O último trabalho completo do astro Paul Walker
Mesmo sendo o remake de um importante filme para a indústria do cinema francês, o fato que mais chama a atenção agora em 13º Distrito, infelizmente, é esta ser a última produção (completa) do falecido Paul Walker. O ator perdeu a vida em um acidente de carro, em 30 de novembro de 2013, aos 40 anos de idade. Mesmo sem ser parte do time A de Hollywood, ou ser destacado por seus dotes como ator, Walker participou de obras de qualidade, como A Vida em Preto e Branco (1998), foi dirigido por grandes nomes, como Clint Eastwood (A Conquista da Honra) e Richard Donner (Linha do Tempo), e atuou ao lado de gente como Penélope Cruz (Anjo de Vidro).
Já o status de astro, do time B e o máximo que chegou do A, veio com a franquia Velozes e Furiosos, da qual Walker participou de cinco dos seis filmes e filmava o sétimo quando faleceu sem terminá-lo. O ator havia concluído dois outros filmes antes de sua morte, lançados de forma póstuma. O primeiro a sair foi Contagem Regressiva (2013), que causou certa controvérsia ao ter estreado nos cinemas norte-americanos bem em cima da morte do ator, em dezembro de 2013. Alguns alegavam o desejo de capitalizar em cima da tragédia. Não foi bem o caso, afinal não é como se os produtores tivessem segurado a estreia da obra.
Em Contagem Regressiva, Walker entrega um de seus melhores desempenhos da carreira, como um pai viúvo, desesperado pela sobrevivência da filha recém-nascida, quando o hospital que a mantém viva através de um respirador artificial é atingido pelo furacão Katrina. O filme é um thriller dramático. E agora, chega 13º Distrito, o último filme que Walker concluiu. Este veículo de ação, como dito é a refilmagem do popular Distrito B13, obra francesa de 2004, que gerou uma continuação em 2009 chamada Distrito B13 Ultimato. A versão americana é uma refilmagem cena a cena de seu original.
Assim como o recente Oldboy – Dias de Vingança, o objetivo é apresentar para o grande público um filme de sucesso em seu país de origem, repetindo sua trama em voz alta para ser ouvida por mais gente. Na história, passada num futuro não tão distante em Detroit (a óbvia brincadeira seria apontar como um prelúdio de Robocop), um poderoso traficante ameaça a cidade. Na verdade, o conjunto habitacional conhecido como Brick Mansions se tornou um risco tão grande para a população em geral que os políticos ameaçam explodi-lo de vez. Algo que deve ressoar perto com o povo carioca.
Cabe ao agente disfarçado vivido por Walker salvar o dia. Para isso ele contará com um homem de dentro, o acrobata, mestre e criador do esporte parkour, David Belle. Aliás, um dos motivos da existência do filme original francês, criado pelo veterano Luc Besson (um dos maiores empresários do ramo de cinema na França) foi fazer bom uso das coreografias alucinantes e absurdas de Belle, que reprisa aqui seu papel do original. Pensem em Jackie Chan com menos lutas e mais saltos perigosos. Apesar de um pouco mais velho, Belle não deixa a peteca cair e desenvolve momentos originais e novos truques na nova versão.
Distrito B13 é o que havia de mais próximo a um blockbuster francês. Já 13º Distrito pode soar como seu primo pobre para os não escolados. O que acontece é que se tratando de uma produção americana, o público espera sempre mais. A história é mundana e tem todo ar de produção B. A trama não é nada que já não tenhamos visto antes, mesmo se tratando de um roteiro xerocado. O que verdadeiramente chama a atenção, ainda são as incríveis acrobacias de Belle, nas quais Walker até se encaixa bem. O plano do vilão, envolvendo um míssil para destruir a cidade, soa como 007 de quinta, e o filme ainda reserva muitos momentos embaraçosos. Basta dizer que existem dois tipos de filmes de ação, os que os personagens sangram quando vidros são quebrados em suas cabeças e os que não sangram. 13º Distrito pertence ao segundo grupo.