Nicole Kidman
A talentosa atriz havaiana foi redescoberta nesta nova fase de sua carreira (será que algum dia foi esquecida?), e se encontra em nada menos do que três filmes em cartaz atualmente nos cinemas – só no Brasil: Aquaman, Amigos para Sempre e O Peso do Passado (além de Boy Erased, que ainda não estreou por aqui). E nem falamos sobre a série Big Little Lies. Kidman recebeu muitos elogios por sua atuação em O Peso do Passado, mas esta não foi sua primeira transformação no cinema. Em 2003, a atriz levou o Oscar para casa por seu retrato da escritora Virginia Woolf em As Horas, pelo qual usou uma prótese no nariz, ficando irreconhecível.
Charlize Theron
A Academia adora transformações físicas. Seguindo esta linha, a beldade sul-africana Charlize Theron igualmente abocanhou a estatueta dourada quando se tornou irreconhecível para o papel da serial killer Aileen Wuornos em Monster – Desejo Assassino (2003), filme de Patty Jenkins (Mulher-Maravilha). Coincidentemente, a premiação de Theron ocorreu no ano seguinte de Kidman. Para o filme, a atriz engordou muitos quilos e usou próteses e maquiagem se tornando outra pessoa. Sua segunda indicação veio poucos anos depois com Terra Fria (2005), filme no qual também se “desglamourizou”.
Tilda Swinton
Esta é batata. Swinton deve ter uma cláusula em seu contrato para sempre viver personagens bizarros e que a escondem por completo. O fato faz da atriz o Johnny Deep de saias – ou será que está mais para Gary Oldman? Seja como for, estamos falando aqui da atriz mais camaleônica da atualidade. São muitos os papeis nos quais Swinton se transforma por completo – aliás, em anos recentes é mais difícil vê-la “normal” em tela. A coisa é antiga e começou lá atrás com Orlando – A Mulher Imortal (1992), de Sally Potter, no qual vive um nobre recebendo o dom da imortalidade e trocando de sexo. A qualidade andrógena de Swinton a faz cair como uma luva para este tipo de papel.
Ela também viveu o anjo Gabriel em Constantine (2005). Depois vieram personagens excêntricos nos quais pôde se disfarçar em Expresso do Amanhã (2013), O Teorema Zero (2013), Amantes Eternos (2013), O Grande Hotel Budapeste (2014), Ave César (2016), Doutor Estranho (2016), Okja (2017), e o remake ainda inédito de Suspiria.
Hilary Swank
Poucos conheciam ou lembravam de Hilary Swank quando a atriz levou seu primeiro Oscar ao interpretar Brandon Teena (ou Teena Brandon), uma jovem se passando por rapaz no filme baseado numa história real, Meninos Não Choram (1999). Afinal, quem lembrava do terrível Karate Kid 4 (1994)? Para o papel, Swank cortou o cabelo bem curto e perdeu muito peso. Sua aparência ficou impressionante. Anos mais tarde, e uma nova transformação. Para Menina de Ouro (2004), de Clint Eastwood, no qual interpretou uma lutadora de boxe, a atriz ganhou peso e muitos músculos. Ganhou também mais um Oscar como atriz principal num intervalo de cinco anos.
Marion Cotillard
Onda maior tirou a francesa Marion Cotillard. Igualmente uma ilustre desconhecida até então, a atriz encantou plateias com seu desempenho como a Môme em pessoa, Edith Piaf. Além do trabalho fenomenal, a maquiagem acertou em cheio ao deixar a atriz sem qualquer traço que lembrasse Marion Cotillard e tudo o que vimos foi a reencarnação da icônica cantora em Piaf – Um Hino ao Amor. E o melhor: tudo falado em francês. Alguns anos depois, em Dois Dias, Uma Noite (2014), novamente descaracterizada, Cotillard recebeu sua segunda indicação – e novamente era um filme falado em francês. Que venha a trinca!
Glenn Close
Veteraníssima, a atriz Glenn Close é uma das grandes esnobadas pela Academia. No total são seis indicações ao Oscar ainda sem vitória. Quadro que pode mudar este ano com A Esposa – filme que traz um dos melhores desempenhos da carreira da atriz (sem demagogia). No entanto, A Esposa não faz uso de uma transformação física da atriz – e embora sua atuação internalizada seja fantástica, o longa exibe as formas atuais da atriz. Ao contrário, digamos, de sua última performance agraciada com uma indicação da Academia – Albert Nobbs (2011). No filme, Close vive uma mulher se passando por homem, e para isso precisou usar próteses no rosto.
Rooney Mara
A jovem Rooney Mara é uma das atrizes mais talentosas de sua geração. Provando isso, ela chegou rápido aos holofotes (em seu terceiro trabalho significativo), demonstrando muita entrega e paixão pela arte que desempenha. É claro que estamos falando de seu trabalho como Lisbeth Salander em Milleninum – Os Homems que Não Amavam as Mulheres (2011), de David Fincher. Para a composição da estranha personagem, além de mudanças em seu rosto e forma física (cabelo, sobrancelhas e a tatuagem do dragão – falsa, é claro), Mara foi mais longe e colocou de verdade um piercing em seu mamilo para as cenas de nudez no filme – como revelou ao apresentador David Letterman em entrevista. Seu plano era deixá-lo para as continuações, que infelizmente nunca ocorreram.
