sexta-feira, abril 19, 2024

10 Razões Para Ver ‘As Golpistas’, com Jennifer Lopez

Ser forçado a ficar sentada assistindo a alguém dançando sedutoramente à sua frente sem poder tocá-la é para muitas pessoas uma grande fonte de prazer sexual. Chamado de voyeurismo, o prazer de apenas assistir é uma gratificação da mente humana e uma fonte de renda para milhares de indivíduos. 

Todo cinéfilo é um pouco apaixonado pela submissão de apenas assistir sem intervenção, ainda mais quando é seu ator ou atriz favorita dançando tentadoramente como se fosse apenas para você. De Demi Moore, em Striptease (1996), a Channing Tatum, em Magic Mike (2012), o tema promove fascínio e curiosidade aos espectadores. Em As Golpistas (Hurstlers), estrelado por Jennifer Lopez e Cardi B, entretanto, a cineasta Lorene Scafaria apresenta mais do que uma história de strippers. Confira as razões desta afirmativa abaixo:

10. Jennifer Lopez no pole dance

Aos 50 anos, a cantora, atriz, produtora e empresária apresenta uma forma física impecável. Suas habilidades ao redor do pole dance são um deleite aos espectadores, tanto pela sedução quanto pela dança envolvente. Sua cena ao som de “Criminal”, de Fiona Apple, é de um arrebatamento completo, tal como ocorre com a personagem Destiny (Constance Wu) embasbacada ao contemplá-la no palco. Já entra no hall de performances mais sensuais de todos os tempos, como a de Salma Hayek dançando com a cobra em Um Drink no Inferno (1996).


9. It’s Usher, Baby

Chuvas de dólares e várias mulheres no palco dançando somente para você ao som de sua própria voz em “Love in This Club”. Na narrativa, o cantor Usher é ele mesmo e recebe tratamento VIP de todas as dançarinas. Neste momento, a diretora Lorene Scafaria constrói um ambiente inebriante e mágico, como um sonho dentro de um ambiente impróprio. Na fala de Destiny, a noite é como o ápice do seu trabalho e a recompensa por todas as noites de perseverança em frente aos olhos de homens famintos.

8. Cativante atuação de Constance Wu 

Revelada na comédia romântica Podres de Ricos (2018), Constance Wu consegue encontrar o tom perfeito para Destiny. Da inocência da menina abandonada pelos pais à sedução do poder que o dinheiro pode comprar, a atriz consegue transmitir sensualidade, tristeza e compaixão no olhar e movimentos. Umas das cenas mais bonitas do filme é uma discussão com Ramona (J. Lo) sobre as suas escolhas na vida.

7. Produção de Adam McKay, diretor de A Grande Aposta (2015) e Vice (2018)

Depois da explosão das suas duas últimas obras de dramatização e relatos sobre os acontecimentos da atual história norte-americana, Adam McKay tornou-se um especialista em usar a linguagem documental para criar um roteiro envolvente, crítico e didático. Em outras palavras, ele mastiga ao público os bastidores do “crime”. Embora As Golpista aparente ser um filme sobre dançarinas e armadilhas, esta obra é sobre empoderamento econômico feminino e também inspirada em casos reais. 

6. Mágica direção e roteiro de Lorene Scafaria

Apesar de não ser (ainda) um nome do alto escalão do cinema hollywoodiano, Lorene Scafaria já imprime a sua marca em suas obras com uma belíssima construção narrativa e sonora. Grande parte do encantamento de As Golpistas é advindo da construção do roteiro, como uma longa entrevista, na qual Scafaria recobre a narrativa e expõe à nossa imaginação eficientes imagens para nos fazer mergulhar ao discurso do narrador. Outro ponto alto são as suas escolhas certeiras de músicas em momentos chave. 

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5. Trilha Sonora como Ambientação

Algo já encontrado nas obras anteriores da cineasta Scafaria, Procura-se um Amigo para o Fim do  Mundo (2012) e Nick & Norah: Uma Noite de Amor e Música (2008), a música preenche as cenas com uma luva de pelica. Em palavras mais claras, é impressionante como as canções crescem em momentos chave e nos transportam para o envolvimento do acontecimentos. Seja Ramona e Destiny cantando “Gimme More”, de Britney Spears, seja Ramona reluzindo ao som de “Royals”, de Lorde, apenas para citar dois momentos. A música é um elemento de construção de sensações verdadeiras. Atenção para os interlúdios de Frédéric Chopin durante todo o filme, é belíssimo.

4. Cardi B, tal como ela é

Apesar do nome Diamond no filme, Cardi B. é ela mesma em cena, sempre debochada, cheia de caras e bocas. Stripper na vida real aos 19 anos, a rapper já alegou em entrevistas que foi este trabalho que a ajudou a escapar da pobreza, da violência doméstica, terminar os estudos e até chegar à universidade. Além disso, é o que a ajudou a ter notoriedade na internet e, posteriormente, começar sua carreira musical. Ou seja, Cardi B. é uma verdadeira profissional dos nightclubs e merece os seus pequenos momentos de destaque nesta obra. Vale lembrar também da participação da cantora Lizzo

3. Classificação dos Clientes como Investimentos em Ações

Toda a linguagem do filme mostra como as strippers fazem dinheiro jogando com a lábia e o poder de sedução, tal como o seu agente financeiro faz para convencê-lo a deixar o seu dinheiro nas mãos dele. Como o mundo financeiro, assim como das strippers, é desconhecido do grande público, o enredo coloca um universo ao lado do outro e nos mostra como a manipulação narrativa é chave para qualquer “negócio”. Com um pouco mais de entusiasmo (ou apenas testosterona) Ramona e Destiny poderiam ser Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio) e Donnie Azoff (Jonah Hill), respectivamente, como em O Lobo de Wall Street (2013).

2. Lições sobre o homem e o capital

Da mesma maneira que a crise econômica de 2008 colocou em cheque o patrimônio de milhares de norte-americanos, as stripers perderam a sua principal fonte de riqueza com os clientes diretamente envolvidos na falência da bolha imobiliária. Em um momento Destiny pergunta à jornalista (Julia Stiles): “O que você faria por mil dólares?”, e completa: “Espera. Esta resposta depende sempre do quanto você já tem e qual a sua situação no momento”. Já Ramona declara: “O mundo todo é um clube de strip. Você tem as pessoas que jogam o dinheiro e as pessoas que fazem a dança”. Fica a lição.

1. Sororidade e Amizade entre Ramona (J.Lo) e Destiny (Wu)

Esta é uma história sobre dinheiro, poder, sedução, mas, sobretudo, sobre amizade e sororidade. Ou melhor, sobre mestre e pupilo, tendo em conta uma admiração mútua e apoio contínuo, entretanto, com muito conflito e tensão como qualquer relação em que personalidades distintas somam-se, porém, também se confrontam. Por trás de todos os acontecimentos, Jennifer Lopez consegue dominar todas as cenas e mostrar sua companheira fortalecida ao seu lado e frágil longe de suas asas. Como disse J. Lo em algumas entrevistas, este filme não seria o mesmo se fosse dirigido por um homem.

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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