sábado , 2 novembro , 2024

Trilogia ‘Robocop’ na Amazon Prime Video – Revisite a saga do ‘Policial do Futuro’ disponível no streaming

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Em 2023 ‘Robocop 3’ completa 30 anos de lançamento… tudo bem, isso talvez não seja um grande motivo para se comemorar. É verdade que o terceiro filme do ‘Policial do Futuro’ não possui um número assim tão grande de defensores e é considerado pela maioria dos críticos, e inclusive dos fãs da franquia como um dos piores filmes de todos os tempos – e definitivamente um dos piores de 30 anos atrás e dos anos 90. É verdade também que caso ‘Robocop 3’ fosse a primeira investida no personagem, ele não passaria de seu primeiro filme. Como foi o terceiro, foi motivo de encerrar uma longeva franquia em potencial. Os fãs sempre ficam imaginando como seria se o longa tivesse sido sucesso, poderíamos ter Robocop 4, 5 e 6. Afinal, todo fã quer ver seu personagem em tela em novos filmes.

Mas fique descansado, essa matéria não é sobre ‘Robocop 3’. Bem, não é apenas sobre Robocop 3’. Acontece que a Amazon Prime Video, a plataforma de streaming número 2 do mundo (atrás apenas da Netflix) – e que rapidamente escala para se tornar a número 1 – fez uma jogada de mestre ao adquirir a MGM e todo o seu acervo cinematográfico. Como já havíamos relatado em uma matéria (que você pode conferir abaixo no link). Uma das maiores preciosidades vinculadas ao estúdio é a marca conhecida como ‘Robocop – O Policial do Futuro’. A plataforma disponibiliza em seu acervo o filme original de 1987 – um verdadeiro ícone dos anos 80 – e suas duas continuações. Infelizmente o remake subestimado que nosso conterrâneo José Padilha lançou em 2014 não está disponível, apenas pela plataforma de streaming da MGM.

Leia também: As Franquias mais famosas da MGM no Cinema que a Amazon pode REVIVER

Nem é preciso ser dito a esta altura que o personagem Robocop se tornou parte da cultura popular, graças ao sucesso do original. Além das continuações, Robocop ganhou uma série de TV em live-action, um desenho animado, jogos de videogame, action figures, quadrinhos, todo tipo de merchandising (desde relógios até bolhas de sabão de banho), e inclusive foi “homenageado” numa música dos saudosos Mamonas Assassinas. A refilmagem comandada pelo brasileiro José Padilha visava dar início a uma nova franquia, funcionando também como reboot. Infelizmente o filme não atingiu o esperado em termos de bilheteria, apesar de ter recebido críticas favoráveis. Desde então, o personagem só deu as caras no universo do games eletrônicos, se mantendo fora de qualquer outro produto audiovisual. Sabemos que não deve demorar muito tempo para a Amazon tirar do papel uma nova produção com o personagem (seja uma série ou um filme). Planos para um novo filme e uma série de TV circulam há um tempo em Hollywood, mas não possuem atualização desde 2020.

Robocop – O Policial do Futuro (1987)

Escrito por Edward Neumeier, então um jovem aspirante a roteirista, ‘Robocop’ foi o primeiro trabalho do artista na área. Sua principal inspiração na hora de escrever a história veio do clássico de Ridley Scott, ‘Blade Runner – O Caçador de Androides’ (1982). Neumeier trabalhou no set do filme de Scott como executivo júnior de roteiro e era fascinado por robôs, ficção científica e quadrinhos. Foi nesta mesma época, no início dos anos 80 que Neumeier bolaria o conceito de um futuro no estilo ‘Blade Runner’ no qual um policial totalmente mecânico iria ganhando consciência humana no decorrer da trama. O roteirista então decidiu mesclar esse conceito com outra ideia que tinha sobre dois executivos competindo na hierarquia de uma grande empresa, e basicamente se matando pelo poder no processo.