Margot Robbie
Outra jovem atriz na lista, que logo cedo decidiu mostrar a que veio. A beldade australiana Margot Robbie tem apenas 28 anos, mas importância suficiente no mercado para ser considerada uma das estrelas mais quentes da atualidade. Robbie chegou chutando a porta em O Lobo de Wall Street (2013), de Martin Scorsese. No entanto, não se acomodou em papeis como símbolo sexual. Antes mesmo de se tornar a insana Arlequina em Esquadrão Suicida (2016), Robbie havia se descaracterizado para Os Últimos na Terra (2015), ficção subestimada e pouco comentada – muitos inclusive sequer a reconhecem no longa. Fora isso, foi seu trabalho em Eu, Tonya (2017) – que igualmente a transportou para o passado e futuro – que a garantiu a primeira indicação ao Oscar. O filme também traz a transformação de Allison Janney, que interpreta sua mãe e saiu com a vitória no Oscar.
Amy Adams
Ah, Amy Adams. A eterna injustiçada do Oscar. Quando será a sua vez? Da jovem grávida de Retratos de Família (2005) até a namorada de um vigarista em Trapaça (2013), são cinco indicações ao Oscar no total, sem vitória. Se formos levar em conta que uma veterana como Glenn Close possui 6, Adams, bem mais jovem, está muito no lucro. Temos certeza que não irá demorar para que a atriz seja vitoriosa. E não podemos reclamar, pois ela faz por onde. Suas transformações mais notáveis nas telas incluem trabalhos como Na Estrada (2012), O Mestre (2012), Ela (2013), Grandes Olhos (2014) e o recente Vice (2018), pelo qual pode ser indicada ao Oscar este ano.
Jessica Chastain
Outra atriz com grande qualidade camaleônica, Jessica Chastain conseguiu se camuflar em seu início de carreira, fazendo com que o público tivesse dificuldade em reconhecê-la a cada trabalho. Chastain surgiu para o mundo em 2011, e logo de cara marcou presença em premiações, sendo indicada ao Oscar por seu desempenho em Histórias Cruzadas – no qual atua loira, num papel diferente de tudo que já fez. No mesmo ano, havia aparecido de forma angelical, filmada por Terrence Malick em A Árvore da Vida (2011). As mudanças nas madeixas, de ruiva (A Hora Mais Escura), ruivo curto (Armas na Mesa), morena (A Grande Jogada), morena curto (Mama) e loiro (O Ano Mais Violento) apenas enfatizam a atuação da talentosa atriz – mudando por completo as personalidades de suas personagens, ao ponto de torná-las completamente distintas.
Cate Blanchett
Atriz tarimbada, vencedora de dois Oscar, Cate Blanchett já pode ser considerada uma veterana, e uma que está no auge de sua forma. Apontada por muitos como uma das melhores atrizes da atualidade, Blanchett igualmente se disfarça entre papeis – muitas vezes sequer fazendo uso de maquiagem – apenas mudando o penteado e a cor do cabelo. O poder de uma grande intérprete é sumir no personagem, e Blanchett faz justamente isso. É só dar uma olhada em trabalhos como O Aviador (2004), Blue Jasmine (2013), Carol (2015) e Thor: Ragnarok (2017). Porém, a atriz também já se disfarçou completamente em papeis no passado. Em Não Estou Lá (2007), foi uma das versões de Bob Dylan e recebeu uma indicação no Oscar. No recente Manifesto (2015), interpreta diversos personagens distintos (até homens) em monólogos.
Natalie Portman
Natalie Portman é uma das jovens atrizes mais celebradas de sua geração. Sua primeira indicação ao Oscar saiu ao interpretar uma stripper em Closer: Perto Demais (2004), um de seus trabalhos mais ousados. O prêmio sairia alguns anos depois com Cisne Negro (2010), no qual emagreceu e treinou balé exaustivamente – e dá para sentir na tela. Alguns anos depois, e Portman foi novamente lembrada pela Academia por seu retrato impressionante da primeira dama Jacqueline Kennedy, na biografia Jackie (2015). No recente Vox Lux (2018), deixa fluir o lado fútil e desumano, como nunca antes em sua carreira. No entanto, o que resolvemos apontar nesta lista, foi seu trabalho corajoso em V de Vingança (2005), no qual a atriz, no melhor estilo Carolina Dieckmann, raspa a cabeça na frente das câmeras. Se isso não é entrega… . Vale ressaltar que a talentosa Sanaa Lathan desempenhou recentemente a mesma tarefa no elogiado Felicidade por um Fio (2018), filme original da Netflix.