Diretor é um dos mais badalados do terror atualmente
Não é à toa que o cineasta Robert Eggers é um nome citado em outros artigos em mais de uma ocasião. Com uma carreira montada inteiramente no gênero do terror, o diretor não se limitou apenas a seguir maneirismos do mercado (como o abuso da ferramenta de jump scares), mas também empregando elementos que ele considera importante para esse tipo de história.
Dessa forma seus filmes se tornam facilmente discerníveis dos demais pelo ritmo lento, empregado para uma construção eficaz da atmosfera do medo, e pelas ambientações históricas ricas. Com duas obras lançadas até o momento (A Bruxa e O Farol) já é aparente que o diretor tem grande apreço por cenários que se passam em algum momento no passado e que possuam alguma riqueza cultural significativa.
Não à toa, as desventuras da família de colonos que é vítima de forças sobrenaturais foi inspirada em uma antiga história e o elenco precisou aprender uma variação arcaica do inglês para os diálogos.
No que consta à espiral de loucura enfrentada pela dupla de marinheiros responsáveis pelo farol ocorreu um processo criativo muito semelhante, no qual o roteiro foi inspirado em uma lenda sobre o desaparecimento de dois faroleiros (bem como de vários outros folclores do mundo da navegação) além de contar com o resgate de outra ramificação esquecida do inglês proferida pelos personagens.
Ao que tudo indica essa mesma receita será seguida por The Northman, o vindouro filme de Eggers que teve sua estreia adiada algumas semanas e tem previsão de estreia para 22 de abril de 2022. Primeiro de tudo, o pouco revelado sobre a premissa promete entregar uma história envolvendo a cultura viking (ou escandinava como um todo), mas especificamente uma adaptação da lenda de Amleth.
Apesar de não possuir uma data de criação propriamente traçada, especula-se que a lenda data do século X, porém com sua primeira tradução em latim tendo sido feita em torno de 1200, assinada pelo historiador dinamarquês Saxo Grammaticus. Em linhas gerais, a lenda retrata uma trama de traição familiar quando dois irmãos (Horwendil e Fengo) são nomeados senhores da terra de Jutland.
Horwendil mata o mesmo rei da Dinamarca que lhe concedeu a honraria e toma como esposa a filha do falecido. Eventualmente o casal gera uma criança, Amleth, porém a família é destruída após o invejoso Fengo assassinar Horwendil. Com paralelos evidentes, é comumente compreendido que Shakespeare se inspirou na lenda escandinava para compor Hamlet.
Além disso, é dessa premissa que a trama protagonizada por Alexander Skarsgard deve partir, com um viking buscando vingança pelo assassinato do pai. As filmagens tiveram início ainda em 2020, com eventuais paralisações devido à pandemia; ainda assim é reportado que a escala da obra vai ser a maior vista na filmografia de Eggers até então.
Isso se traduz principalmente pelos nomes escalados, não só o do protagonista. Anya Taylor-Joy retoma a parceria com cineasta iniciada em A Bruxa (e com promessa de continuar futuramente em Nosferatu), da mesma maneira que outros atores também o reencontrarão, tais como Ralph Ineson e Willem Dafoe; Nicole Kidman está confirmada como a mãe de Amleth; a cantora Björk vai marcar sua volta às telas pela primeira vez desde 2009.
A fotografia será assinada mais uma vez por Jarin Blaschke, outro velho colaborador de Eggers que participou de seus dois últimos filmes, e Craig Lathrop volta para o design de produção; tais nomes exemplificam que o diretor busca uma continuidade de suas antigas parcerias, podendo indicar que The Northman vai manter uma identificação ao seu estilo apresentado em trabalhos anteriores, para a alegria de uns e tristeza de outros.
Também já foi reportado que o primeiro trailer foi exibido em particular para uma plateia selecionada. Apesar disso, não há, até o momento do fechamento deste artigo, uma previsão de quando esse material será disponibilizado publicamente.
