou uma das maiores séries não apenas do ano, mas da história da HBO, por conseguir capturar a essência do clássico e aclamado jogo desenvolvido por Neil Druckmann e quebrar inúmeros recordes de audiência com apenas dois episódios desenvolvidos.
Para aqueles não familiarizados, a história acompanha Joel (Pedro Pascal) e Ellie (Bella Ramsey), dois dos poucos sobreviventes de um surto pandêmico que transformou as pessoas em marionetes violentas controladas por fungos. Tentando atravessar um caminho recheado de perigos, infecção e milícias autoritárias, ambos têm de confiar um no outro para não morrerem. E, agora que já fomos apresentados a esse enervante e angustiante cosmos, chegou a hora de explicar alguns conceitos de exímia importância para compreender a série – e os games, obviamente.
Nesta matéria, vamos explorar os infectados com o fungo Cordyceps, destrinchando as múltiplas classes de “mutantes” que aparecem em ‘The Last of Us’ e até mesmo falando um pouco sobre a disseminação da infecção em si.
A princípio, vamos colocar um pouco de perspectiva para acompanhar a linha de raciocínio: logo no primeiro capítulo, uma premonitória e agourenta entrevista de um biólogo e epidemiologista discorre sobre seres vivos que têm a capacidade de controlar a mente de outros – e que, ao menos até então, nenhuma bactéria, fungo ou vírus tinha a capacidade de fazer isso no corpo humano, devido à alta temperatura corporal. Entretanto, o cientista em questão fala sobre a possibilidade de o planeta ficar mais quente e condicionar as mutações de fungos que poderiam se atrelar ao sistema nervoso e controlar os hospedeiros como bem entendem.
Dito e feito: o supracitado Cordyceps se originou nas plantações dos estados sulistas (conforme diversas notícias de jornais locais) e, ao entrar no corpo humano, se finca ao cérebro e começa a espalhar o micélio (conjunto de hifas que faz parte do fungo) no tecido, matando as células cerebrais, apagando as memórias dos hospedeiros e deixando-os louco – inclusive modificando os instintos básicos para espalhar os esporos a outros indivíduos e aumentar a infecção.
Em suma, as habilidades do fungo conseguem “sequestrar” todas as habilidades motoras e cognitivas do hospedeiro; a infecção, por sua vez, pode ocorrer através dos esporos ou do contato com outros infectados, incluindo por mordidas, como vemos no episódio introdutório. E, dentro disso, existem cinco estágios de infecção: Corredores, Perseguidores, Estaladores, Baiacus e os Trôpegos.
Os Corredores (Runners) são pessoas que recentemente foram infectadas pelo fungo e são definidos pela intensa velocidade, por ataques lentos e pela tendência de atacar as pessoas em hordas. Já os Perseguidores (Stalkers) são aqueles que foram infectados entre duas semanas e um ano, escondendo-se e esperando o momento certo para atacar a presa. Alguns deles, inclusive, se prendem a paredes, permitindo que o Cordyceps se desenvolva ainda mais e mantenha o hospedeiro vivo até a aparição de uma determinada presa.
Os Estaladores (Clickers) são aqueles cujo período de infecção ultrapassa um ano. Como já visto na série, a grande mutação cega os hospedeiros e força o fungo a fazê-los utilizar a ecolocalização para atacar as presas. E isso não é tudo: eles são consideravelmente mais perigosos que os Corredores e os Perseguidores, visto que o fungo aumenta a força física e os permite ter maior vantagem no combate corpo a corpo. Os Baiacus (Bloaters), por sua vez, foram infectados há vários anos, tornando-se lentos e cegos por completo – mas fortes e muito resilientes, considerando que a disseminação do fungo funciona como armadura, ainda que os deixem vulneráveis ao fogo. Como se não bastasse, eles também conseguem arrancar colônias fúngicas dos próprios corpos e utilizá-las como bomba de esporos, arremessando-as nas vítimas.
Por fim, temos os Trôpegos (ou Shamblers, no original). Esse último estágio de infecção foi introduzido em ‘The Last of Us: Part II’ e representa as pessoas infectadas por vários anos, tipicamente habitando áreas ricas em recursos aquáticos. Os Trôpegos não têm a mesma resiliência dos outros estágios, porém, conseguem agarrar as presas e exalar grandes nuvens de esporos, que causam queimaduras ácidas na pele das vítimas. Quando mortos, os esporos explodem, disseminando o Cordyceps no ar.
Além dos estágios mencionados, temos também o Rei dos Ratos (rat king), cujo estágio pode se assimilar a uma espécie de bioarma, visto que não provém das mutações naturais do fungo. Tal estágio é único e surgiu em um hospital de Seattle, depois de vinte anos de infecção e formado através da combinação gênica de diversos infectados – culminando em uma criatura colossal em tamanho e força, com grande resistência a fogo, bombas e armas. Mesmo depois de sofrer muito dano, o Rei dos Ratos não morre; pelo contrário, suas várias partes começam a se desvincular e atacar ao lado do hospedeiro primário.
Não é nenhuma novidade dizer que, à medida que os estágios evoluem, a aparência física dos infectados se modifique: os Corredores perdem cabelo, enquanto a pele descolore e fica cheia de lesões, enquanto os olhos ficam injetados. Os Perseguidores possuem crescimento do fungo ao redor dos olhos e nos ombros, com a pele descolando do rosto – e, em alguns casos, causando uma exposição do crânio. Os Estaladores têm um estágio muito mais avançado: o crânio já se partiu em dois, permitindo a saída do fungo e a destruição total dos olhos; a arcada dentária, por sua vez, praticamente não existe, enquanto a pele está tomada por colônias sencientes. Nos Baiacus, o desenvolvimento do Cordyceps é tão avançado que, como explicado, cria uma armadura protetora em volta do hospedeiro, ocasionando o inchaço do corpo e fornecendo uma resistência às mudanças climáticas, como o frio. Os Trôpegos são muito parecidos com os Baiacus, com exceção de alguns detalhes; e o Rei dos Ratos é uma gigantesca colônia de vários estágios diferentes.
Lembrando que ‘The Last of Us’ é exibida todo domingo, na HBO e na HBO Max.