Meia Hollywood foi considerada para a direção do filme, incluindo David Cronenberg, mas todos descartaram a ideia – muito por causa do título considerado bobo. O roteiro finalmente chegaria à mãos do diretor holandês Paul Verhoeven, que buscava um segundo filme americano para dirigir após o fracasso de ‘Conquista Sangrenta’ (1985). Quando se deparou com a história de ‘Robocop’ não se interessou e considerou a ideia apenas um filme de ação qualquer. Foi sua esposa, Martine Verhoeven, quem o fez reconsiderar percebendo as sutilezas e a acidez das sátiras sociais presentes no texto – e o humor bastante implícito. Os dois estão casados desde 1967 até hoje.

A relação entre Lewis (Nancy Allen) e Murphy (Peter Weller), seu parceiro morto trazido de volta como um ciborgue, é o coração do filme ‘Robocop’.

Robocop – O Policial do Futuro’, apesar de ser um filme de ação, e um extremamente violento que quase não passou na censura alta – sendo considerado impróprio -, realmente possui muito humor. A cada nova geração, o público descobre e fica mais ciente das verdadeiras intenções do longa – que nada mais é do que uma grande crítica afiada, definida pelo roteirista como “alívio cômico para uma época cínica”. Uma época na qual a era Ronald Reagan, o ápice da ganância das grandes corporações e o aumento significativo dos números de crimes criaram um tempo profundamente pessimista nos EUA.

Na trama, o policial Alex Murphy, marido e pai de família, é designado para uma das cidades mais violentas no futuro, Detroit, em Chicago (que na vida real pediu falência em 2013). Seu destino desde o início está selado, com os realizadores o considerando um Jesus Cristo moderno – a cena cruel de seu assassinato é comparada com a crucificação de Jesus, e sua ressurreição aqui é cibernética. Na linha de serviço, Murphy é morto por criminosos sádicos, mas é trazido de volta como um robô, programado por uma grande corporação que deseja privatizar a polícia e transformar os policiais em produtos obedientes. ‘Robocop’ é uma obra-prima moderna, que talvez nunca tenha recebido o valor que merece e com o tempo terminou sendo esquecida pelas novas gerações – Hollywood sabe que é preciso manter uma marca nos holofotes com novos produtos. Apesar disso, foi indicado para 3 prêmios no Oscar (melhor som e melhor edição) e levou um prêmio especial por edição de som.

Robocop 2 (1990)

Após o sucesso de crítica e público que foi o filme original, que com um orçamento de US$13 milhões, retornou aos cofres da Orion Pictures US$53 milhões nos EUA, ficando em primeiro lugar nas bilheterias americanas em seu fim de semana de estreia – e não dando chance para Tubarão 4 – A Vingança; os produtores, é claro, queriam logo uma continuação e deram sinal verde para ‘Robocop 2’. A primeira atitude dos executivos da Orion Pictures foi procurar novamente a dupla Paul Verhoeven (diretor) e Edward Neumeier (roteirista). O diretor, no entanto, não desejava fazer meramente uma continuação. Para ele, o apelo precisava vir da inovação, de algo diferente, mas que contasse com a mesma criatividade do original. Segundo Verhoeven, se não fosse assim, ele sentiria que ‘Robocop 2’ representaria apenas uma sequência ‘caça-níquel’ para o estúdio.

Robocop 2’ também é metalinguagem, já que ao mesmo tempo em que é o título do filme, é também um novo robô criado pela mesma empresa.

