O cinema brasileiro vem ganhando força com as cinebiografias. Depois de sucessos retumbantes como Cazuza, Olga e 2 Filhos de Francisco, a produção nacional recebe mais exemplar de qualidade: Zuzu Angel. O filme é dirigido por Sérgio Rezende, que tem experiência no trato de personagens reais, como em Mauá O imperador e o Rei e Lamarca. Estilista famosa, Zuzu Angel enfrentou o regime militar brasileiro dos anos 70 para descobrir o paradeiro do filho desaparecido e, depois, ter o direito de enterrar seu corpo. Para isso, foi bater incansavelmente nas prisões da ditadura militar, procurou aliados no exterior e denunciou a repressão através de sua moda.
Zuzu é interpretada com força por Patrícia Pillar. O filme abrange a vida da estilista no período de 1971 – quando o filho Stuart (vivido por Daniel de Oliveira, o Cazuza), militante do movimento de esquerda, desaparece – até sua morte em 1976, inicialmente divulgada como acidental, mas depois reconhecida como assassinato, nos anos 90.
O diretor Sérgio Rezende adotou uma narrativa contida, quase de documentário, para contar a história. Ao contrário de Olga, por exemplo, a produção não pende para o dramalhão. Apesar do cuidado, algumas cenas soam desnecessárias, como, por exemplo, o longo trecho em que Zuzu e uma das filhas lêem uma poesia de Stuart.
Com Patrícia Pillar praticamente o tempo todo na tela, os demais personagens
vão aparecendo em flash-backs. Por isso mesmo, as participações de Luona
Piovani como Elke Maravilha, de Leandra Leal, como a esposa de Stuart, e a
do próprio Daniel de Oliveira são breves.
Fique atento à ótima atuação do ator Nelson Dantas, morto recentemente, na
comovente cena como o pai do revolucionário Lamarca. Outro destaque é a bela
música Angélica, de Chico Buarque, feita em homenagem a Zuzu Angel em 1977
e tocada no momento em que sobem os créditos.
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Crítica por: Edson Barros