Muitas vezes quando estamos assistindo a um filme, percebemos que podemos estar bem próximos de reflexões sobre o que acontece na realidade. Geralmente em entrelinhas com muitas coisas a dizer, obras de todo o mundo jogadas nas telonas nos fazem refletir sobre a sociedade. Pensando nesse recorte, e para quem se interessa sobre o assunto, segue abaixo 10 ótimos filmes que nos fazem entender melhor o mundo em que vivemos:
Cabeça de Nêgo
As realidades de um Brasil. Depois de uma carreira em festivais de cinema no Brasil e em outros países, chegou ao circuito exibidor anos atrás um dos filmes mais impactantes do cinema brasileiro dos últimos anos, Cabeça de Nêgo. Discutindo e fazendo refletindo sobre o preconceito, o racismo e muito sobre o precário sistema de educação pública do nosso país, o longa-metragem dirigido por Déo Cardoso é um soco no estômago que escancara a realidade vivida por muitos em um país sem oportunidades e preso a interesses. Disponível no catálogo da Globoplay.
Na trama, conhecemos Kate (Jennifer Lawrence), uma jovem estudante de astronomia e ingressante em seu primeiro PHD que em um dia acaba descobrindo a existência de um meteoro de imenso diâmetro que está em rota de colisão com a Terra. Com a ajuda do seu chefe e professor Dr. Randall (Leonardo DiCaprio) eles buscam soluções do governo norte-americano para uma manobra de defesa afim de exterminar esse grave problema vindo do espaço, só que a presidente Orlean (Meryl Streep) não está se importando muito com a gravidade da situação e acaba transformando tudo ao redor do problema em um circo midiático onde veias negacionistas se afloram e se chocam contra a obviedade de outros.
O Homem que Vendeu sua Pele
Na trama, conhecemos Sam (Yahya Mahayni), um homem apaixonado que após uma exposição de alegria ao lado do amor de sua vida (mas essa já com casamento pronto com outro homem) em um trem acaba tendo que entrar em rota de fuga de seu país (Síria) e acaba indo para o Líbano. Chegando lá consegue alguns bicos e acaba conhecendo Jeffrey Godefroi (Koen De Bouw) um artista Belga que ao lado de sua assistente Soraya (Monica Bellucci) que propõe ao protagonista um contrato para ‘ceder’ as costas dele para se tornar uma obra de arte. Assim, precisando do dinheiro e querendo chegar na Europa (onde está o amor de sua vida) Sam resolve aceitar e acaba virando praticamente uma peça de museu o que gera conflitos e revolta de seus parentes e de toda a comunidade de ativistas de direitos humanos.
Após anos desde o início da internet poucas gerações atrás, e com o avanço na maneira instantânea em se comunicar de qualquer lugar através de uso de dados, uma pergunta anda em nossas mentes frequentemente: eu estou sendo manipulado? Justificando essa indagação, meses atrás, a toda poderosa do streaming Netflix lançou o impactante documentário Privacidade Hackeada, que fala antes de mais nada sobre o escândalo de papéis de ‘hackers’ da empresa britânica Cambridge Analytica em famosas campanhas políticas.
Qual a visão que temos sobre a mulher? Com passagens por alguns festivais de cinema pelo Brasil, o interessante documentário Câmara de Espelhos, dirigido pela cineasta recifense Dea Ferraz traz à tona, com um ambiente estilo buraco de fechadura, o pensamento masculino sobre as mulheres. Com um livre arbítrio instaurado, os pensamentos vão e vem nessa que podemos dizer ser uma grande experiência social que nos faz entender melhor como o mundo está pensando. É um choque, um debate, sobre a visão masculina em relação a assuntos tabus em nossa sociedade como o avanço no movimento feminista, o machismo e a maneira como se lutam por determinados direitos.
Na trama, conhecemos Mae (Emma Watson), uma jovem que trabalha em um lugar onde não gosta e vive com seus pais em uma casa humilde em uma cidade norte americana. Certo dia, consegue uma grande oportunidade de uma entrevista em uma empresa nova, famosa ligada a tecnologia, informações, dados e redes sociais chamada o Círculo. Chegando lá, sua primeira impressão é estar no paraíso, o ambiente de trabalho é maravilhoso e sempre acontece várias atividades ‘extra job’ como shows de músicas e variadas festas. Conforme o tempo passa, a protagonista percebe que nem tudo é mil maravilhas, principalmente como passa a viver como se estivesse em um reality show e toda sua vida é transmitida ao vivo todos os dias da semana. Percebendo a furada em que se meteu e com a ajuda do criador da ideia da empresa que vive agora imperceptível e quase escondido Ty (John Boyega), Mae tentará achar uma solução para o abuso digital cometido pela empresa.
A Cor do Oceano
Na trama, conhecemos a jovem Nathalie (Sabine Timoteo), uma turista alemã aproveitando dias de férias nas ilhas canárias (arquipélago espanhol no Oceano Atlântico). Durante uma ida à praia, é surpreendida com a chegada de um barco vindo de algum lugar do mundo trazendo imigrantes clandestinos. Logo que chegam a praia, são resgatados por policiais de fronteira, liderados pelo impiedoso Jose (Álex González). Não conseguindo se desfazer das imagens do ocorrido, Nathalie acaba se aproximando de um dos ocupantes do barco que se encontra em uma nova terra com seu filho pequeno, sem conhecer ninguém.
Aprendendo a Andar de Skate em uma Zona de Guerra (Se Você For uma Menina)
Em um país devastado pela guerra de décadas, onde o básico ler e escrever ainda é um grande desafio, principalmente para as mulheres, sempre estando em perigo nas ruas, sem segurança, um pequeno oásis acontece em Kabul, no Afeganistão, com a criação de um projeto chamado Skateistão que associa aulas para meninas carentes e aulas de skate. Toda uma equipe de pessoas com enorme coração é vista fazendo seu trabalho com toda dedicação. Desde a professora que prefere não mostrar o rosto, até a jovem instrutora de skate, além da assistente social que tem como uma de suas funções recrutar novas jovens que se encaixem no perfil do projeto.
The Square – A Arte da Discórdia
Vencedor da Palma de Ouro anos atrás, prêmio máximo do impactante Festival de Cannes, conta a história de Christian (Claes Bang), um complicado curador de um famoso museu da capital sueca que está preparando uma exposição bastante peculiar onde um quadrado é o centro de reflexão dos visitantes sobre a sociedade em que vivem. Paralelo ao início desse experimento, o curador se envolve em uma sequência de descontroles a partir do roubo de seu celular.
Nas Ondas da Fé
As certezas e incertezas no caminho da fé. Chegou aos cinemas nessas primeiras semanas de janeiro de 2023, uma dramédia brasileira que busca com dosados toques de humor refletir sobre o universo da fé de forma bastante diferente de outras abordagens, jogando pra escanteio o caminho mais fácil da piada pronta sobre o assunto, explorando conflitos de um protagonista em crise sobre sua própria identidade e seu real entendimento sobre o sentido da vida após uma meteórica ascensão numa igreja evangélica. Por incrível que pareça o filme se arrisca numa tentativa de drama profundo, algo escondido com sete chaves pelo ótimo trailer, derrapando em alguns momentos mas buscando fazer o público pensar sobre alguns assuntos que sempre geram polêmicas.