De certa forma, o mesmo ocorria com Neumeier, que chegou a entregar um roteiro intitulado ‘Robocop: Corporate Wars’ (algo como ‘A Guerra das Corporações’). A ideia do roteirista era mostrar Robocop sendo completamente destruído logo no início da continuação, sendo reconstruído em um futuro ainda mais distante, 25 anos depois. Nesta nova época, presenciaria um futuro ainda mais distópico, e se veria como peão no meio de uma guerra entre uma corporação toda poderosa, o governo americano e a população pobre (ideias essas reaproveitadas em ‘Robocop 3’). No texto original de Neumeier também, o protagonista teria um interesse amoroso na forma de outra criação artificial, o que o humanizaria ainda mais. As intenções do estúdio, porém, eram apelar ainda mais para o público jovem, transformando o personagem principal num ícone da cultura pop, uma espécie de super-herói, e em relação a isso podemos dizer que obtiveram êxito. O quadrinista Frank Miller foi chamado para escrever a história, que até segue de perto o molde do primeiro longa. Como uma boa história de heróis, é preciso ter um vilão – e aqui ele chegava nas formas do Robocop 2, um experimento como o feito no protagonista, mas utilizando um traficante perigoso e viciado em drogas.

Robocop 3 (1993)

Para vender mais brinquedos para a garotada, no terceiro filme Robocop aprende a voar e troca a mão por uma arma.

Robocop 2’ com um orçamento maior do que o original, de US$25 milhões, viu o retorno de menos dinheiro, com US$45.6 milhões. Em seu fim de semana de estreia não conseguiu pegar o topo das bilheteria, ficando atrás de ‘Dick Tracy‘ – que havia estreado na semana anterior. Mesmo assim, se mostrou bem-sucedido o suficiente para fazer os produtores correrem para continuar a jornada do policial meio homem, meio máquina. De fato, a intenção era que ‘Robocop 3’ fosse lançado ainda em 1992 – dois anos depois do segundo. Mas essa intenção não seria cumprida devido a uma produção problemática. Para começar, Peter Weller, o intérprete do ciborgue nos dois primeiros filmes não estava nem um pouco interessado em retornar. Ele havia “batido cabeça” com o roteiro do segundo, já que em sua opinião o desfecho deveria ter um ângulo de moralidade (como no original) ao invés de ser apenas uma longa cena de ação. Mas os produtores acharam que o confronto entre os dois robôs bastaria.

O roteirista Frank Miller também não ficou cem por cento contente com o resultado de ‘Robocop 2’, mas resolveu dar mais uma chance para Hollywood e retornou para escrever o terceiro filme. Substituindo Weller no papel principal, o menos conhecido Robert John Burke entrava em cena. Nesta altura o personagem e seu universo apelavam muito ao público infanto-juvenil, com muitos produtos licenciados mirados a eles, como um desenho animado e linhas de brinquedos. Assim, a primeira medida de ‘Robocop 3’ foi ser um filme de censura baixa – diferente dos dois longas anteriores. Mesmo os que nunca se atentaram a este fato, mas sempre sentiram um teor diferente neste terceiro, podem apostar que é da violência gráfica que sentem falta. Afinal, esse é um elemento inerente nas histórias do personagem, que casa perfeitamente com o clima da narrativa. Até mesmo uma criança como parceria o robô violentíssimo recebe neste terceiro – o que os produtores não se tocaram é que as crianças gostavam é do que era proibido a elas. Outro fator facilmente identificável neste ‘Robocop 3’ é a popularidade que o personagem fazia no Japão e como isso influenciou no roteiro, com o país nipônico tendo grande parte na trama e inclusive providenciando os vilões.

O sucesso de ‘Robocop’ no Japão influenciou o roteiro, que agora trazia robôs ninja japoneses como vilões.

Com orçamento no meio termo entre o primeiro e o segundo, com US$22 milhões, ‘Robocop 3’ fez uma bilheteria total de US$10.6 milhões, se tornando assim o primeiro fracasso da franquia. O filme estreou em terceira posição do ranking, abaixo de ‘O Estranho Mundo de Jack’ e da estreia de ‘A Força do Passado’, drama com Dennis Quaid e Meg Ryan. ‘Robocop 3’, dizem as más línguas, foi responsável por colocar o prego no caixão na produtora Orion Pictures – uma força de Hollywood nos anos 80 e 90. No ano seguinte, Robocop voltaria, mas agora nas telinhas numa série de TV, onde foi vivido por Richard Eden. Mas parecia que os fãs estavam saturados do personagem, e o programa durou apenas uma temporada de 23 episódios. Em 2014 uma nova chance foi dada ao herói, com um remake dirigido por nosso conterrâneo José Padilha – diretor dos dois ‘Tropa de Elite’. O remake igualmente não atingiu o esperado. Agora fala-se em uma sequência direta do primeiro, com Edward Neumeier retornando para o roteiro.

Enquanto esse novo ‘Robocop’ não sai do papel, os fãs podem consumar a nostalgia na Amazon Prime Video – com a trilogia original do personagem.

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Mas fique descansado, essa matéria não é sobre ‘Robocop 3’. Bem, não é apenas sobre Robocop 3’. Acontece que a Amazon Prime Video, a plataforma de streaming número 2 do mundo (atrás apenas da Netflix) – e que rapidamente escala para se tornar a número 1 – fez uma jogada de mestre ao adquirir a MGM e todo o seu acervo cinematográfico. Como já havíamos relatado em uma matéria (que você pode conferir abaixo no link). Uma das maiores preciosidades vinculadas ao estúdio é a marca conhecida como ‘Robocop – O Policial do Futuro’. A plataforma disponibiliza em seu acervo o filme original de 1987 – um verdadeiro ícone dos anos 80 – e suas duas continuações. Infelizmente o remake subestimado que nosso conterrâneo José Padilha lançou em 2014 não está disponível, apenas pela plataforma de streaming da MGM.

Leia também: As Franquias mais famosas da MGM no Cinema que a Amazon pode REVIVER

Nem é preciso ser dito a esta altura que o personagem Robocop se tornou parte da cultura popular, graças ao sucesso do original. Além das continuações, Robocop ganhou uma série de TV em live-action, um desenho animado, jogos de videogame, action figures, quadrinhos, todo tipo de merchandising (desde relógios até bolhas de sabão de banho), e inclusive foi “homenageado” numa música dos saudosos Mamonas Assassinas. A refilmagem comandada pelo brasileiro José Padilha visava dar início a uma nova franquia, funcionando também como reboot. Infelizmente o filme não atingiu o esperado em termos de bilheteria, apesar de ter recebido críticas favoráveis. Desde então, o personagem só deu as caras no universo do games eletrônicos, se mantendo fora de qualquer outro produto audiovisual. Sabemos que não deve demorar muito tempo para a Amazon tirar do papel uma nova produção com o personagem (seja uma série ou um filme). Planos para um novo filme e uma série de TV circulam há um tempo em Hollywood, mas não possuem atualização desde 2020.

Robocop – O Policial do Futuro (1987)

Escrito por Edward Neumeier, então um jovem aspirante a roteirista, ‘Robocop’ foi o primeiro trabalho do artista na área. Sua principal inspiração na hora de escrever a história veio do clássico de Ridley Scott, ‘Blade Runner – O Caçador de Androides’ (1982). Neumeier trabalhou no set do filme de Scott como executivo júnior de roteiro e era fascinado por robôs, ficção científica e quadrinhos. Foi nesta mesma época, no início dos anos 80 que Neumeier bolaria o conceito de um futuro no estilo ‘Blade Runner’ no qual um policial totalmente mecânico iria ganhando consciência humana no decorrer da trama. O roteirista então decidiu mesclar esse conceito com outra ideia que tinha sobre dois executivos competindo na hierarquia de uma grande empresa, e basicamente se matando pelo poder no processo.

Meia Hollywood foi considerada para a direção do filme, incluindo David Cronenberg, mas todos descartaram a ideia – muito por causa do título considerado bobo. O roteiro finalmente chegaria à mãos do diretor holandês Paul Verhoeven, que buscava um segundo filme americano para dirigir após o fracasso de ‘Conquista Sangrenta’ (1985). Quando se deparou com a história de ‘Robocop’ não se interessou e considerou a ideia apenas um filme de ação qualquer. Foi sua esposa, Martine Verhoeven, quem o fez reconsiderar percebendo as sutilezas e a acidez das sátiras sociais presentes no texto – e o humor bastante implícito. Os dois estão casados desde 1967 até hoje.

A relação entre Lewis (Nancy Allen) e Murphy (Peter Weller), seu parceiro morto trazido de volta como um ciborgue, é o coração do filme ‘Robocop’.

Robocop – O Policial do Futuro’, apesar de ser um filme de ação, e um extremamente violento que quase não passou na censura alta – sendo considerado impróprio -, realmente possui muito humor. A cada nova geração, o público descobre e fica mais ciente das verdadeiras intenções do longa – que nada mais é do que uma grande crítica afiada, definida pelo roteirista como “alívio cômico para uma época cínica”. Uma época na qual a era Ronald Reagan, o ápice da ganância das grandes corporações e o aumento significativo dos números de crimes criaram um tempo profundamente pessimista nos EUA.

Na trama, o policial Alex Murphy, marido e pai de família, é designado para uma das cidades mais violentas no futuro, Detroit, em Chicago (que na vida real pediu falência em 2013). Seu destino desde o início está selado, com os realizadores o considerando um Jesus Cristo moderno – a cena cruel de seu assassinato é comparada com a crucificação de Jesus, e sua ressurreição aqui é cibernética. Na linha de serviço, Murphy é morto por criminosos sádicos, mas é trazido de volta como um robô, programado por uma grande corporação que deseja privatizar a polícia e transformar os policiais em produtos obedientes. ‘Robocop’ é uma obra-prima moderna, que talvez nunca tenha recebido o valor que merece e com o tempo terminou sendo esquecida pelas novas gerações – Hollywood sabe que é preciso manter uma marca nos holofotes com novos produtos. Apesar disso, foi indicado para 3 prêmios no Oscar (melhor som e melhor edição) e levou um prêmio especial por edição de som.

Robocop 2 (1990)

Após o sucesso de crítica e público que foi o filme original, que com um orçamento de US$13 milhões, retornou aos cofres da Orion Pictures US$53 milhões nos EUA, ficando em primeiro lugar nas bilheterias americanas em seu fim de semana de estreia – e não dando chance para Tubarão 4 – A Vingança; os produtores, é claro, queriam logo uma continuação e deram sinal verde para ‘Robocop 2’. A primeira atitude dos executivos da Orion Pictures foi procurar novamente a dupla Paul Verhoeven (diretor) e Edward Neumeier (roteirista). O diretor, no entanto, não desejava fazer meramente uma continuação. Para ele, o apelo precisava vir da inovação, de algo diferente, mas que contasse com a mesma criatividade do original. Segundo Verhoeven, se não fosse assim, ele sentiria que ‘Robocop 2’ representaria apenas uma sequência ‘caça-níquel’ para o estúdio.

Robocop 2’ também é metalinguagem, já que ao mesmo tempo em que é o título do filme, é também um novo robô criado pela mesma empresa.

De certa forma, o mesmo ocorria com Neumeier, que chegou a entregar um roteiro intitulado ‘Robocop: Corporate Wars’ (algo como ‘A Guerra das Corporações’). A ideia do roteirista era mostrar Robocop sendo completamente destruído logo no início da continuação, sendo reconstruído em um futuro ainda mais distante, 25 anos depois. Nesta nova época, presenciaria um futuro ainda mais distópico, e se veria como peão no meio de uma guerra entre uma corporação toda poderosa, o governo americano e a população pobre (ideias essas reaproveitadas em ‘Robocop 3’). No texto original de Neumeier também, o protagonista teria um interesse amoroso na forma de outra criação artificial, o que o humanizaria ainda mais. As intenções do estúdio, porém, eram apelar ainda mais para o público jovem, transformando o personagem principal num ícone da cultura pop, uma espécie de super-herói, e em relação a isso podemos dizer que obtiveram êxito. O quadrinista Frank Miller foi chamado para escrever a história, que até segue de perto o molde do primeiro longa. Como uma boa história de heróis, é preciso ter um vilão – e aqui ele chegava nas formas do Robocop 2, um experimento como o feito no protagonista, mas utilizando um traficante perigoso e viciado em drogas.

Robocop 3 (1993)

Para vender mais brinquedos para a garotada, no terceiro filme Robocop aprende a voar e troca a mão por uma arma.

Robocop 2’ com um orçamento maior do que o original, de US$25 milhões, viu o retorno de menos dinheiro, com US$45.6 milhões. Em seu fim de semana de estreia não conseguiu pegar o topo das bilheteria, ficando atrás de ‘Dick Tracy‘ – que havia estreado na semana anterior. Mesmo assim, se mostrou bem-sucedido o suficiente para fazer os produtores correrem para continuar a jornada do policial meio homem, meio máquina. De fato, a intenção era que ‘Robocop 3’ fosse lançado ainda em 1992 – dois anos depois do segundo. Mas essa intenção não seria cumprida devido a uma produção problemática. Para começar, Peter Weller, o intérprete do ciborgue nos dois primeiros filmes não estava nem um pouco interessado em retornar. Ele havia “batido cabeça” com o roteiro do segundo, já que em sua opinião o desfecho deveria ter um ângulo de moralidade (como no original) ao invés de ser apenas uma longa cena de ação. Mas os produtores acharam que o confronto entre os dois robôs bastaria.

O roteirista Frank Miller também não ficou cem por cento contente com o resultado de ‘Robocop 2’, mas resolveu dar mais uma chance para Hollywood e retornou para escrever o terceiro filme. Substituindo Weller no papel principal, o menos conhecido Robert John Burke entrava em cena. Nesta altura o personagem e seu universo apelavam muito ao público infanto-juvenil, com muitos produtos licenciados mirados a eles, como um desenho animado e linhas de brinquedos. Assim, a primeira medida de ‘Robocop 3’ foi ser um filme de censura baixa – diferente dos dois longas anteriores. Mesmo os que nunca se atentaram a este fato, mas sempre sentiram um teor diferente neste terceiro, podem apostar que é da violência gráfica que sentem falta. Afinal, esse é um elemento inerente nas histórias do personagem, que casa perfeitamente com o clima da narrativa. Até mesmo uma criança como parceria o robô violentíssimo recebe neste terceiro – o que os produtores não se tocaram é que as crianças gostavam é do que era proibido a elas. Outro fator facilmente identificável neste ‘Robocop 3’ é a popularidade que o personagem fazia no Japão e como isso influenciou no roteiro, com o país nipônico tendo grande parte na trama e inclusive providenciando os vilões.

O sucesso de ‘Robocop’ no Japão influenciou o roteiro, que agora trazia robôs ninja japoneses como vilões.

Com orçamento no meio termo entre o primeiro e o segundo, com US$22 milhões, ‘Robocop 3’ fez uma bilheteria total de US$10.6 milhões, se tornando assim o primeiro fracasso da franquia. O filme estreou em terceira posição do ranking, abaixo de ‘O Estranho Mundo de Jack’ e da estreia de ‘A Força do Passado’, drama com Dennis Quaid e Meg Ryan. ‘Robocop 3’, dizem as más línguas, foi responsável por colocar o prego no caixão na produtora Orion Pictures – uma força de Hollywood nos anos 80 e 90. No ano seguinte, Robocop voltaria, mas agora nas telinhas numa série de TV, onde foi vivido por Richard Eden. Mas parecia que os fãs estavam saturados do personagem, e o programa durou apenas uma temporada de 23 episódios. Em 2014 uma nova chance foi dada ao herói, com um remake dirigido por nosso conterrâneo José Padilha – diretor dos dois ‘Tropa de Elite’. O remake igualmente não atingiu o esperado. Agora fala-se em uma sequência direta do primeiro, com Edward Neumeier retornando para o roteiro.

Enquanto esse novo ‘Robocop’ não sai do papel, os fãs podem consumar a nostalgia na Amazon Prime Video – com a trilogia original do personagem.

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